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Caldeirão da Bolsa

Marinha Portuguesa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Marinha Portuguesa

por Opcard » 23/3/2023 10:59

De um oficial na reserva

“Quando aqueles que comandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito.” Cardeal de Retz (Jean-François Paul de Gondi), 1613-1679

É (ou era) tradição antiga nas Forças Armadas Portuguesas que primeiro se trata dos soldados, depois dos sargentos e finalmente dos oficiais. Por isso, e por exemplo, é que o oficial de dia era o último, ou dos últimos, a servir-se durante as refeições. A excepção a isto dava-se na Cavalaria, onde as “montadas” ou “solípedes” tinham preferência sobre todos os outros.

Sem embargo, outro princípio, nem sempre escrito, prescrevia que antes de o pessoal tratar de si, tinha que tratar primeiro da limpeza, manutenção e arrumo do equipamento e armamento, por maioria da razão das munições a fim de se poder garantir a sua pronta operacionalidade e resguardo.

São princípios de boas práticas e de comando e liderança e, como tal, não são mutáveis ou adaptáveis.

Finalmente o cumprimento da missão era – e tem de ser – algo intocável, pois está para além dos homens, e está acima do desconforto, do risco, ou das circunstâncias, sobretudo quanto estiver em causa a soberania nacional, a integridade do território ou a segurança das populações.

Por isso é que o sacrifício da vida faz parte do “contrato” dos militares. Veja-se o que aconteceu ao sargento-ajudante, recentemente falecido num incidente, em Santa Margarida, durante a inactivação de um engenho explosivo. A quem não quero deixar de prestar a minha homenagem.

Tudo entra nos deveres da profissão e da “Condição Militar”, os quais têm sido profusamente aviltados e atacados nas últimas décadas por quem os devia preservar, ou seja, os políticos; e maltratados, por norma, na comunicação social, por gente mal formada ou ressabiada e, ou, com intuitos malévolos; e, ainda, mal compreendida por parte da população, cada vez mais ignorante das coisas e dos homens e em perda acelerada de qualidades cívicas, não se dando conta que os militares são o último reduto da preservação da comunidade nacional.

Sem embargo, só se consegue que todo este “edifício”, que ao longo dos séculos se transmutou numa instituição nacional por excelência, funcione bem se tiver um Moral elevado (não confundir com a Moral), pois é o Moral que permite que o militar possa Ser e não apenas Estar; alimenta o espírito anímico para sofrer sacrifícios e continuar a lutar e garante o suporte espiritual para o desenvolvimento das chamadas “virtudes militares”.

Ora o Moral – que é a pedra de toque de todos os exércitos – deriva fundamentalmente do exercício do Comando e da Liderança (não são a mesma coisa) e permite que todos os militares tenham confiança na cadeia hierárquica e mantenham a força militar coesa.

Dito por outras palavras, os homens acreditam na competência dos seus comandantes (um sargento também é um comandante ao seu nível) e na sua recta intenção e sobretudo no seu exemplo. E não se importarão de operar e combater nas piores condições possíveis (até quebrarem) se acreditarem que a razão que os move e os meios de que se dispõe são o melhor que foi possível obter.

Já agora, nada do que se passa nas Forças Armadas está baseado em estruturas ditas “democráticas”, no sentido em que os comandos não são eleitos e as decisões não são obtidas por votação, muito menos de braço no ar. As ordens são para serem ponderadas antes de serem dadas, mas quando são dadas são para cumprir, não para discutir.

E é em tempo de paz que se prepara a guerra. Quando há guerra, combate-se com o que se tem e não com o que se gostaria de ter. E os militares têm de o fazer – caso não haja decisão superior em contrário – até, pelo menos, ao esgotamento das munições e, ou, viveres.

Fica feito o enquadramento.

Vamos à súmula do que se passou (ou daquilo que já é possível apurar).

O NRP Mondego, um pequeno navio patrulha, comprado em segundamão à Marinha Dinamarquesa, cujo único armamento é uma peça de 20 mm à proa, de 26 homens de guarnição (cinco oficiais, cinco sargentos e 16 praças, de comando de 1º Tenente), estando atribuído temporariamente ao Comando Operacional da Madeira, recebeu ordens para largar, no pretérito dia 11 de Março, a fim de fazer o seguimento de um navio russo (um quebra-gelo de “investigação científica”), a norte de Porto Santo.

Quando o comandante do navio se preparava para cumprir a missão, foi surpreendido pela atitude de 13 membros da guarnição – quatro sargentos e nove praças – que formaram no cais recusando-se a embarcar.

De acordo com as declarações do próprio CEMA, o comandante do navio tentou demover os “renitentes”, para mudarem de atitude, e, sem meios coercivos para fazer cumprir a sua autoridade (ou não os querendo usar), limitou-se a reportar a situação ao escalão superior e a manter os agora “insubordinados” dentro do navio sem licença para saírem.

A missão não foi cumprida, não havendo outro navio disponível que a pudesse realizar.

As razões, logo alegadas, para esta atitude por parte de metade da guarnição, (ignora-se o que pensavam os restantes) foi de que o navio tinha avarias que podiam pôr em risco a segurança da navegação, a saber:

Um motor (existem dois) avariado.
Ambos os motores tinham uma revisão de manutenção atrasada há 2.000 horas.
Um gerador (dos três existentes) avariado, um outro com limitações e o terceiro com algumas fugas de óleo.
Limitações no funcionamento da bomba de refrigeração na sala das máquinas o que, aparentemente, também limitaria, por via indirecta, o combate a incêndios numa situação de emergência.
Acumulação de óleos nos porões, por razões várias, o que aumentaria os riscos de incêndio.
E até as condições meteorológicas previstas foram apontadas como sendo parte do problema (ondulação de 2,5 a 3 metros, com período de 7 segundos).

De seguida o assunto caiu de imediato na comunicação social. A Associação Nacional de Sargentos vem, quase em simultâneo e publicamente, em defesa do pessoal insubordinado. O Comando da Marinha entra em comoção profunda, emite uma nota a enquadrar a situação, condena o acto e afirma ir levantar um processo disciplinar.

O Chefe de Estado-Maior da Armada vai de supetão à Madeira, visita o navio, reúne-se com a guarnição, passa-lhes uma repreensão e confirma os processos disciplinares. O que diz cai também na comunicação social e uma equipa técnica da Marinha desloca-se ao Funchal a fim de reparar as avarias.

Entretanto PR e PM fazem breves comentários (toscos e inconsequentes) e a Ministra da Defesa, diz que a Marinha é que tem que resolver o problema. Discretamente, o governo diz libertar 39 milhões de euros (a três anos) para manutenção.

A guarnição do navio vai ser substituída – o que não se faz de um dia para o outro. Uma equipa da Polícia Judiciária Militar esteve no Funchal a fim de investigar o sucedido; a partir do dia 20 os militares envolvidos (entretanto chegados ao aeroporto da Portela, em festa), serão interrogados (notícia de última hora fez saber que o Ministério Público fez abortar esta diligência, para melhor avaliar o assunto – o que é no mínimo estranho).

O sucedido é, a vários títulos, muito grave, não pode passar em claro e terá obrigatoriamente de dar origem a muitas acções correctivas, após investigação a ser feita.

Essas acções correctivas aparentam, desde já, ter de ir do marinheiro ao Presidente da República.

O que se passou é uma vergonha pública para a Marinha e para toda a Instituição Militar.

O circo mediático está, entretanto, montado. E, normalmente, “governa-se” para o chamado “quarto Poder”, que ninguém elegeu ou nomeou.

Passemos às considerações e a alguma análise.

Em primeiro lugar a ordem que determinou a missão é legítima e dada pela cadeia hierárquica competente para tal. O comandante do navio, que supostamente terá alertado os seus superiores hierárquicos para as limitações da mesma, não questionou a exequibilidade da missão. A meteorologia não aparenta ser factor que interfira com a mesma.

Tudo isto feito depois de se ponderarem os riscos inerentes ao cumprimento da missão e sua importância pelo escalão superior.

Os regulamentos e a praxis militar são explícitos (e estão maturados por séculos de prática) que as ordens cumprem-se, independentemente de se concordar com elas ou não. No fim da missão qualquer militar pode expôr as suas dúvidas ou críticas pela cadeia hierárquica e tudo fica expresso no relatório da mesma.

Em caso de algum erro ou falha grave, o militar que disso der conta tem até o dever de o reportar e por escrito. Num caso extremo, que afecte profundamente a sua consciência, qualquer militar pode, a título pessoal, decidir não cumprir uma ordem mas, naturalmente, sujeita-se às consequências.

Não há volta a dar a isto.

Por isso e em primeiro lugar, independentemente das razões alegadas, os agora insubordinados têm que ser julgados e punidos.

Se assim não for, a tropa passa a ser um bando descomandado, como ocorreu, aliás, durante o PREC, mais propriamente entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, com as consequências absolutamente desastrosas e dramáticas que teve para as Forças Armadas e para o País. E de que a Instituição Militar, que é algo maior do que a soma das partes, a saber Exército, Força Aérea e Marinha, ainda hoje não recuperou totalmente. E podem acreditar que eu sei do que estou a falar.

O comandante do navio, um jovem Primeiro-tenente, que tinha tomado posse apenas há poucas semanas, também não sai bem na fotografia, o que certamente trará consequências.

A responsabilidade do que se passa ou deixa de passar no navio é sempre dele e, no mínimo, demonstrou que não conseguiu comandar metade da guarnição.

Não há, também, volta a dar a isto.

E não devia, outrossim, ter sido autorizado a fazer declarações públicas.

A guarnição deveria ter sido imediatamente detida e posta incomunicável, o que as actuais leis e regulamentos não permitem. Voltaremos a isto que é também da maior gravidade.

Havendo indícios claros da prática do crime de insubordinação, tal justifica a presença da Polícia Judiciária Militar (órgão também há muito tempo debilitado).

Em simultâneo, avança-se com o processo disciplinar, que cabe ao comando de quem o navio depende e tinha determinado a ordem, neste caso, o Comando Naval.

Neste âmbito podem levantar-se dúvidas, sobretudo devido à última reorganização superior das Forças Armadas e às novas atribuições do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), dado o navio estar temporariamente atribuído à Zona Marítima da Madeira, e esta estar integrada no Comando Operacional daquela região autónoma e tal comando depender directamente do General CEMGFA.

Serve isto para lembrar que as linhas hierárquicas de autoridade, em termos militares, têm de ser absolutamente claras.

Entendeu, porém, o Chefe do Estado-Maior da Armada, no seu superior julgamento, avocar a si este processo, talvez pela gravidade de que se reveste, sem embargo de se expor publicamente, talvez prematuramente.

Presumivelmente o processo seguirá o seu curso e irá desembocar rapidamente – apesar da controvérsia que já se estabeleceu em termos públicos, ouvindo-se as mais desvairadas opiniões, quer de condenação, quer de absolvição – em tribunal, a fim de os 13 militares serem julgados, sob pena de a autoridade do Estado ruir como um castelo de cartas. Ora a Instituição Militar tem como Missão (não escrita) ser o Último garante da unidade do Estado. Não há volta a dar a isto.

E aqui começa outro busílis (isto de puxar o fio da meada às coisas, é o diabo…), e que é este: qual é o tribunal que está apto a julgar este caso no país? Dirão que todos; direi que nenhum.

Tal deriva da leviana decisão de acabar com os tribunais militares, em tempo de paz, nos idos dos anos noventa, por razões nunca verdadeiramente explicitadas, o que obrigou até a uma revisão constitucional, em 1997, e culminou em 2004 – e obrigatória revisão do Código de Justiça Militar, versão de 1977 (o primeiro dos quais existiu, sob uma forma moderna, desde 1875) que foi sujeito, digamos assim, a uma “civilização compulsiva”. Não há memória de nenhuma chefia militar se ter oposto a este descalabro.

Dir-se-á que existem “juízes militares” em 1ª Instância e na Relação de Lisboa e Porto e ainda no Supremo Tribunal de Justiça, para também julgar os casos que envolvam militares e crimes “estritamente” militares, mas direi que é curto e vou ficar por aqui.

A agravar toda esta situação, reviu-se e aprovou-se um novo Regulamento de Disciplina Militar, muito diferente do anterior (última versão datada de 1977) onde se cerceou e condicionou descaradamente a capacidade de punir – generalizando o acesso a advogado e substituindo a pena de prisão por multas, acrescentando morosidade ao processo, como exemplos – o que ajudou a descaracterizar a condição militar.

Ora as mudanças feitas nestas duas áreas – justiça e disciplina – fundamentais no mister das armas, veio degradar irremediavelmente a capacidade da cadeia hierárquica em manter a autoridade de comando.

Esperemos, entretanto, que a investigação apure eventuais antecedentes e se a decisão dos infractores foi ditada por circunstâncias pessoais e do momento, ou se há alguma “estrutura”por detrás, a apoiá-los, ou, até, a “orientá-los”. Já que não se entende muito bem a “motivação” para esta atitude.

Alguns “pormenores” são de molde a levantar dúvidas sobre este último ponto.

Em primeiro lugar a circunstância em si: a formatura no cais, a calma como tudo decorreu e a existência de um “comunicado” de três páginas, logo distribuído à imprensa, estão longe de indiciar que a atitude tenha sido fruto de uma actuação extemporânea ou impulsiva, ou de um acontecimento inopinado. Aliás o comunicado está escrito com uma qualidade que dificilmente está ao alcance (sem desprimor) do espectável nível cultural dos militares em questão.

Logo no mesmo dia, a Associação Nacional de Sargentos fez declarações públicas a defender a acção dos que se recusaram a embarcar e acrescentou, em tom pouco apropriado, que “não se pensasse em levantar processos disciplinares”, numa clara atitude que extravasa em muito o âmbito das suas atribuições e competências, enquanto associação. O que também deveria ter consequências. Convém ainda ter presente que é do conhecimento público a afinidade de muitos dos elementos desta associação (e não é a única) com os “ideais” propalados pelo Partido Comunista.

E não deixa de ser curioso verificar que ainda antes de os elementos protagonistas da acção chegarem a Lisboa, já possuíam, como advogado, um conhecido militante de extrema-esquerda, que logo ameaçou processar o próprio Almirante CEMA (quem lhe irá pagar os honorários?)!

E quis o destino, e por coincidência, que a missão impedida de ser cumprida pela atitude dos 13 membros da guarnição era a de fazer o seguimento de um navio russo (suspeito de ser “espião”), no âmbito de uma operação ligada à Aliança Atlântica.

O que torna este “incidente” não só uma vergonha nacional como, também, internacional.

Importa, porém, continuar a puxar o fio à meada.

As queixas sobre as avarias e falta de manutenção dos navios – apesar de não justificarem a atitude de insubordinação – são procedentes.

E tanto assim é que, mal o incidente ecoou, rapidamente uma equipa técnica da Marinha foi enviada de Lisboa para reparar o navio, e o governo desbloqueou logo 39 milhões de euros (distribuídos por três anos, o que apenas representa uma gota de água no oceano das necessidades) para a rubrica da manutenção da Marinha; só faltou dizer, como é hábito, que já estava prevista.

Toda a oficialidade da Armada, aliás, todo o pessoal da Marinha, sabe disto. O mesmo se passa na Força Aérea, no Exército, já agora, também no EMGFA!

Ora este conhecimento foi agora tornado público – depois de rebentar a guerra na Ucrânia e só depois disso – pelos próprios políticos que passaram a falar no “desinvestimento na Defesa”.

Não quero deixar de dizer que o termo “desinvestimento” é apenas um eufemismo, pois o que aconteceu foi uma acção deliberada (com nuances em cada país) dolosa e irresponsável, por parte da generalidade dos políticos, não só em reduzir todas as forças militares à ínfima espécie, como de descaracterizar a própria condição militar e ainda de rebaixar e desprestigiar socialmente a própria “profissão das armas”.

Isto é de uma evidência claríssima, que levo já 40 anos a denunciar.

E isto notou-se em Portugal, sobretudo a partir do 1º Governo do Professor Cavaco Silva, e desde então nunca deixou de piorar.

Assistiu-se a um asfixiamento continuado em três grandes áreas: financeira, pessoal e administrativa, com esvaziamento de autoridade, competências e flexibilidade de acção das chefias militares. A que se tem de acrescentar uma constante degradação das condições remuneratórias e de assistência social, relativamente a outros grupos profissionais de referência.

As chefias militares sempre tiveram muita dificuldade em lidar com toda esta situação, por razões que não vou agora explicitar.

É certo que sempre foram alertando a tutela para a situação cada vez pior para que tudo caminhava, mas raramente, creio, tal se revestiu da veemência necessária. E muito poucas vezes os alertas foram feitos no Parlamento, ou públicos, dada a delicadeza do assunto. As poucas demissões (por iniciativa própria ou provocadas, e nunca com explicação pública adequada) de chefes militares ocorridas, a maioria por questões menores, fora de tempo ou até incompreensíveis, não mudam o panorama.

A única acção que teve alguma expressão, mas rapidamente abafada, foi a do saudoso Almirante Vieira Matias, quando mandou quase todos os navios regressar a portos, sem embargo de só o ter feito já no fim do seu mandato.

E conceder entrevista a órgãos de comunicação social, como sucedeu, por exemplo, com o Almirante Silva Ribeiro, a meio do seu primeiro mandato como CEMGFA, dizendo que a situação do pessoal nas Forças Armadas, e cito, “ser insustentável” (e era), e do seu anterior na chefia da Armada, Almirante Macieira Fragoso, também já no fim do seu mandato, dizendo quase ipsis verbis isto: “neste momento não existe nenhum elemento da Marinha que possa ser dispensado; se alguém sair alguma coisa vai ficar por fazer” (também não tenho dúvidas que estava certo) e depois ficar tudo na mesma, isto é, não haver consequências, quando logo no dia seguinte houve diminuição de pessoal e tal não parou até hoje, é que não nos parece que possa continuar a acontecer!

Há anos que as Forças Armadas não conseguem recrutar os contingentes mínimos para satisfazer as suas necessidades em quantidade e qualidade, apesar do número de efectivos autorizados ser cada vez mais ridículo. Ninguém quer olhar para tudo isto com olhos de ver.

Ora, neste momento, a falta de pessoal é gritante e põe em risco o cumprimento das missões; além do que sobrecarrega o pessoal, pois o que resta está quase sempre de serviço e não pode gozar as respectivas folgas (entre muitas outras coisas). Ora pedir continuadamente sacrifícios ao pessoal, que tem que fazer missões de risco, complexas de vários pontos de vista, que requerem espírito de missão e profissionalismo e depois pagar-se a um marinheiro menos do que ganha um caixa de supermercado, não parece ser uma equação que dê certo. É mais uma “inequação”…

As “Leis de Programação Militar” (LPM) (e vou ficar por aqui) são outra pedra de toque, já que representam o verdadeiro empenhamento que qualquer governo põe na prioridade em que tem as capacidades das Forças Armadas. Ora até hoje nenhuma das LPM – onde nunca consta o número de equipamentos, armamento e munições de que o país necessita, face a ameaças previsíveis e ao cumprimento das missões atribuídas pelos órgãos de soberania, às Forças Armadas – foi cumprida, estando consecutivamente as suas verbas cativadas; os orçamentos derrapam; os concursos prolongam-se, são diferidos no tempo, ou simplesmente cancelados – como é flagrante exemplo o caso do navio polivalente logístico, que já consta há dezenas de anos na LPM e ainda não passou do papel.

Numa palavra, a LPM é uma mentira política, demagogicamente gerida, e financeiramente uma trapaça, camuflada de engenharia financeira.

É neste âmbito que o NRP Mondego foi aumentado ao efectivo e se arrasta, como o resto da esquadra, numa indigência logística e já nem vou falar no desastre em que se transformou o Arsenal do Alfeite.

O navio não estava em nenhum planeamento para ser adquirido. O que estava previsto era os estaleiros de Viana do Castelo (que eram outro desastre até serem privatizados – talvez a única coisa bem feita no consulado do Ministro Aguiar, traço, Branco), construírem 10 Patrulhas da classe “Viana do Castelo”, de que o País precisa bastante, mas até hoje apenas foram construídos quatro e dois ainda nem dispõem de armamento (quero aqui lembrar que um navio de guerra sem armamento não serve para nada e não ser para ser um alvo). Ora em desespero de causa – os chefes militares por vezes fazem coisas menos adequadas por quererem “desenrascar” as situações e por norma fazem-no de boa mente – viram uma oportunidade de preencher, mesmo que temporária, mas rapidamente, um vazio que existia, e conseguiram convencer o Governo a comprar os agora três patrulhas da “classe Tejo” à Marinha Dinamarquesa, em 2014.

Só que os navios foram construídos para navegarem no Báltico, que é um mar fechado, pouco profundo, onde as condições de navegação não são tão exigentes como aquelas do Oceano Atlântico, nomeadamente as da nossa ZEE, possuindo um fundo chato, de fibra de vidro e alumínio. Ainda se terá pensado em utilizá-los em águas mais calmas, como o Algarve, mas depois a realidade fez o resto…

Com todo este pano de fundo o exercício da Disciplina, não só na Marinha, como em todos os Ramos, tem vindo a ser relaxado; como há falta de pessoal, fecham-se os olhos a muitas infracções e permitem-se certas liberalidades pouco apropriadas ao ambiente militar. O “abandalhamento” acelerado e já longo, da sociedade civil envolvente, ajuda a tudo isto.

Os sinais exteriores de falta de disciplina notam-se logo no aspecto das Portas de Armas; no aprumo; na linguagem; no atavio e uniformização, nos atrasos ao serviço, nas baixas à enfermaria e em outros muitos sinais de que qualquer oficial e sargento que perceba um mínimo do que anda lá a fazer e tenha uns anos de tarimba logo se apercebe.

Vou com regularidade às instalações onde se situa o Estado-Maior da Armada e outros órgãos da Marinha e o que vejo, por exemplo na displicência com que são encaradas as normas de segurança à porta de armas; muitos militares andarem de cabeça descoberta e na falta de cumprimento militar, onde as praças não fazem continência aos sargentos, estes aos oficiais e quase todos só cumprimentam os Almirantes, não indicia nada de bom. E sabe-se de muitos outros pequenos “incidentes” que têm sido reportados a bordo, incluindo em missões de âmbito internacional.

Aliás, não foi por acaso que os paióis de Tancos foram assaltados; já do anterior e de outros mais pequenos, tinham desaparecido armas…

Tudo isto está ligado e convém, a quem tem responsabilidades, não andar distraído ou a assobiar para o lado.

Mas, no fundo, a Marinha (e, já agora, o país) não tem que se queixar, ou ficar surpreendida com o que se passou. Na freguesia do Feijó existe um monumento construído sob a égide de uma vereação comunista, do município de Almada, que é dedicado ao… “Marinheiro Insubmisso”. Assim mesmo.

Na altura correu também uma petição, alegadamente ligada à Associação de Praças, a fim de se instituir o Dia dos Praças das Forças Armadas (presumo que à semelhança do Dia dos Sargentos que, apesar de não ser institucional, é evocado todos os anos, o dia 31 de Janeiro de 1891 – aliás, uma infeliz data), que seria o dia 8 de Setembro (de 1936) – data da revolta que consubstanciava um acto de traição à Pátria, em que “sovietes” de marinheiros, a mando do Partido Comunista, prenderam os oficiais e apoderaram-se dos contratorpedeiros Bartolomeu Dias, Afonso de Albuquerque e Dão, com o objectivo de zarpar para Espanha onde iriam apoiar o governo da “República Espanhola”. Os dois últimos navios foram bombardeados por ordem do Governo de então, pelos fortes de Almada e do Alto do Duque e renderam-se. Registaram-se cinco mortos. Este lamentável episódio deu origem à construção do Presídio do Tarrafal a fim de albergar 34 dos marinheiros condenados. Houve 208 militares da Marinha presos ou demitidos.

Ora, aquando da inauguração do dito monumento, em 30 de Maio de 2009, o Estado-Maior General das Forças Armadas fez-se representar por dois oficiais superiores, um da Força Aérea e outro da Marinha e a Armada emprestou à cerimónia a respectiva banda e uma guarda de honra.

Nos anos seguintes, nas comemorações anuais, sempre se fez representar; havia oradores convidados e estava presente até falecer o último marinheiro que tinha estado preso no Tarrafal.

Depois disto o que é que se pode esperar?

O País anda há muito tempo desorientado e sem norte.

Os militares agora acusados de insubordinação vão ter que ser punidos em nome da Disciplina – sem o que nenhum “Exército” pode existir ou funcionar – independentemente das razões que lhes possam assistir. Mas as responsabilidades maiores encontram-se a montante e chegam ao “Comandante Supremo”.

E, aí, duvido que alguém vá ser incomodado.

Por isso é que há muito tempo, que estou com o Cardeal De Retz.


João José Brandão Ferreira “
 
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Re: Marinha Portuguesa

por Àlvaro » 23/3/2023 9:51

Este episódio é risível. Falava com um companheiro que esteve comigo na Bimoto há uns bons anos. Dizia-me ele: isto aqui equivale a um tipo recusar-se a ser municiador daquelas HK porque os invólucros poderiam queimar a cara. Ridículo e uma manobra política para queimar uma pessoa competente. Típico de Portugal.
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PMP69 » 23/3/2023 9:41

djovarius Escreveu:É assim mesmo, pmp69 - já vi que saíste da tropa (SMO) quando eu estava a entrar... :shock:

M64? De que te foste lembrar :lol: :lol: :lol: Que horror...

Mas sim, este pessoal não tem noção. Quando a tropa saiu para fazer o 25 de Abril, a maioria do material era velho, pré-sucata. Quinze anos depois ainda havia sucata do tempo pós- II Guerra Mundial. Nem vou falar das viaturas, para não me lembrar das "porradas" nas minhas costas... das caixas de velocidade em que só entrava uma mudança à patada, etc...etc...
Este pessoal não sabe, era o fim da "guerra fria" - se tivéssemos que ir para o "corredor de Fulda" (estes militares de hoje saberão o que isso era??), íamos, mesmo com o material de m#&/(/ que tínhamos, para enfrentar as forças do Pacto de Varsóvia, sendo a nossa expetativa de sobrevivência de apenas poucas horas. Nós e os Turcos seríamos carne para canhão, só para aguentar a chegada da resposta anglo-americana.

Bem dizia um General daqueles a sério: Acabem com a tropa, parem de chatear a malta !!!

Abraço

dj



Passei à disponibilidade no dia 25/09/1991, depois de 10,5 meses, dos quais 3,5 meses muito exigentes, mas dos quais tenho saudades e muito boas recordações.

Pedro
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Re: Marinha Portuguesa

por djovarius » 22/3/2023 19:36

PMP69 Escreveu:
MNPTLIS Escreveu:
A função de um militar é cumprir a missão que lhe é atribuída

Mas como não existem condições cada vez teremos menos gente nas forças armadas como mencionei actualmente os jovens não estão dispostos a estar na forças armadas sem condições e com material obsoleto.


O material e equipamento que hoje existe é muito superior ao que eu apanhei no SMO (Serviço Militar Obrigatório) em 1990/91, que eram do tempo da guerra do ultramar.

Tive a "sorte" de me calhar um M64 (cinturão, mochila, cantil, bornal e porta carregadores), que eram de lona, e deixava-me as costas a sangrar.

O problema, que é transversal a todo o Estado, é o facto deste não investir na manutenção, esta é feita através do aproveitamento peças de outros equipamentos. Basta ver quantos Leopard 2, F16 .... temos, e quantos estão operacionais. Mas o mesmo, passa-se com a frota automóvel do Estado, com o material ferroviário, com os barcos da Transtejo ......

Para finalizar, nenhum militar pode recusar uma missão, ou colocar em causa as ordens que recebe. Na forças armadas não há democracia, nem pode haver.

O que esses militares deviam ter feito, era embarcar, cumprir a missão, e no fim relatar as suas preocupações ao comando.

Já agora, e para evitar eventuais especulações, convinha saber que está a pagar ao Garcia Pereira.

Pedro


É assim mesmo, pmp69 - já vi que saíste da tropa (SMO) quando eu estava a entrar... :shock:

M64? De que te foste lembrar :lol: :lol: :lol: Que horror...

Mas sim, este pessoal não tem noção. Quando a tropa saiu para fazer o 25 de Abril, a maioria do material era velho, pré-sucata. Quinze anos depois ainda havia sucata do tempo pós- II Guerra Mundial. Nem vou falar das viaturas, para não me lembrar das "porradas" nas minhas costas... das caixas de velocidade em que só entrava uma mudança à patada, etc...etc...
Este pessoal não sabe, era o fim da "guerra fria" - se tivéssemos que ir para o "corredor de Fulda" (estes militares de hoje saberão o que isso era??), íamos, mesmo com o material de m#&/(/ que tínhamos, para enfrentar as forças do Pacto de Varsóvia, sendo a nossa expetativa de sobrevivência de apenas poucas horas. Nós e os Turcos seríamos carne para canhão, só para aguentar a chegada da resposta anglo-americana.

Bem dizia um General daqueles a sério: Acabem com a tropa, parem de chatear a malta !!!

Abraço

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Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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Re: Marinha Portuguesa

por XxxTOP GUNxxX » 22/3/2023 15:23

isto é tudo bonito, mas vale bola, zero…..
o erário público poupava muito mais se contratasse em regime de outsourcing a segurança e defesa nacional do país….

era mais barato;

era mais limpo;

havia menos desperdício;

garantíamos à cabeça material e apoio logístico com tecnologia de ponta;

somos um país da treta…. sem capacidade, e/ou necessidade de ter serviços de defesa nacional de raíz!

ao mesmo tempo que se garantia à cabeça, bastante folga no OE :mrgreen: , ao mesmo tempo, seria dada a maior punição possível.

erradicar as forças armadas….

e, sim, por uns pagam os outros….
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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 22/3/2023 14:24

xzx Escreveu:Se bem percebi, quem se baldou foram praças e sargentos.
O Comandante e os oficiais do navio não.
Pelo que tenho lido tinham tudo para fazerem as coisas como deve ser.
O comandante tinha liberdade ( muito rara neste tipo de ordens ) para abortar a missão logo que o entendesse. O navio tinha um motor avariado, a missão não era muito distante da costa e estava malagueiro mas não tem grande como se quer fazer passar. Estava mar bom para surfistas.
Bem podiam sair, navegavam meia duzia de milhas e voltavam para trás e estava tudo bem. Conclusão: não cumpriram a missão porque não havia condições, quer do navio, quer do mar.
O que fizeram? estupidamente armaram-se em sindicalistas e estupidamente foram bater de frente contra ponto mais sensível: a disciplina militar.
Conclusão: está a barraca armada, todos saem muito mal desta história e vai haver castigos exemplares para que daqui em diante ninguém tenha a ousadia de sequer pensar em recusar sair para o mar.
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Re: Marinha Portuguesa

por PMP69 » 22/3/2023 13:54

xzx Escreveu:Se bem percebi, quem se baldou foram praças e sargentos.
O Comandante e os oficiais do navio não.


4 Sargentos e 9 Praças.

Penso que a guarnição é de cerca de 30 homens, e que tinha chegado em novembro à Madeira.


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Re: Marinha Portuguesa

por xzx » 22/3/2023 13:40

Se bem percebi, quem se baldou foram praças e sargentos.
O Comandante e os oficiais do navio não.
 
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Re: Marinha Portuguesa

por Candelstick » 22/3/2023 11:46

MNPTLIS Escreveu:Tenho uma colega de trabalho cujo filho é Tenente e Engenheiro na Marinha ( não menciono o tipo de embarcção para não o compromenter )ele proprio disse a mãe que estes 13 marinheiros têm razão no que fizeram o mais triste são as altas patentes pactuarem com esta falta de condições e depois culparem aqueles que dão o corpinho, mas não os estou a ver darem o exemplo a irem para o mar com estes equipamentos presos por arames, estão nos gabinetes sentadinhos e a mandar postas de pescada.


Nasceram em boa altura... deveriam ter nascido nos anos 60 ir ter ido para as antigas colónias... ver se lá não cumpriam as ordens...
Hoje toda a gente tem direitos mas os deveres ficam para os outros...
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PMP69 » 22/3/2023 10:11

MNPTLIS Escreveu:
A função de um militar é cumprir a missão que lhe é atribuída

Mas como não existem condições cada vez teremos menos gente nas forças armadas como mencionei actualmente os jovens não estão dispostos a estar na forças armadas sem condições e com material obsoleto.


O material e equipamento que hoje existe é muito superior ao que eu apanhei no SMO (Serviço Militar Obrigatório) em 1990/91, que eram do tempo da guerra do ultramar.

Tive a "sorte" de me calhar um M64 (cinturão, mochila, cantil, bornal e porta carregadores), que eram de lona, e deixava-me as costas a sangrar.

O problema, que é transversal a todo o Estado, é o facto deste não investir na manutenção, esta é feita através do aproveitamento peças de outros equipamentos. Basta ver quantos Leopard 2, F16 .... temos, e quantos estão operacionais. Mas o mesmo, passa-se com a frota automóvel do Estado, com o material ferroviário, com os barcos da Transtejo ......

Para finalizar, nenhum militar pode recusar uma missão, ou colocar em causa as ordens que recebe. Na forças armadas não há democracia, nem pode haver.

O que esses militares deviam ter feito, era embarcar, cumprir a missão, e no fim relatar as suas preocupações ao comando.

Já agora, e para evitar eventuais especulações, convinha saber que está a pagar ao Garcia Pereira.

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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 22/3/2023 1:13

MNPTLIS Escreveu:
A função de um militar é cumprir a missão que lhe é atribuída

Mas como não existem condições cada vez teremos menos gente nas forças armadas como mencionei actualmente os jovens não estão dispostos a estar na forças armadas sem condições e com material obsoleto.

Não sei se percebes alguma coisa disto mas curiosamente nesta questão dos 13 militares quase todos, senão todos, são 1ºs marinheiros, cabos e sargentos. Viste lá algum grumete ou 2º marinheiro?
Sabes o que é que isto quer dizer? não sabes. Portanto esquece, contradizes-te porque falas do que não sabes.
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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 22:11

A função de um militar é cumprir a missão que lhe é atribuída

Mas como não existem condições cada vez teremos menos gente nas forças armadas como mencionei actualmente os jovens não estão dispostos a estar na forças armadas sem condições e com material obsoleto.
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PMP69 » 21/3/2023 20:24

MNPTLIS Escreveu:
De que serviu a coragem histórica de grandes marinheiros!


Vamos ser herois com uma fisga ( estilo indios com flechas ) ser tropa não é ter de deixar o cerebro em casa , mas o que cada vez mais se pede é isso , pra mim isso não serve , se calhar é por isso mesmo que as forças armadas são as primeiras a não cumprir a constituição é tudo de boca pra fora, o povo é roubado de toas as maneiras possiveis, justiça não há, saude igual , a educação é uma farsa, a habitação é foclore a saída dos Portugues é ir embora, mas não se passa nada porque a constuição é só para fazer de conta que existe.Não estou a defender uma revolução mas então são rigorosos numas coisas e no principal fecha-se os olhos , as forças armadas servem o povo ou os partidos ?



A função de um militar é cumprir a missão que lhe é atribuída, seja ela qual for, e respeitar a hierarquia.

No dia em que assim não for, não é um exército, mas sim um grupo de arruaceiros.

Mais, hoje são voluntários.

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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 19:43

De que serviu a coragem histórica de grandes marinheiros!


Vamos ser herois com uma fisga ( estilo indios com flechas ) ser tropa não é ter de deixar o cerebro em casa , mas o que cada vez mais se pede é isso , pra mim isso não serve , se calhar é por isso mesmo que as forças armadas são as primeiras a não cumprir a constituição é tudo de boca pra fora, o povo é roubado de toas as maneiras possiveis, justiça não há, saude igual , a educação é uma farsa, a habitação é foclore a saída dos Portugues é ir embora, mas não se passa nada porque a constuição é só para fazer de conta que existe.Não estou a defender uma revolução mas então são rigorosos numas coisas e no principal fecha-se os olhos , as forças armadas servem o povo ou os partidos ?
 
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Re: Marinha Portuguesa

por djovarius » 21/3/2023 19:28

No meu tempo, havia logo um graduado que pegava na Walter e com dois berros, mandava-os logo embarcar....

Onde já se viu isto?? Não sei nada desta tropa atual, nem sei se isto é insubordinação, se é cobardia, se é outra coisa.

Antigamente, tivemos revoltas de marinheiros, mas isso tinha conotação política, não creio que isso exista hoje em dia, mas ocorreu nos tempos da bandalheira, houve até o caso do RI 33 que teve que avançar para Lisboa para dar um "enxerto" nos marinheiros revoltados.
A capital ficou a ferro e fogo...

De que serviu a coragem histórica de grandes marinheiros!!??

dj
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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 21/3/2023 17:26

MNPTLIS Escreveu:Pikas
Tens forças armadas a trabalhar a borla ?
Onde ?

Mas alguém falou em não remunerar os militares? claro que, em tempo de paz, terão que ser remunerados.
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Re: Marinha Portuguesa

por PMP69 » 21/3/2023 16:56

Um militar não é um civil, ao ser militar sujeita-se à Lei n.º 11 de 1989.

Não sabendo as razões para tais atitudes, as forças de segurança têm sido infiltradas de elementos com ideais extremistas.


"Lei n.º 11/89, de 1 de Junho

Bases gerais do estatuto da condição militar

A Assembleia da República decreta, nos termos dos artigos 164.º, alínea d), 167.º, alínea n), e 169.º, n.º 2, da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º

A presente lei estabelece as bases gerais a que obedece o exercício dos direitos e o cumprimento dos deveres pelos militares dos quadros permanentes em qualquer situação e dos restantes militares enquanto na efectividade de serviço e define os princípios orientadores das respectivas carreiras.


Art. 2.º A condição militar caracteriza-se:

a) Pela subordinação ao interesse nacional;
b) Pela permanente disponibilidade para lutar em defesa da Pátria, se necessário com o sacrifício da própria vida;
c) Pela sujeição aos riscos inerentes ao cumprimento das missões militares, bem como à formação, instrução e treino que as mesmas exigem, quer em tempo de paz, quer em tempo de guerra;
d) Pela subordinação à hierarquia militar, nos termos da lei;
e) Pela aplicação de um regime disciplinar próprio;
f) Pela permanente disponibilidade para o serviço, ainda que com sacrifício dos interesses pessoais;
g) Pela restrição, constitucionalmente prevista, do exercício de alguns direitos e liberdades;
h) Pela adopção, em todas as situações, de uma conduta conforme com a ética militar, por forma a contribuir para o prestígio e valorização moral das forças armadas;
i) Pela consagração de especiais direitos, compensações e regalias, designadamente nos campos da Segurança Social, assistência, remunerações, cobertura de riscos, carreiras e formação.

........"
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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 16:37

Pikas
Tens forças armadas a trabalhar a borla ?
Onde ?
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 21/3/2023 15:50

MNPTLIS Escreveu:
nsubordinação militar.

Se calhar a unica maneira de resolver as coisas.
quando vais trabalhar e não tens condições se te pedirem para fazer o pino e ainda serem responsabilizado por isso não reclamas ? ou ficas contente ?

Acertaste na mouche: trabalhar.
O problema é que para muita gente a condição militar e a vida militar é, apenas, um trabalho quando não o é, nem de perto, nem de longe.
Muito boa gente considera que ser militar é ser funcionário do estado, com direitos e deveres iguais ao do tipo da repartição de finanças porque ambos tem o mesmo patrão, o estado.
Nesta ótica mais vale acabar com as forças armadas e deixar os espanhóis tomar conta disto.
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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 15:46

Marinha tem nove principais meios de combate. Só três estão operacionais

Mais que suficiente para defender a soberania do nosso mar !!
 
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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 15:43

nsubordinação militar.

Se calhar a unica maneira de resolver as coisas.
quando vais trabalhar e não tens condições se te pedirem para fazer o pino e ainda seres responsabilizado por isso não reclamas ? ou ficas contente ?
Editado pela última vez por MNPTLIS em 21/3/2023 15:47, num total de 1 vez.
 
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Re: Marinha Portuguesa

por xzx » 21/3/2023 15:39

Uma lição a reter deste episódio : mais atenção nos futuros recrutamentos das Forças Armadas. Em situações difíceis, há os que lutam com o que têm e os que desistem porque o material não lhes parece adequado.
É espantoso como há quem ponha a tónica no estado do material ( discutível, internamente) menorizando o facto, público, de uma insubordinação militar.
Ao que chegámos...
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 21/3/2023 15:02

MNPTLIS Escreveu:Num País com um mar imenso temos umas sucatas a navegar até os mafiosos da droga têm barcos melhores...

Claro, mas podes ter como certo que os ladrões sempre tiveram, tem agora e irão continuar a ter melhores armas que os polícias. Isso é novidade? Terias que descer ao nível dos ladrões para os combater com as mesmas armas.
Atribui-se a Churchill a frase: " A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais " ( in discurso na Câmara dos Comuns, 11 de novembro, 1947 ). Mas a democracia tem muitas coisas boas e também tem muitas fraquezas e uma delas é o primado do respeito pela lei ( será fraqueza??? ). Ora, como os bandidos não respeitam lei a não ser a lei do mais forte ou a lei das armas, a democracia perde sempre, mas mesmo sempre, perante os mafiosos.
Por melhores navios que tenhas, os mafiosos terão sempre melhor.
Cumprimentos,
 
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Re: Marinha Portuguesa

por MNPTLIS » 21/3/2023 14:53

Jovens pensam ir para as Forças Armadas ?
Sentem-se e esperem que a vontade passe ! Fazer o pino e ainda levar na corneta pra servir numas forças armadas de material velho e bom para a sucata !
Com tudo isto faz de conta e ainda culpar os 13 marinheiros pela falta de tomates das chefias perante os politicos, só vai afastar cada vez mais gente de tudo o que é forças armadas.
Esta muita gente a olhar o que decidirem vai definir o futuro. Ninguem nos tempos que correm está disposto a ser prejudicado pela falta de material decente , e ainda lhe pedem para ser kamikaze se correr mal ,dão-lhe uma medalha de cartão.
 
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Re: Marinha Portuguesa

por PIKAS » 21/3/2023 13:58

Caros,
Para mim o almirantado tem muita culpa pelo estado a que chegou a marinha, sobretudo por não darem em privado e longe dos holofotes uns valentes murros na mesa à frente da classe política. Por não lhes dizerem as verdades, ficarem-se pelo que é conveniente.
Mas os marinheiros são militares e o que fizeram não tem a menor desculpa perante a sua condição militar. Para mim acho que a despromoção de todos ao posto imediatamente inferior e expulsão das forças armadas é a pena que considero justa. E o comandante também deveria ser despromovido ao posto imediatamente inferior e brindado com umas linhas a encarnado na caderneta.
Se isto acontecesse num dos 22 anos que lá estive era isso que aconteceria, com absoluta certeza, pelo menos na Força Aérea.
Quanto ao almirante CEMA em termos militares o que fez foi deplorável, em termos da sua ambição política é mais um passo no mediatismo e na sua caminhada para outros voos. Mesmo com esta borrada, se se candidatar votarei nele.
Cumprimentos,
 
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