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Caldeirão da Bolsa

Rating do índice S&P 500

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Rating do índice S&P 500

por Pata-Hari » 20/2/2023 14:46

Achei as tuas conclusões muito interessantes, Cem, sendo que aplico e partilho da mesma opinião, Atrevo-me a acrescentar que se tiveres em conta os impactos fiscais do pagamento de impostos devidos anualmente ainda mais se torna visível o peso dos custos no resultado final de uma estratégia de investimento. Se se puder ter uma estratégia de mais longo prazo em que se adie e se capitalize ganhos, ainda mais forte é o impacto na rentabilidade total das carteiras.
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Rating do índice S&P 500

por Cem pt » 18/2/2023 18:49

Há poucos meses atrás experimentei aqui no “site” um conjunto de pequenos negócios em regime de “day trading” que incidiu sobre compras e vendas baseadas no maior índice de ações mundial, o S&P 500.

Tratou-se duma experiência curiosa porque o índice foi negociado com base em diversas multi-escalas que abrangiam períodos que iam desde o semanal até à meia-hora, usando um determinado sistema de trading que incluía componentes tendenciais e oscilatórias.

Evidentemente que os resultados e as rentabilidades obtidos obrigaram-me a extrair conclusões que, quanto mais longa era a experiência negocial e apesar dos períodos prévios de testes, acabaram por desembocar em termos de trading real numa série de paradigmas que poderão ser resumidos abaixo.

Entre outras conclusões curiosas poderei resumir algumas que me pareceram bastante interessantes:

- Num determinado ativo financeiro nenhuma escala temporal se sobrepõe à partida em termos de superioridade clara sobre outra qualquer em termos de ser melhor que outra no que toca às performances isoladas de rentabilidade.

No entanto, à medida que as trades vão ocorrendo, nota-se que o “slippage” das escalas de períodos mais curtos vão gradualmente erodindo a sua performance em relação às escalas maiores devido à perda acumulada da diferença entre o comprador e vendedor porque a quantidade de trades nas escalas mais rápidas a isso obriga.

Daí que no longo prazo acumulado, para um mesmo número de contratos à partida em cada escala, a performance vai sendo ligeiramente melhorada nos gráficos dos períodos maiores.

Atribuir uma maior quantidade de contratos aos períodos mais extensos faz portanto um certo sentido racional pelo facto dum gráfico de maior escala revelar menos ruído e de se comportar duma forma mais suavizada nos movimentos entre barras, gerando menos comissões e menos “slippage” nas diferenças acumuladas entre “bid” e “ask” e revelando um comportamento a prazo de movimentos menos bruscos, ou mais suavizados, de acordo com uma maior “obediência” à respetiva tendência adotada.

- Por um método quase empírico de aproximações sucessivas acabei por concluir que as negociações do mesmo ativo financeiro em vários gráficos de escalas sucessivas resultam melhor usando um degradação sucessiva do período de escalas mais ou menos em cerca de metade de uma para a outra.

Para calcular dm termos otimizados a quantidade de contratos, concluí que o ideal será adotar, utilizando escalas múltiplas, uma proporção de aumento gradual aproximado da raiz quadrada entre os períodos negociados.

Por exemplo, se estiver a negociar 5 contratos na escala horária o ideal será utilizar o mesmo sistema de negociação ou o mesmo sistema de trading com 5 x Sqrt (2/1) = 7 contratos na escala de 2 horas ou 5 x Sqrt (4/1) = 10 contratos na escala de 4 horas.

- Os resultados da componente tendencial comprovaram ser algo superiores aos das suas contrapartes oscilatórias por um único motivo lógico: é que uma trade tendencial “standard” dura mais tempo.

No entanto, se estabelecermos um resultado médio dos resultados obtidos a dividir pelo número de barras, nesse caso curiosamente teremos de novo a obtenção dum valor praticamente idêntico, em que se pode concluir que não existe na prática uma predominância de qualquer das componentes do trading, desde que se observem certos princípios básicos do trading, como seja para exemplificar negociar um ciclo mais curto ou trade oscilatória sempre a favor da tendência.

- Os sistemas de trading que parecem resultar melhor no atual panorama de concorrência feroz e mais competitiva de adaptação aos sinais de entrada e saída mais eficazes e rentáveis usados na Análise Técnica, em que os “bots” de trading são usados cada vez em maior número e em grande profusão no mundo do trading, são os que dependem de estratégias baseadas nos sentidos de regressões lineares e num conjunto de quebras de linhas de “breakouts” de suportes e resistências, com eventuais aproveitamentos de “pullbacks” ou ricochetes para reforçar posições oscilatórias a favor das tendências dominantes.

Tudo isto acaba por desembocar em resultados variáveis algo dependentes das volatilidades do mercado, que, como sabemos, não seguem um padrão constante.

A otimização do número de barras mais adquado para construir um bom indicador tendencial que revele os melhores resultados a longo prazo deverá contudo estar quase sempre compreendido algures entre cerca de 20 a 150 períodos, dependendo obviamente dos indicadores específicos escolhidos para o efeito e dos testes prévios efetuados.

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Usar escalas encaixadas umas nas outras em cada ativo financeiro parece ser portanto uma estratégia que faz bastante sentido, eu pelo menos estou a ficar fascinado por estar agora embrenhado nesta via de estratégia que, em dezenas de anos de prática do trading, nunca me tinha ocorrido anteriormente.

Não estou a dizer que seja o melhor método, a variação das performances continua a ser substancial em cada ano, de acordo com os testes prévios, mas os resultados obtidos globalmente têm sido bastante interessantes.

Logicamente que a fase posterior será a adaptação do método a cada sistema de trading, onde se terá de calcular uma alavancagem adequada e específica para cada regra de negociação utilizada, desde que se conheçam os parâmetros baseados em algumas centenas de trades e donde se extraiam os rácios fundamentais das relações entre ganhos e perdas, comissões, “slippage” e “drawdowns” para maximização dos lucros e minimização dos riscos.

- Se estabelecermos a referida graduação de escalas encaixadas umas nas outras em que a relação aproximada entre cada uma delas seja aproximadamente uma relação de 1 para 2 entre o número de barras, para estabelecer períodos de trading idênticos (por exemplo usando uma média de 40 períodos entre uma compra e uma venda numa determinada escala), pode-se negociar de forma rentável a prazo um ativo financeiro que possua as seguintes caraterísticas: negociação instantânea online, alta liquidez, diferenças mínimas entre “bid” e “ask” e comissões de negociação preferencialmente nulas. Pessoalmente considero que existem dois candidatos preferenciais com estas caraterísticas, são eles o câmbio do EuroDollar e o índice S&P 500.

- O EuroDollar tem o defeito de ser negociado 24 horas por dia, pelo que não pode ser adaptado a um estilo de trading em dedicação absoluta, mesmo que houvesse disponibilidade as pessoas têm de dormir, descansar, comer e dedicar tempo a outras atividades e à família.

Pelo que no meu caso particular optei por me dedicar a 100% entre as 14h 30m até às 21h de cada dia de negociação a negociar online, recaindo a minha escolha naturalmente no S&P 500, que negoceia precisamente nesse horário.

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Obviamente que as escalas mais baixas poderão ser negociadas várias vezes ao dia, em geral o número de negócios é inversamente proporcional à escala adotada. Para ser mais concreto, a quantidade de negócios na escala de 1 minuto deverá ser em teoria 5 vezes superior aos negócios efetuados teoricamente na escala dos 5 minutos para o mesmo método negocial e o seu posicionamento longo ou curto numa única sessão poderá variar em média entre 3 a 10 alterações posicionais longas e curtas, enquanto que a escala de 5 minutos se poderá modificar diariamente apenas entre 1 a 2 vezes, dependendo obviamente da volatilidade existente e do sistema de trading usado com critério por cada trader.

- Cada sessão arrasta obviamente uma quantidade diferente e variável de contratos negociados ao longo do dia, terminando cada sessão de forma diferenciada de acordo com os padrões de movimentação e posicionamento das componentes tendenciais e oscilatórias do S&P 500, mas globalmente pode-se adiantar que a quantidade de contratos em risco, sejam eles comprados ou vendidos consoante a escala em que se inserem, depende daquilo a que poderei chamar do “Rating de Risco S&P 500”.

- De notar que a atividade de “day trading” não se resume no caso da negociação do índice S&P 500 a seguir apenas os sinais disparados por um sistema de trading nas componentes tendencial e oscilatória, poderá haver outras “nuances” complementares interessantes, como seja por exemplo a negociação dos “gaps” de abertura em relação aos fechos da sessão anterior, havendo neste caso uma taxa de sucesso bastante interessante, aproximadamente entre 55% a 80%, dependendo do ativo negociado, numa regra bem simples como seja a de comprar as aberturas em “gap down” e fechar com venda ao preço do mínimo da barra do fecho da sessão anterior, usando por exemplo maior quantidade de contratos se essa compra coincidir com uma posição tendencial comprada ou longa transmitida pelo sistema de trading adotado na escala negociada porque nesse caso a taxa de sucesso aumenta.

Se a venda não for atingida haverá que sair no fecho da sessão.

As mesmas regras se aplicam quando a abertura apresenta um “gap up”, só que neste caso a ordem é vender a abertura ao mercado e lançar um preço limite de compra de fecho da posição igual ao máximo do fecho da sessão anterior.

De forma idêntica ao que foi dito lá atrás a quantidade de contratos poderá ser aumentada na venda se a tendência na referida escala for também descendente.

Se o preço de compra não for atingido haverá que fechar a posição curta no final da sessão.

- Portanto, voltando à vaca fria, o “Rating de Risco S&P 500” a que me referia anteriormente não é mais do que o total percentual de contratos calculado em qualquer altura a dividir pelo número máximo de contratos que em teoria se poderia esperar em determinada altura.

Se nesse cenário os sinais dos indicadores estivessem todos a apontar para o mesmo sentido, permitido ou assegurado por um determinado sistema de trading que funcione comprovadamente bem, quando executado na sequência gradual de todas as escalas negociais envolvidas, o Rating em causa poderia atingir os valores limites de +100% ou -100% em situações extremas de euforia e pânico.

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Na situação presente do S&P 500 a escolha negocial para o cálculo do respetivo Rating recaiu no meu caso particular sobre um leque muito variado e sequencial de escalas, que a seguir indico, que no final da data de ontem, do dia 17 de fevereiro, apresentava os seguintes parâmetros (Nota: o sistema de trading aqui referido possui apenas componente tendencial, representando apenas uma parcela do total que aplico diariamente na minha carteira de trading pessoal, que inclui igualmente um capítulo dedicado ao trading oscilatório usando outros indicadores adaptados que aqui não estão referidos):

Escala Semanal: Negativa (Ponderação nº Contratos = 64.0)
Escala Diária: Positiva (Ponderação nº Contratos = 45.2)
Escala 4 Horas: Positiva (Ponderação nº Contratos = 32.0)
Escala 2 Horas: Positiva (Ponderação nº Contratos = 22.6)
Escala 1 Hora: Negativa (Ponderação nº Contratos = 16.0)
Escala 30 Minutos: Negativa (Ponderação nº Contratos = 11.3)
Escala 20 Minutos: Negativa (Ponderação nº Contratos = 8.0)
Escala 15 Minutos: Negativa (Ponderação nº Contratos = 5.7)
Escala 10 Minutos: Negativa (Ponderação nº Contratos = 4.0)
Escala 5 Minutos: Positiva (Ponderação nº Contratos = 2.8)
Escala 3 Minutos: Positiva (Ponderação nº Contratos = 2.0)
Escala 2 Minutos: Positiva (Ponderação nº Contratos = 1.4)
Escala 1 Minuto: Positiva (Ponderação nº Contratos = 1.0)

Rating Total da Semana terminada em 17/02/2023 = (-64+45.2+32+22.6-16-11.3-8-5.7-4+2.8+2+1.4+1)/(64+45.2+32+22.6+16+11.3+8+5.7+4+2.8+2+1.4+1) = -2 / 216 = -0,01 = -1%

Significa isto que: se hipoteticamente o sistema de trading estivesse positivo em todas as escalas, e nesse caso usaríamos por exemplo 50 contratos comprados sobre o S&P 500, dependendo obviamente do capital e parâmetros de risco de cada trader, o risco aconselhável pelo sistema de trading aqui usado, em função do rating calculado acima, seria o de estarmos vendidos na data atual em apenas 1 contrato sobre o S&P 500 com aproximação por excesso, ou seja, 50 contratos x (-1%) = -0,5 = -1.

Quando no trading real este Rating se encontra abaixo dum percentual de 10% em valor absoluto, seja ele positivo ou negativo, significa que não é muito aconselhável negociar o índice na sua componente tendencial pelo facto de haver bastante indefinição no mercado.

Na prática isto significa que atualmente o S&P 500 se encontra sem praticamente um sentido global definido, pelo que é preferível atender a outros ativos no mercado que se encontrem mais "quentes" em termos de rating tendencial (ex / disclaimer: BCP, onde confesso estar comprado, mas nesse caso quase nem era preciso usar sistemas de trading, bastaria traçar umas linhas simples LTA nas diversas escalas que contam para a equação!), usando critérios semelhantes.

Para terminar deixo abaixo os gráficos das escalas do SPY no sistema de trading aqui exemplificado (SAR 2023, um sistema “always in the market” do tipo “Stop And Reverse”) nas escalas de 1 minuto, 15 minutos, 2 horas, diário e semanal.

BN


SPY 20230217 SAR 2023 1M.png
SPY - Sistema de trading "SAR 2023" / Escala 1 Minuto



SPY 20230217 SAR 2023 15M.png
SPY - Sistema de trading "SAR 2023" / Escala 15 Minutos



SPY 20230217 SAR 2023 2H.png
SPY - Sistema de trading "SAR 2023" / Escala 2 Horas



SPY 20230217 SAR 2023 1D.png
SPY - Sistema de trading "SAR 2023" / Escala Diária



SPY 20230217 SAR 2023 1S.png
SPY - Sistema de trading "SAR 2023" / Escala Semanal
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