O meu verdadeiro hobby nesta vida muito preenchida com o mundo dos negócios, talvez se possa chamar quase como um projeto de vida extra-profissional, consistiu em procurar desenvolver sistemas de trading que atingissem elevadas taxas de rentabilidade.
Sempre achei que estava aqui um nicho de atividade que merecia ser investigado e explorado.
Claro que isso é apenas uma parte ou fração das ferramentas necessárias ao trading que garanta algum sucesso porque, como já referi e volto a repetir, a maior dimensão no capítulo do enriquecimento no trading está e estará sempre no capitulo do money management e das alavancagens controladas inerentes. E aqui já iríamos entrar num campo bastante perigoso em que o trader se terá de comportar como um guerrilheiro a penetrar numa mata desconhecida pejada de minas e armadilhas a mover-se com muita cautela e com a experiência adquirida do passado em trilhos altamente desafiantes onde o perigo espreita a cada passo.
Voltando à questão dos sistemas de trading, como devem imaginar nesse campo tentei misturar indicadores de todo o género e ordem. A esmagadora maioria das vezes estas combinações resultaram em experiências frustrantes em que grandes partes das ideias e programações de um incontável trabalho, que para mim era como explorar terreno nunca trilhado, acabou inevitavelmente no lixo.
No entanto também apanhei algumas boas surpresas pelo caminho. Numa delas recordo-me de ter desenvolvido por volta do ano 2000 um sistema que para mim era o verdadeiro “holy grail”, aquele que todos os traders procuram para si próprios como verdadeiras máquinas de fazer dinheiro!
Antes de continuar deixem-me fazer um comentário lateral: uma das coisas que no trading aprendi bem cedo é que é bastante mais fiável negociar os períodos de maior duração do que os períodos de curto prazo. Os mercados nos períodos mensais, semanais e até diários comportam-se de forma bastante mais previsível, mais linear ou com menos ruído se quiserem, e seguem tendências e ciclos mais estáveis do que tudo o que acontece nos períodos abaixo do diário. E quanto mais rápido for o período, pior ou mais instável é o comportamento, nesses períodos mais curtos e apesar de continuarem a existir tendências e ciclos começamos a entrar cada vez mais num mundo duma maior imprevisibilidade ou mais cinzento, acreditem!
Com esse tal sistema miraculoso obviamente tive de efetuar testes de comprovação da sua eficiência e, tendo em conta o que atrás disse sobre as escalas mais adequadas para negociar, decidi na altura fazer incidir esses backtests apenas na escala semanal.
O curioso disto tudo é que esse sistema de trading conseguiu os melhores resultados de sempre em termos das taxas de sucesso. Aquilo eram números verdadeiramente espetaculares, nesta altura não tenho presentes os valores obtidos mas recordo-me que a relação da eficiência “win / loss” era qualquer coisa próxima de 14 para 1, ou seja, por cada 1000 Euros que o sistema perdesse havia 14000 Euros de lucro a entrar!
Era esse o sistema dos meus sonhos, tinha de negociar com aquele sistema de trading.
Só que uma coisa são os testes e outra é a realidade do trading, aquilo tinha dois grandes óbices que tive de engolir e apreender como lições para o futuro:
1) Como o período médio entre cada operação distava cerca de 8 meses, o sistema tinha de se sujeitar aos grandes movimentos adversos de drawdown que sucedem quando estamos muito tempo agarrados a determinada posição e assim o enorme valor de alavancagem permitido pela fórmula de Kelly era uma verdadeira bomba relógio a sugerir valores multiplicadores na casa dos 2 dígitos! Nessa altura não tinha ainda bem a noção do perigo do efeito multiplicador quando o mercado entrava em movimentos de sentido adverso ao assumido pelo sistema de trading. Essas perdas grandes pontuais provocavam uma sensação de calafrios nada agradável, talvez mesmo aterradora, podem crer.
Nunca tive felizmente nenhuma carteira a aproximar-se de níveis de falência, embora já tenha ultrapassado por duas vezes drawdowns acima dos 50%, apesar de ter recuperado quase logo a seguir. Como consequência nunca sofri até ao presente qualquer “margin call” de aviso de capital insuficiente por parte das corretoras.
Tive contudo de concluir que os drawdowns eram críticos em qualquer carteira e, como tal, tinham obrigatoriamente de ser levados em conta!
2) Apesar dos testes revelarem uma taxa de sucesso muito elevada na relação entre os ganhos e as perdas esperados pelo sistema de trading, os programas de trading com períodos médios de permanência muito elevados no mercado padecem dum pequeno “grande” problema: é que a sua rentabilidade média por sessão é bastante reduzida. Ou seja, é preferível usar um sistema de trading que seja positivo em resultados a longo prazo e que provoque um número médio bastante mais reduzido de sessões em cada trade do que muitas sessões por trade, levando sempre em conta os custos das comissões envolvidas que obviamente são bastante maiores nas trades de duração mais reduzida.
Obviamente que essa diminuição do período médio de sessões por trade enfrenta um problema acrescido porque nos aproximamos duma estratégia de pesquisa por negociar períodos mais instáveis e imprevisíveis nas escalas mais rápidas, o que torna muito mais difícil conseguir uma boa eficiência sobre sistemas de trading adequados ao objetivo pretendido, tendo em conta estes fatores adversos em presença!
Na prática é portanto preferível usar um sistema de trading com taxas de eficiência “ganhos / perdas” mais reduzidas desde que a sua rentabilidade média líquida por sessão seja superior a um outro qualquer sistema de trading que permaneça muito tempo no mercado e que possua uma taxa de sucesso bastante elevada.
Em resumo, o melhor fator de escolha dum sistema de trading na ótica da maior rentabilidade, excluindo para já os drawdowns, deverá ser a fórmula do fator “chave”:
Fator chave = ( Nº trades vencedoras x Lucro médio líquido por trade vencedora – Nº trades perdedoras x Prejuízo médio líquido por trade perdedora ) / Nº dias do período de trading Prejudicamos conscientemente os níveis de eficiência mas ganhamos na rentabilidade final no fim de cada ano, ao procurar obter mais sucesso na fórmula comparativa da diferença entre os ganhos médios e as perdas médias por sessão. E se a isso somarmos o efeito duma alavancagem adequada, então estaremos com toda a probabilidade no caminho certo!
O fator crítico da escolha deverá ser sempre o da rentabilidade média líquida (ou seja, descontadas as comissões) esperada por sessão e os sistemas de trading com períodos médios de permanência na trade por períodos mais reduzidos têm a vantagem de ser mais manipuláveis para “saltar fora” durante os períodos de drawdowns ou movimentos do mercado contrários contra o sistema mas por outro lado possuem a desvantagem da taxa de eficiência navegar por mais tempo em águas mais “incertas” nos períodos de negociação mais rápidos e a desvantagem duma maior quantidade de comissões e diferenças de “slippage bid-ask”, que neste caso é um fator de importância crescente.
Numa próxima oportunidade irei referir as conclusões obtidas nos testes para calcular as alavancagens no caso específico do money management aplicado ao sistema de trading “Nova Maquineta”.
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O final de mais uma mexida sessão determinou uma nova reversão tendencial, precisamente na única que ainda vinha mantendo um sinal positivo.
De facto a única posição que ainda se mantinha teimosamente longa no setor das tendências, refiro-me à escala 2D, acaba de se render ao sentido descendente do mercado.
Este sinal de venda ao mercado implicou uma operação duma trade tripla, executada às 21h de hoje ao preço de 3757 Usd / contrato, assim distribuídas:
- Fecho da posição longa tendencial no gráfico 2D.
- Abertura de nova posição curta na mesma escala 2D.
- Fecho compulsivo da posição oscilatória longa no gráfico 4H, uma vez que as duas escalas acima apresentam agora sinais de tendências negativas.
Em relação às duas posições longas fechadas a carteira registou obviamente resultados negativos, a saber:
- Na posição tendencial que se encontrava comprada na escala 2D temos um resultado de -318 Usd / contrato (= 3757 - 4067 - 8 de comissões).
- Na posição oscilatória longa do gráfico 4H o resultado final para a carteira determinou um prejuízo líquido de -136 Usd / contrato (= 3757 - 3891 - 2 de comissões).
O programa de trading vai portanto fechando gradualmente todas as trades que se encontravam negativas na carteira dentro do saudável princípio do trading “stop the losses”.
- S&P 500 - Sistema de trading Nova Maquineta / Escala 2D
Curiosamente o final da sessão trouxe também através das regras do sistema de trading um sinal de compra, para além dos sinais de venda atrás indicados. Tratou-se do fecho da posição curta oscilatória que existia há 11 dias atrás na escala 2H, executada com uma compra ao mercado ao preço de3757 Usd / contrato.
Esta trade resultou num ganho para a carteira no valor de +320 Usd / contrato (= 4078 - 3757 - 1 de comissões).
Exposição ao risco agora a marcar
-229 % na parte da carteira do S&P 500, um aumento significativo na aposta amplificada de descidas futuras no mercado acionista.
BN
- S&P 500 - Sistema de trading Nova Maquineta / Escala 2H