Pata-Hari Escreveu:Minibull, a solução passa provavelmente pelo que o teu amigo descreve. Tristemente real e verdadeiro.
Na sequência deste assunto, o meu amigo perguntou-me ontem se estaria disponível para jantar com ele, pois precisava desabafar.
E apesar de ter outro compromisso, desmarquei, pois para ele querer conversar a um sábado à noite, seria certamente urgente, para ele.
Tal como na transcrição anterior, abster-me-ei de qualquer comentário ou opinião pessoal, e limitar-me-ei à mera transcrição das palavras dele.
Assim, começou ele:
"Tal como te tinha dito, já vendi todas as acções que tinha, fiquei ela por ela. Quer dizer perdi uma c-c- prá aí umas escassas dezenas de milhar. Pronto, não interessa, fechei a loja. Fechei a peixaria e deixei de ir ao mercado comprar peixe para vender a seguir, como diz aquele teu colega de fórum, que me falaste, e que conta os seus negócios bolsistas de forma engraçada, como se de uma herdade se tratasse.
Pronto, a bolsa acabou para mim. Restam os inquilinos; tenho um grupo françês interessado no meu património imobiliário, que como sabes me está a dar prejuízo, sobretudo à conta do famigerado AIMI - adicional ao IMI.
Mas por enquanto não vou decidir nada, pode ser que daqui a dois anos venha um Governo realista, consciente, que pense a sério no País, em tocar-nos para a frente, em vez de ser o cavalo de Troia da extrema esquerda. Sim, porque se vires bem, a vontade popular - constituida por quase 80% da população é ao centro, pois a esmagadora maioria da população é gente boa, moderada, trabalhadora e razoável, não são os extremistas que se regem por ódios, invejas e que só pensam como é bom ter protagonismo, poder, mordomias, e que provavelmente pensam - que é iiistooo ? isto é muita bom pah, eh temos que nos manter lá a todo o custo - que no fim é essa minoria que nos está a impôr regras - esses são para aí 10%, mas na pr´atica são eles que neste momento mandam em nós.
Portanto, vou esperar dois anos, porque os compradores franceses começavam logo por despejar os inquilinos. E no fundo, apesar de eles me estarem a dar um sério prejuízo, tenho pena deles. Porque eles apenas se aproveitam das Leis que lhes permitem explorar o senhorio, que está assoberbado com impostos e taxas, não podendo mexer nas rendas. Não são eles os verdadeiros culpados. Já aguentei tanto tempo assim, que vou fazer de segurança social mais dois anos.
Mas olha, tenho lido e ouvido ultimamente argumentos falaciosos e desonestos, vindos das áreas políticas do costume, que de tanto os repetirem, pretendem convencer as massas de que são verdadeiras, apesar da sua enorme e comprovada falsidade :
Pretendem dizer que os rendimentos de capital e do arrendamento, são rendimentos passivos e isentos de trabalho, e pior do que isso, pretendem convencer o povo que estiver mais desatento a esta temática, de que existe uma situação de favor na taxação por 28% , nos rendimentos de capital e de arrendamento, relativamente aos impostos sobre o trabalho.
Nada mais falso, falacioso e desonesta esta argumentação;
Se não vejamos :
Os proprietários de imóveis que se dedicam ao arrendamento, e fazem-no como actividade a 100%, isso constitui um verdadeiro posto de trabalho, uma vez que tal, os obriga a zelar pelo cumprimento do contrato de arrendamento, executar obras, manutenções diversas, cumprimento mensal das obrigações fiscais, elaboração dos contratos de arrendamento, registo dos respectivos contratos, comunicação e pagamento do imposto de selo, baixas dos contratos, passagem de recibos, comunicação de todas as alterações às Finanças, conceder facilidades de pagamento aos inquilinos, pagar 3 vezes por ano o IMI, pagar AIMI, fazer obras sempre que sai um inquilino, compra de materiais e respectivo transporte, promover os anuncios de arrendamento, mostrar os imóveis, dezenas de vezes, até concretizar o arrendamento, elaborar mapas de receitas e despesas, fracção a fracção, etc. etc.
Acresce a todo este trabalho, o facto de não terem qualquer ordenado nem pagamento directo pelo seu trabalho - pois ao serem tributados em sede de IRS, por definição não têm empresa, logo trabalham em nome individual ( ah , mas para os extremistas isto não é trabalho, provavelmente, trabalho será andar a coçar as cadeiras do poder, onde são altamente remunerados, por nós, e cheios de mesuras e regalias) adiante,
ora, o nosso explorador capitalista/senhorio, como trabalha em nome individual, para além de não ter ordenado nem qualquer tipo de remuneração mensal, também não pode abater em termos fiscais, as deslocações, refeições, viatura de trabalho, despesas diversas que se torna obrigatório ter, para além de como referi não auferir qualquer ordenado, ajudas de custo, ou qualquer outro tipo de remuneração.
Quanto à taxação é redonda e completamente falso que a taxa liberatória de 28% constitua qualquer benefício relativamente àqueles que auferem salário.
Se não, vejamos,
Somemos : IMI + AIMI ( VERDADEIROS IMPOSTOS SOBRE A FORTUNA )
+
28% de IRS
Em muitos casos ultrapassa largamente os 48% do imposto sobre a taxa máxima do rendimento do trabalho
Para além de que o senhorio/proprietário dos imóveis fruto das suas poupanças, incluindo do trabalho - já amplamente tributadas, anteriormente em sede de IRS, tem este rendimento, não como sujeito de acção passiva, mas sim de um verdadeiro emprego, do qual não recebe salário pelo seu trabalho, não pode abater aos impostos grande parte das despesas que efectivamente suporta, está sujeito a enormes calotes que os tribunais demoram, por vezes 4 anos a resolver, após inúmeras custas, ficando quase sempre em nada, em termos da recuperação dos calotes por incumprimento do inquilino, apenas restando para o senhorio as pesadas custas judiciais e pesados honorários dos advogados, que compreensivelmente não trabalham de graça - e os inquilinos... e se os há batidos nesse esquema... e que após o tempo que sabem que o tribunal demora a resolver, partem para nova aventura de - cravar- outro senhorio a quem pagam 3 meses e ficam novamente 4 anos sem pagar renda. Para além de frequentemente lhe vandalizarem o imóvel, e até chegarem ao ponto de furtar acessórios e partes integrantes do locado.
Nada disto é tido em conta, e o senhorio não paga só os meros 28% , como querem ardilosamente fazer crer, mas sim cerca de 48%, igual à taxa máxima do IRS - após a conjugação dos 28% de IRS mais os impostos sobre a fortuna - IMI + AIMI. ( dando já, de barato o acréscimo do imposto de selo sobre a primeira renda).
É preciso não esquecer que estes brutais impostos, incidem já depois do senhorio ter suportado - condomínios, seguros, obras, vandalismos praticados por certos inquilinos, furtos de materiais integrantes do imóvel locado, obras de manutenção, obras de reparação, obras de recuperação no inteiror e nas partes comuns do seu imóvel, comissões de agências imobiliárias ( sim, porque ninguém trabalha de graça - só o senhorio explorador, que muitas vezes faz de segurança social).
A esquerda diz que isto é o principio do caminho do englobamento... Vamos ver ... quanto a mim terão que arranjar alojamento para cerca de 140 famílias, que me estão a causar um prejuízo de 20 000 euros mensais. E que os compradores franceses não terão qualquer problema em despejar...
Eu próprio não tenho capacidade de aguentar muito mais tempo, caso não seja abolido o famigerado AIMI e não termine o congelamento das rendas que era por 5 e já vai em 10 anos...
Caso a ideia inconsciente do englobamento das rendas alguma vez avançasse, só haveria a solução de - fechar a loja - despejar os inquilinos, que ficariam nas mãos do be e vender os imóveis a estrangeiros, que os saberão rentabilizar, custe a quem custar...
Pois nesse cenário dantesco, com a conjugação de IRS englobado + IMI + AIMI
O senhorio pagaria, já após suportar toas as despesas atrás mencionadas cerca 70% de imposto !!!!
Como diz o outro, mais vale não ter nada...
Portanto, quando falam na existência de favor na taxa de 28% , das três uma : ou estão a brincar, ou são loucos/ inconscientes/incompetentes ou querem enganar alguém. Infelizmente se for este último caso apenas enganarão o nosso belo e amado País, que não tem culpa de ter essa gente por cá."
Referindo-se ele ao imposto sobre os dividendos,
Diz ele :
"Muitos casos existem, até nas empresas familiares, em que não há lugar para todos na firma, os donos, sócios, accionistas, ou como se queira chamar, não auferem qualquer ordenado.
Contudo, pagam IRC + derrama + 28% IRS O que perfaz cerca de 56%/58%
Como é possível vir,
uma vez mais vêm os chicos espertos, para não lhes chamar desonestos, dizer que existe uma situação de favor, em relação ao rendimento sobre o trabalho, que na sua taxa máxima é de "apenas" 48% Ao passo que os 28% da taxa sobre os dividendos, são efectivamente de quase 58% ?
Existe ainda um outro factor de que não falam por lapso, desconhecimento da realidade ou má fé : Anos há em que o capital não é remunerado, ou em anos de prejuízo, ou em exercícios em que são feitos grandes investimentos. Mas para pagar os salários, nunca falta, aliás como deve ser, só em último dos últimos casos é que não seriam pagos - por exemplo, numa falência.
Realmente é preciso descaramento, para dizer que o capital é taxado benévolamente em relação ao trabalho, quando a taxa de 28% é efectivamente de cerca de 58% - mediante a soma do IRC + Derrama + IRS , ao passo que o trabalho, no último escalão tem uma taxa inferior - 48%
Sendo o risco prioritáriamente e quase exclusivo do capital, e não do trabalho; existindo anos em que o capital não recebe qualquer tipo de remuneração.
No caso de um englobamento selvagem e louco, o capital passaria, somando IRC, Derrama, IRS, a pagar quase 80% !!!!
Seria a insanidade total, passaríamos a ver a miséria total estampada em cada rosto, com igualdade.
Mais valia nessa altura sentarmo-nos, calma e descontraidamente à sombra de uma azinheira, ou vender absolutamente tudo e marchar para um país que já não sabia a idade ( para um outro país antigo).
Pois nesse caso estaria à vista, para além do já actual desincentivo ao investimento, nessa altura seria, infelizmente, a ruína total do País e do povo, apenas se salvando os poucos que tiverem a visão de vender tudo a tempo.
Pois, com os antolhos que lhes colocam nos olhos, quando entram no partido, trincam o bridão com os dentes e seguem em frente, espezinhando inconscientemente os interesses do País, empurrando-o para um lugar de destaque e cimeiro, na cauda da Europa, onde já se encontra no terceiro lugar do pódium. Mas isso não parece afect´a-los, pois interesses pessoais e partidários, para essa gente, parece sobreporem-se ao imperioso interesse Nacional que deveria ser intocável e vir sempre em primeiríssimo lugar, mas que para eles parece ser palavra vã."
E foi esta a conversa dele, que em nome da amizade ouvi durante um longo jantar.
Abraços e cumprimentos
,