Eu fico de boca aberta com movimentos e forças de esquerda e extrema esquerda que parecem nutrir uma simpatia velada (ou óbvia) a favor de Moscovo, quando na verdade, nada, mas nada o justifica neste caso.
Parece que o PCP hoje, se calhar, teria ainda menos votos do que teve nas recentes eleições (aquelas que só acabaram ontem
).
Espero não assistir mais a cenas que já vi aqui ao sul, de Russos, perfeitamente integrados na nossa sociedade, a serem insultados por causa dos dirigentes sátrapas e oligarcas do seu país.
Essas cenas são, felizmente, raras, mas fazem-me sempre lembrar o quão fui humilhado, nos tempos do Brasil, do início aqui do Caldeirão, quando da patética invasão do Iraque (cimeira dos Açores, alguém se lembra?) a pretexto de armas de destruição em massa.
Quantos me disseram na cara: "olá, ***** de países de novo a dar uma de imperialista e conquistador? Que é isso?" - entre coisas desse tipo...
Curiosamente, os mesmos que hoje defendem (e bem) a posição Ucraniana, naquele tempo, apoiaram aquela invasão e vice-versa.
Não se pode ver isto de uma forma simplista: há partes da atual Ucrânia que já foram Austria, Polónia, Otomanos, etc... nunca foram Russos, como também há partes que quase sempre foram Russos. A futura capital da Ucrânia, a esse propósito, deveria ser Lviv (ou Lemberga ou Leópolis, como preferirem chamar), sempre era perto da UE e mais seguro.
Mas a Europa tem de voltar a se reunir para resolver estes que são os últimos dos grandes problemas herdados da 2ª guerra e da guerra fria (heranças sem fim...).
Olhemos para o mapa: já não há disputas em quase lado nenhum. Na nossa península, nada (Olivença é uma coisa mais para um certo folclore), tal como nas ilhas britânicas, onde a grande questão será saber se o Ulster fica no RU ou na Irlanda, mas isso será o povo a decidir ordeiramente.
A questão Alemã resolveu-se definitivamente com a reunificação e com isso n questões em seu torno, sobretudo as fronteiras a oeste e leste, mas também a da Dinamarca.
A Jugoslávia foi mais traumática, mas mesmo assim já se resolveu quase tudo. Checos e Eslovacos separaram-se e ficaram amigos. Até as disputas entre Rússia e Finlândia se resolveram há muito tempo, com acordo entre as partes...
Então, está na hora de acabar com rabos presos: é preciso uma grande conferência internacional para resolver, desde logo o enclave de Kalingrad (antigo Königsberg / Prússia Oriental) que não faz sentido nenhum e é uma fonte de desconfiança no Báltico. Há que resolver a questão da Moldávia e aquela Trisnítria que tem lá um fantoche de foice e martelo, apoiado por Moscovo.
Claro, para terminar, uma solução definitiva para a Ucrânia, o maior país da Europa, mas cada vez com menos gente, agora ainda menos, mas com muito potencial. Provavelmente, será um país com perdas territoriais (como ocorreu com a Finlândia), sem acesso ao mar de Azov, mas mais seguro e integrado na Europa, solução, aliás, que muito agrada a potencias como a Alemanha e Polónia - é um espaço natural para estes, mas também para a Roménia (que no português de há 100 anos escrevia-se e bem "Romania").
Porque é de espaços naturais e vitais de que se trata!!! Vale lembrar que CEE/UE serviu para acabar com guerras internas no continente à medida que se deixava de lutar por espaços vitais, pois todos podiam, com a União, ter diversos espaços.
Escusado será dizer que a Rússia não faz parte desses espaços. Não são bem Europa nem Ásia, são um sub-continente com algo em comum com os outros, mas com acentuadas diferenças.
Então, hoje, com a idade que tenho, eu já não fugia se eles entrassem aqui. Se fosse para morrer, seria de armas na mão.
Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos
Abraço
dj