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Caldeirão da Bolsa

Comunicação Social Portuguesa - Estado actual.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Comunicação Social Portuguesa - Estado actual.

por BearManBull » 3/3/2021 22:13

Eu tenho uma porrada de amigos a vender-me coisas do herbalife.

Se calhar esse pessoal era da herbalife ou então eram militantes do Chega. :mrgreen:
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― Leon C. Megginson
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Re: Comunicação Social Portuguesa - Estado actual.

por mais_um » 3/3/2021 20:57


O jornalismo sobre a covid-19 é corrupto?

Pedro Tadeu

Um dos anúncios está titulado assim: "Procuro ENTREVISTADOR/REPÓRTER". A seguir, vem o texto: "Assegurar a elaboração de reportagens, entrevistas, num tema específico relacionado com saúde, desenvolvendo investigação, reportagens e entrevistas." São pedidas: carteira profissional de jornalista, licenciatura ou mestrado na área, competências vídeo, capacidade de análise e comentário e, ainda, "seleção, revisão e preparo definitivo das matérias jornalísticas a serem divulgadas".

Um amigo meu (juro que não fui eu) que está a ver se melhora de vida viu isto na rede social LinkedIn, clicou no link para responder e acabou por ver agendada uma entrevista por computador, através da aplicação de videoconferência Zoom.

Mais tarde encontrou mais dois anúncios parecidos e voltou a inscrever-se para as respetivas entrevistas.

Chegado o momento das três entrevistas, e após as três conversas por Zoom, todas semelhantes na essência, o meu amigo ficou a saber várias coisas que não vinham nos anúncios. Passo a listar:

1 - as matérias que se pretendiam elaborar eram relativas à pandemia provocada pela covid-19;

2 - o jornalista deveria focar os seus trabalhos na contabilização de números de mortos, número de infetados e níveis de contágio;

3 - esses trabalhos também poderiam abarcar os números relativos a contágios em lares, procurar "mortes inexplicadas" e evolução das taxas de mortalidade;

4 - também era possível focar os trabalhos no papel dos hospitais privados na covid-19, o número de hospitais envolvidos, os custos do combate à pandemia para os privados;

5 - era importante que esse meu amigo trabalhasse numa redação de um órgão de comunicação social de difusão nacional e tivesse poder para publicar propostas de trabalho suas;

6 - quando tivesse a reportagem específica combinada com o recrutador, o jornalista deveria propor esse trabalho na sua redação como sendo uma ideia sua. Caso conseguisse publicar, nos moldes combinados, seria remunerado por isso;

7 - quantas mais reportagens conseguisse publicar, melhor.

Quando o meu amigo perguntou pelo cliente - os entrevistadores eram de agências de "caça-talentos" -, as respostas foram evasivas, embora um deles deixasse escapar um vago "um grupo privado do norte"...

Quando, finalmente, o meu amigo argumentou que aquilo que eles estavam a propor era capaz de ser ilegal, recebeu em resposta algo como isto: "A sério?! Olhe que há muitos colegas seus que o fazem!..."

Portanto, ao que parece, está montado um sistema de contratação, por entidades estranhas ao jornalismo, de jornalistas que estejam a trabalhar em redações para impingir nos seus jornais, rádios ou televisões matérias que, embora sejam baseadas na realidade (ninguém pediu para mentir), fossem capazes de alterar a linha editorial desses órgãos de informação.

Quem decide os destaques, os alinhamentos e as dimensões dessas peças, os editores e diretores de cada uma dessas marcas, e recebe propostas desses colegas "comprados" pensa que essas ideias para artigos resultam da pura investigação jornalística, não de "encomendas" de interesses estranhos ao jornalismo, e terá tendência a valorizá-las segundo um critério jornalístico.

Nada me espantaria que, dessa forma, muitas destas "encomendas" acabassem por ser manchete ou abertura de noticiário, causassem impacto público relevante, fossem comentadas e analisadas por líderes de opinião e, portanto, acabassem por distorcer na opinião pública a visão dessa realidade.

Desde que esse meu amigo me contou o que se passou com ele, sempre que vejo uma notícia sobre a covid-19 fico desconfiado: "Será mesmo assim ou isto foi uma encomenda?" E quando constato a grande quantidade de peças que estão dentro da área de interesses destes "recrutadores de jornalistas", quando vejo que essas peças se repetem no foco e na mensagem, exageradamente, nos últimos meses, fico espantado com a minha ingenuidade estúpida: "Como é possível eu ter achado que isto era, apenas, um exercício editorial insensato e incompetente, mas genuíno?" A seguir vem o desgosto: "Como é que a minha profissão chegou a este ponto!?"

Esse meu amigo pede-me anonimato... OK.

Mesmo assim, correndo o risco de ficar a protestar sozinho como os malucos, acho que vale a pena denunciar isto.


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https://www.dn.pt/opiniao/o-jornalismo- ... 11040.html
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Comunicação Social Portuguesa - Estado actual.

por Desconfiadopt » 2/9/2020 21:49

Resolvi abrir este tópico por começar a ter uma sensação, nada boa, de que a CS em portugal está cada vez mais refém do poder politico.

Tenho assistido a alguns episódios no mínimo "estranhos" tipo o de uma certa sra. que não sei o nome, ser interrompida quando comparava o caso de vendas fraudulentas (alegadamente) com um outro caso em itália onde se soube quem eram os intervenientes e se recuperou o valor "roubado". Interrompida para apresentar uma entrevista a um bombeiro por causa de um incendeio em lisboa (deve ser mais importante o incendeio). E a análise da dita sra. não voltou após a interrupção. Isto foi na Sic Noticias.
Ou o caso da noticia da festa no avante! no NY Times em que após darem a noticia vieram rapidamente pedir desculpa por esta se basear numa foto, ou publicação, falsa. Mas a verdade é que a noticia é verdadeira!

Parece-me haver, no mínimo um certo "medo", ou mesmo manipulação na comunicação social portuguesa.
 
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