Ocioso Escreveu:Não acredito que os reformados não queiram saber de políticas de longo prazo, têm filhos e netos, seguramente que se preocupam com o futuro mais distante. Quanto aos reformados vip, que aparecem na tv, tenho de concordar contigo. Concordo também que a malta mais jovem está tramada cá, mas não vão poder emigrar todos. Os casos de emigração jovem que conheço pessoalmente são de indivíduos com capacidades acima da média, que vão fazer MBA ou doutoramento no estrangeiro e por lá ficam. Sei que médicos, enfermeiros e engenheiros também têm conseguido emigrar com sucesso, mas os países preferenciais de destino não irão conseguir absorver todos que para lá querem ir, como se vê na recente crise migratória na Europa. E mesmo que os reformados tenham "vistas curtas", cabe aos outros não serem míopes, temos 5 milhões de pessoas na população activa e esses também têm o direito de votar.
O decréscimo da população activa, na faixa dos 25-34, nos anos mais recentes, é significativo.
Ocioso, como é que os reformados podem quer saber alguma coisa, se :
1) todos os que ganham reformas inferiores a 2500 euros (isto é 80%) são beneficiários do sistema da SS? Isto é, vão receber mais do que aquilo que descontaram. (por oposição a pessoas que descontaram sobre grandes salários e que vão receber uma "boa" reforma, mas ainda assim vão receber menos do que descontaram.)
2) Na decada passada a pensão que uma pessoa recebia quando se reformava andava à volta de 70-80 % do seu ultimo salário. Isto é, uma pessoa que reforma-se com um ultimo salario de 1000 euros por mes ganharia genericamente entre 700 a 800 euros de reforma. As projecções que existem para 2030 são de 45 anos de trabalho para conseguir 50%. As projecções para 2050 são de pelo menos 50 anos de trabalho para receber 30% do ultimo salário. O problema das projecções é que não existe muita margem para erro, porque a evolução demográfica é previsível.
Quanto aos jovens que emigram, infelizmente posso-te dizer que só os bons emigram. Os piores ficam todos cá. As empresas portuguesas andam-se a encher com malta nova que não devia ter saído da universidade. Não existe, regra geral, qualquer valorização ou diferenciação entre colegas, independentemente de seres o melhor no que fazes ou o pior, ao longo dos anos continuas a ganhar o mesmo. Não existem aumentos salariais. So tens aumentos quando és promovido a uma nova posição. Podes ficar 6 7 anos ganhar o mesmo. Os bons não suportam isso e vão para outros lados.
Tudo o que é engenharia, desde de que estejam registados na ordem dos engenheiros e saibam ingles, facilmente entram em qualquer pais da europa, america ou Palops.
Enfermeiros, é a mesma coisa. Só no UK são quase 4000 enfermeiros, 80% dos quais com menos de 30 anos. Achas que vão voltar? Tenho muitas duvidas.
Malta de gestão e economia é a mesma coisa, facilmente saltam fora.
Os que estão piores são os de direito, porque as leis variam muito entre os países, e sobretudo em relação aos países anglo-saxónicos. Não tem como fugir. Mas enfim, o numero de advogados em portugal multiplicou-se por 5 nos últimos 20 anos. Até na caixa do Continente és capaz de os encontrar. Não existe nenhum planeamento. Não existem nenhuma relação entre o numero de vagas de cada curso de cada universidade e as reais necessidades do mercado laboral. Os únicos que fazem isso são os médicos.
Quanto aos migrantes, nós não estamos propriamente a competir com eles. As pessoas que estão a sair de portugal são bons profissionais, com valor acrescentado, com alguma experiência, com bons conhecimentos nas suas áreas e boas capacidades de falar inglês, ou francês.
Se reparares bem, encontraras nos anúncios de emprego que se pede muita gente com 3 a 5 anos de experiência. Ou 10 anos de experiência. Sabes porque que isso acontece? Porque essa malta com 5-10 anos de experiência que trabalhavam nessas empresas foram-se embora. Emigraram. Estamos a falar de 40 a 60 mil pessoas por ano. Repara como desde de 2008 já emigraram mais de 300 mil pessoas qualificadas.
Já agora, no curto prazo vamos ter um serio problema em portugal. Temos 200 mil portugueses em angola que não conseguem receber o seu salário, alguns sectores, nomeadamente construção civil, estão quase a estoirar outra vez. Quando essa malta chegar a portugal vai ver o desemprego a disparar outra vez.
Na minha opinião, e para voltar ao tema, Portugal precisa desesperadamente de investimento estrangeiro. Mas investimento estrangeiro não é a banca espanhola andar a comprar a banca portuguesa. O que portugal precisa são 10 Auto Europas, 10 Portucel, continuar a expansão dos portos, nomeadamente o de Sines e Leixões.
O investimento dos visto gold não sendo mau não foi propriamente bom. Apenas ajudou a que o imobiliário não estoira-se tanto nos últimos anos, o que conduziu a uma situação actual em que as casas estão simplesmente muito caras para o rendimento liquido médio dos portugueses. É impensável conseguir comprar uma casa de 200 mil ou 300 mil euros.
Enfim.