Re: Políticas para Portugal
Enviado: 5/7/2021 13:04
p3droPT Escreveu:manuelfaf Escreveu:Já percebi que achas que todos os empresários privados são pessoas honestas. Não têm 2 ou 3 empresas ao mesmo tempo em que um delas é para ficar com as dívidas e queimar. Pagam todos os impostos certinhos, não entram em contabilidade criativa, etc. Quem anda no terreno a lutar para ter as suas faturas pagas sabe que não é assim. O Estado tem culpa de muita coisa, mas não tem de tudo. Essa ideia de que se eliminassem o Estado da sociedade tudo seria melhor é uma ideia maravilhosa, e tem tanto de utópica como o comunismo ou o capitalismo no seu estado puro. São lindos, perfeitos, maravilhosos, na teoria, mas na realidade não funcionam.
Percebeste mal caro forista. Dava-te era mais valor se te centrasses mais no conteudo em vez de tentares descredibilizar o argumento com deduções hipotéticas.
Começar pelo fim, ninguém quer eliminar o estado, apenas alguns tentáculos do polvo Apenas disse, como conclusão ao que tinha escrito, que "O verdadeiro problema começa por o estado ter um banco". Espero assim argumentos sobre a necessidade do estado ter um banco. O problema do nosso sistema é que o argumento muda consoante a necessidade. Não há um critério. Argumenta-se que precisamos de escola publica ou saude publica porque o sector privado não cobre determinadas áreas geograficas. Então precisamos da CGD para quê quando esse sector até ja se faz online? RTP (Digital). TAP (Que nem ao Porto vai). Para quê mesmo? A resposta é simples. Poder e influência. Não há nada que beneficie o povo.
Não acho que todos os empresários sejam pessoas honestas. A diferença é que dou valor à profissão do empresário que fez o que fez com condições adversas para o sector privado. Contabilidade é sempre resultado da propria regulação, porque é feita com regras destas. Se existe possibilidade de creatividade, ela é permitida pelo Codigo Fiscal, digo eu.
"Quem anda no terreno a lutar para ter as suas faturas pagas sabe que não é assim." - Acho que não notas que me estás a dar razão. Não devemos responsabilizar aí a falta de celeridade da justiça e o próprio codigo fiscal? Outro ponto do publico que é um autentico circo. Incumpridores vão existir sempre. Empresários ou não.
Enfim, isto podia-se alongar... Curioso para mim é tanta gente neste país ser tão exigente com os "empresários", como se eles tivessem alguma obrigação para com eles, e não o serem minimamente com o estado
Nós não precisamos da saúde e educação públicas por razões exclusivamente de cobertura territorial. A meu ver, a saúde e a educação devem ter uma resposta forte do estado porque os privados não servem o interesse público da mesma forma. Para um privado, é óbvio que o seu principal interesse é o lucro e no caso da educação e da saúde esse interesse choca muitos vezes ou entra em conflito com o interesse da população em geral. Basta, por exemplo, ver qual a percentagem de partos por cesariana existem nos privados e compará-los com os do público e por fim ver quais são as recomendações da OCDE. Há também casos que chegam a ser anedóticos como o de uma senhora que estando a ser tratada num hospital privado, caiu dentro das instalações desse hospital e, como não conseguia pagar os tratamentos dos ferimentos da queda, teve de ser transferida para um hospital público. Podemos lembrarmo-nos também da forma como os privados lidaram com a covid. Quanto à educação, lembremo-nos dos cursos por correspondência nas universidades privadas ou da forma como os colégios escolhem os alunos que lhes convém para depois aparecerem nos rankings dos exames nos primeiros lugares. O problema é que existem mais crianças no país que têm o mesmo direito à educação. Os deficientes, os das minorias, os imigrantes, os carenciados, etc, etc, com quem podem contar? Com os colégios? Trabalhei em escolas públicas de centro de cidade e bem sei quantos alunos eram transferidos de colégios para essas escolas por terem necessidades educativas especiais, por terem problemas de comportamento, por terem deficiência....
Claro que há muito a resolver dentro da esfera do estado. Há muitos e enormes problemas na gestão pública, mas isso não quer dizer que se tem de acabar com o SNS ou a escola pública. Há que mudar as políticas e mudar mentalidades. E esta mudança de mentalidades também devia contemplar o privado. Tiro-lhes o chapéu pelo empreendedorismo e pelos riscos que assumem, contudo, muitos há que deviam estar uns meses na pele dos trabalhadores e experimentar as suas dificuldades. Ou foi no estado que andaram a escravizar trabalhadores imigrantes, a explorar trabalhadores da construção civil (como se viu numa peça jornalística recente na tv), a pagar aos seus colaboradores de 40 a 60 vezes menos que aqueles que ocupam lugares na administração? Depois também há aqueles muito liberais, que abominam o estado e que em tempos difíceis exigem-lhe mundos e fundos ou que como, os da noticia, se encostam a ele como bons empreendedores que são.
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/ ... -cruzeiros