BearManBull Escreveu:Este fenômeno vai muito além deste exemplo, esta forma de se agir socialmente está enraizada em todas interações da vida publica. Desde publicidade que se converteu em propaganda ao simples acto de escrever um email.
Se tudo é propaganda, então tudo é propaganda, incluindo os teus posts. É uma abordagem...
Mas eu estou em crer que a publicidade não é propaganda, a publicidade tem essencialmente fins comerciais (leia-se "graveto") e tenta conformar-se a aquilo que acreditam que não choca e/ou que é (mais) apelativo às massas e/ou com que as massas se identificam. Às vezes passa por chocar, também, mas é sempre um risco... e de outras é ridícula propositadamente (pois a publicidade pior de todas é aquela a que ninguém liga). No fim do dia, a publicidade tenta apostar naquilo que acham que vai funcionar melhor para a bottom line ($$$)...
Na minha opinião, o problema de fundo (e para mim existe um problema de fundo, que deve ser discutido sem receios e sem complexos) deriva pelo menos em grande parte do advento das redes sociais (por sua vez com corolários na própria comunicação social e na classe política, ambos os sectores acabaram respondendo/adaptando-se). As redes sociais, que em larga medida são antros de toxicidade, vieram trazer um megafone a cada um como nunca existiu na nossa história. E neste novo universo de super-comunicação/informação, o que tende a destacar são as posições mais histéricas, mais extremadas e/ou mais apaixonadas.
O "velhinho bom-senso" tende a perder-se no meio do ruído. Os influencers e opinion makers querem seguidores. As notícias precisam de ser clickbait. Os políticos precisam de agitar as bases. É uma luta num ambiente super-saturado em que se torna difícil ter uma discussão calma, um debate sensato em que A ouve B e B ouve A e ao menos entendam/reflictam no que se está a dizer. Pelo contrário, vai "tudo" aos gritos já com a ideia toda a feita. E o adversário é o diabo personificado.
Suspeito também que tem que ver com uma relação desproporcionada entre relacionamento virtual / à distância versus relacionamento directo, humano, pessoal. Não é que as pessoas nunca se tenham antagonizado antes. Mas parece-me muito mais fácil alguém distanciar-se de outro alguém que nunca conheceu na vida e com quem provavelmente nunca vai realmente interagir directamente.
BearManBull Escreveu:O que sinto é que cada vez mais se vive num enredo de desconfiança e medo, os meios de informação deixaram de ser imparciais e qualquer desvio do PC é logo alcunhado de fascismo, negacionismo, racismo, XPTOfobismo ou qualquer outro artificie linguístico de desprezo/descredibilização.
Bom, soa-me que escreves como se existisse uma facção. Estou a escrever, especialmente neste post, como existindo mais do que uma facção, com comportamentos comparáveis entre si...
E, por hoje, acho que já escrevi que chegue sobre o tema.