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Caldeirão da Bolsa

Políticas para Portugal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Políticas para Portugal

por Opcard » 4/3/2023 16:08

BearManBull Escreveu:Esquece-se de referir que os kibbutz além dos subsídios tinham isenções fiscais.

Ou seja tinham direito a usar muitos recursos pagos com impostos de outros e eles não tinham de entrar com nada, e.g.: estradas, segurança social, exercito...

Recentemente parece que já lhe retiraram boa parte desses benefícios, mesmo assim são tratados de forma especial.


O que conta ê que mesmo com ajudas falhou , o socialismo é a opção mais contrária a natureza humana além do mais é o maior inimigo da liberdade .
 
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 4/3/2023 13:56

Esquece-se de referir que os kibbutz além dos subsídios tinham isenções fiscais.

Ou seja tinham direito a usar muitos recursos pagos com impostos de outros e eles não tinham de entrar com nada, e.g.: estradas, segurança social, exercito...

Recentemente parece que já lhe retiraram boa parte desses benefícios, mesmo assim são tratados de forma especial.
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Re: Políticas para Portugal

por Opcard » 4/3/2023 10:23

Ler e reflectir, porque falha sempre o sonho do homem pela sociedade perfeita .

““Os projectos utópicos — as suas motivações e as suas falhas no mundo real – têm extraordinário interesse pelo que nos dizem sobre as nossas sociedades. É inegável que o socialismo foi um dos mais influentes projectos utópicos do passado. Todos conhecemos as histórias e as falhas de regimes totalitários socialistas como a União Soviética, a China ou Cuba, cujos resultados históricos foram inegavelmente catastróficos.


“Abramitzky faz simultaneamente uma análise rigorosa dos dados e conta-nos histórias biográficas interessantíssimas. Como correu a experiência do kibutz do ponto de vista económico? De forma simplista, podemos dizer que durou mais do que a teoria económica e os cínicos fariam prever, mas durou menos e enfrentou mais obstáculos do que os idealistas comunitários desejavam.

Qualquer comunidade com as características do kibbutz, isto é, que deseja uma partilha total e igualitária dos bens materiais, enfrenta quatro grandes obstáculos, na sua maioria presentes no binómio em tensão igualdade versus incentivos. O kibbutz conseguiu ultrapassar até certo ponto alguns deles, mas não conseguiu lidar com outros. Em primeiro lugar, uma comunidade deste tipo, que deseje produzir e partilhar de forma igual aquilo que produz, mas que tem também as fronteiras “abertas” à saída, depara-se com o problema da “fuga de cérebros”. De modo simplificado, aqueles que conseguiriam um salário e um nível de vida superior na economia de mercado do resto de Israel, tinham grandes incentivos para o fazer. Os dados mostram que, ao longo das décadas, quem saiu era de facto mais qualificado, em média, do que quem ficou. No entanto, a fuga de cérebros verificada nos kibbutzim não foi assim tão diferente à verificada noutras localidades rurais, onde o fenómeno também aconteceu. Lembremo-nos ainda que a entrada no kibbutz era voluntária: quem entrou tinha fortes ideais socialistas e não-materiais que, de certa forma, reduzem a propensão para abandonar a comunidade por razões financeiras.

O segundo grande desafio que o kibbutz ou qualquer utopia socialista tem de ultrapassar é o chamado problema do chamado ‘parasitismo’ (free-riding). Apesar do trabalho ser obrigatório para todos aqueles que podiam trabalhar, seria possível que alguns, sabendo que todos irão receber o mesmo em termos materiais, se esforçassem menos do que os outros e, no limite, se aproveitassem do trabalho dos outros. Muitos testemunhos, mesmo de pessoas que adoravam viver no kibbutz e partilhavam os seus ideais, falaram deste problema: de alguns trabalharem visivelmente menos do que outros. Abramitzky tenta analisar este fenómeno de forma mais sistemática, mas os dados são escassos. Apesar do total de horas trabalhadas e da percentagem da população que trabalha serem mais elevadas nos kibbutzim do que no resto da sociedade, também é verdade que este trabalho parecia ser, em média, menos produtivo, em parte devido às actividades em que os kibbutz se escolheram especializar (como agricultura e indústrias mais facilmente monitorizáveis). Em contrapartida, o problema do free-riding também não era tão grave assim como se poderia pensar à partida. Porquê? Como Abramitzky e outros psicólogos sociais explicam, há um mecanismo milenar de controlo dos penduras: a coscuvilhice. E, de facto, a muito menor privacidade dos indivíduos no kibbutz ajudou a mitigar este problema. Queremos mesmo ser malvistos por um grupo de pessoas com quem estamos sempre, no trabalho e no lazer e com quem comemos todos os dias, a todas as refeições? Não é por acaso que os kibbutz, em média, sempre tiveram um tamanho relativamente pequeno (poucas centenas de pessoas), ao invés de se fazer um único grande kibbutz de 100 mil pessoas, ideia que foi considerada. O socialismo e a partilha igual parecem ser muito mais fáceis de manter – e porventura só possíveis de manter – em pequenas comunas, onde todos se conhecem.

O problema do parasitismo também foi resolvido pelo processo de selecção de quem podia entrar. Antes de entrar no kibbutz, cada membro tinha de ser aprovado pela comunidade, sendo privilegiados os indivíduos mais novos, que haviam já cumprido o serviço militar obrigatório, com o mínimo de qualificações e que demonstrassem ideais semelhantes. Isto prevenia que muitas pessoas entrassem por razões erradas, por exemplo, pessoas que não partilhavam os ideais do grupo, mas que se queriam aproveitar da rede de segurança garantida por diversas razões. Claro que isto levanta a questão mais filosófica: será que uma comunidade socialista de partilha igual que rejeita pessoas por estas não poderem contribuir por alguma razão, ainda se pode dizer socialista nos ideais? Aqueles que entraram no kibbutz ainda em tenra idade e, mais tarde, adoeceram, envelheceram ou tiveram alguma desdita, beneficiaram da rede de segurança do kibbutz. Por exemplo, a avó do autor ficou viúva muito cedo, com duas filhas pequenas, e, mais tarde, contraiu Alzheimer. A comunidade do kibbutz sempre a apoiou. Será que os ideais iniciais não seriam violados se o kibbutz rejeitasse uma mulher recém-viúva, sem qualificações e com duas filhas?

O terceiro e quarto problemas seriam aqueles que ditaram as dificuldades e falência de muitos kibbutz. Por um lado, e apesar de a escolaridade média dos seus habitantes ser superior à da sociedade israelita, a frequência universitária era, no início, desencorajada. Os jovens completavam o liceu e o serviço militar obrigatório e depois iriam trabalhar. Só alguns cursos muito específicos e úteis às actividades do kibbutz eram aprovados. O problema é que, a prazo, o sub-investimento em muitos tipos de capital humano ditou que as indústrias em que o kibbutz se especializou começaram a ficar para trás, especialmente quando comparadas com a produtividade da indústria tecnológica israelita e com a globalização das cadeias de produção. Algumas empresas inovadoras, como a Netafim (maior empresa tecnológica de sistemas de micro-irrigação agrícola do mundo) foram fundadas e funcionam em kibbutzim. No entanto, este tipo de empresas não se desenvolveu em número suficiente nos kibbutzim.

Este problema – a incapacidade de adaptação do mundo à sua volta – foi talvez o principal problema que, após uma crise financeira nos anos 80, levou muitos kibbutz ao fim. Muito sobreviveram. Mas quase todos, incluindo o kibbutz mais antigo, abdicaram do modelo inicial. Já não fazem um partilha igual em género da riqueza, mas atribuem, isso sim, um salário em dinheiro a cada trabalhador, com uma parte variável dependendo da sua produtividade. Os graus universitários são incentivados. A rede de segurança e o nível de tributação continuam a ser muito superiores a qualquer estado capitalista ocidental. No entanto, o modelo já não se pode dizer propriamente socialista. Foram os próprios que o determinaram face às mudanças do mundo e às suas próprias experiências.

Finalmente, quero aqui salientar duas lições importantes que Abramitzky menciona. Em primeiro lugar, a importância do apoio político dado aos kibbutzim. Os primeiros governos do Estado de Israel protegeram e incentivaram o projecto do kibbutz, incluindo o Primeiro-Ministro israelita, David Ben-Gurion. As condições de propriedade e financeiras oferecidas aos kibbutzim foram sempre muito favoráveis. Mesmo quando governos de direita começaram a dominar a política israelita, apesar da redução do apoio político ao projecto, os kibbutzim continuaram a beneficiar de subsídios à produção agrícola, embora de forma semelhante aos produtores agrícolas franceses ou norte-americanos. Tudo isto, no entanto, foi uma escolha política que encerra lições para além da experiência dos kibbutz. O papel das escolhas políticas sobre o que proteger e o que apoiar, através das instituições e enquadramento legal, é absolutamente determinante no sucesso da economia, para além da teoria económica e dos ideais dos participantes.

Por último, e talvez o ponto mais interessante de tudo isto: qual o papel da homogeneidade étnica e social no sucesso, pelo menos durante as primeiras décadas, do kibbutz? Todos os kibbutzniks partilhavam uma identidade, uma cultura e uma ideologia muito semelhantes. No entanto, o contrafactual é importante: se os grupos fossem mais heterogéneos, ter-se-ia tudo desmoronado rapidamente? Parece-me que sim. A partilha entre membros de grupos homogéneos é mais fácil. O entendimento e a democracia também.

No fundo, este é o grande desafio das democracias e dos nossos Estados-sociais contemporâneos. Foram desenhados e fundados num período de homogeneidade social, em que os Estados eram capazes de excluir quem não pertencia. No entanto, tendo nós chegado a um momento histórico em que, felizmente, consideramos que todos os seres humanos são livres e têm iguais direitos políticos e sociais, isso implica também aceitar uma maior diversidade. Não falo apenas diversidade étnica, falo em termos mais latos: diversidade social, de visões políticas, de culturas e de origens. Não me parece desejável voltar atrás. Mas como podemos manter a tais redes de segurança e democracias desenhadas para a homogeneidade? Espero que alguém tenha imaginação e coragem políticas suficientes de pensar nestas respostas.

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Re: Políticas para Portugal

por NirSup » 3/3/2023 8:23

Espetáculo deprimente

Mais uma vez foi entrevistado, ontem, na televisão o Diretor-geral da ASAE. Ouvir este homem é um espetáculo deprimente, a imagem fiel do país da treta em que nos tornamos, desde que o Costa passou a ser o dono disto tudo.
O homem fala, fala, fala, mete os pés pelas mãos e as mãos pelos pés e não diz nada. Só generalidades e boutades. Será da idade?
Quando questionado sobre uma questão concreta e para dar uma resposta concreta, respondeu: não tenho reporte dessa situação. Quer dizer: uma mão cheia de nada.
Como já tenho afirmado, não faz qualquer sentido falar-se em crime de especulação no caso de falhas, falhas humanas frise-se, na remarcação de preços dos bens à venda nos supermercados. Tecnicamente é um crime de especulação, diz o Big Boss da ASAE. E nisso tem razão, na medida em que vigora uma norma legal que equipara, estupidamente, a crime de especulação o facto dos preços de venda ao público afixados nas prateleiras serem superiores aos preços praticados nas caixas.
E quando são inferiores, beneficiando assim o consumidor, o que acontece em 75% dos casos? Não temos reporte dessa situação, responde o homem da ASAE, sem colocar em causa a veracidade da afirmação feita pelo representante do setor da distribuição em Portugal.
Historicamente o crime de especulação nada tem a ver com isto: com meras falhas na remarcação dos preços dos produtos nos supermercados. E a norma legal que, estupidamente, se mantém em vigor é desaplicada, sistematicamente, pelos tribunais por uma razão muito simples e de linear evidência: não se provou o dolo por parte do comerciante.
A norma legal em vigor é o paradigma do país da treta em que nos transformamos.
Mas perguntam todos: mas então não é verdade que os produtos alimentares à venda nos supermercados subiram mais, bem mais, do que a taxa de inflação?
Sim, é verdade, e se o cabaz de alimentos essenciais está cada vez mais caro isso pode resultar como pensam os governadores dos bancos centrais europeus da subida das margens de lucro dos supermercados. E agora pergunto eu: e depois?
Há alguma norma a limitar a margem de comercialização dos bens vendidos nos supermercados? Não, não há. Os preços dos bens alimentares e não alimentares à venda nos supermercados são livremente fixados pelos comerciantes.
O Governo pensou ou está a pensar mudar a lei? Não, não está. Manda a ASAE para controlar se existem falhas na remarcação de preços, que é uma prática perfeitamente legal, sabendo de antemão que isto não vai dar em nada. É pura perda de tempo.
Sabem por que razão os preços das casas sobem? Porque a oferta é inferior à procura. Sabem por que razão os preços dos produtos alimentares dos supermercados sobem? Porque a procura é superior à oferta.
Há cada vez mais gente a querer morar em Portugal? Há. A culpa é deles. Fechem as fronteiras! País da treta.
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Re: Políticas para Portugal

por djovarius » 1/3/2023 20:54

Marco Martins Escreveu:
djovarius Escreveu:Ora, deixar falar esta criatura no 25 de Abril, é uma ode a tudo o que está errado. Talvez a intenção seja essa... :evil: :evil:

dj


E se fosse o Bolsonaro a falar no 25 de Abril?


Isso então era o cúmulo da parvoíce... a figura da política contemporânea brasileira que poderia ter discursado no 25 de Abril aqui, teria sido o grande Presidente Fernando Henrique Cardoso, esse sim, sabe o significado dos movimentos democráticos do pós-Guerra, foi exilado, esteve até em Paris com o Mário Soares, foi uma figura consensual, até por causa do Plano Real, mas teria sido um marco histórico, pois esse era daqueles que tinha compromisso com a legalidade, justiça, Estado de Direito!!! Poderia ter discursado em 1999 - o 25 de Abril fez 25 anos e Soares ainda era vivo, FHC era ainda Presidente da RFB.

O PT nunca quis saber disso, é um Partido, como temos por cá, que ainda, se podesse, entraria na ditadura do Proletariado.
Mais logo, até vou falar do mercado brasileiro, de volta ao "bear"... I wonder why :oops:

Abraço

dj
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 19:14

Não percebo o que estás a dizer, qual é o teu ponto ou sequer do que é que estás a falar (confesso que me perdi).
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 19:12

Os que morrem na Ucrânia não aparecem de certeza...
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 18:29

BearManBull Escreveu:Nos anúncios de automóveis quem conduz o carro hoje em dia?


Homens, mulheres, actores de cinema...

Especialmente nos Estados Unidos, os actores de cinema acho que estão muito sobre-representados (e noutras áreas é desportistas famosos). E nalguns já nem é ninguém, que eles conduzem-se sozinhos.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 18:05

Existe uma diferença grande entre promover um produto ou promover um ideal associado a um produto.

Existe uma diferença grande entre sobreviver num mercado em que o consumidor procura o melhor produto, ou num mercado que o estado defende o que deve ser um produto bom.

No marketing clássico promovias o produto agora promoves uma ideologia e dizes que tens um produto. A publicidade fundiu-se com propaganda tradicional. Continua a existir propaganda sem publicidade (obviamente), raro é o caso de publicidade sem uma mensagem de propaganda inerente.

Nos anúncios de automóveis quem conduz o carro hoje em dia? Alguém de uma minoria que nem sequer faz parte do mercado alvo... Ora isto não é simplesmente publicidade, isto é propaganda do tipo "nós somos woke podem comprar os nossos produtos" é bombardear a sociedade com propaganda woke -> engenharia social -> propaganda.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 17:17

BearManBull Escreveu:E prontos com isto entramos num ciclo vicioso. Tanto que muitas vezes as marcas nem sequer fazem publicidade ao produto mas sim aos ideais que defendem. Ou seja em vez de promover o produto, promovem que defendem os ideias xpto e como tal podem consumir os produtos deles sem problemas de consciência.


Repara bem, estás a admitir também que o objectivo é que consumam o produto deles. Naturalmente. Olha que neste aspecto, o que estás a dizer não é muito diferente do que eu escrevi, se notares bem. Tu chamar-lhe-ás propaganda, eu chamo-lhe marketing. A principal diferença?

A primeira pretende difundir/incutir as ideias pelas ideias, as ideias são o meio e o objectivo.

Na segunda, a ideia é um meio, o objectivo é o produto ($$$).

:wink:


A generalidade das empresas não está no negócio de difundir ideias, mas no negócio de sobreviver no mercado.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 17:04

MarcoAntonio Escreveu:
BearManBull Escreveu:Este fenômeno vai muito além deste exemplo, esta forma de se agir socialmente está enraizada em todas interações da vida publica. Desde publicidade que se converteu em propaganda ao simples acto de escrever um email.


Se tudo é propaganda, então tudo é propaganda, incluindo os teus posts. É uma abordagem...

Mas eu estou em crer que a publicidade não é propaganda, a publicidade tem essencialmente fins comerciais (leia-se "graveto") e tenta conformar-se a aquilo que acreditam que não choca e/ou que é (mais) apelativo às massas e/ou com que as massas se identificam. Às vezes passa por chocar, também, mas é sempre um risco... e de outras é ridícula propositadamente (pois a publicidade pior de todas é aquela a que ninguém liga). No fim do dia, a publicidade tenta apostar naquilo que acham que vai funcionar melhor para a bottom line ($$$)...


Concordo com o resto que escreves. E sim talvez o grande catalizador sejam mesmo as redes sociais.

Mas deixo só uma nota a ressalvar a temática da publicidade que eu acredito que se tenha convertido num veículo de propaganda de engenharia social.

Da mesma forma que as empresas adoptaram uma cultura da diversidade, que acarreta custos maiores, por exemplo nos departamentos de RH, a propaganda institucional por privados não advêm de busca por lucro.

Penso que é mais um fenômeno do intervencionismo corporativo e que por sua vez advêm da crescente associação entre estado e privados. Nunca tivemos o ocidente com uma economia tao estatizada como na actualidade.

A ver se me explico, qualquer macro corporação sabe que deve cair nas boas graças do estado ou então arrisca-se a ter uma corda ao pescoço. Basta pensar no caso do Twitter que tem uma guerra declarada pela UE e mesmo por muitos democratas nos USA.

Num contexto destes o melhor é que a tua publicidade tenha uma componente de propaganda, mesmo que isso tenha um efeito negativo na tua clientela (existem casos de boicotes a marcas por estes excessos). É obrigação social da empresa, a reputação.

E prontos com isto entramos num ciclo vicioso. Tanto que muitas vezes as marcas nem sequer fazem publicidade ao produto mas sim aos ideais que defendem. Ou seja em vez de promover o produto, promovem que defendem os ideias xpto e como tal podem consumir os produtos deles sem problemas de consciência.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 15:53

BearManBull Escreveu:Este fenômeno vai muito além deste exemplo, esta forma de se agir socialmente está enraizada em todas interações da vida publica. Desde publicidade que se converteu em propaganda ao simples acto de escrever um email.


Se tudo é propaganda, então tudo é propaganda, incluindo os teus posts. É uma abordagem...

Mas eu estou em crer que a publicidade não é propaganda, a publicidade tem essencialmente fins comerciais (leia-se "graveto") e tenta conformar-se a aquilo que acreditam que não choca e/ou que é (mais) apelativo às massas e/ou com que as massas se identificam. Às vezes passa por chocar, também, mas é sempre um risco... e de outras é ridícula propositadamente (pois a publicidade pior de todas é aquela a que ninguém liga). No fim do dia, a publicidade tenta apostar naquilo que acham que vai funcionar melhor para a bottom line ($$$)...

Na minha opinião, o problema de fundo (e para mim existe um problema de fundo, que deve ser discutido sem receios e sem complexos) deriva pelo menos em grande parte do advento das redes sociais (por sua vez com corolários na própria comunicação social e na classe política, ambos os sectores acabaram respondendo/adaptando-se). As redes sociais, que em larga medida são antros de toxicidade, vieram trazer um megafone a cada um como nunca existiu na nossa história. E neste novo universo de super-comunicação/informação, o que tende a destacar são as posições mais histéricas, mais extremadas e/ou mais apaixonadas.

O "velhinho bom-senso" tende a perder-se no meio do ruído. Os influencers e opinion makers querem seguidores. As notícias precisam de ser clickbait. Os políticos precisam de agitar as bases. É uma luta num ambiente super-saturado em que se torna difícil ter uma discussão calma, um debate sensato em que A ouve B e B ouve A e ao menos entendam/reflictam no que se está a dizer. Pelo contrário, vai "tudo" aos gritos já com a ideia toda a feita. E o adversário é o diabo personificado.

Suspeito também que tem que ver com uma relação desproporcionada entre relacionamento virtual / à distância versus relacionamento directo, humano, pessoal. Não é que as pessoas nunca se tenham antagonizado antes. Mas parece-me muito mais fácil alguém distanciar-se de outro alguém que nunca conheceu na vida e com quem provavelmente nunca vai realmente interagir directamente.



BearManBull Escreveu:O que sinto é que cada vez mais se vive num enredo de desconfiança e medo, os meios de informação deixaram de ser imparciais e qualquer desvio do PC é logo alcunhado de fascismo, negacionismo, racismo, XPTOfobismo ou qualquer outro artificie linguístico de desprezo/descredibilização.


Bom, soa-me que escreves como se existisse uma facção. Estou a escrever, especialmente neste post, como existindo mais do que uma facção, com comportamentos comparáveis entre si...

E, por hoje, acho que já escrevi que chegue sobre o tema.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 15:34

MarcoAntonio Escreveu:Seja como for, eu até fico perplexo como é que o meu comentário, seguramente não sendo nenhum ensaio sobre o tema mas sendo dignamente multifacetado, pode ser caracterizado como redutor. Se alguma coisa é redutora, é dizer "não não, é puramente isto e só isto". Não será?


Seria se isto fosse estritamente algo relacionado alterações de obras de ficção, que foi o foco da tua intervenção.

Este fenômeno vai muito além deste exemplo, esta forma de se agir socialmente está enraizada em todas interações da vida publica. Desde publicidade que se converteu em propaganda ao simples acto de escrever um email.

O que sinto é que cada vez mais se vive num enredo de desconfiança e medo, os meios de informação deixaram de ser imparciais e qualquer desvio do PC é logo alcunhado de fascismo, negacionismo, racismo, XPTOfobismo ou qualquer outro artificie linguístico de desprezo/descredibilização.

Portanto a meu ver estamos a caminhar a passos largos para um regime autocrático ao estilo 1984.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 14:44

BearManBull Escreveu:O meu ponto de discórdia foi aqui. A meu ver perdeu-se essa capacidade de contextualizar e foi isso que achei redutor no teu texto.


Se o teu ponto de discórdia era aqui, devias ter citado esta parte. Eu não sei o que achas ser redutor em defender que as pessoas não são estúpidas e têm capacidade de contextualizar. Se alguém ler The Heart of Darkness (que tive o prazer de ler faz mais de 30 anos) entende que aquilo foi escrito noutro período. Acho estúpido e contraproducente esta febre de conformar tudo ao zeitgeist. Está claro no meu texto o que estou a dizer.

Eu não acredito que a generalidade das pessoas tenha perdido a capacidade de contextualizar uma obra ao período em que foi escrito e que tenha ficado tudo estúpido de um dia para o outro. Acredito sim que se perdeu a vontade em cultiva-lo, havendo uma tendência exagerada em vergar a uma corrente de opinião (que por vezes, e perspassei isso no meu comentário anterior, estou em crer que até nem é da maioria, é de minorias muito ruidosas que de qualquer coisa fazem uma causa de vida) e que era do que eu falava logo a seguir.

Seja como for, eu até fico perplexo como é que o meu comentário, seguramente não sendo nenhum ensaio sobre o tema mas sendo dignamente multifacetado, pode ser caracterizado como redutor. Se alguma coisa é redutora, é dizer "não não, é puramente isto e só isto". Não será?

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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 14:28

MarcoAntonio Escreveu:As pessoas não são estúpidas, a maior parte sabe contextualizar.


O meu ponto de discórdia foi aqui. A meu ver perdeu-se essa capacidade de contextualizar e foi isso que achei redutor no teu texto.

Digo isto porque tenho de lidar com isto mesmo por pessoas pelas quais até tenho algum apreço com bom excelente nível cultural que se deixam arrastar nesta maré.

Mesmo os indivíduos mais sensatos caiem na armadilha do politicamente correcto, mesmo que o façam de forma hipócrita.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 13:52

Eu não devia estar com isto, mas a começar por eu ter começado a caracterizar estas coisas desde logo como um exagero e a terminar no facto de eu ter dito inclusivamente, de forma clara e explicita, o seguinte:

MarcoAntonio Escreveu:Agora, uma febre revisionista para ficar tudo conforme o zeitgeist.... É estúpido.

... fico com a sensação que não lês 90% do que eu escrevo com o mínimo de atenção. Bom e isto é já dando o benefício da dúvida, uma vez que o próprio texto está truncado a meio daquele parágrafo. Nem o que eu exprimi naquele outro parágrafo está capturado!



Zeitgeist = espírito do tempo, a moda cultural da época, as ideias vingentes a dada altura.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 13:46

BearManBull Escreveu:IMHO, tens uma visão redutora do problema.

Os textos podem-se ir alterando por arcaísmos, mas o que se passa aqui é uma alteração por motivações meramente ideológicas e politicas.


Estou bastante certo que a minha visão não é redutora. A tua citação ao meu texto, sim.

Eu escrevi muito mais do que está na tua citação, tu comentas como se eu tivesse escrito apenas isso.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 13:37

MarcoAntonio Escreveu:Mudar textos não é propriamente uma novidade, a linguagem vai-se tornado arcaica e por vezes passa por um esforço em manter os textos relevantes/actuais (de uma forma geral, pessoalmente, acho desnecessário...


IMHO, tens uma visão redutora do problema.

Os textos podem-se ir alterando por arcaísmos, mas o que se passa aqui é uma alteração por motivações meramente ideológicas e politicas.

Isto é só mais uma cara desta epidemia de paranoia colectiva.

Esta porcaria está por todo o lado, desde emails com os @/* a substituir o/a para não cair no erro de chatear alguém que pode achar que se sente excluído. Isto é medo puro ou pior ideologia pura ao estilo marxista de que toda a gente persegue toda a gente.

Comunicação empresarial com componente politica, estilo gabinetes de igualdade e diversidade. O deprimente més arco iris que até tenho medo quando chega só de saber que passam o més todo a bater na mesa tecla, ou estupidezes como o dia da mulher que é a luta contra a sociedade machista (dizem elas/eles/eis/xyz/10101). Até na porcaria dos anúncios de trabalho escrevem m/f/x ou m/f/d.

O pior é que ninguém tem noção de reconhecer a gravidade da situação. Claro que os inimigos do ocidente nos veem como fracos e debeis. Normal, quem vê isto de fora só pode pensar, aquela gente não está boa da cabeça.
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Re: Políticas para Portugal

por MarcoAntonio » 1/3/2023 12:59

Os oompa-loopas passaram a ser cor-de-laranja de cabelo verde:

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Passando por cima do manifesto exagero do teu introdutório (não se responde a exageros com exageros ao cubo, é o meu take nestas questões) é óbvio para mim que falta uma boa dose do velhinho bom-senso. As pessoas não são estúpidas, a maior parte sabe contextualizar. E, a meu ver, o problema não é correr o risco de "sensibilizar" os leitores, é os leitores terem-se tornado tão "sensíveis" (ou os editores acharem que são por causa de minorias ruidosas que fazem de qualquer coisa uma causa de vida).

Mudar textos não é propriamente uma novidade, a linguagem vai-se tornado arcaica e por vezes passa por um esforço em manter os textos relevantes/actuais (de uma forma geral, pessoalmente, acho desnecessário... mas percebo que pode ter consequências comerciais). Dito isto, percebo quando são mudanças cosméticas que não contrariam o espírito do autor original.

Agora, uma febre revisionista para ficar tudo conforme o zeitgeist.... É estúpido.

A arte/cultural servem precisamente para abrir os horizontes, conhecernos o passado e o presente nas suas diversidades. Formatar tudo igual é estúpido. Retira riqueza, retira valor.
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Re: Políticas para Portugal

por BearManBull » 1/3/2023 12:24

A idade das trevas e a sociedade podre.

Politicamente penso que o ocidente nunca esteve tao mal nos últimos 700 anos. Tivemos alguns surtos de loucura localizados, mas uma sociedade composta por milhares de milhões de indivíduos que são adeptos da censura e do controlo é algo que nem no tempo da inquisição existia. Ainda mais com uma percentagem tao alta de indivíduos letrados.

Comecei a reparar que já não consigo distinguir o que é publicidade com propaganda. O anuncio de qualquer produto hoje em dia, vende uma ideologia e obrigado a cumprir com critérios do politicamente correcto. PC que não é mais do que o caminho para o totalitarismo ditatorial marxista.

Não é só a palavra publicidade que foi erradicada da civilização ocidental. A educação converteu-se em doutrinação, países em que os professores recebem mais formação em sexologia do que em matemática. O resultado é uma catástrofe com crianças de menos de 13 anos a cometerem suicídio.

Queimas os livros, quanto falta para acorrentarem os que desejam a liberdade de pensar? Pode ser que o vosso sonho se torne realidade, um inferno em todos os cantos do mundo a auto profecia de 1984. Que triste é ver a auto mutilação da humanidade.

Livros de Roald Dahl e 007 vão ser "mais inclusivos", mas as novas edições geram indignação
As obras de Roald Dahl vão ser revistas para deixarem de conter palavras como "gordo" ou "louco" e as de James Bond para deixarem de ter tantas referências consideradas racistas.


Roald Dahl é um dos mais lidos (e comprados) autores infantis do mundo. Escreveu dezenas de livros icónicos, sendo que muitos viraram filmes de sucesso, como Charlie e a Fábrica de Chocolate, ou GGG - Grande Gigante Gentil. Agora voltou às notícias porque a sua editora decidiu lançar novas edições onde é substituída linguagem considerada ofensiva. A decisão foi contestada por milhares de utilizadores das rede sociais que lamentam a alegada cedência ao politicamente correto, mas também por figuras do mundo das artes e até do primeiro-ministro britânico que clamam por censura. Os livros sobre o agente James Bond vão também ser revistos para que sejam retiradas referências consideradas racistas.

Roald Dahl nasceu em 1916 e morreu em 1990 e, durante quase 50 anos escreveu histórias infantis repletas de aspetos excêntricos e até algo retorcidos. Tornou-se um dos autores mais vendidos de sempre, com mais de 300 milhões de exemplares das suas obras vendidos em todo o mundo. Agora a sua editora britânica, a Puffin Books, quer estender os seus livros a novos públicos e para o conseguir contratou leitores para reverem os trabalhos do escritor e a que sugerissem alterações.

As alterações ao livro foram descritas pelo Telegraph que refere que no livro Charlie e a Fábrica de Chocolate, os Oompa-loompas passaram de "homens pequenos", "minúsculos" a "pessoas pequenas" ou simplesmente "pequenos". Ao mesmo tempo que o "gordo Augustus Gloop" passa a ser o "enorme Augustus Gloop". As palavras "doido" ou "louco" foram também removidas dos textos.

Mas não é só no vocabulário que há alterações. Matilda já não lê um livro de Conrad (autor de O Coração das Trevas e acusado de ser racista), mas sim um de Jane Austen (autora de Ema) e não "viaja pela Índia de Rudyard Kipling" (escritor de O Livro da Selva e acusado de ser "colonialista, nacionalista, racista, anti-semita, misógino, imperialista de direita e apologista da guerra"), mas sim pela "Califórnia de Steinbeck" (autor de As Vinhas da Ira). Esta é uma das alterações que tem levantado mais críticas por mexer no conteúdo e não apenas na forma.

Outro exemplo de alteração que tem sido alterado está em James e o Pêssego Gigante, no qual as canções sofrem também alterações. A tia Sponge deixa de ser "terrivelmente gorda/ e tremendamente flácida já agora" e passa a: "A tia Sponge era uma bruta velha e terrível/ E mereceu ser esmagada por uma fruta".

A decisão tomada pela Puffin Books vai, alegadamente, contra a vontade de Dahl que se terá manifestado contra alterações aos seus textos. "Avisei os meus editores que se no futuro eles mudarem sequer uma vírgula dos meus livros, nunca mais vão ver outra palavra escrita por mim. Nunca! Nunca mais", disse o autor, em 1982, acrescentando: "Quando eu morrer, se tal acontecer, espero que o poderoso Thor lhes dê na cabeça com o seu Mjolnir [martelo]. Ou então vou mandar o crocodilo enorme [uma das suas mais famosas personagens] para engoli-los inteiros", explica o The Guadian.

Mas a verdade é que o próprio Dahl chegou a alterar os seus textos originais. Inicialmente, os oompa-loompas eram descritos como pigmeus trazidos de África. Mas quando o livro foi adaptado para o cinema pela primeira vez em 1971, uma associação contra o racismo emitiu um comunicado que expressava preocupação que este pormenor pudesse remeter para a escravatura. Dahl concordou com a interpretação e editou o livro com alterações. Os oompa-loopas passaram então a ser brancos e foram apagadas as referências a África.

A nova iniciativa de alterar os seus textos foi tomada inicialmente pela família do autor, tendo sido continuadas depois do catálogo ter sido comprado pela Netflix, em 2021, por 500 milhões de libras (quase 600 milhões de euros). Salman Rushdie, escritor britânico, comentou que esta decisão da editora era uma "censura absurda", apesar de reconhecer que Dahl "não era um anjinho" - ao longo da vida proferiu várias frases consideradas anti-semitas. Rishi Sunak, o primeiro-ministro britânico, criticou também a decisão, defendendo que as obras de ficção devem ser "preservadas e não retocadas". A associação PEN America, composta por cerca de 7.500 escritores, diz-se "alarmada" perante a iniciativa.

Os livros de Dahl em Portugal são editados pela Oficina do Livro que refere que ainda não recebeu indicações de que deviam substituir o texto nas edições nacionais. A Puffin Books já disse que vai também editar uma coleção dos "Clássicos de Roald Dahl" sem as alterações que vão ser agora introduzidas.
Também as aventuras do espião ao "Serviço de Sua Majestade" vão receber alterações de forma a remover referências consideradas racistas ou ofensivas. A obra de Ian Fleming, que começou a ser publicada na década de 50 do século passado, vai ser revista e editada, anunciou a Ian Fleming Publications, empresa que detém os direitos das obras literárias do autor, a propósito da comemoração dos 70 anos de 007.

Serão eliminadas referências étnicas de muitas personagens e editadas algumas para que sejam menos suscetíveis de ferir sensibilidades, avançou a editora, que optará por manter outros conteúdos potencialmente ofensivos, como referências misóginas ou homofóbicas. A editora quer fazer o mínimo de edições possíveis.

Os livros de Fleming vão passar a incluir uma advertência no início: "Este livro foi escrito numa época em que termos e atitudes que poderão ser considerados ofensivos pelos leitores modernos eram comuns", adiantou o The Telegraph. "Foram feitas uma série de atualizações nesta edição, mantendo o mais próximo possível do texto original e do período em que está definido".
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Re: Políticas para Portugal

por Masterchief » 1/3/2023 11:58

Marco Martins Escreveu:
djovarius Escreveu:Ora, deixar falar esta criatura no 25 de Abril, é uma ode a tudo o que está errado. Talvez a intenção seja essa... :evil: :evil:

dj


E se fosse o Bolsonaro a falar no 25 de Abril?

Na minha opinião não faria sentido nenhum mas por motivos diferentes.
Para além de ser um imbecil e um atrasado mental (peço desculpa ás pessoas com problemas mentais mas eu não embarco muito na moda do "politicamente correcto"), não vejo qualquer motivo para o Bolsonaro ser convidado a discursar no 25 de abril. Além de também não me parecer propriamente um defensor dos princípios da democracia.
No entanto existe uma grande diferença entre os dois, o Bolsonaro não foi condenado nem sequer acusado... ainda.
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Re: Políticas para Portugal

por Marco Martins » 1/3/2023 11:18

djovarius Escreveu:Ora, deixar falar esta criatura no 25 de Abril, é uma ode a tudo o que está errado. Talvez a intenção seja essa... :evil: :evil:

dj


E se fosse o Bolsonaro a falar no 25 de Abril?
 
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Re: Políticas para Portugal

por djovarius » 28/2/2023 23:04

Marco Martins Escreveu:
Masterchief Escreveu:PS: se não entendes a polémica de um politico corrupto que roubou o estado brasileiro com esquemas fraudulentos e inclusive tenha estado PRESO, venha discursar aqui no dia da revolução comunista, não sei como te explicar.


E durante esta revolução comunista quantos ficaram a ganhar à custa de outros que perderam muito e provavelmente discursaram várias vezes no 25 de Abril?

Quantos ficaram sem nada e tiveram de se refugiar no Brasil porque foram simplesmente expropriados daquilo que tinham em Portugal?

O Lula teve um julgamento e foi ilibado (correta ou incorretamente, isso aí já é outra história onde até poderás ter razão)!
No entanto, é um chefe de estado de um país amigo de Portugal e com quem temos boas relações e nesse sentido ele (Lula) vem representar o Brasil e não a sua pessoa e como chefe de estado merece o respeito correspondente!



Curiosamente, o criminoso em causa nunca foi ilibado. Foi julgado e condenado nas duas primeiras instâncias (em Curitiba e em Porto Alegre), até que o Supremo inventou algo inédito: desaforou o processo, ordenando a "repetição" em outro foro, no caso, o de Brasília. Alegavam que o foro de Curitiba não era viável, mas isso é uma fantasia, pois qualquer tribunal Federal pode julgar crimes Federais. Nos EUA também.
Assim, o Supremo desaforou o processo, tudo começaria de novo, desde o início, bla bla bla, mas, claro, assim se permitiu uma candidatura de uma forma bizarra.
Em Portugal, isso é proibido, foi prática corrente em ditadura. Hoje é impensável desaforar um processo a não ser em circunstâncias excecionais.

Ora, deixar falar esta criatura no 25 de Abril, é uma ode a tudo o que está errado. Talvez a intenção seja essa... :evil: :evil:

Abraço

dj
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Re: Políticas para Portugal

por Marco Martins » 28/2/2023 21:03

Masterchief Escreveu:
Marco Martins Escreveu:O Lula teve um julgamento e foi ilibado (correta ou incorretamente, isso aí já é outra história onde até poderás ter razão)!
No entanto, é um chefe de estado de um país amigo de Portugal e com quem temos boas relações e nesse sentido ele (Lula) vem representar o Brasil e não a sua pessoa e como chefe de estado merece o respeito correspondente!

Na parte que realçaste está o essencial. Como diz a famosa frase "à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Além de que isto parece ter sido uma opção de um ministro sem consultar nada nem ninguém. Este episódio só mostra a prepotência e soberba deste PS. Acham que podem fazer aquilo que muito bem entenderem porque eles é que são os donos disto tudo. E são...


Não quero com isto defender o Lula, nem nada que se pareça e não vou tentar manter a minha posição, pois não faz sentido!

Contudo, quase todos os político têm suspeitas sobre si ou carregam os erros do seu país... mas quando se deslocam a outro país, devem na mesma ser recebidos com respeito e é isso que defendo.
Mesmo que cá viesse o Putin ou o da China ou qualquer outro, acho que os devemos receber com respeito e questionar as ações deles se não concordamos... contudo, sempre com respeito pelo país que representam e não por aquilo que eles são, caso contrário, mais de metade dos governantes mundiais seriam pessoas non-grata! !
 
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Re: Políticas para Portugal

por Masterchief » 28/2/2023 19:58

Marco Martins Escreveu:O Lula teve um julgamento e foi ilibado (correta ou incorretamente, isso aí já é outra história onde até poderás ter razão)!
No entanto, é um chefe de estado de um país amigo de Portugal e com quem temos boas relações e nesse sentido ele (Lula) vem representar o Brasil e não a sua pessoa e como chefe de estado merece o respeito correspondente!

Na parte que realçaste está o essencial. Como diz a famosa frase "à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Além de que isto parece ter sido uma opção de um ministro sem consultar nada nem ninguém. Este episódio só mostra a prepotência e soberba deste PS. Acham que podem fazer aquilo que muito bem entenderem porque eles é que são os donos disto tudo. E são...
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