Caros,
Isto faz-me lembrar os investidores que até ao último minuto estiveram em estado de negação quando aqui se dizia que o BES iria valer zero se o estado entrasse. Agora acreditam-se nas maiores ilusões para ver um milagre que valorize uma acção duma empresa Zombie que não tem actividade comercial para gerar qualquer valor.
Mas fazendo aqui uma reflexão básica podemos dizer que as acções valorizam essencialmente porque:
1- A actividade comercial real cresce por via do crescimento económico ou boa gestão e isso gera mais dividendos
2- A empresa tem alguma vantagem competitiva inovadora que lhe criará um maior valor futuro e os investidores valorizam a empresa a contar já com esse lucro potencial dos próximos anos.
3- A empresa vende algum activo com uma mais valia e isso gera um cash adicional que pode ser distribuido em dividendos.
4- A empresa faz uma restruturação e isso permite-lhe aumentar o lucro vendendo o mesmo.
5- A empresa detém participações noutras empresas que valorizam e os investidores valorizam as acções pois se um dia a empresa vender essas participações poderá distribuir mais dividendos.
Ora aqui no caso da Pharol as opções 1 a 4 não existem. Sobra a 5. A cobrança da divida da Rioforte é ilusão pelo que nem vou considerar isso.
A 5 basicamente depende da valorização das acções da OI e que a Pharol venda essa participação e distribua esse cash em dividendos. Só que há um ponto interessante: Se a Pharol vender a participação da OI então fica sem activos e logo desaparece. Ora se assim é o investidor teria duas opções:
1- Iria receber o dividendo e perder 100% do valor da acção (pois a empresa deixava de existir)
2- Vendia a acção antes do dividendo e ficava sem o dividendo. Mas para isso o dividendo teria de ser superior ou igual ao valor da acção senão ninguém pagava, por exemplo, 0,40 por uma acção para receber 0,20 de dividendo não é ?
Por ai concluo que o valor das acções da Pharol será, no futuro, exactamente igual ao dividendo anual que a OI distribua por acção. A isso ainda terá de se descontar as despesas de funcionamento da Pharol que, com 11 administradores, não serão pequenas. Aliás o que acho que se vai passar é que esses administradores vão consumir qualquer cash que exista na empresa e quando houver necessidade de cash adicional para se pagarem os seus ordenados e fringe benefits vão-se vendendo umas acções da OI e a pouco e pouco a posição da Pharol na OI ir-se-á reduzindo.
Só mais uma achega: A cada aumento de capital da OI a participação da Pharol ir-se-á reduzindo pois de certeza absoluta que não terá cash para acompanhar esse aumento de capital. E aumentos de capital é o que a OI mais vai necessitar nestes próximos anos.
Face a tudo isto acho que quem tenha acções da Pharol deve adoptar uma estratégia melhor para recuperar o seu capital: Vender o que tem a preço actual e entrar noutras acções ou nesta mas curto (e mais alavancado) pois ou muito me engano ou a expressão "do zero não passa" vai ser a única aplicável a esta cotada
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E sei o quanto custa mandar uma pipa de massa para o lixo mas faz parte do investimento em bolsa. Temos que saber assumir perdas para recuperar mais adiante.
Abraço e bons negócios