Económico Escreveu:"A evolução nas duas últimas semanas dos índices bolsistas em geral, na Europa e não só" e o facto de a "cotação da Pharol incorporar a performance bolsista da Oi, notícias sobre a mesma, e toda a divulgação de informação que se prenda com as suas participações", são as razões apontadas por fonte da Pharol para o desempenho na praça portuguesa.
Desde que iniciou a actual trajectória de queda, a 2 de Junho, a Pharol perdeu quase 30%. No final da sessão de ontem valia 324,5 milhões de euros. No mesmo período, a Oi (da qual a Pharol tem 27,5%, sendo esta participação e os 900 milhões de papel comercial da Rioforte os seus activos), recuou menos de 10% em São Paulo, para 1.514 milhões de euros.
Contabilizando os 27,5% da Pharol na Oi, a ‘holding' está 90 milhões abaixo do valor da posição. Contactada pelo Diário Económico, a Oi recusa comentários.
Fonte oficial da Pharol explica que a percepção do valor da empresa pelos investidores "depende dos seus fundamentais, que são divulgados com a apresentação das demonstrações financeiras" e ainda "da forma como o mercado incorpora essa informação". Questionada sobre um eventual esforço comunicacional para dar visibilidade à empresa, que, ao contrário das demais do PSI 20, não tem presença comercial nem industrial em Portugal, a fonte explicou que a Pharol tem "obviamente", um plano "que contempla a comunicação com os seus accionistas, analistas de mercado, média e demais partes interessadas". Algo que não invalida a inexistência da empresa a nível de promoção pública.
A propósito da mudança de nome e do rumo da empresa, a mesma fonte salienta que, "por ocasião da última Assembleia Geral de 29 de Maio de 2015 da PT SGPS, a empresa disponibilizou toda a informação necessária e requerida por lei para a percepção do que iria ser no futuro".
Desde esse dia, o título suportou ganhos numa sessão e vem caindo nas restantes 10.
Questionado sobre o rumo dos títulos, Tiago Cardoso, da XTB, afirma que o "capital nocivo" do papel comercial da Rioforte e a "indefinição" sobre o futuro da ‘holding' são razões para acreditar que "continuará a ser descontada". "Já no início deste ano, a nível técnico, tinha percebido que a zona dos 0,32 euros seria possível. Quem é investidor não gosta de receios. A Grécia mostra-o. Quem é accionista da PT, não os maioritários, mas os investidores, ‘hedge funds' ou outros mais pequenos, não gosta de ter na carteira títulos" rodeados desta incerteza, explica.
"Enquanto não existir ciclo positivo", explica Tiago Cardoso, "é muito difícil surgir investidores de ‘buy and hold'". Devido ao "custo de oportunidade bastante grande", face a perspectivas de crescimento "bastante reduzidas para o futuro próximo", identificar potenciais compradores não é visto como tarefa fácil, a não ser investidores "que não estão muito por dentro dos acontecimentos" e se sentem atraídos pelo preço baixo. No entanto, frisa o especialista da XTB, uma "acção barata pode significar que ninguém a quer".
João Queiroz, da GoBulling, por seu lado, destaca que a ausência de perspectiva de pagamento de dividendos por parte da Oi não ajuda o título cotado em Lisboa, identificando como potenciais boas notícias a redução de emissões de dívida da Oi noutras moedas - operações com perdas, devido à volatilidade do real -, a redução da dívida ou a conversão de dívida em capital.
Ontem, a Pharol igualou a sua pior série de quedas de sempre, 10 sessões, tal como em Outubro de 1995 e Dezembro de 2014. Das 10, renovou mínimos históricos em oito, facto inédito nos 20 anos de cotação assinalados este mês.
Quando parará o ciclo é a pergunta imediata. No mercado há quem especule sobre a existência de um potencial jogo do lado do Brasil para pressionar a Pharol e retirar-lhe a força de maior accionista, que hoje é enquanto bloco detentor de 27,5% da Oi.