CALDEIRÃO DE BOLSA

PIKAS Escreveu:Caros,
Não faz mesmo sentido nenhum discutir OPA's ao BCP simplesmente porque ela não vai acontecer, não vai mesmo. Basta ver a estrutura societária do banco e procurar alguma lógica em qualquer movimento accionista relevante. Não há e como não há almoços grátis...
E mesmo para os pequenos accionistas, se houvesse uma OPA, alguém pode pensar que o valor oferecido seria de 1 ou 2€/acção? Não, à cotação dos últimos 15 dias, seria para aí pelos 0,14/0,15€, isto é, com um prémio de 15%.
Por isso qual o interesse do pequeno accionista?
Essa das OPA's é antiga e é um mito sem interesse.
A concentração bancária é bem diferente. Vai ter que acontecer e pode mexer bem com a cotação desde que o mercado considere que há criação de valor com esse movimento. Quanto mais expectativa de criação de valor, mais sobe, mas o contrário também é valido.
Mas não são valorizações/desvalorizações de um dia para o outro de 20 ou 30%. É lento e é preciso paciência e a maior parte dos pequenos investidores não tem paciência. A maior parte tem espirito de jogador de roleta em que num minuto apostam as fichas no encarnado e esperam um lucro generoso no próprio dia ou em pouco tempo.
Cumprimentos,

ze couves Escreveu:O Millennium polaco está a subir bem ao longo destes dias. Será que já há decisão sobre os créditos em francos suiços???
Se conseguirem resolver a questão da polónia e as moratórias, estou convencido que está aqui uma boa aposta. Não há nada para não subir em força.

Àlvaro Escreveu:Não é de OPA que se fala, existe uma elevada probabilidade de concentração do setor e o BCP estará certamente nessa probabilidade. Isso não significa a obrigatoriedade de uma OPA, qté porque tbm há a possibilidade de ser comedor em vez de comido.

OPINIÃO
Ventos de mudança na banca
Filipe Alves 05 Agosto 2021, 23:20

Neste contexto desafiante não haverá mercado para tantos bancos na Europa, deixando antever a necessidade de movimentos de consolidação que deverão chegar também a Portugal. Nos próximos anos veremos como os principais bancos a operar em Portugal se posicionam neste xadrez.

Longe vão os tempos em que trabalhar na banca era sinónimo de um emprego seguro, de uma vida desafogada e uma reforma tranquila. Hoje, o sector é cada vez mais notícia devido às constantes reestruturações e planos de rescisão, com milhares de pessoas a perderem os seus empregos.

Infelizmente, com maiores ou menores custos humanos e sociais, será muito difícil inverter esta maré, porque os bancos estão debaixo de uma fortíssima pressão para voltarem a ser rentáveis e, sobretudo, para se adaptarem aos desafios que se perspetivam no horizonte nos próximos anos. E o que aí vem promete ser tudo menos fácil: mais concorrência por parte das fintech e das Big Tech, novas moedas digitais que serão emitidas pelos próprios bancos centrais (terá a banca comercial de competir com o próprio BCE na captação de depósitos no futuro euro digital?) e uma opinião pública cada vez menos disposta a perdoar as falhas e pecadilhos dos banqueiros.

Para enfrentar este contexto cada vez mais desafiante, a banca irá precisar de capital. Mas apenas conseguirá obter esse capital se a rentabilidade do sector – que em Portugal está na casa dos 3% a 5% – aumentar. Daí a necessidade de cortes de custos.

Porém, essas reduções de custos não serão suficientes, a menos que o objetivo seja ir de corte em corte até à derrota final. Para ser rentável e ter futuro, a banca terá de conseguir manter-se útil e necessária, algo que, face à evolução tecnológica em curso e ao surgimento de novos players digitais, não deve ser dado por adquirido.

Pela primeira vez em 300 anos, o cidadão comum está na iminência de poder viver sem necessidade de bancos, ou mais concretamente de bancos tradicionais. Até a contratação do crédito à habitação – que é a operação bancária mais relevante que a esmagadora maioria das pessoas faz ao longo da vida –, já pode ser feito quase 100% online, tornando desnecessária muita da estrutura física que os grandes bancos ainda têm, apesar dos cortes dos últimos anos.

Por outro lado, porquê recorrer a um banco se há quem preste os mesmos serviços de forma mais simples? Com as devidas diferenças, o desafio da banca é semelhante ao que o jornalismo tem vindo a enfrentar nas últimas décadas. As mesmas empresas tecnológicas que viraram o negócio dos media de pernas para o ar poderão também tornar obsoletos muitos dos serviços financeiros tradicionalmente prestados pelos bancos. Já o estão a fazer, aliás, beneficiando de uma desigualdade de condições do ponto de vista regulatório que os bancos têm criticado com razão.

A digitalização atingiu em força o negócio dos media a partir do início do século, obrigando a um duríssimo processo de reconversão e aprendizagem que ainda decorre. A banca está agora a passar pelo mesmo. E tanto no caso da banca como do jornalismo, só sobreviverão os players que conseguirem ser úteis ao seu público e tiverem a sua confiança. Afinal, tanto a banca como os media vivem do crédito que os seus clientes lhes concedem.

Por outro lado, já se percebeu que nestas circunstâncias desafiantes não haverá mercado para tantos bancos na Europa, deixando antever a necessidade de movimentos de consolidação que deverão chegar também a Portugal. Quem irá devorar e quem será devorado? Nos próximos anos veremos como os principais bancos a operar em Portugal se posicionam neste xadrez.

MNPTLIS Escreveu:Tantas vezes o cântaro vai a fonte que um dia .... pode acertar na OPA