Resultado da Sonae com impacto "neutral" a "negativo"
Os analistas do BPI consideram que os resultados apresentados pela Sonae não deverão influenciar as acções, "depois do forte desempenho dos últimos meses", e admitem rever as estimativas para a empresa para incorporar "os resultados indirectos menos negativos do que o esperado". As acções da empresa desvalorizam mais de 2%.
--------------------------------------------------------------------------------
Hugo Paula
hugopaula@negocios.pt
Os analistas do BPI consideram que os resultados apresentados pela Sonae não deverão influenciar as acções, “depois do forte desempenho dos últimos meses”, e admitem rever as estimativas para a empresa para incorporar “os resultados indirectos menos negativos do que o esperado”. As acções da empresa desvalorizam mais de 2%.
Numa nota de análise hoje publicada, o banco de investimento refere que os resultados da Sonae ficaram, de um modo geral, “em linha com as expectativas mas com menos qualidade do que esperado”.
O resultado líquido da Sonae SGPS saldou-se em 7 milhões de euros no segundo trimestre, caindo 42% relativamente ao período homólogo e estreitando o prejuízo nos primeiros seis meses, para 28 milhões de euros.
Ambiente económico está mais “propenso ao consumo”
No Iberian Daily de hoje, o BPI considera o aumento das vendas comparáveis como um factor positivo para empresa, sendo que estas “indicam um ambiente económico mais propenso ao consumo, do que estávamos à espera”, afirmam os analistas da casa de investimento. As receitas consolidadas da empresa cresceram 9% no primeiro semestre.
No retalho de bens alimentícios a forte actividade de promoção do cartão de fidelização, foi o principal responsável pelo aumento dos volumes de vendas. “No retalho especializado o desempenho foi muito impressionante e deve ser explicado pelo forte desempenho” da área têxtil, adianta a mesma fonte.
Ainda, o negócio de aluguer de espaços (em centros comerciais) apresentou um desempenho superior ao esperado, em grande parte resultado do aumento das rendas, em termos comparáveis, na área da restauração. “Acreditamos [que esta evolução] é uma evidência de uma maior resiliência” deste negócio, segundo o banco de investimento.
Sonae Distribuição pressionada pela concorrência
Como factor negativo, destacam-se as margens no retalho de comida, que caíram 20 pontos base face ao ano passado. Mostrando que um ambiente competitivo mais duro obrigou a Sonae Distribuição a ser mais agressiva nas ofertas associadas aos seus cartões de fidelização e ofuscando os ganhos com sinergias decorrentes das lojas adquiridas à Carrefour.
O banco de investimento salienta que “os números operacionais da Sonae ficaram em linha com as estimativas, mas com menor qualidade do que o esperado”. Após a apresentação dos resultados do primeiro semestre, o BPI vai rever os números da Sonae Distribuição, depois de esta ter registado “um desempenho operacional inferior”.
Ainda assim, os analistas sublinham que os números da Sonae Sierra e da Sonaecom “surpreenderam pela positiva”.
Com base nestes resultados, “vamos rever as nossas estimativas para a Sonae com os resultados indirectos a ser menos negativos do que o inicialmente esperado”.
Apesar deste factor, o BPI acredita que os resultados não deverão representar um “catalizador” para as acções da Sonae, “depois do forte desempenho dos últimos meses”.
As acções da Sonae SGPS caem 2,02% para 0,875 euros