Estudo da A.T. Kearney
Retalhistas portuguesas podem aproveitar crise para expansão internacional
Os conceitos de retalho desenvolvidos em Portugal têm boas oportunidades de expansão a nível mundial. Sonae Distribuição e Ibersol são bons exemplos. Mas o País também está atractivo para os "players" internacionais, como o grupo Auchan e a Aldi.
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Jornal de Negócios Online
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Os conceitos de retalho desenvolvidos em Portugal têm boas oportunidades de expansão a nível mundial. Sonae Distribuição e Ibersol são bons exemplos. Mas o País também está atractivo para os "players" internacionais, como o grupo Auchan e a Aldi. Quem o diz é a consultora A. T. Kearney, no seu estudo "Global Retail Development Index" (GRDI), que é publicado desde 2001.
Para esta consultora, que hoje divulgou o seu estudo, a tendência do mercado retalhista português “passará pela cada vez maior pressão das cadeias de ‘discount’ e ‘hard discount’ – Lidl, Minipreço, entre outros, os quais têm a maioria das licenças atribuídas desde 2005 -, e o crescimento das marcas próprias, tanto nos retalhistas de desconto, como nos grandes retalhistas”. Saliente-se que as marcas brancas representam, actualmente, entre 20% e 25% das vendas totais.
O estudo da A.T. Kearney aponta várias oportunidades de expansão internacional de conceitos desenvolvidos em Portugal. “No universo Sonae Distribuição, a aposta deverá passar pela expansão do sector não-alimentar e os formatos com potencialidade de internacionalização são a Worten, SportZone, Zippy, Modalfa e Loop”, refere a consultora nas suas conclusões.
Além disso, segundo o GRDI, nos países emergentes onde existe um forte crescimento em concessões de superfícies comerciais, poderá existir espaço para a exportação de conceitos alimentares do grupo Ibersol.
Por outro lado, o estudo refere também a possibilidade de os “players” internacionais reforçarem o seu investimento em Portugal: “o grupo Auchan já anunciou investimentos na casa dos 600 milhões de euros para os próximos três anos e a Aldi já manifestou a intenção de expandir a sua presença”. Em contrapartida, a cadeia Netto poderá abandonar o mercado nacional, salienta a A.T. Kearney.
Mercados emergentes são os mais atractivos
A expansão internacional do negócio assume-se como uma importante opção estratégica de crescimento das principais cadeias de distribuição retalhista. E os mercados emergentes são os mais apetecíveis.
“Com as condições dos mercados desenvolvidos a melhorarem tão lentamente, os mercados emergentes estão a transformar-se em cada vez maiores fontes de crescimento das cadeias globais de retalho”, diz em comunicado José Ignacio Nieto, “partner” da A.T. Kearney e director para o sector de distribuição da consultora em Espanha e Portugal.
Os mercados emergentes estão, assim, entre as oportunidades mais atractivas de investimento para as cadeias globais de distribuição retalhista, revela esta 8ª edição do GRDI, que tem como objectivo apontar mercados prioritários para as estratégias de expansão dos grandes grupos de distribuição retalhista.
No actual contexto, são inúmeros os factores de atractividade dos mercados emergentes: “a recessão mundial fez com que os preços das mais prestigiadas posições imobiliárias destes países se tenham tornado cada vez mais acessíveis e, ao contrário do que está a acontecer nos mercados desenvolvidos, o PIB dos mercados emergentes continuará, segundo as expectativas, a crescer”. Além disso, acresce o facto de se tratarem de mercados jovens, cada vez mais urbanos e com crescente interesse em formatos modernos de retalho, sublinha o estudo.
De acordo com o GRDI, que monitoriza a atractividade do mercado retalhista em 30 mercados emergentes, a Índia afirma-se, pela quarta vez em cinco anos, como o mercado mais atraente para a expansão das grandes cadeias internacionais de retalho. Rússia, China, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Vietname, Chile, Brasil, Eslovénia e Malásia são os restantes países do “top ten” deste estudo da A.T. Kearney.
Brasil é o mais apetecível no vestuário e moda
Analisando isoladamente o mercado retalhista de vestuário e moda e a atractividade dos mercados emergentes, os países com maior potencial de atractividade para as grandes cadeias de retalho têxtil são, por ordem de importância, o Brasil, Roménia, China, Índia, Argentina, Ucrânia, Chile, Rússia, Arábia Saudita e Turquia, refere o mesmo estudo.
O “Global Retail Development Index” mede a atractividade das economias dos países emergentes através de um conjunto de 25 variáveis, incluindo riscos económicos e políticos, atractividade do mercado retalhista, níveis de saturação de mercado e o rácio entre o ritmo de crescimento da superfície comercial face ao crescimento do PIB.