Elias Escreveu:Bem, mas isso são cenários. Falemos da situação real.
Não são cenários, faz parte da situação real.
Elias Escreveu:Continua a ser um prémio de proximidade, na minha opinião (face à alternativa que é ir ao posto mais económico).
E de tal forma estás disposto a pagar o preço pedido na bomba ao pé de ti, que o pagas (se achasses que o produto não valia aquele preço, não o pagarias, não é?)
Não é um prémio de proximidade, pois se porventura tiveres que fazer 30km para ir a um hiper e fazer outros 30km para voltar a tua poupança em abastecer no hiper praticamente que se esgota. Deixa de ser prémio e passa a ser algo compensador não ir a um hiper, daí a minha opinião de que, dada a escassez e má localização dos hipers com bombas para grande parte da população, estes não são sequer uma alternativa.
Elias Escreveu:O facto de serem escassos não os impede de ser concorrência. São concorrência nos locais onde existem.
Pois, concorrência nos locais em que existem, os quais são muito reduzidos e pouco servem a globalidade do país. É caso para concluir, que a existir concorrência o seu impacto a nível da globalidade é de todo reduzido e sem expressão.
Elias Escreveu:Nesse caso pergunto-te: acreditas que é possível esse cartel que referes deixar de existir? O que seria preciso para isso acontecer.
O facto de acreditar ou não não fará com que as coisas melhorem ou piorem.
Mas respondendo, não acredito que seja possível com o tipo de gente que temos à frente das autoridades deste país, que se corrompem e que possuem interesses instalados.
O que seria preciso? Uma autoridade da concorrência decente que tomasse as devidas medidas para que a concertação de preços deixasse de ser possível ou, pelo menos, fortemente punível e que as gasolineiras lutassem seriamente pela angariação de clientes, fazendo com que um mercado concorrencial funcionasse no nosso país.
As gasolineiras não se esforçam em tentar atrair o cliente X ou Y, ou sequer se esforçam em atrair quaisquer clientes. Como sabem (combinam) que o vizinho vende ao mesmo preço é-lhes indiferente, a população acaba por se distribuir de forma ligeiramente equitativa por todas as gasolineiras, dada a indistinção ao nível dos preços praticados, e todas ganham bem.
Elias Escreveu:Não é bem assim. Aqui há tempos vi umas estatísticas que mostram que 15% (salvo erro) da gasolina é vendida em postos de baixo custo (hipers). Mesmo que sejam dois ou três milhões, sobram sete ou oito milhões para abastecer nas outras. Ou seja, há espaço para muitos players. Além disso, não te esqueças que muitos postos não podem fechar quando lhes apetece, pois estão vinculados por contratos.
Desconheço qualquer conhecimento de estatísticas nesse âmbito mas a ser verdade 15% acaba por ser muito pouco, daí que tens filas enormes, ou seja, 15% da população a abastecer em 1% dos postos existentes no país.
Elias Escreveu:Não sei em que te baseias para afirmar que não é o caso, mas gostaria de saber como caracterizarias a situação de livre determinação de preços que idealizas. Como achas que seria o mercado?
Elias, como qualquer outro mercado que estivesse em livre concorrência. Se passares numa rua com restaurantes em Lisboa, vais encontrar desde os mais baratos aos mais caros. Se fores a um centro comercial, hás-de encontrar lojas de roupa das mais baratas às mais caras e por aí sucessivamente.
Por oposição, se fores às várias gasolineiras, vais encontrar preços sempre muito semelhantes, salvo raras excepções das bombas dos hipers.
Se não houvesse concertação de preços e fosse possível controlar essa concertação, certamente iria haver a primeira gasolineira a baixar os preços para tentar roubar clientes ao vizinho. O vizinho faria o mesmo senão ficaria para trás. Outros mantinham o preço mas criavam serviços ou produtos assessórios que justificassem o preço superior pago.. etc etc.
Não quer dizer que os preços até nem se mantivessem ligeiramente parecidos entre todas as gasolineiras, o que certamente aconteceria é que o preço baixaria e o consumidor final beneficiaria disso.
Afinal, monopólios nunca são bons para os consumidores, apenas para eles próprios.
A questão da cartelização não se prende unicamente com os preços serem semelhantes, prende-se com o facto de que a cartelização promove sempre uma subida dos preços e nunca a descida. Não me importava que os preços fossem semelhantes desde que os mesmos, por força da livre concorrência, baixassem...That's the point...
Mas já percebi que também és aficionado da teoria que as gasolineiras são entidades insuspeitas e que jamais fariam cartelização ou mesmo que acompanham escrupulosamente as cotações nos mercados internacionais e que reflectem sempre no preço final o verdadeiro custo do produto oferecido.