Bolsa
Inapa dispara 66% desde mínimo histórico atingido em Janeiro
Depois de ter valorizado cerca de 20,77% em apenas duas sessões, a Inapa encerrou a sessão de ontem a valer 0,93 euros, um preço que representa uma valorização de 66% face ao mínimo histórico de 0,56 euros registado a 11 de Janeiro.
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Raquel Godinho
rgodinho@mediafin.pt
Depois de ter valorizado cerca de 20,77% em apenas duas sessões, a Inapa encerrou a sessão de ontem a valer 0,93 euros, um preço que representa uma valorização de 66% face ao mínimo histórico de 0,56 euros registado a 11 de Janeiro.
Em 2008, a empresa já negociou 46% do capital, e na sessão de ontem foi a quinta acção mais negociada da bolsa portuguesa. Ainda assim, a cotação continua abaixo dos 1,16 euros a que as acções ajustaram quando passaram a negociar sem direito a participar no aumento de capital e também do preço-alvo dos analistas que seguem o título.
A beneficiar o comportamento da Inapa nas últimas sessões esteve o anúncio da Stora Enso de que os preços de papel de escrita revestido estão a aumentar, esperando-se que a procura de papel venha a fortalecer-se por motivos sazonais, nos próximos meses.
Fonte oficial da Inapa, contactada pelo Jornal de Negócios, afirmou que este aumento "já se está a repercutir nas contas da empresa" e que a empresa "espera um aumento da procura de papel entre 1 a 2% e um aumento dos preços entre 2 a 3%".
A equipa de "research" do BPI, considera, no Iberian Daily de ontem, que o anúncio da Stora é uma "boa notícia" e tem um impacto "positivo" nas acções da Inapa, pois "demonstra que a anunciada subida de preços apontada para o primeiro semestre de 2008 segue em frente".
Os analistas do BPI sublinham ainda que este é um marco importante para o sector uma vez que os preços deste tipo de papel falharam várias tentativas de subida em 2006 e 2007, permanecendo ao nível mais baixo dos últimos sete anos. A Inapa é o quinto maior comerciante de papel na Europa, e o papel revestido representou 41% das receitas consolidadas da empresa em 2006.
Este aumento de preços agradou aos investidores, o que se reflectiu na forte subida do título nas últimas sessões. Na terça-feira, as acções avançaram 9,09% e na sessão de ontem subiram 10,71%.
A empresa liderada por José Félix Morgado foi bastante "castigada" durante o período em que decorreu a operação de aumento de capital e nas sessões seguintes, tendo atingido mínimos consecutivos.
Em 2007, a Inapa acumulou uma desvalorização de 44,15%, o que representou a pior performance anual entre todas as cotadas portuguesas. Este comportamento foi agravado na recta final do ano após a concretização do aumento de capital, que permitiu um encaixe de 122 milhões de euros. Já em 2008, a empresa ganha 1,09%, tendo vivido neste período sessões de forte volatilidade.
Desde o início do ano, a Inapa negociou 2,1 milhões de acções por dia, sendo que, em 2007, este valor foi de 346 mil acções. Na sessão de ontem, foi transaccionado o volume mais elevado da história da Inapa. Foram transaccionados 8,6 milhões de títulos, o que corresponde a 5,72% do capital da empresa.
O reforço da liquidez do título poderá aproximar a empresa da entrada no índice de referência da bolsa nacional. Em 2007, a Inapa viu a sua liquidez crescer cerca de 600% e o comportamento verificado em 2008 tem sido bastante positivo. De acordo com os analistas, a possível entrada no PSI-20 é um dos principais catalizadores da Inapa.
Apesar das fortes valorizações das últimas sessões, o título continua abaixo das avaliações dos analistas do BPI e do Caixa BI que têm preços-alvo de 1,20 e 1,35 euros para as acções, respectivamente.