REN vai ter o dividendo mais rentável da bolsa
O pagamento de dividendos é um dos principais atractivos para os investidores comprarem acções da Redes Energéticas Nacionais (REN) e a empresa liderada por José Penedos não deverá defraudar os interessados na oferta pública de venda (OPV).
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
O pagamento de dividendos é um dos principais atractivos para os investidores comprarem acções da Redes Energéticas Nacionais (REN) e a empresa liderada por José Penedos não deverá defraudar os interessados na oferta pública de venda (OPV).
Se cumprir o que está no prospecto de admissão das acções na Euronext Lisbon, a companhia que gere a rede de transporte de energia e gás natural em Portugal apresentará o "dividend yield" mais elevado entre todas as companhias listadas na bolsa portuguesa.
A REN diz que não vai alterar de forma significativa a tendência dos últimos exercícios, no que diz respeito ao pagamento de dividendos, tendo também a intenção de "manter um dividendo que se situe dentro do intervalo dos seus pares". Em entrevista recente à Reuters, Penedos disse que a REN pretende distribuir mais de metade dos lucros aos accionistas.
Entre as suas congéneres europeias, o "payout" médio é de 60%, pelo que se a REN optar por distribuir esta percentagem dos lucros aos accionistas sob a forma de dividendos, apresentará um "dividend yield" (relação entre o dividendo por acção e a cotação), em redor dos 6%. Esta rentabilidade do dividendo, a concretizar-se, será a mais elevada entre as cotadas portuguesas.
Até agora a PT é a empresa que apresenta a remuneração mais elevada do dividendo (4,63%), seguindo-se a SAG (3,12%) e a Galp (3,11%). O índice PSI-20 transacciona actualmente com um "dividend yield" de 2,68%, bem menos de metade do que a REN pode vir a apresentar.
O pagamento de um elevado dividendo é uma das principais características das "utilities" como a REN. E a empresa liderada por Penedos tem, ao longo dos últimos anos, sido generosa com os seus accionistas (Parpública e a EDP). Em 2004, distribuiu 46,7 milhões de euros (dividendo de 8,75 cêntimos, tendo em conta o número actual de acções), mais que os lucros obtidos nesse ano (31,7 milhões).
Em 2005, o "payout" foi de 64% e em 2006 pagou 0,34569 euros por acção, devido ao encaixe extraordinário obtido com a venda da participação na Galp. Este valor supera o lucro ajustado por acção e representa um "dividend yield" entre 9,2% e 10,6%.
Será difícil a REN manter este pagamento. Mas se a empresa remunerar os accionistas como o fazem as congéneres ("payout" de 60%), então os investidores podem contar com um dividendo a rondar os 22 cêntimos, assumindo que a empresa obterá em 2007 lucros em linha com os resultados líquidos ajustados de 2006. Esta remuneração representa um "dividend yield" entre 5,94% e 6,85%, tendo em conta a amplitude do intervalo de preços definido pelo Governo para a OPV (2,35 e 2,75 euros).
Os analistas contactados pelo Jornal de Negócios estão optimistas quanto à evolução das acções da REN em bolsa, mas não esperam elevadas valorizações dos títulos, pelo que este previsível elevado "dividend yield" pode ser um dos principais focos de interesse dos investidores em participar na OPV. Sobretudo os que privilegiam investimentos de risco mais reduzido.