Enviado: 29/7/2004 2:52
Estas conversas fazem-me rir. Nem tive com pachorra para ler tudo
Enfim, seres urbanos a falar de fogos florestais. É o mesmo que eu me pôr para aqui a falar de um lagar de azeite.
Do que conheço, e que vivi, posso falar da minha zona, sobre o antes e o agora.
Antes:
1-Grande número dos proprietários viviam em casas nos seus terrenos e da agricultura que neles faziam.
2-Todos os terrenos aráveis eram cultivados.
3-Quase toda a gente tinha animais de pastoreio que comiam todas as ervas até antes de chegar o Verão.
4-Nas zonas que não eram cultivadas, tinhamos mato que era apanhado durante o Inverno para as lareiras, para alem de todos os ramos de arvores podadas.
5-Aquando de um incendio, toda a população se reunia no seu combate normalmente comandados por alguem experiente, muitas vezes dominando-o apenas perante um caminho de cabras.
6-Os bombeiros eram todos voluntarios e em casos mais complicados com dez ou vinte homens chegava.
Agora:
1-Grande exodo de população para as cidades, para principalmente trabalhar no comercio e serviços. Ficaram apenas uns quantos velhos que já pouco podem fazer e cada vez vão restando menos.
2-Apenas uma pequena quantidade vai ao fim-de-semana cultivar uma pequena parte do seu terreno.
3-Gado?Carne? Isso compra-se no talho que sai mais barato.
4-Nas zonas menos araveis começou por se plantar eucaliptos, que dava bom rendimento até ao fim dos anos oitenta. Agora já nem vale a pena olhar por aquilo. No restante é só mato e mais arbustos que por lá nascem expontaneamente.
5-Aquando de um incendio, muitos curiosos se reunem por perto, vindos em veiculos todo-o-terreno das cidades mais proximas mas normalmente nem saiem da estrada de alcatrão, munidos de telélés de ultima geração para enviar fotografias do "flagelo" a amigos. De salientar que por vezes acorrem a ajudar a atirar baldes de agua a pedido de equipas de TV que aparecem no local, para o filme ficar melhor composto. Se houver velhas por perto a chorar ainda melhor, as audiencias são garantidas.
6-Os bombeiros são praticamente todos funcionários publicos e se são menos de cem já nada podem fazer, temos esta desgraça de país sem meios apropriados. A montagem do posto de comando é normalmente a primeira preocupação, em zona que esteja fora de perigo e de facil acesso aos jornalistas.
Todo o pessoal é comandado por um oficial do exercito na reserva, para compensar o facto de não ter chegado a CEMGA, sempre vem mais aquela ajuda.
Importante ter sempre na ponta da lingua que o incendio está a ser combatido por X homens de X corporações de bombeiros, X viaturas no terreno mais X meios aereos.
Soluções para isto que cada um arranje as suas.
Eu tenho, sem ser preciso mais leis ou mais dinheiro. Mas agora já não tenho pachorra para mais
Abraço
j.pinto
Enfim, seres urbanos a falar de fogos florestais. É o mesmo que eu me pôr para aqui a falar de um lagar de azeite.
Do que conheço, e que vivi, posso falar da minha zona, sobre o antes e o agora.
Antes:
1-Grande número dos proprietários viviam em casas nos seus terrenos e da agricultura que neles faziam.
2-Todos os terrenos aráveis eram cultivados.
3-Quase toda a gente tinha animais de pastoreio que comiam todas as ervas até antes de chegar o Verão.
4-Nas zonas que não eram cultivadas, tinhamos mato que era apanhado durante o Inverno para as lareiras, para alem de todos os ramos de arvores podadas.
5-Aquando de um incendio, toda a população se reunia no seu combate normalmente comandados por alguem experiente, muitas vezes dominando-o apenas perante um caminho de cabras.
6-Os bombeiros eram todos voluntarios e em casos mais complicados com dez ou vinte homens chegava.
Agora:
1-Grande exodo de população para as cidades, para principalmente trabalhar no comercio e serviços. Ficaram apenas uns quantos velhos que já pouco podem fazer e cada vez vão restando menos.
2-Apenas uma pequena quantidade vai ao fim-de-semana cultivar uma pequena parte do seu terreno.
3-Gado?Carne? Isso compra-se no talho que sai mais barato.
4-Nas zonas menos araveis começou por se plantar eucaliptos, que dava bom rendimento até ao fim dos anos oitenta. Agora já nem vale a pena olhar por aquilo. No restante é só mato e mais arbustos que por lá nascem expontaneamente.
5-Aquando de um incendio, muitos curiosos se reunem por perto, vindos em veiculos todo-o-terreno das cidades mais proximas mas normalmente nem saiem da estrada de alcatrão, munidos de telélés de ultima geração para enviar fotografias do "flagelo" a amigos. De salientar que por vezes acorrem a ajudar a atirar baldes de agua a pedido de equipas de TV que aparecem no local, para o filme ficar melhor composto. Se houver velhas por perto a chorar ainda melhor, as audiencias são garantidas.
6-Os bombeiros são praticamente todos funcionários publicos e se são menos de cem já nada podem fazer, temos esta desgraça de país sem meios apropriados. A montagem do posto de comando é normalmente a primeira preocupação, em zona que esteja fora de perigo e de facil acesso aos jornalistas.
Todo o pessoal é comandado por um oficial do exercito na reserva, para compensar o facto de não ter chegado a CEMGA, sempre vem mais aquela ajuda.
Importante ter sempre na ponta da lingua que o incendio está a ser combatido por X homens de X corporações de bombeiros, X viaturas no terreno mais X meios aereos.
Soluções para isto que cada um arranje as suas.
Eu tenho, sem ser preciso mais leis ou mais dinheiro. Mas agora já não tenho pachorra para mais
Abraço
j.pinto