Re: Legislativas: Projecções e Resultados Provisórios
Enviado: 13/3/2024 17:53
djovarius Escreveu:Boas,
É isso mesmo, Marco António. Há muita gente aqui que não se lembra do 1985 político.
O PRD pode ser lido como um catalizador do descontentamento, mas na realidade há um fenómeno que nada tem a ver com o Chega, são outros tempos e circunstâncias.
Na época, tanto PS como PSD pareciam "queimados" após um Bloco Central que mais parecia a PAF da Troika.
Foi a pré-bancarrota (2ª vez numa década), ninguém sabia como financiar o défice, se a imprimir escudos ou através dum programa com o FMI. A última solução foi a escolhida, felizmente, portanto, mais um programa de aperto de cinto mas com combate à inflação e à dívida. A inflação chegou a 34% ao ano mas começou a descer.
Havia, 10 anos após o PREC, uma descrença generalizada nos Partidos do novo Regime. O pessoal não estava melhor (aumentos salariais bons, mas comidos pela inflação), havia desemprego e a triste fome em Setúbal.
Cavaco foi motivador da esperança, mas o nome que apelava a muita gente era o do Presidente, gen. Ramalho Eanes. O PRD, Eanista, acabaria por surgir... e lançou-se mesmo à sociedade com base na imagem do Presidente que não perdoava a revisão Constitucional de 1982, na qual acabou a tutela militar, o Conselho da Revolução (enfim, o verdadeiro início da Democracia política). Essa imagem era forte, os votantes do PRD (vindos da área do PS e alguns do PSD) acreditavam que o partido de Eanes iria meter a classe política na "ordem".
Acontece que Cavaco, no seu Governo minoritário, teve margem para melhorar as coisas, houve a entrada na CEE, aumentou as pensões e outras benesses, além de passar uma imagem austera e de estabilidade.
Por isso a maioria de 1987 - já não era preciso Eanes nem ninguém para meter nada na "ordem". Cavaco simbolizou a "ordem" mas deu à sociedade cívil a perceção de que, finalmente, havia alguém no Portugal de Abril que tinha capacidade de Governar, fazer coisas boas, tomar iniciativas, enfim, estabilidade e desenvolvimento.
Só a ideia de fazer um Plano Rodoviário neste país era mais do que suficiente para dar um sinal contra a miséria. Só quem se lembra das estradas do antigamente é que sabe do que falo. A auto-estrada do norte eram uns pedaços e a do sul ía de Lisboa a Setúbal.
Isto dava pano para mangas, mas em 1987 só restaram 5% de Eanistas, os convictos. O fim era inevitável.
Hoje, nada, mas nada a ver com as realidades desses tempos...
Abraço
dj
Então não me havia de lembrar..............
Quantas horas demorávamos de Bragança a Lisboa.....
Memórias
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Abco
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