MERCADOS Publicado 9 Agosto 2007
Controlam apenas 0,5% do capital
Fundos de investimento portugueses ignoram REN (act)
As carteiras dos fundos de investimento mobiliários (FIM) portugueses têm uma exposição diminuta à Redes Energéticas Nacionais (REN) e são várias as sociedades gestoras que não têm qualquer acção da mais recente cotada da bolsa nacional.
Nuno Carregueiro
nc@mediafin.ptAs carteiras dos fundos de investimento mobiliários (FIM) portugueses têm uma exposição diminuta à Redes Energéticas Nacionais (REN) e são várias as sociedades gestoras que não têm qualquer acção da mais recente cotada da bolsa nacional.
Segundo uma pesquisa efectuada pelo Jornal de Negócios junto da carteira dos 282 fundos FIM portugueses, 17 têm acções da empresa liderada por José Penedos, controlando um total de 2,62 milhões de acções, o que representa apenas 0,5% do capital da companhia. O mesmo levantamento efectuado para a Martifer, poucos dias depois da OPV da empresa, indicava que 40 fundos eram accionistas da empresa, controlando em Junho 4% do capital.
O que explica então uma aposta tão residual dos FIM portugueses na REN, uma empresa que os gestores de fundos recomendavam comprar na OPV, dado o elevado potencial da empresa e o baixo risco do investimento? A primeira resposta está no elevado rateio da operação, uma vez que nos institucionais a procura superou a oferta em mais de 64 vezes. Contudo, das 48,06 milhões de acções alienadas aos institucionais (incluindo "green shoe"), mais de um terço (37%) foram colocadas em Portugal. Ou seja, os institucionais portugueses (para além de FIM há também fundos de pensões, "family offices", carteiras das instituições financeiras, etc.) ficaram com perto de 18 milhões de acções da empresa. Mas os FIM, actualmente, detêm apenas 2,62 milhões de títulos.
A elevada subida dos títulos desde a OPV levou já muitos fundos a alienarem acções. "Não houve desinteresse aquando da colocação. Até fomos à operação com o máximo interesse permitido. Mas decidimos vender face às perspectivas de mercado e pelo preço a que estava", revela um gestor de um dos fundos que comprou na privatização. "A quatro euros pensámos que era excelente altura para vender. Podemos entrar se o preço voltar a estar atractivo", acrescentou.
O elevado rateio levou a que muitos fundos ficassem com uma posição inferior ao pretendido, o que originou críticas ao número de acções privatizadas pelo Governo. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Vítor Santos, gestor de acções europeias na F&C Investments, afirmou que os "brokers" globais não deram a atenção devida à operação, porque sabiam que não conseguiriam comprar as acções desejadas pelos clientes.
Millennium em força; CGD de fora
Os 17 FIM têm nesta altura apenas dez milhões de euros investidos no capital da REN, o que representa apenas 1% do valor global destes fundos. No total, todos os FIM têm cerca de 1,6 mil milhões de euros investidos em acções portuguesas, estando apenas 0,6% aplicados na REN. Os fundos que têm a carteira mais recheada com acções da REN são ambos do Millennium (o de acções nacionais e o PPA), já que o banco foi um dos colocadores dos títulos na bolsa.
No total controlam 1,26 milhões de títulos, ou seja, 48% do total detido pelos 17 fundos. Já o outro banco responsável pela privatização, a Caixa Geral de Depósitos, não tem qualquer acção da REN nas carteiras dos seus fundos. O banco estatal é o segundo maior accionista da empresa, detendo 20% do capital. Contactado pelo Jornal de Negócios, o responsável dos fundos da CGD escusou-se a fazer qualquer comentário à política de investimentos da gestora. Na Martifer, os fundos da Caixagest eram dos mais expostos à empresa de Carlos Martins.
Entre as outras sociedades gestoras mais activas no mercado português, os fundos do BPI, do Santander, ESAF e Banif são os únicos que detêm mais de 100 mil acções da REN. Vários têm posições meramente residuais, inferiores a dez mil acções