Prefere bancos portugueses a espanhóis
Santander elege BES “top-pick” da banca portuguesa
O Santander está a sugerir aos seus clientes que, no actual contexto de turbulência no mercado de crédito, o investimento nas acções dos bancos portugueses é mais seguro do que nos espanhóis. Em Portugal o Banco Espírito Santo é o “top-pick”, com um potencial de valorização de 20%.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
O Santander está a sugerir aos seus clientes que, no actual contexto de turbulência no mercado de crédito, o investimento nas acções dos bancos portugueses é mais seguro do que nos espanhóis. Em Portugal o Banco Espírito Santo é o "top-pick", com um potencial de valorização de 20%.
Num "research" de ontem sobre a banca ibérica, o Santander reviu em baixa as perspectivas de resultados para os bancos espanhóis, e diz que, "no actual ambiente de recuperação económica", os bancos portugueses apresentam-se como um "investimento alternativo mais seguro" do que as instituições espanholas.
A casa de investimento espanhol cita ainda os balanços agora menos alavancados dos bancos portugueses e também o bom momento económico dos países onde estes estão presentes, para classificar de mais seguro o investimento nas cotadas portuguesas.
"Apesar de podermos ver os bancos espanhóis e portugueses como ‘players’ muito diferentes, as discrepâncias não são assim tantas nas estratégias seguidas, mas mais no ambiente macroeconómico em que estão a operar", refere o "research" assinado pelos analistas Mariano Colmenar, Rui Pinto e Álvaro Serrano.
O Santander lembra que a contracção económica e a deterioração dos níveis de liquidez obrigaram os banco portugueses a atravessar uma fase de reestruturação que durou cinco anos e que foi marcada por uma deterioração dos activos e no crescimento das receitas. Ao invés, Espanha viveu um forte crescimento económico neste período, que levou os bancos espanhóis a "embarcarem em estratégias agressivas". "Nos próximos meses, se se verificar o cenário mais pessimista, os bancos espanhóis poderão passar pelos mesmos problemas que assolaram os bancos portugueses entre 2000 e 2005", refere o Santander.
Potencial de 20% para o BES
Em Portugal, o Santander reiniciou a cobertura dos dois maiores bancos cotados portugueses, destacando o BES como preferido. Ao banco de Ricardo Salgado o Santander atribuiu uma recomendação de "comprar", com um preço-alvo de 19,80 euros que representa um potencial de valorização de 20% face à cotação de fecho de terça-feira. Para o BCP a recomendação é de "manter", com o preço-alvo de 3,60 euros.
"Esperamos que a ‘performance’ das acções do BES, neste período de incerteza no mercado financeiro, reflictam os seus fortes fundamentais e o perfil de negócio relativamente seguro", diz o Santander, assinalando que o comportamento em bolsa do BCP "deve ser mais volátil e sujeito às potenciais revisões de resultados e especulações sobre fusões e aquisições.
O Santander acredita que o BES é a melhor aposta num cenário de recuperação económica, devido à sua exposição ao mercado empresarial. Estima que o banco liderado por Ricardo Salgado registe um crescimento médio anual de 20% nos lucros até 2010, com a rentabilidade dos capitais próprios a subir para 17% nessa altura, face 12% de 2005.
Num cenário de fusões e aquisições, o Santander avalia o BCP em 4 euros por acção, mas considera que o maior banco privado português "não é o veículo ideal para estar exposto aos bons fundamentais que a economia portuguesa apresenta".