A vitória da SIC no prime time
Enviado: 2/8/2011 21:00
A SIC conseguiu em Julho uma proeza que não registava desde Março de 2005, a vitória no mais importante período do dia, o prime time. De acordo com a Marktest, a estação de Carnaxide obteve em Julho 27,7% de quota de mercado entre as 20.00 e as 24.00, mais uma décima do que a TVI. O facto, oficial, carece de confirmação nos próximos meses, mas independentemente do que venha a acontecer, é um sinal claro da competitividade no audiovisual português, de que já tínhamos falado nesta coluna, e um prenúncio do que está a acontecer, apesar de os responsáveis da TVI insistirem no seu discurso vitorioso.
A liderança estrutural do prime time televisivo pertencia à TVI desde Outubro de 2000, quando a sua ficção começava a mostrar a sua força e, sobretudo, o pontapé de Marco Borges catapultava a primeira edição do “Big Brother” para o patamar cimeiro das preferências televisivas. De lá para cá, a SIC conseguiu combater essa hegemonia pontualmente, entre o fim de 2004 e o início de 2005, quando Manuel Fonseca transferiu uma bem sucedida novela do fim de tarde para o período nocturno. “Chocolate com Pimenta” permitiu então à estação recuperar o seu estado de graça no principal horário televisivo, entre as 20.00 e as 24.00, quando mais espectadores se concentram junto ao pequeno ecrã e que, por via disso, maior volume publicitário atrai.
O problema da SIC, nessa altura seguramente e não se sabe se agora também, é que não foi capaz de construir uma solução estruturada e consistente para combater o rolo compressor da TVI. Na altura, quando o chocolate se foi, as audiências amargaram. É esse o perigo actual. É que, apesar do esforço que o canal da Impresa tem vindo a fazer (incentivando a sua máquina produtiva de ficção e procurando formatos eficazes no ataque aos públicos), não tem ainda produto suficiente para produzir uma linha contínua vencedora.
O sucesso da dupla “Laços de Sangue”/”Peso Pesado”, apostas de Luís Marques e Nuno Santos (agora na Informação da RTP) precisa de sucessores. Mas neste momento ninguém sabe se “Rosa Fogo”, a próxima novela portuguesa de Carnaxide (desta vez sem a mão amiga da Globo) terá o mesmo poder de fogo que a actual. Por outro lado, “Peso Pesado” terminou domingo e a segunda edição só deverá voltar lá para Outubro.
A vantagem da TVI, mesmo que a sua ficção já tenha conhecido melhores dias, é uma década de avanço. Uma rotina criada no ciclo produtivo interno e na própria cabeça dos espectadores. Eles sabem que a seguir a uma estreia logo outra. E que um mês e meio depois já há outra a ser lançada.
Uma coisa, porém, é certa: há muitos anos que a SIC não acalentava, tão legitimamente, esperanças de chegar ao primeiro lugar. Nem é por si, uma vez que o seu day time continua longe de lhe oferecer de mão beijada a liderança absoluta. É mais pela contínua erosão da TVI, que no último ano e meio tem perdido terreno de forma contínua. Por estranho que pareça, é mesmo a TVI a estação que mais tem perdido para o cabo.
A manter-se a actual tendência, com as audiências da SIC estabilizadas (mal durante o dia mas bastante melhor à noite) e com a descida da TVI (perdeu 3,3 pontos no primeiro semestre), o escasso ponto que separou em Julho os dois canais pode ser facilmente revertível.
O mês de Agosto, porém, será adverso a Carnaxide. Com a Volta a Portugal na RTP1, a televisão pública recuperará os três pontos que perdeu nos últimos meses. Com o regresso do futebol nacional à TVI, a estação agora de Fragoso colocará um ponto (será final? Será parágrafo? Ou serão apenas umas reticências?) na queda recente.
Ou seja, o jogo ainda agora começou…
Director executivo da Notícias TV
Escreve às terça-feiras no Dinheiro Vivo
Abraço j.f.vieira
A liderança estrutural do prime time televisivo pertencia à TVI desde Outubro de 2000, quando a sua ficção começava a mostrar a sua força e, sobretudo, o pontapé de Marco Borges catapultava a primeira edição do “Big Brother” para o patamar cimeiro das preferências televisivas. De lá para cá, a SIC conseguiu combater essa hegemonia pontualmente, entre o fim de 2004 e o início de 2005, quando Manuel Fonseca transferiu uma bem sucedida novela do fim de tarde para o período nocturno. “Chocolate com Pimenta” permitiu então à estação recuperar o seu estado de graça no principal horário televisivo, entre as 20.00 e as 24.00, quando mais espectadores se concentram junto ao pequeno ecrã e que, por via disso, maior volume publicitário atrai.
O problema da SIC, nessa altura seguramente e não se sabe se agora também, é que não foi capaz de construir uma solução estruturada e consistente para combater o rolo compressor da TVI. Na altura, quando o chocolate se foi, as audiências amargaram. É esse o perigo actual. É que, apesar do esforço que o canal da Impresa tem vindo a fazer (incentivando a sua máquina produtiva de ficção e procurando formatos eficazes no ataque aos públicos), não tem ainda produto suficiente para produzir uma linha contínua vencedora.
O sucesso da dupla “Laços de Sangue”/”Peso Pesado”, apostas de Luís Marques e Nuno Santos (agora na Informação da RTP) precisa de sucessores. Mas neste momento ninguém sabe se “Rosa Fogo”, a próxima novela portuguesa de Carnaxide (desta vez sem a mão amiga da Globo) terá o mesmo poder de fogo que a actual. Por outro lado, “Peso Pesado” terminou domingo e a segunda edição só deverá voltar lá para Outubro.
A vantagem da TVI, mesmo que a sua ficção já tenha conhecido melhores dias, é uma década de avanço. Uma rotina criada no ciclo produtivo interno e na própria cabeça dos espectadores. Eles sabem que a seguir a uma estreia logo outra. E que um mês e meio depois já há outra a ser lançada.
Uma coisa, porém, é certa: há muitos anos que a SIC não acalentava, tão legitimamente, esperanças de chegar ao primeiro lugar. Nem é por si, uma vez que o seu day time continua longe de lhe oferecer de mão beijada a liderança absoluta. É mais pela contínua erosão da TVI, que no último ano e meio tem perdido terreno de forma contínua. Por estranho que pareça, é mesmo a TVI a estação que mais tem perdido para o cabo.
A manter-se a actual tendência, com as audiências da SIC estabilizadas (mal durante o dia mas bastante melhor à noite) e com a descida da TVI (perdeu 3,3 pontos no primeiro semestre), o escasso ponto que separou em Julho os dois canais pode ser facilmente revertível.
O mês de Agosto, porém, será adverso a Carnaxide. Com a Volta a Portugal na RTP1, a televisão pública recuperará os três pontos que perdeu nos últimos meses. Com o regresso do futebol nacional à TVI, a estação agora de Fragoso colocará um ponto (será final? Será parágrafo? Ou serão apenas umas reticências?) na queda recente.
Ou seja, o jogo ainda agora começou…
Director executivo da Notícias TV
Escreve às terça-feiras no Dinheiro Vivo
Abraço j.f.vieira