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Caldeirão da Bolsa

Off-topic: Honestidade?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Woodhare » 24/2/2010 19:25

abx Escreveu:
Tal como seria impensável num país católico proibir o Chefe de Estado de ser judeu, muçulmano ou hindu. Porém, na Inglaterra é proibido que ele seja católico. E quanto à proibição de fumar? Só podia ter origem em países protestantes e mesmo quando os países católicos pretendem imitar essa proibição (eles possuem essa tendência permanente para a imitação...) a experiência já demonstrou que falham invariavelmente. Como notou Chesterton, o protestantismo trata os homens como se fossem crianças. O catolicismo é a única tradição cristã que os trata como verdadeiros homens - isto é, como seres livres.





Ainda estou para ver um presidente preto em Portugal.

Fora isso tenho uma visão um pouco diferente da tua.

É curioso notar que as comunidades democráticas modernas não nasceram de todos os grupos protestantes mas dos grupos originados na Reforma Radical e na igreja presbiteriana. Exactamente porque a noção de igualdade e de uma lei que é para todos faz parte da cultura protestante na sua forma mais pura e é o resultado da interpretação dos evangelhos sem corruptelas.

A diferença entre o protestantismo e catolicismo é simples, no protestantismo existe uma verdade que é a da Bíblia, que é para todos, ninguém está acima dela e nenhuma autoridade lhe pode acrescentar nada, não há mais santos nem menos santos, mais chamados ou menos chamados por Deus, e cada um deve conhecer essa verdade e pensa pela sua cabeça. No catolicismo existe um grupo de pessoas que decidem o que é verdade na Bíblia e acrescentam coisas, e dão depois essa verdade a outras pessoas que são na prática seres acéfalos que têm de aceitar estas verdades porque não lhes compete pensar nesses assuntos ou interpretar a Bíblia.

A diferença em relação à justiça é que os protestantes seguem o ensinamento de são Paulo de que quem frequenta a igreja tem de ter um comportamento adequado ou é expulso. A igreja católica tolera tudo desde que se preste vassalagem à igreja.
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Honestidade????

por GodsDead_JNEG » 24/2/2010 19:23

A honestidade é um conceito que está EXTINTO!!!!

Não porque se levantaram valores maiores, mas por que se levantaram valores diferentes.

Quando um cidadão chega a um tribunal, acusado de um qualquer crime (grave ou menos grave) este é obrigado a responder com verdade em relação à sua identidade e em relação aos seus antecedentes criminais. Em relação a tudo o resto pode não responder ou responder de forma diferente tendo em vista o seu próprio interesse.

É aqui que a porca troce o rabo! Na verdade pode MENTIR, sem que daqui advenha qualquer penalização para si.
A jurisprudência diz que o cidadão não pode ser penalizado pela sua estratégia de defesa e que é seu direito defender-se como puder (mesmo mentindo).

E está tudo dito em relação à aceitação da honestidade como valor na nossa sociedade. Não tem preço... por não valer nada.

GodsDead
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Re: Cabe aqui uma explicac,ao (seeria):

por Elias » 24/2/2010 18:27

bboniek00 Escreveu: Quem nao gostar... poderaa ter que levar uns porradoes na cornea... nao me chateiem se faz favor. :evil:


ah bom, agora estou mais descansado! :lol:
 
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Cabe aqui uma explicac,ao (seeria):

por bboniek33 » 24/2/2010 18:25

Elias Escreveu:
bboniek00 Escreveu: Mas nao ! Desta vez em vez de uma valente cargada de porrada naquelas cornaduras, vem humildemente sugerir a Compreensao, a Fraternidade.

Tudo isto em nome da Liberdade ! 8-)


epá ó bboniek fiquei desiludido!

Estava à espera que viesses advogar uma carga de porrada no The Mechanic! :-k


A ninguem deve ter passado despercebida a ironia com que sempre invoquei o recurso a "cargadas de porrada" para resolver problemas. Mais a seerio, ainda !, existe por vezes esse desejo intimo, muitos de voos o deve sentir nao me restam duvidas. Isso ee fruto do estado de frustrac,ao que o "estado de coisas" neste Paiis nos conduz.
Mas eu nao sou apologista de tais medidas. Advogo o uso da forc,a proporcional em legitima defesa e quando nao nos restam alternativas.
Estou a falar a seerio (para variar... :wink: ).

Um abrac,o especial aos que souberam distinguir as minhas intervenc,oes sarcasticas.

Quem nao gostar... poderaa ter que levar uns porradoes na cornea... nao me chateiem se faz favor. :evil:
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Re: Soo visto !

por Elias » 24/2/2010 18:12

bboniek00 Escreveu: Mas nao ! Desta vez em vez de uma valente cargada de porrada naquelas cornaduras, vem humildemente sugerir a Compreensao, a Fraternidade.

Tudo isto em nome da Liberdade ! 8-)


epá ó bboniek fiquei desiludido!

Estava à espera que viesses advogar uma carga de porrada no The Mechanic! :-k
 
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Soo visto !

por bboniek33 » 24/2/2010 18:01

The Mechanic Escreveu:bboniek00
Mais parecidos entre si estao os catolicos, muc,ulmanos, judeus, hindus ou budistas que teem uma visao existencial, filosofica da Liberdade, sem deuses aa mistura.

Quando nos lembramos da Santa Inquisica,o encontramos no catolicismo tanto a censura ao Pensamento como o Proibicionismo na acc,ao.

Esses conceitos teem mais a ver com a forma com que escolhemos viver e deixar viver. Por isso se incluem ateus/agnoosticos como eu ao lado de religiosos de todas as confissoes na defesa do Direito ao livre-arbitrio, a Liberdade de expressao.

A religiao e os seus conceitos morais apenas trazem mais confusao aaquilo que soo a espeecie humana consegue confundir, quantas vezes em favor de interesses dubios.

A Liberdade nao tem Deus.


Ena ! Isto é uma mensagem do bboniek00 ??!

Espera...

Devido a dificuldades relacionadas com a actividade climatérica , esta mensagem do bboniek00 não esta completamente legivel, pelo que é de seguida, aplicado um tradutor automático de modo a clarificar a sua mensagem . O que o bboniek00 queria dizer realmente , era :

Isto resolvia-se era pregando uma carga de porrada nos honestos e nos desonestos pra aprenderem a , levar porrada . Todos esfregados com urtigas nas partes genitais e depois vir uma carga de cavalaria da GNR e varre-los todos com porrada de cacetetes . E os que se levantassem do chão, era dar-lhes uma carga de porrada .


Fica o esclarecimento , com base em escutas ao TM do bboniek00.


Um abraço ,

The Mechanic


Um cidadao, numa tentativa herculea de mudar o seu discurso, vem, em tom de extrema moderac,ao e refinado pensamento, sugerir uma separac,ao de aguas.

Vontade de invocar a lei do cacete, ai isso confessa ele (cidadao), a sentiu de forma profunda. Mas... reiterando a sua vontade de mudanc,a e apelo ao dialogo, dizia, em vez de sugerir uma cargada de porrada em protestantes e catolicos (soo se perdiam as que caissem no chao), optou pela via suave da discussao filosofica.

The Mechanic (flying one), vem tentar o pecador :wink:

Mas nao ! Desta vez em vez de uma valente cargada de porrada naquelas cornaduras, vem humildemente sugerir a Compreensao, a Fraternidade.

Tudo isto em nome da Liberdade ! 8-)
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por The Mechanic » 24/2/2010 17:23

bboniek00
Mais parecidos entre si estao os catolicos, muc,ulmanos, judeus, hindus ou budistas que teem uma visao existencial, filosofica da Liberdade, sem deuses aa mistura.

Quando nos lembramos da Santa Inquisica,o encontramos no catolicismo tanto a censura ao Pensamento como o Proibicionismo na acc,ao.

Esses conceitos teem mais a ver com a forma com que escolhemos viver e deixar viver. Por isso se incluem ateus/agnoosticos como eu ao lado de religiosos de todas as confissoes na defesa do Direito ao livre-arbitrio, a Liberdade de expressao.

A religiao e os seus conceitos morais apenas trazem mais confusao aaquilo que soo a espeecie humana consegue confundir, quantas vezes em favor de interesses dubios.

A Liberdade nao tem Deus.


Ena ! Isto é uma mensagem do bboniek00 ??!

Espera...

Devido a dificuldades relacionadas com a actividade climatérica , esta mensagem do bboniek00 não esta completamente legivel, pelo que é de seguida, aplicado um tradutor automático de modo a clarificar a sua mensagem . O que o bboniek00 queria dizer realmente , era :

Isto resolvia-se era pregando uma carga de porrada nos honestos e nos desonestos pra aprenderem a , levar porrada . Todos esfregados com urtigas nas partes genitais e depois vir uma carga de cavalaria da GNR e varre-los todos com porrada de cacetetes . E os que se levantassem do chão, era dar-lhes uma carga de porrada .


Fica o esclarecimento , com base em escutas ao TM do bboniek00.


Um abraço ,

The Mechanic
" Os que hesitam , são atropelados pela retaguarda" - Stendhal
"É óptimo não se exercer qualquer profissão, pois um homem livre não deve viver para servir outro "
- Aristoteles

http://theflyingmechanic.blogspot.com/
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Redutor.

por bboniek33 » 24/2/2010 17:03

abx Escreveu:Ao escrever o meu último post e ao meditar sobre o conceito católico de comunidade e como ele se ajusta em primeiro lugar à família, ocorreu-me voltar a uma antiga distinção que já tratei neste blogue - a distinção entre liberdade católica e liberdade protestante. A questão é tanto mais importante quanto é certo que o mito de que não existe liberdade nos países católicos foi criado pelos protestantes, e foram eles que contribuiram para substituir o conceito católico de liberdade pelo conceito protestante que hoje tende cada vez mais a prevalecer em Portugal.

Na altura enfatizei que a concepção católica de liberdade se traduz essencialmente numa liberdade de acção enquanto a concepção protestante é sobretudo uma liberdade de pensamento. Os católicos, dentro de certos limites que são muito amplos, podem fazer tudo aquilo que quiserem, desde que não digam certas coisas; os protestantes, dentro de limites que são também muito amplos, podem pensar tudo aquilo que quiserem, desde que não façam certas coisas. A censura é uma instituição tipicamente católica, mas o proibicionismo é uma instituição distintamente protestante.

Nunca ocorreria mesmo a um ditador católico proibir as pessoas de beber alcool, mas tal já ocorreu em democracias protestantes. Não ocorreria hoje em dia em nenhum país católico proibir as pessoas de beberem a partir da uma da manhã. Mas ocorre nos países protestantes. Tal como seria impensável num país católico proibir o Chefe de Estado de ser judeu, muçulmano ou hindu. Porém, na Inglaterra é proibido que ele seja católico. E quanto à proibição de fumar? Só podia ter origem em países protestantes e mesmo quando os países católicos pretendem imitar essa proibição (eles possuem essa tendência permanente para a imitação...) a experiência já demonstrou que falham invariavelmente. Como notou Chesterton, o protestantismo trata os homens como se fossem crianças. O catolicismo é a única tradição cristã que os trata como verdadeiros homens - isto é, como seres livres.

E a primeira experiência da liberdade católica ocorre precisamente no seio da família quando o jovem adulto se liberta dos pais. É nessa altura, quando ele adquiriu condições de maturidade e autonomia, que ele começa a ser verdadeiramente um homem livre. Mas será este jovem adulto livre de fazer ou dizer tudo aquilo que lhe dá na real gana, sem estar sujeito a censura ou mesmo a repreendimento? Por outras palavras, está a liberdade deste jovem adulto isenta de qualquer autoridade? Claro que não. Ele continua sujeito à autoridade dos pais, os quais se sentem sempre livres para lhe chamar a atenção, repreendê-lo, ou até castigá-lo. Essa autoridade deriva de terem sido os pais quem lhe concedeu a liberdade.

Portanto, na tradição católica um homem livre pode fazer tudo, fumar, beber, perder noites, falar o que quiser, e muito mais - mas pode fazer tudo dentro de certos limites, que são os limites impostos pela sua cultura (católica), tal como representada pela autoridade dos pais. Ele não pode embriagar-se ao ponto de se tornar um alcoólico, perder noites ao ponto de perder o emprego, fumar ao ponto de se suicidar, falar desbragadamente ao ponto de insultar. Isso ele não pode. Os pais não aprovariam. E foram eles que primeiro lhe deram a liberdade.

As funções de pai e mãe, ao contrário das de marido e esposa, são funções para a vida e chegará o momento em que os pais morrem. Será que o nosso jovem adulto, agora tornado um verdadeiro adulto, passa a ser absolutamente livre, sem que a sua liberdade seja tutelada por alguém? Nesta altura, muito provavelmente, este homem já estará a educar filhos para a liberdade e é nessa condição, quando ele já não pode recorrer aos pais, que ele vai sentir a presença de uma autoridade de um nível que é ainda superior ao dos pais.

Os pais, mais do que o capitão de um navio em mar de tormentas, são chamados, em certos momentos, a tomar decisões acerca da vida dos filhos que são decisões verdadeiramente dramáticas. Eles querem o melhor para o filho, mas não sabem se a decisão que tomaram acerca dele (pode ser a da orientação para a sua profissão, pode ser um castigo, pode ser reprovar um amigo ou um namorado, pode ser uma proibição, ou até um prémio, pode ser como tirá-lo da droga, ou forçá-lo a ser um bom estudante, pode ser em que hospital tratá-lo de uma doença grave, pode ser um milhão de muitas outras coisas diferentes) é a decisão certa. E, no entanto, eles terão de responder um dia por essa decisão, em primeiro lugar perante o filho. Porém, no momento da decisão, e para que a sua consciência fique limpa de que fizeram tudo e o melhor que podiam fazer na altura, quem os pode ajudar e perante quem vão eles, em última instância, responder?

A resposta é dada pelo capitão de Dostoevski n' O Possesso. Depois de assistir em silêncio a uma discussão de intelectuais que chegaram à conclusão de que Deus não existe, ele levantou-se, pegou no seu chapéu de marinheiro e despediu-se, não sem antes perguntar: "Mas se não existe Deus, como posso eu ser um capitão?".

É esta a concepção católica de liberdade. É uma liberdade tutelada pela autoridade, para que seja sempre uma liberdade orientada para o bem. Diferente é a concepção protestante. Esta é uma liberdade abstracta e de pensamento que, como tal, serve para tudo, para o bem e para o mal, e sendo uma liberdade sem autoridade, serve tantas vezes para o bem como para o mal. A melhor forma de ilustrar esta concepção de liberdade é a de invocar aquelas manifestações públicas, frequentes em Portugal após o 25 de Abril, em que todos gritam pela liberdade sem especificarem em que, e em que condições (se algumas), querem ser livres. Ou então através dos comportamentos daqueles que reivindicam esta forma de liberdade.

Recentemente, fui convidado para assistir a uma conferência da minha ex-colega de blogue Helena Matos sobre Liberdade de Expressão, num fórum onde eu próprio já fiz uma conferência sobre outro tema. Respondi assim ao convite:

Caro (...),

(...)
Quanto ao convite para ouvir a Helena Matos agradeço, mas declino. Escrevíamos os dois no Blasfémias. Até que ela, o CAA, o Gabriel e o JCD fizeram um ultimato aos restantes membros do blogue: se eu lá continuasse a escrever, eles abandonavam. Quando soube de tal coisa, saí eu. Mas, está a ver, ouvir a Helena Matos a falar de liberdade de expressão seria um bocado pesado. Ela é uma adepta da liberdade, desde que seja para ela em primeiro lugar.
Abraço.

P. Arroja

Esta é a concepção protestante de liberdade - uma liberdade abstracta que dá para tudo. Para se ser livre até para tirar a liberdade aos outros.

Pedro Arroja


Mais parecidos entre si estao os catolicos, muc,ulmanos, judeus, hindus ou budistas que teem uma visao existencial, filosofica da Liberdade, sem deuses aa mistura.

Quando nos lembramos da Santa Inquisica,o encontramos no catolicismo tanto a censura ao Pensamento como o Proibicionismo na acc,ao.

Esses conceitos teem mais a ver com a forma com que escolhemos viver e deixar viver. Por isso se incluem ateus/agnoosticos como eu ao lado de religiosos de todas as confissoes na defesa do Direito ao livre-arbitrio, a Liberdade de expressao.

A religiao e os seus conceitos morais apenas trazem mais confusao aaquilo que soo a espeecie humana consegue confundir, quantas vezes em favor de interesses dubios.

A Liberdade nao tem Deus.
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Admin: por favor apaguem este post !

por bboniek33 » 24/2/2010 17:01

sem texto
Editado pela última vez por bboniek33 em 24/2/2010 17:06, num total de 2 vezes.
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por Supermann » 24/2/2010 16:46

Para desanuviar :lol:



Aprendam com o Vale e Azevedo

O Vale e Azevedo vai a uma churrasqueira e pede ao empregado que embrulhe dois frangos.

Enquanto o empregado embrulha os frangos, repara numas belas codornizes e pergunta ao empregado se pode trocar os
2 frangos por 4 codornizes, ao qual o empregado responde que sim, claro.

Depois de embrulhadas as codornizes e entregues ao cliente, este vai-se embora, quando o empregado o interrompe:

- Desculpe mas o Sr. esqueceu-se de pagar as codornizes.

- Mas eu troquei-as pelos frangos! Disse Vale e Azevedo, indignado com o empregado.

- Mas também não pagou os frangos!

- Correcto, mas também não os levo...

(São muitos anos de advocacia).
 
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por abx » 24/2/2010 16:18

Ao escrever o meu último post e ao meditar sobre o conceito católico de comunidade e como ele se ajusta em primeiro lugar à família, ocorreu-me voltar a uma antiga distinção que já tratei neste blogue - a distinção entre liberdade católica e liberdade protestante. A questão é tanto mais importante quanto é certo que o mito de que não existe liberdade nos países católicos foi criado pelos protestantes, e foram eles que contribuiram para substituir o conceito católico de liberdade pelo conceito protestante que hoje tende cada vez mais a prevalecer em Portugal.

Na altura enfatizei que a concepção católica de liberdade se traduz essencialmente numa liberdade de acção enquanto a concepção protestante é sobretudo uma liberdade de pensamento. Os católicos, dentro de certos limites que são muito amplos, podem fazer tudo aquilo que quiserem, desde que não digam certas coisas; os protestantes, dentro de limites que são também muito amplos, podem pensar tudo aquilo que quiserem, desde que não façam certas coisas. A censura é uma instituição tipicamente católica, mas o proibicionismo é uma instituição distintamente protestante.

Nunca ocorreria mesmo a um ditador católico proibir as pessoas de beber alcool, mas tal já ocorreu em democracias protestantes. Não ocorreria hoje em dia em nenhum país católico proibir as pessoas de beberem a partir da uma da manhã. Mas ocorre nos países protestantes. Tal como seria impensável num país católico proibir o Chefe de Estado de ser judeu, muçulmano ou hindu. Porém, na Inglaterra é proibido que ele seja católico. E quanto à proibição de fumar? Só podia ter origem em países protestantes e mesmo quando os países católicos pretendem imitar essa proibição (eles possuem essa tendência permanente para a imitação...) a experiência já demonstrou que falham invariavelmente. Como notou Chesterton, o protestantismo trata os homens como se fossem crianças. O catolicismo é a única tradição cristã que os trata como verdadeiros homens - isto é, como seres livres.

E a primeira experiência da liberdade católica ocorre precisamente no seio da família quando o jovem adulto se liberta dos pais. É nessa altura, quando ele adquiriu condições de maturidade e autonomia, que ele começa a ser verdadeiramente um homem livre. Mas será este jovem adulto livre de fazer ou dizer tudo aquilo que lhe dá na real gana, sem estar sujeito a censura ou mesmo a repreendimento? Por outras palavras, está a liberdade deste jovem adulto isenta de qualquer autoridade? Claro que não. Ele continua sujeito à autoridade dos pais, os quais se sentem sempre livres para lhe chamar a atenção, repreendê-lo, ou até castigá-lo. Essa autoridade deriva de terem sido os pais quem lhe concedeu a liberdade.

Portanto, na tradição católica um homem livre pode fazer tudo, fumar, beber, perder noites, falar o que quiser, e muito mais - mas pode fazer tudo dentro de certos limites, que são os limites impostos pela sua cultura (católica), tal como representada pela autoridade dos pais. Ele não pode embriagar-se ao ponto de se tornar um alcoólico, perder noites ao ponto de perder o emprego, fumar ao ponto de se suicidar, falar desbragadamente ao ponto de insultar. Isso ele não pode. Os pais não aprovariam. E foram eles que primeiro lhe deram a liberdade.

As funções de pai e mãe, ao contrário das de marido e esposa, são funções para a vida e chegará o momento em que os pais morrem. Será que o nosso jovem adulto, agora tornado um verdadeiro adulto, passa a ser absolutamente livre, sem que a sua liberdade seja tutelada por alguém? Nesta altura, muito provavelmente, este homem já estará a educar filhos para a liberdade e é nessa condição, quando ele já não pode recorrer aos pais, que ele vai sentir a presença de uma autoridade de um nível que é ainda superior ao dos pais.

Os pais, mais do que o capitão de um navio em mar de tormentas, são chamados, em certos momentos, a tomar decisões acerca da vida dos filhos que são decisões verdadeiramente dramáticas. Eles querem o melhor para o filho, mas não sabem se a decisão que tomaram acerca dele (pode ser a da orientação para a sua profissão, pode ser um castigo, pode ser reprovar um amigo ou um namorado, pode ser uma proibição, ou até um prémio, pode ser como tirá-lo da droga, ou forçá-lo a ser um bom estudante, pode ser em que hospital tratá-lo de uma doença grave, pode ser um milhão de muitas outras coisas diferentes) é a decisão certa. E, no entanto, eles terão de responder um dia por essa decisão, em primeiro lugar perante o filho. Porém, no momento da decisão, e para que a sua consciência fique limpa de que fizeram tudo e o melhor que podiam fazer na altura, quem os pode ajudar e perante quem vão eles, em última instância, responder?

A resposta é dada pelo capitão de Dostoevski n' O Possesso. Depois de assistir em silêncio a uma discussão de intelectuais que chegaram à conclusão de que Deus não existe, ele levantou-se, pegou no seu chapéu de marinheiro e despediu-se, não sem antes perguntar: "Mas se não existe Deus, como posso eu ser um capitão?".

É esta a concepção católica de liberdade. É uma liberdade tutelada pela autoridade, para que seja sempre uma liberdade orientada para o bem. Diferente é a concepção protestante. Esta é uma liberdade abstracta e de pensamento que, como tal, serve para tudo, para o bem e para o mal, e sendo uma liberdade sem autoridade, serve tantas vezes para o bem como para o mal. A melhor forma de ilustrar esta concepção de liberdade é a de invocar aquelas manifestações públicas, frequentes em Portugal após o 25 de Abril, em que todos gritam pela liberdade sem especificarem em que, e em que condições (se algumas), querem ser livres. Ou então através dos comportamentos daqueles que reivindicam esta forma de liberdade.

Recentemente, fui convidado para assistir a uma conferência da minha ex-colega de blogue Helena Matos sobre Liberdade de Expressão, num fórum onde eu próprio já fiz uma conferência sobre outro tema. Respondi assim ao convite:

Caro (...),

(...)
Quanto ao convite para ouvir a Helena Matos agradeço, mas declino. Escrevíamos os dois no Blasfémias. Até que ela, o CAA, o Gabriel e o JCD fizeram um ultimato aos restantes membros do blogue: se eu lá continuasse a escrever, eles abandonavam. Quando soube de tal coisa, saí eu. Mas, está a ver, ouvir a Helena Matos a falar de liberdade de expressão seria um bocado pesado. Ela é uma adepta da liberdade, desde que seja para ela em primeiro lugar.
Abraço.

P. Arroja

Esta é a concepção protestante de liberdade - uma liberdade abstracta que dá para tudo. Para se ser livre até para tirar a liberdade aos outros.

Pedro Arroja
 
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por Elias » 24/2/2010 16:13

nunofaustino Escreveu:É isso que faz com que os projectos sejam entregues 2 segundos antes do prazo e feitos na véspera.


Nuno, não concordo totalmente com esta parte, ou melhor, não me parece que seja uma idiossincrasia tuga.

1 abraço,
Elias
 
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por nunofaustino » 24/2/2010 16:10

Pata-Hari Escreveu:Já agora, eu acho que nestes tópicos começo a soar como a puritana com pretenções a evangelizadora e juiza da moral de cada um. Queria só deixar claro que não sou santa, nadica de nada santa mas que me "faz espécie" o clima de impunidade (do qual eu também beneficio por vezes fazendo coisas que não deveria num "mundo normal" e que não faço mesmo quando estou noutros países) e, sobretudo, o modo como as pessoas consideram um direito adquirido quebrar todas as regras - ou seja, já nem se sabe fazer a diferença entre o bem e o mal e entre o cumprimento e a falta.


Chama-se a isso desenrascanso, uma das principais características dos Tugas e que, na mho, é o principal defeito. É isso que faz com que os projectos sejam entregues 2 segundos antes do prazo e feitos na véspera. É isso que faz com que se tente aproveitar todas as falhas na lei para adiar e fazer com que as multas prescrevam.

Jocas
Nuno
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
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por Elias » 24/2/2010 16:02

Inês de Medeiros deverá ter de pagar viagens a Paris
24 de Fevereiro de 2010
ionline.pt

Actriz eleita pelo PS pode não ser equiparada a deputada eleita pela Europa. Se assim for, terá de tirar dinheiro do bolso para ir ver os filhos

Inês de Medeiros, deputada socialista, pode vir a ser obrigada a pagar os bilhetes de avião para se deslocar ao fim-de- -semana a Paris, onde morava antes de ser eleita para o Parlamento e onde vivem os seus filhos. Isto acontece porque a maioria dos membros do conselho de administração da Assembleia da República mantém grandes resistências em equiparar a actriz eleita pelo PS no círculo de Lisboa a um deputado eleito pela Europa, soube o i. Os deputados eleitos pelo círculo da Europa têm direito a viagens semanais ao círculo eleitoral, enquanto os eleitos pelo círculo de fora da Europa podem ter acesso, se o desejarem, a duas viagens por mês.

A solução de transformar Inês de Medeiros numa deputada eleita pelo círculo da Europa para efeitos de pagamento de viagens foi proposta pelos serviços da Assembleia. No entanto, os deputados da oposição argumentam que a morada declarada para efeitos de candidatura nas legislativas foi a freguesia de Santa Catarina, em Lisboa. Que morada vale afinal? O PS defende que a morada fiscal - Inês Medeiros paga impostos em França - poderia ser a fórmula para proceder às ajudas de custo. Na última reunião, o socialista José Lello, que preside ao conselho de administração, argumentou que inviabilizar a deslocação semanal a Paris de Inês de Medeiros põe em causa a livre circulação dos cidadãos europeus. No entanto, outros argumentam com a abertura de um precedente: e se qualquer outro deputado eleito por um círculo nacional decidir ir viver para fora do país? Ou se a maioria dos deputados decidir fazê-lo? A Assembleia deve pagar todos os bilhetes das viagens de fim-de-semana?

Na impossibilidade de chegar a um consenso, o conselho de administração decidiu ganhar tempo e pedir aos serviços da Assembleia um estudo de direito comparado, para que os deputados saibam como são resolvidas situações idênticas noutros países.

O que Inês de Medeiros requer ao Parlamento é o pagamento de uma viagem semanal a Paris em classe executiva e ajudas de custo relativas aos 25 quilómetros de distância entre a sua casa e o aeroporto. Todos os deputados beneficiam de ajudas de custo referentes às viagens que fazem entre o Parlamento e a sua residência. O valor do quilómetro é o que está em vigor para todos os trabalhadores da função pública: 40 cêntimos. Naturalmente, um deputado residente em Bragança tem ajudas de custo mais elevadas que um deputado residente em Santarém. Se o deputado não for eleito pelo seu círculo de residência, tem direito suplementar a duas viagens quinzenais para se deslocar ao círculo.

A próxima reunião do conselho de administração da Assembleia está marcada para a semana que vem. Só então os deputados vão ser obrigados a dar o seu parecer sobre o caso Inês de Medeiros. No entanto, a última palavra cabe ao presidente da Assembleia da República. Não se sabe o que Jaime Gama decidirá sobre este caso, mas conhece--se o que já decidiu, logo no início da legislatura: acabar com a possibilidade de os deputados desdobrarem bilhetes de avião, fazendo-se acompanhar dos cônjuges em viagens parlamentares. Todos os deputados têm direito a viagens em classe executiva, mas estava no regulamento que poderiam, com o valor correspondente ao seu bilhete em executiva, comprar dois em classe económica. Isto deixou de acontecer desde o final de 2009.
 
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por Woodhare » 17/8/2008 16:12

Pata-Hari Escreveu:Já agora, eu acho que nestes tópicos começo a soar como a puritana com pretenções a evangelizadora e juiza da moral de cada um. Queria só deixar claro que não sou santa, nadica de nada santa mas que me "faz espécie" o clima de impunidade (do qual eu também beneficio por vezes fazendo coisas que não deveria num "mundo normal" e que não faço mesmo quando estou noutros países) e, sobretudo, o modo como as pessoas consideram um direito adquirido quebrar todas as regras - ou seja, já nem se sabe fazer a diferença entre o bem e o mal e entre o cumprimento e a falta.



Pata-Hari de certa forma concordo contigo. A mim também sempre me irritou a cultura de as coisas são assim, assim, e assim e toda gente diz que sim, mesmo que seja um exagero e muitos não concordem, mas depois parece que existe aquele conhecimento secreto de que aquelas regras eram todas para quebrar e as coisas não são para fazer daquela maneira.

Em relação à difernça entre o bem e o mal isso é outra questão e eu vou deixar aqui dois exemplos:

-O químico indiano noticiado há uns tempos no Jornal de Negócios que copiou fórmulas químicas de medicamentos, fabricou e os vendeu a pessoas pobres que não os poderiam comprar de outra forma, e que foi protegido pelo governo indiano das leis internacionais.

-Um caso que li em que se mostrava a importância dos bairros-de-lata no desenvolvimentop económico. Um senhor que morava numa favela do Rio de Janeiro, por não pagar habitação pôde abrir um negócio próprio e pagar aos dois filhos educação num bom Colégio particular.

Embora estes comportamentos sejam fora da lei, eu não os consigo condenar, talvez tenha perdido o discernimento entre o bem e o mal, ou talvez nunca o tenha tido, mas simplesmente não consigo condenar estas pessoas assim como não consigo condenar o Henry Thoreau quando se recusou a pagar um imposto para financiar a guerra com o México que lhe valeu a prisão e esta citação no livro Civil Disobedience: "Under a government which imprisons any unjustly, the true place for a just man is also a prison."
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desassossego

por Clinico » 17/8/2008 15:19

:lol: Minha Querida Pata, nada disso está em causa aqui :lol:
Quem não pisou o risco ainda que atire a primeira pedra...
Estamos só a falar de grandes deshonestidades, imoralidades, crimes, perante os quais, somos sim, uns santos! :lol: :lol:
Bjocas
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por Pata-Hari » 17/8/2008 15:12

Já agora, eu acho que nestes tópicos começo a soar como a puritana com pretenções a evangelizadora e juiza da moral de cada um. Queria só deixar claro que não sou santa, nadica de nada santa mas que me "faz espécie" o clima de impunidade (do qual eu também beneficio por vezes fazendo coisas que não deveria num "mundo normal" e que não faço mesmo quando estou noutros países) e, sobretudo, o modo como as pessoas consideram um direito adquirido quebrar todas as regras - ou seja, já nem se sabe fazer a diferença entre o bem e o mal e entre o cumprimento e a falta.
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Desassossego

por Clinico » 17/8/2008 15:01

Minha Querida Pata, a pergunta do que teria acontecido á gestão do Bcp se tivesse ocorrido nos EUA, a resposta é simples: a quase perpétua SE foram considerados culpados.

Mas num país em que o máximo de pena são 25 anos, aumentados dos 20 anos recentemente, está tudo dito!
Num país em que está tudo cá fora com apresentações periódicas á polícia até julgamento, por razões de economia de Estado, está tudo dito!
Num país que consegue ser gozado pelo Vale e Azevedo e companhias, está tudo dito!
O caso da Maddie é outro que tal. Cá para mim, os pais sabem MUITO bem o que se passou e há tantos buracos neste caso, que só uma justiça como a nossa deixa passar impune um caso destes, porque não há cadáver...
Os mafiosos nos EUA tambem nunca eram condenados porque nunca havia cadáveres, e quando os havia, ninguem sabia de nada, nem como o cadáver foi ali parar...

O pequeno crime que sempre tivemos e cujos assassínios se limitavam, a maioria das vezes a crimes passionais, já passou á história e a nosso sistema de justiça nem se actualizou (ao contrário - atrasou) nem se tornou mais eficaz.

E de tal forma, que ainda há crimes para os quais a justiça NÃO consegue responder: É o caso recente daquele tipo que mandou matar a mulher e que foi denunciado por um dos contratados, e que não lhe aconteceu nada porque não houve tentativa de assassíno sequer!Se fosse nos EUA, aonde estaria esse indivíduo...

Enfim, há certamente um longo caminho a percorrer mas é preciso a coragem política para o fazer e não é com estes que cá estão que vamos a algum lado no que se refere á justiça.

Abraços
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por Woodhare » 17/8/2008 14:48

Agora tenho a sensação que nos EUA não há é a cultura de criar regras que não são para cumprir por isso também são mais cuidadosos a legislar penso eu. E nós ficamos espantados porque não aceitam o protocolo de Quioto e outras coisas, pelo simples facto de que se for para a frente é para pôr em prática.
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por Woodhare » 17/8/2008 14:43

Já agora lembro que um dos grandes heróis Anglo-Saxónicos se chamava Robin Hood, e que a própria cultura americana presta culto a grandes bandidos e pessoas que operam à margem da lei ou que fazem justiça pelas próprias mãos, veja-se o caso dos super-heróis.
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por Woodhare » 17/8/2008 14:40

Também tenho a sensação que a justiça é mais rápida e eficaz nos EUA do que em Portugal, e tem mão mais pesada.

Também é uma cultura direccionada para o confronto bem/mal.

Em relação às fugas ao fisco que discutimos noutro tópico, eu não concordo que se fuja ao fisco, mas há situações em que essas coisas não são tão lineares e em
que eu não acho assim tão reprováveis até pelo contrário, mas não vale a pena explicar.
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por pinto80 » 17/8/2008 13:01

Esta falat de honestidade é um dos pontos fracos da sociedade portuguesa.

Concordo claramente com o Pata - Hari. É necessário desmontar este cliema de impunidade na nossa sociedade. É frustante ver o crime a ser constantemente benificiado em relação á honestidade e à verdade.

Não raras vezes, mesmo, e principalmente, na justiça o crime costuma a compensar. Este tipo de atitude, enraizada na nossa sociedade, só o deixará de ser, a partir do momento em que pessoas tenham noção de que o crime não compensa. Penas mais graves para os infractores precisam-se.

A honestidade e a verdade deve ser valorizada. Ao contrário e desonestidade e a mentira deve ser punida.
 
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por Pata-Hari » 17/8/2008 12:16

Mas o tamanho das burlas não será exactamente ao tamanho em que o crime pode compensar? cá, todo e qualquer crime compensa porque o rácio risco/beneficio é favorável. Nos estados unidos o rácio não é tão favorável e só compensa para enormes burlas! isto parece ridiculo mas é verdade. Do mesmo modo, o risco é maior nos estados unidos porque o sistema legal também funciona. Na tua opinião, o que teria acontecido aos gestores do BCP tivesse o escandalo BCP acontecido nos estados unidos? aliás, ter-se-ia arrastado tanto tempo?
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honestidade e honra

por Clinico » 17/8/2008 11:52

É curioso este tema que daria pano para mangas.

Uma coisa é o conceito e aceitação da honestidade, honra etc pela sociedade, que varia consoante as tradições e costumes geográficos e históricos dessas próprias sociedades.

A outra coisa é o que se practica nessas sociedades.
As infracções a esses conceitos são iguais em todas elas conforme há ou não oportunidade. E isso vai desde a cópia de exames, ás escapadelas ao casamento, ás burlas económicas, corrupção etc.

Os EUA são um país de contrastes, muita moral, muita moral, mas as paródias fora do moral são tão excessivas como a "quantidade de moral" imposta pela sociedade.

Vamos recuar. No "meu tempo" de Rock 'n Roll, não era visto lá nos EUA como uma sub cultura imoral associada aos negros numa época de racismo e não foram partidos discos em público, banidos concertos, cargas de polícias etc etc etc? Não se dizia, nessen tempo, que o abanar do corpo ao ritmo do Rock era obra do demónio?
As maiores burlas económicas (casos recentes) não foram feita nos EUA, com tanta moral, tanta moral?
Não tivemos já a conversar sobre as escapadelas dos Presidentes dos EUA ao longo da História? e falamos de "meninos bonitos" que não copiam em exames?? areia para os olhos!!!

Quanto ao Vale e Azevedo, deve ficar na história como o maior burlão português a seguir ao Alves dos Reis. E no momento em que aldrabar os ingleses, vem recambiado para cá a toda a força...
E isto para não falar no "nosso" major Valentim Loureiro e outros que tais.

Conclusão? enquanto houver regras impostas pela sociedade, haverá sempre quem as quebre, não tivessemos nós, na nossa juventude, sido rebeldes de uma forma ou outra, apesar de parecer-mos "anjinhos" comparados com os rebeldes de hoje.
Mas , claro, rebelde não é sinónimo de deshonesto.

Abraço
Clinico
 
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por Pata-Hari » 17/8/2008 10:35

Esta até a mim me dá vontade de rir pelo rídiculo da situação. O nosso sistema está de tal modo pervertido que até nos jornais as nossas figuras públicas se dão ao luxo de falar nas ilegalidades que cometem:


Empresa nega participação do advogado
Vale engana autoridades inglesas
Quando apregoa 18 milhões de euros em activos patrimoniais e 1,8 milhões nos lucros de 2006 da sua sociedade britânica ‘V&A Capital Limited’, no relatório e contas a que o CM teve acesso, Vale e Azevedo engana o registo comercial inglês. Anuncia que a empresa é detentora de 55 por cento da Companhia Portuguesa de Amidos S.A. (COPAM), mas esta já descobriu e esclarece que é tudo falso.


O jornal 'Correio da Manhã' revela tudo na sua edição de hoje
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