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Caldeirão da Bolsa

Ouro, mercados, Bear market e recuperação americana....será?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Amigo jas...

por Scubawarrior » 3/12/2003 18:37

....tenho um grande respeito pelos seus bigodes brancos. Mas conceito de productividade existe desde que existe actividade económica. O próprio homo sapiens já tinha percebido que se produzisse e caçasse menos do que comia , a certa altura morria. Aí nasce esse conceito. Quanto a estatisticas devia informar-se melhor, pois há pelo menos 500 anos que atravéz de cabazes de preços e da sua evolução que se podem medir várias presupostos macroeconomicos, embora só há cerca de 300 anos as compilações de ciência economico financeira começaram a ser mais rigorosas.

Os primeiros mercados derivados nasceram no japão em 1600, e a primeira grande mania está documentada, foi na holanda onde as pessoas vendiam a própria habitação para comparem bolbos de túlipas. E há bons registos desse bull-bolha! Pois estudar o passado ajuda-nos a compreender o futuro, embora esse estudo falte as novas variantes trazidas pela evolução humana em que eu continuo tb a acreditar. Daí a incerteza sempre presente em relação ao futuro.

terminando como começei, tenho um grande respeito pelos seus bigodes brancos, e por isso admito que a sua análise simplista esteja mais correcta do que a minha económico-estatística.


abraço
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Crédito e Produtividade

por JAS » 3/12/2003 15:36

Scubawarrior Escreveu:É que JAS, o que cresceu foi o crédito e não a productividade. Essa crtesceu 50% em 20 anos se tanto, o crédito aumentou 20 000%

Eu estava a falar de há 30 anos e continuo nessa referência para facilitar.
Não sei se sabes mas o conceito de productividade e a sua medida nasceu há pouco mais do que isso...
Portanto se ela nem sequer era medida é difícil avaliarmos quanto aumentou...
(mas tu estarás a falar da produção/cabeça...)
O crédito até pode ter aumentado infinitamente que o número em % não quer dizer nada. Se tivermos uma sociedade em que há 30 anos não concediam crédito a ninguém e hoje concedem 1 USD por cabeça isso quer dizer que terá aumentado "infinitos por cento" mas daí, só por si, não advém nenhum mal.

Scubawarrior Escreveu:Ninguém consegue gastar mais do que ganha para sempre! e o diferencial de preços está precisamente no aumento do crédito e na facilidade na consessão do mesmo.

"Gastar mais do que se ganha" é um problema e sempre o foi. Mas sempre houve quem conseguisse isso e sempre houve falências...
Mas o aumento do crédito não significa necessáriamente que se esteja a gastar mais do que se ganha.
Quando um cidadão passa a utilizar o Cartão de Crédito em vez dos cheques ele pode estar a ter exactamente os mesmos gastos e a ter o mesmo dinheiro no banco. Só está a diferir o pagamento... Mas estará a contribuir para as estatísticas a que dás importância e a aumentar a % do crédito concedido.
Qual é o problema? Nenhum.

Mas passemos às empresas e, a título de exemplo, o caso do nosso País em que o Estado deve milhões e milhões de contos a empresas. As empresas que não recebem recorrem ao Crédito e contribuem para as estatísticas.
Qual é o problema? Nenhum. Estarem a dever a Bancos o mesmo que o Estado lhes deve não significa que estejam mal.

Mas nem tudo é um mar de rosas e as estatísticas são aparentemente mais importantes quando falamos em termos de países. Aí nota-se mais a situação de deficit.
Mas mesmo nos países isso acontece muitas vezes por causa da lei do mais forte. Os países pobres serão cada vez mais pobres e com maior deficit porque os países ricos lhes pagam as matérias primas a metade do preço e lhes vendem os productos manufacturados ao dobro do preço... Será matematicamente impossivel equilibrarem o deficit com aumento de produtividade.
E continuarão a contribuir para a estatística.
Dantes também era assim mas não havia estatística...

Um abraço,
JAS
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por Scubawarrior » 3/12/2003 14:04

Quero te dizer jas que acrescento estes argumentos á causa Bear

"- A população mundial era metade da actual. Para uma dívida per capita igual isso significa que terá duplicado em termos de volume total.
- Não havia cartões de crédito. O somatório dos extractos, que também não havia, era zero. Hoje é infinitamente maior.
- As reservas dos bancos eram essencialmente em ouro e muitas famílias amealhavam libras de ouro. Hoje o ouro põe-se ao pescoço, em geral é falso, e compra-se a crédito com o cartão...
- Não havia computadores e estavam a aparecer as calculadoras programáveis. Todos os movimentos bancários eram processados manualmente. Só por aqui pode-se perceber que um pedido de crédito demorava meses a ser concedido e que o crédito era difícil.
- Automóveis já havia. Um mini, novinho em folha, custava 54 contos. Quem recorresse ao crédito ficaria a dever 54 contos. Hoje para a mesma operação ficaria a dever 3000c ou seja 55 vezes mais.
- Um T1, por exemplo em Cascais, bem acabado e com uma explendida vista para o mar custava 400c. Hoje vende-se por 40.000c. Em termos de crédito são 100 vezes mais.
- Um café custava 1$00 e pagava-se com moeda. Hoje custa quase 200 e pode-se beber agora e pagar depois. "

É que JAS, o que cresceu foi o crédito e não a productividade. Essa crtesceu 50% em 20 anos se tanto, o crédito aumentou 20 000% entendes. è preciso um dia ajustar o crecimento real ao crédito, chama-se equilibrio natural, como em tudo na vida, sempre o foi e sempre o será. Ninguém consegue gastar mais do que ganha para sempre! e o diferencial de preços está precisamente no aumento do crédito e na facilidade na consessão do mesmo. Tal facto provoca inflação e a isso se chama derrapagem do crescimento. è que os 400 contos tinham mais valor do que os 40 000 agora. O facto de se associar a moeda e a impressão da mesma ao ouro, ligava o crescimento a riqueza. E a moeda reflectia a riuqeza de uma país e da sua economia. Hoje em dia a moeda americana não tem valor intriseco, antes a nota representava um crédito que podia ser reclamado junto do banco central.Agora nao vale nada, é apena um pouco de dívida que se tem nas mãos. E a moeda americana só é sustentada pela confiança que as pessoas teem na nota. O valor dela é nulo , não vale nada. prefiro ter ouro a guardado numa situação de crise financeira mundial do que 1 único dolar. A moeda deixou de estar ligada ao ouro e perdeu a ligação á productividade real de um País e á sua riqueza.

Quanto ao Ouro de acordo, é o que digo. Mas muitos poderão ser os cenários. Inclusive voltar a ser a principal referencia monetária internacional. veja-se o caminho do dolar. Se o japão e a china precisarem com urgência de dinheiro e despejarem 5% da dívida que compraram, o dolar, cái de imediato 10% ou mais.

abraço
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Crédito, Ouro e Etc

por JAS » 3/12/2003 13:38

Scubawarrior Escreveu:Este texto é de caracter especulativo, mas em rigor ninguém pode falar com muito mais rigor

O meu também será... Especular com a palavra alheia é a minha especialidade.

Scubawarrior Escreveu:Tal extênsão do movimento correctivo dos índices surpreendeu-me, mas penso ser inevitavel uma contração monetária á escala mundial, reflexo do excesso de crédito nos últimos 20 anos.

Muito se tem escrito relativamente ao "excesso de crédito actual" comparando-o com o que era há 20 ou mais anos atrás.
Toda a gente fala dos números sem atender a um facto igualmente importante: Como era o Mundo nessa época...

Por exemplo, fixemo-nos num passado relativamente recente de 30 anos e estaremos no princípio da década de 70.
- A população mundial era metade da actual. Para uma dívida per capita igual isso significa que terá duplicado em termos de volume total.
- Não havia cartões de crédito. O somatório dos extractos, que também não havia, era zero. Hoje é infinitamente maior.
- As reservas dos bancos eram essencialmente em ouro e muitas famílias amealhavam libras de ouro. Hoje o ouro põe-se ao pescoço, em geral é falso, e compra-se a crédito com o cartão...
- Não havia computadores e estavam a aparecer as calculadoras programáveis. Todos os movimentos bancários eram processados manualmente. Só por aqui pode-se perceber que um pedido de crédito demorava meses a ser concedido e que o crédito era difícil.
- Automóveis já havia. Um mini, novinho em folha, custava 54 contos. Quem recorresse ao crédito ficaria a dever 54 contos. Hoje para a mesma operação ficaria a dever 3000c ou seja 55 vezes mais.
- Um T1, por exemplo em Cascais, bem acabado e com uma explendida vista para o mar custava 400c. Hoje vende-se por 40.000c. Em termos de crédito são 100 vezes mais.
- Um café custava 1$00 e pagava-se com moeda. Hoje custa quase 200 e pode-se beber agora e pagar depois.

Portanto, amigo Scuba, só podemos comparar as coisas apenas se elas forem minimamente semelhantes...
O que é que nos interessa ir estudar se o número de dolares aumentou se, por exemplo, quisermos comparar os tempos actuais com o tempo dos romanos? Em Roma não havia dolares...

Scubawarrior Escreveu:Para o ouro também, pois dolares podem ser impressos ilimitadamente e o ouro não.

Esta do ouro ser escasso, e não poder aparecer mais, é o argumento habitual daqueles que andam neste mercado. É, aliás, a razão porque lá andam...

Abstraindo-me de falar nas imensas reservas de ouro que ainda existem em bancos (e que podem ser lançadas no mercado a qualquer momento) passemos ao caso das minas e da sua exploração.
Existe muito ouro enterrado sob a forma de minério. Em muitos casos até se sabe que existe, onde está e quanto custa extraí-lo.
Só que não vale a pena. Simplesmente porque não compensa com os preços actuais...
Mas se o ouro, eventualmente, subir esse ouro pode ser extraído e mais ouro aparecerá. Tanto quanto o mercado necessite...
As necessidades do mercado é que podem variar... Se actualmente já transaccionamos "ouro virtual" parece-me que nem para isso serve o "ouro real"...
Se até já deixou de ser usado ao pescoço, se as moedas já abandonaram o padrão-ouro, se as famílias dos países mais desenvolvidos já não o amealham, precisamos do ouro para quê? Para pouco.
É apenas por ser um metal dito precioso? Sob esse ponto de vista os perigos são grandes. Precioso provém do mito de ser raro e a platina é mais rara. E se, num amanhã muito próximo, descobrirmos um metal mais raro na Lua ou noutro planeta qualquer? Nessa altura a moda não mudará?

Um abraço,
JAS
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Bettoluci

por Scubawarrior » 3/12/2003 2:49

"Pelo que percebi responsabilizas o crescimento da economia americana baseado num aumento da massa monetária.."

não foi isso que escrevi, mas já agora completo de duas formas.

1ª- o crescimento americano presente é sustentado politicamente com guerras, e financeiramente com crecimento da dívida e tb com a tentativa de crecimento da massa monetária por essa via ajudando o défice que essas empreitadas fazem

2º- era bom que estudase o modelo enron, pois a econimia americana está a aproximar-se desse modelo. Productividade baseada no aumento exclusvo da dívida pública!


"Na minha opinião as dividas é que fazem girar a economia e a necessidade de trabalhar.... "

1º Pois vê lá como as coisas ficaram nos últimos 20 anos. Ás pessoas já adquiriram o conceito que dívida é sinal de produtividade. ora os anos noventa mostraram que tal não é verdade com a queda dos merados durante 3 anos destruinda uma peuqna parte das empresas dívida.


2º-è do crescimento da productividade que há crescimento económico, e a dívida devia ser uma ajuda ás ideias que gerem productividade. A dívida neste momento é um subsídio á incompetência na medida que permite que empresas mal geridas e improductivas continuem a laborar assim anos a fio, prejudicando as boas ideias e empresas productivas!


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Não concordo, mas respeito a tua decisão...

por bertoluci » 3/12/2003 2:35

Pelo que percebi responsabilizas o crescimento da economia americana baseado num aumento da massa monetária... quanto ao que sei não tenho visto dados sobre o indice de preços no consumidor que reflitam um aumento da massa monetária.
O crescimento explica-se fácilmente pelo crescimento da dívida publica... era melhor que assim não fosse.

Houve aumento da divida mas o seu efeito fez-se notar no crescimento económico, mau era se assim não fosse. ex: Portugal teve deficit e entrou em recessão...

um exemplo particular: Uma familia individada, trabalha mais ou menos? Na minha opinião as dividas é que fazem girar a economia e a necessidade de trabalhar....
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Não concordo, mas respeito a tua decisão...

por bertoluci » 3/12/2003 2:34

Pelo que percebi responsabilizas o crescimento da economia americana baseado num aumento da massa monetária... quanto ao que sei não tenho visto dados sobre o indice de preços no consumidor que reflitam um aumento da massa monetária.
O crescimento explica-se fácilmente pelo crescimento da dívida publica... era melhor que assim não fosse.

Houve aumento da divida mas o seu efeito fez-se notar no crescimento económico, mau era se assim não fosse. ex: Portugal teve deficit e entrou em recessão...

um exemplo particular: Uma familia individada, trabalha mais ou menos? Na minha opinião as dividas é que fazem girar a economia e a necessidade de trabalhar....
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Ouro, mercados, Bear market e recuperação americana....será?

por Scubawarrior » 3/12/2003 2:12

Digo que não tenho estado caladito sobre o ouro nem agora, nem nos últimos 16 meses e tenho falado disso desde o primeiro dia que aqui escrevi neste forum como pode ser facilmente comprovado.

É também do conhecimento público o que penso sobre este movimento dos mercados nos últimos 12 meses não é mais do que um bear market rally e mantenho. Tal extênsão do movimento correctivo dos índices surpreendeu-me, mas penso ser inevitavel uma contração monetária á escala mundial, reflexo do excesso de crédito nos últimos 20 anos. O distanciamento actual da economia real e da economia derivada do crédito esta em niveis sem precedentes na historia economica moderna e antiga. O próprio movimento político dos americanos no mundo vem reflectido em manuais de relações internacionais(substituindo américa por outros impérios hegemonicos) como exemplo actual de overexpansion, e terminará como todos os que cairam nesses erro. ex: Romanos,napoleao, hitler.

Este texto é de caracter especulativo, mas em rigor ninguém pode falar com muito mais rigor, desculpem a imodestia e retundancia. Mas os dados macroeconomicos que reflectem a fraqueza economica americana(niveis de dívida publica e privada, níveis de poupança do consumidor, défice orçamental, défice externo, montante de dívida pública....and so on, and so on.) não tem precedentes, esta é a realidade que ninguém pode negar.

Estou Bear há 30 meses, quero com isto apenas dizer que acho que a têndencia de longo prazo continua a ser de descida dos mercados.

A situação do japão(o perigo de default não desvaneceu.) vai ser em minha opinião a causa de grandes mudanças no meio economico-financeiro. A tentativa de salvar a economia americana á imagem da situação 29/32 recorendo á expansão monetária através da maquina de imprimir, resolve á primeira vista o problema do défice orçamental e do esgotamento da procura de dívida americana pelos mercados internacionais já por ela inundados(japao e china principalmente nos últimos anos). Resolve também em parte o problema da competitividade da indústria americana, e contém a queda dos preços no curto prazo.

Mas em última análise tal política financeira resultará em níveis de inflação galopante, que só poderá ser conrolada com subidas agresivas dos juros num ambiente inundado em dívida pública e privada.

Este cenário não é uma certeza mas sim uma teoria.Em tempo pensei que a recessão pode ser deflacionária. Mas a explosão constante da liquidez no sistema americano já resultou em inflação no mercado financeiro, imobiliário. Ora se começar a haver muitos mais dollares para uma mesma economia a certa altura a massa, e o arroz par aserem comprados vao ser precisos mais dolares. Para o ouro também, pois dolares podem ser impressos ilimitadamente e o ouro não.

Os movimentos de preços hoje em dia das matérias primas obedecem ás variantes dos mecados globais e portanto a oferta e procura do mesmo vão ser importantes na determinação do seu preço. Pelo que se vingar o cenário de contração monetária explosiva, o ouro também não resistirá.

É a minha humilde opinião,estando provavelmente errada, espero. Pois para a minha felicidade quero riqueza para o mundo e não as trevas que estes cenários nos lançaria durante algum tempo.


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