Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Por favor leiam: Começou o ataque a Portugal e à Grécia

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por kuby » 28/10/2011 12:11

Bom dia

Deixo aqui uma passagem do relatório de análise mensal do Banco BPI sobre Mercados Finaceiros que me parece realmente resumir que, usando também uma expressão do mesmo relatório, existe no mercado uma "Esquizofrenia" global:
http://www.bpiinvestimentos.pt/Storage/ ... 8EB237F5CF

Cumps

Kuby
Anexos
BPI Out 2011.JPG
BPI Out 2011.JPG (167.99 KiB) Visualizado 2314 vezes
 
Mensagens: 367
Registado: 29/11/2007 9:35
Localização: 16

Josytoc

por Josytoc » 27/10/2011 22:34

Um incumprimento ainda que desornedado nuca é completo ou seja a figura de que se deixa de pagar e os credores nada recebem é apenas uma ficção.

As estatisticas factuais dos casos de incumprimento mostram que em média são recuperáveis 40% dos créditos.

Para quem descontava um incumprimento total e portanto da grandeza de 40% o acordo de ontem permitiu a expectativa uma recuperação adicional de 10%.

Deixo apenas uma pergunta para cada um refletir é usual os traders profissionais dizerem que este ou aquele instrumento financeiro é pernicioso?
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 251
Registado: 15/9/2011 3:42
Localização: 17

por assunoadr » 27/10/2011 22:23

Uma coisa é reestruturação da dívida com alargamento do prazo por ter sido fixado de forma irrealista e outra coisa muito diferente é o perdão da dívida que pode ser considerado incumprimento.

No caso português, sou da opinião que estamos a ir exactamente pelo mesmo caminho da Grécia.

Cumprimentos,
 
Mensagens: 707
Registado: 29/11/2007 2:08
Localização: Damaia

K.

por El junior » 27/10/2011 21:50

Excelente análise e visão económica. Obrigado K.
 
Mensagens: 44
Registado: 18/10/2010 23:30

por crg » 25/10/2011 18:08

PT_Trader Escreveu:
Euro
Teixeira dos Santos a favor da reestruturação das dívidas de alguns países
25.10.2011 - 17:42 Por Lusa, PÚBLICO

http://economia.publico.pt/Noticia/teix ... es-1518184


Este senhor, deu provas recentes e claras do "expert" que é. Parece que agora deu em mandar postas de pescada. Só pode ter pouca vergonha..., será que não tem um espelho para se ver?

Abraços.
“A elevação dos pensamentos denuncia a nobreza dos sentimentos.”
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 486
Registado: 29/11/2007 2:45
Localização: Latitude: 40,32º / Longitude: -7,16º

por PT_Trader » 25/10/2011 17:58

Euro
Teixeira dos Santos a favor da reestruturação das dívidas de alguns países
25.10.2011 - 17:42 Por Lusa, PÚBLICO

http://economia.publico.pt/Noticia/teix ... es-1518184
 
Mensagens: 1191
Registado: 20/6/2011 21:48
Localização: 16

por PT_Trader » 25/10/2011 15:01

Bancos: Perdoar metade da dívida da Grécia arrisca ser considerado "incumprimento"
25 Outubro 2011 | 10:33
Eva Gaspar - egaspar@negocios.pt

Perdoar metade ou até mais da dívida grega dificilmente não será considerado "incumprimento", sobretudo se esse perdão for imposto e não negociado, avisa o representante da banca credora da Grécia.

Charles Dallara, director do Instituto Financeiro Internacional e interlocutor da banca nas negociações que estão em curso com vista à redução da dívida grega, avisou ontem à noite que há limites "para o que pode ser considerado voluntário".

Reagindo à proposta dos governos europeus, que no seguimento da pressão da Alemanha querem que as instituições financeiras privadas aceitem renunciar a 60% dos créditos concedidos à Grécia, Dallara alertou para o método de negociação e para os limites que podem ser aceites pela banca sem desencadear um evento de crédito.

"Qualquer abordagem que não assente em discussões num espírito de colaboração e que envolva iniciativas unilaterais equivalerá a um incumprimento", alertou, citado pela agência Bloomberg.

Nos cálculos dos financiadores internacionais da Grécia – União Europeia e Fundo Monetário Internacional – na ausência de um perdão considerável, a espiral da dívida pública continuará a agravar-se até ao equivalente a 186% do PIB em 2013, baixando para 130% apenas em 2030.

Os parceiros do euro, em especial da Alemanha, têm condicionado a segunda ajuda à Grécia (mais 109 mil milhões de euros) a um envolvimento considerável dos privados. Esse envolvimento começou por ser calculado, em Julho, em 21%. Os bancos perderiam assim um quinto do valor emprestado ao país para garantir condições para que a Grecia possa pagar o restante, evitando um incumprimento total.

Ou os bancos perdem mais, ou Estados terão de abrir mais os cordões à bolsa

A acelerada degradação das condições financeiras gregas tornou, entretanto, estes números obsoletos: ou a ajuda “oficial” é aumentada, ou as perdas dos privados têm de ser alargadas. Berlim quer cortes de 60% assumidos pelos bancos (e respectivos accionistas) para não mexer no valor do novo pacote da ajuda dos Estados em que, no fim da linha, estão os contribuintes – em particular os alemães, dado que é a Alemanha a maior accionista do fundo europeu que ficará encarregue de financiar o essencial do empréstimo à Grécia.

Os Governos querem no entanto evitar que a renegociação da dívida grega seja interpretada como uma imposição, desejando que ela seja considerada como um gesto "voluntário" da banca, para evitar que as agências de "rating" declarem tratar-se de um incumprimento (default) grave.

Esse cenário pode gerar consequências ainda mais dramáticas para o país e abrir um precedente perigoso para Portugal e Irlanda, que poderão ser encarados como os próximos a entrar em "default" e ver os respectivos "ratings" ainda mais esmagados, deixando a banca sem activos com o mínimo de "qualidade" para serem trocados por liquidez no Banco Central Europeu (BCE).

Um incumprimento grego promete também produzir impactos relevantes na banca norte-americana, que vendeu o essencial dos "seguros" (CDS) que podem agora ser reclamados pelos investidores, se o "default" grego for catalogado de "evento de crédito" pela ISDA, a associação internacional de instituições financeiras que negoceiam com derivados.
 
Mensagens: 1191
Registado: 20/6/2011 21:48
Localização: 16

por K. » 25/10/2011 14:53

Fui buscar este tópico devido às actuais pressões para "recapitalizar" a banca, obrigando-a a incorporar 40% de haircut na dívida. Se isto acontecer, a dívida aumenta em 14 mil milhões e fica bem para lá dos 100% do PIB, que é o "nível de solvência" dentro da UE, logo tem mesmo de ser reestruturada.

Caso a divida seja paga, os bancos não precisam de ser capitalizados.

Atenção, isto é um roubo a sério, espero que o Governo e os bancos se aguentem, mas as pressões vão ser BRUTAIS!

A Grécia já foi, vamos ver se nos aguentamos.

Fasten your seatbelts!
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

por Automech » 30/8/2011 16:01

Já o Fooman alertou para algo semelhante hoje, noutro tópico. Numa altura em que ninguém confia em ninguém, sejam bancos, agências de rating, auditores, supervisores bancários e até mesmo BCE, sabe-se lá que buracos escondem os balanços dos bancos.
No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9360
Registado: 4/6/2010 12:12
Localização: 16

por migluso » 30/8/2011 15:44

O organismo defende que o registo de imparidades com dívida grega tem sido feito de forma “inconsistente” e que alguns bancos deveriam ter reconhecido perdas maiores no momento em que apresentaram os resultados do segundo trimestre.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=503549

"No comment" (ver tabela)
http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/08 ... pariments/
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3146
Registado: 16/11/2009 18:45
Localização: Porto

por Trisquel » 20/7/2011 10:07

Qual o alvo que estes Sr.s tem como objectivo nos seus comentários!!!!!!!!!!!!!!! :twisted:



Carrilho: "É bom que se saiba que ainda não veio um tostão da Alemanha para nenhum país do Sul"
20 Julho 2011 | 09:40
Andreia Major - amajor@negocios.pt


Manuel Maria Carrilho, que apoia Seguro no PS, disse ontem na TVI24 que a Alemanha ainda não deu dinheiro aos países do sul da Europa, e que apenas o emprestou a juros muito elevados.
Carrilho salientou também que a Europa está na mão dos mercados e que do próximo Conselho Europeu tem que sair uma decisão política. “Está hoje nas mãos destes mercados, não há regras, não há normas, (...) a história mostra-nos que os colapsos acontecem assim”.

“É bom que se saiba que ainda não veio um tostão da Alemanha para nenhum país do Sul. Eles têm emprestado dinheiro e cobrado altos juros pelos empréstimos. Nós não recebemos, nem a Grécia, nem a Itália, um euro da Alemanha. É preciso esclarecer esta situação” lembrou ontem o socialista. no habitual comentário na TVI.

“António José Seguro vai ganhar, e vai à frente, sobretudo porque (...) demarcou-se com muita habilidade deste período socrático, deste período em que tudo se desconjuntou e não se soube responder à crise”, referiu Manuel Maria Carrilho, revelando o seu apoio a Seguro.
Cumpts.
Trisquel

A divindade, o princípio e o fim, a eterna evolução, o movimento, a vibração e a perpétua aprendizagem.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2190
Registado: 17/3/2009 11:05
Localização: Setúbal

por Automech » 22/6/2011 12:08

Eheheh, isto faz lembrar aquelas apólices multiriscos que têm roubo mas não têm furto e vice versa.
No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9360
Registado: 4/6/2010 12:12
Localização: 16

por migluso » 22/6/2011 11:34

But it is ISDA (and the wording of the CDS contract) that determines whether it is a credit event, which would trigger payment on the CDS contracts. Given that the existing maturities simply mature and the purchase of new bonds will be discretionary (there will not be a bond exchange binding all holders), it is our understanding that it would not be a credit event.


we have previously seen the ECB show substantial flexibility with its collateral rules.


...where there’s a eurozone will, there’s a eurozone way.


http://ftalphaville.ft.com/blog/2011/06 ... nk-doesnt/
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3146
Registado: 16/11/2009 18:45
Localização: Porto

por fooman » 22/6/2011 9:07

Só quero lembrar que o mercado dos CDSs é desregulamentado. O pagamento, ou não, vai ter que ser decidido em tribunal.

Podem não acreditar, mas quem decide se paga, ou não, os CDSs, é o vendedor e mais ninguém. Vai depender muito do contracto que foi feito entre as partes e posso já adiantar que maior parte dos contractos automáticos são tão ambíguos quanto àquilo que se designa por "Credit Event" que a maior parte dos bancos (que venderam os CDSs) vão, pura e simplesmente, negar-se a pagar.
 
Mensagens: 401
Registado: 29/11/2007 3:26

por Pata-Hari » 22/6/2011 7:21

Também, seria ridiculo não considerarem, por muito voluntária-à-força que seja.... chamem o que quiserem, reprofilling, reprograming, repayment, mas lá que é reestruturação, é.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por K. » 22/6/2011 5:35

Isto é o que eu receava, as agências de rating vão considerar Viena como um evento de crédito:

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=491705
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

por Ulrich » 20/6/2011 15:51

K. Escreveu:Finalmente vai ser necessário seguir a Inglaterra e os EUA e monetarizar a dívida. Repare-se que a monetarização é feita conjuntamente por todos os países com mais poder político e económico. Logo, na prática isto vai levar a um aumento dos custos de produção nos mercados emergentes, o que acabará por equilibrar a economia mundial e reduzir o potencial de crescimento da China. É um bom caminho, parece-me.

Mas há um problema muito maior na Alemanha, que é a responsável estrutural desta crise. Depois de manter uma balança comercial excedentária gigantesca com o resto da Europa durante anos, obrigou os seus bancos a trocar Bonds periféricas por alemãs.
Como se isto não bastasse, no final ainda obrigou os países europeus em dificuldades a tomar medidas recessivas só para evitar os riscos de inflação que poderiam resultar de uma monetarização da dívida.

Começa a ser altura de pedir responsabilidade ao governo Alemão (e aos seus bancos e indústria) da mesma forma que este a pediu aos países periféricos.


Esta é, até ao momento, a minha opinião.
A zona Euro anda sem rumo nos que diz respeito a um política económica, em termos estratégicos,coerente e com olhar no futuro.
A Alemanha está como nunca (pujante) e actua como tal, na minha opinião vai ter de mudar de atitude para o seu próprio bem.

Abraços
“A única diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco.”
Salvador Dali
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 510
Registado: 8/11/2008 15:54
Localização: Aveiro

por K. » 20/6/2011 15:36

O mercado de CDS tem sempre associado um risco de default do próprio emissor dos CDS.

O rumor já dura há muito tempo. Dado que se trata de um mercado onde as posições não são expostas é impossível de confirmar seja o que for.

No entanto, a lógica deixa-nos poucas alternativas: a única forma de a Grécia se proteger das imposições da Alemanha, que a ia obrigar a um default mais cedo ou mais tarde, seria através da emissão de CDS. Aliás, foi o envolvimento da Grécia em manobras obscuras com derivados que despoletou a desconfiança dos mercados.

Assim, não resta a Alemanha (e a todos nós) alternativa à iniciativa de Viena: os portfólios que supostamente estavam cobertos pelos CDS vão ser obrigados a fazer um rollover das cobrigações à taxa de juro a que as compraram. Se os bancos europeus estivessem realmente protegidos, pura e simplesmente obrigavam a Grécia a um default e ejectavam-na da zona Euro. Se o rollover for feito e se a liquidez da Europa e do FMI continuar, a Grécia pode reduzir a dívida para perto dos 100% em algum tempo. No final a divida de todos os países Europeus deverá estar próxima dos 100%. Aí não haverá grandes obstruções políticas a uma titularização através da conversão em opções europeias.

Finalmente vai ser necessário seguir a Inglaterra e os EUA e monetarizar a dívida. Repare-se que a monetarização é feita conjuntamente por todos os países com mais poder político e económico. Logo, na prática isto vai levar a um aumento dos custos de produção nos mercados emergentes, o que acabará por equilibrar a economia mundial e reduzir o potencial de crescimento da China. É um bom caminho, parece-me.



Sobre os CDS portugueses não faço a mínima ideia sobre quem os tem emitido. Aliás, mesmo na Grécia trata-se tudo de rumores (porém persistentes há mais de um ano).

Mas a Grécia funciona como um escudo para Portugal. No entando, se o escudo não resistir, ficamos numa situação muito complicada.


Em matéria de governabilidade, há um problema na Grécia, o que é normal, dadas as medidas de austeridade a que têm sido forçados.

Mas há um problema muito maior na Alemanha, que é a responsável estrutural desta crise. Depois de manter uma balança comercial excedentária gigantesca com o resto da Europa durante anos, obrigou os seus bancos a trocar Bonds periféricas por alemãs.
Como se isto não bastasse, no final ainda obrigou os países europeus em dificuldades a tomar medidas recessivas só para evitar os riscos de inflação que poderiam resultar de uma monetarização da dívida.

Começa a ser altura de pedir responsabilidade ao governo Alemão (e aos seus bancos e indústria) da mesma forma que este a pediu aos países periféricos.
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

por Automech » 20/6/2011 14:22

fooman Escreveu:Desculpem lá, mas pelo que li aqui, há uma certa desinformação em relação aos CDS.

Posições especulativas são efectuadas por parte do mercado com o simples intuito de ter lucro com o movimento da respectiva cotação (que pode ser positivo ou negativo, consoante a posição longa ou curta).

Quando se vende um CDS está-se a fazer um contrato com um comprador indicando-lhe que, se houver um evento de crédito, nessa data o vendedor pagará ao comprador a diferença entre o par (100%) e a cotação residual da obrigação alvo do evento de crédito.

Ora se a Grécia estava a vender CDS, estava, no fundo, a assumir uma garantia extra sobre o mesmo activo. Isto é, no caso de um evento de crédito (por exemplo uma recalendarização da dívida) a Grécia irá recalendarizar as suas obrigações, mas terá que assumir de imediato a diferença entre a cotação das obrigações pós-recalendarização e o seu valor original de resgate (100%). Ora, se eu estiver certo que não vou ter um evento de crédito, ao vender os CDS ao preço que estão, terei um lucro extra por essa venda, o que é perfeitamente possível.

Se, por outro lado, a Grécia estiver a comprar posições em CDS, estará apenas a fazer cobertura às posições que detém de dívida soberana - o que é, aliás, uma prática corrente de qualquer gestor de activos que seja sério.


Se houver um haircut a perda nessa fatia da dívida é total. Quem assegura a perda via CDS ? Os mesmos que não pagam ? Os mesmos que estão entalados com a própria dívida Grega ?

K e Migluso, eu tenderia a concordar que a monetarização é a solução (forçada). Mas o que dizer dos Gregos que aparentam não se conseguir governar ?
Monetarizar algo não pode ser eterno e, se não há sinais da coisa se endireitar, vale a pena continuar para rebentar mais tarde ?
No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9360
Registado: 4/6/2010 12:12
Localização: 16

por Godfather » 20/6/2011 13:57

Boa tarde fooman,

nem sempre quem transacciona CDS tem o colateral que teoricamente pretende segurar e nessas situações a transacção é feita com intuito especulativo.

Ora se a Grécia estava a vender CDS, estava, no fundo, a assumir uma garantia extra sobre o mesmo activo.


No fundo o que aconteceu foi, eles além de venderem a dívida, venderam também seguro (CDS) sobre a dívida que emitiram...

Fazemos assim fooman, empresta-me 1.000.000€ por um período de 5 anos e depois paga-me 10.000€ de 6 em 6 meses como seguro (protecção) em como eu te pago a dívida ao fim desses 5 anos... :lol:

Cumprimentos,
The simplest answer is usually the correct answer - Occam's razor
Experience is not what happens to a man; it is what a man does with what happens to him - Aldous Huxley
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 214
Registado: 19/1/2009 23:08

por fooman » 20/6/2011 13:20

Desculpem lá, mas pelo que li aqui, há uma certa desinformação em relação aos CDS.

Posições especulativas são efectuadas por parte do mercado com o simples intuito de ter lucro com o movimento da respectiva cotação (que pode ser positivo ou negativo, consoante a posição longa ou curta).

Quando se vende um CDS está-se a fazer um contrato com um comprador indicando-lhe que, se houver um evento de crédito, nessa data o vendedor pagará ao comprador a diferença entre o par (100%) e a cotação residual da obrigação alvo do evento de crédito.

Ora se a Grécia estava a vender CDS, estava, no fundo, a assumir uma garantia extra sobre o mesmo activo. Isto é, no caso de um evento de crédito (por exemplo uma recalendarização da dívida) a Grécia irá recalendarizar as suas obrigações, mas terá que assumir de imediato a diferença entre a cotação das obrigações pós-recalendarização e o seu valor original de resgate (100%). Ora, se eu estiver certo que não vou ter um evento de crédito, ao vender os CDS ao preço que estão, terei um lucro extra por essa venda, o que é perfeitamente possível.

Se, por outro lado, a Grécia estiver a comprar posições em CDS, estará apenas a fazer cobertura às posições que detém de dívida soberana - o que é, aliás, uma prática corrente de qualquer gestor de activos que seja sério.
 
Mensagens: 401
Registado: 29/11/2007 3:26

Imprimir dinheiro.

por RISCAS » 20/6/2011 13:04

migluso Escreveu:
K. Escreveu: A dívida grega vai ser recomprada pela europa, que mais tarde ou mais cedo vai acabar por ter de monetarizar a dívida.


É provável que sim. Mas, envolver os privados numa operação semelhante à iniciativa de Viena não deixa de ser fundamental.

Pelo que percebi daquilo que vou lendo, bancos gregos compraram CDS da dívida grega. Não emitiram nem venderam.
Não estou a ver quem compraria CDS emitidos por bancos gregos...

Fica aqui um outro ponto de vista sobre o impacto que um evento de default e posterior activação dos CDS teria:
http://www.zerohedge.com/article/debunk ... ion-threat


É mandar imprimir dinheiro e estabilizar os países.... :)
 
Mensagens: 596
Registado: 31/5/2010 14:22

por migluso » 20/6/2011 11:58

K. Escreveu: A dívida grega vai ser recomprada pela europa, que mais tarde ou mais cedo vai acabar por ter de monetarizar a dívida.


É provável que sim. Mas, envolver os privados numa operação semelhante à iniciativa de Viena não deixa de ser fundamental.

Pelo que percebi daquilo que vou lendo, bancos gregos compraram CDS da dívida grega. Não emitiram nem venderam.
Não estou a ver quem compraria CDS emitidos por bancos gregos...

Fica aqui um outro ponto de vista sobre o impacto que um evento de default e posterior activação dos CDS teria:
http://www.zerohedge.com/article/debunk ... ion-threat
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3146
Registado: 16/11/2009 18:45
Localização: Porto

por Godfather » 20/6/2011 10:50

Bom dia K.,

já de si esta situação Grega é bastante preocupante, e com a questão dos CDS terem sido emitidos por seguradoras e bancos gregos torna a situação particularmente grave para todo o sistema económico.

Pois tal como afirmas isso irá representar um aumento bastante substancial da perda inicial para as instituições Gregas, mas também irá tornar o investimento dos bancos Europeus em algo ruinoso uma vez que em default, e apesar de terem pago o prémio do seguro, verão todo o investimento valer muito pouco...

A questão que te coloco, mesmo sabendo que o mercado de CDS tem pouca ou nenhuma regulamentação, se no caso Português é possível saber quem emitiu CDS contra o default Português?
E se é possível ter noção das instituições que adquiriram CDS sobre a dívida Portuguesa (como mecanismo de protecção e não no sentido especulativo)?

Obrigado.

Cumprimentos,
Godfather
The simplest answer is usually the correct answer - Occam's razor
Experience is not what happens to a man; it is what a man does with what happens to him - Aldous Huxley
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 214
Registado: 19/1/2009 23:08

por K. » 20/6/2011 9:38

Bom dia,

já tenho vindo a alertar para o facto de a Grécia ter tomado posições especulativas sobre a própria dívida. Com efeito, receia-se que uma boa parte dos CDS contra o default grego tenham sido emitidos por seguradoras e bancos gregos. ´

Assim, os portfolios de obrigações gregas que supostamente estavam protegidos passam a representar o dobro da perda inicial, pois em caso de default os CDS obviamente não são pagos, pois todos esses bancos vão falir (o que aconteceria de qualquer maneira). Não os podemos censurar por o fazerem. Pessoalmente penso ser justo que a Europa pague um preço pela forma irresponsável como tratou a Grécia.

Mas não é de culpas que temos de tratar, mas sim de um grande problema por resolver.

Foi montada na Grécia uma verdadeira bomba atómica de crédito, com a alavancagem do default com os CDS. É por este motivo que a França inverteu a posição, e que a Alemanha acabou por ser obrigada a ceder. A dívida grega vai ser recomprada pela europa, que mais tarde ou mais cedo vai acabar por ter de monetarizar a dívida.

Quanto às notícias sobre a Grécia, tenho ouvido todo o tipo de mentiras e boatos sobre Grécia (e Portugal) em meios de comunicação anglo-saxónicos e germânicos (menos).

A minha posição continua a mesma: evitar qualquer tipo de reestruturação que seja considerada um evento de crédito. A opção que defendo (combinar a recompra da dívida com uma posterior extensão de maturidades de acordo com a iniciativa de Viena) é aquela que vai ser feita, a menos que as populações europeias enlouqueçam juntamente com os seus políticos.

Infelizmente tenho sentido o populismo a ganhar força entre os alemães, mesmo entre pessoas supostamente bem formadas. E também na Grécia.

Em ambos os países os populistas dizem "não pagamos". Talvez os alemães e os gregos não conheçam um notável provérbio da lingua portuguesa: "O barato sai caro".

Cumprimentos,

K.
 
Mensagens: 692
Registado: 28/5/2008 1:17

Próximo

Quem está ligado: