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Caldeirão da Bolsa

[OT] - Democracia em Portugal, um exercício...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por migluso » 1/5/2011 23:17

Marco, excelente resumo sobre regimes democráticos.

Pelo aprofundamento democrático, eu defendo que é absolutamente indispensável que as medidas principais de cada programa eleitoral tenham carácter vinculativo. O seu não cumprimento levaria à queda do governo.

Por forma a ser possível governos de coligação de partidos, o programa de governo teria que adoptar, proporcionalmente, as medidas principais apresentadas pelos partidos coligados, sendo que estas não poderiam ser mutuamente exclusivas.

Há um problema grave de falta de confiança (mais que justificada) nos políticos. Eles mentem e não cumprem nada do que prometem. Os regimes, ou se renovam e adaptam às mudanças sociais (a do presente está relacionada com mais informação e mais conhecimento por parte dos cidadãos), ou são derrubados.

Portanto, muito sucintamente, as medidas principais que cada partido teria que obrigatoriamente apresentar de forma muito clara e objectiva, seriam de carácter vinculativo. Como um verdadeiro CONTRATO entre os políticos e os eleitores.

Uma alteração deste tipo, na minha opinião, deve ser acompanhada por um artigo constitucional que proíba o aumento de impostos que não esteja previsto no quadro das medidas principais.

Cumprimentos.
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por Tridion » 1/5/2011 19:57

A fábula da Mouseland (em português: "Ratolândia") foi inicialmente contada por Clarence Gillis e mais tarde popularizada por Tommy Douglas, líder dos partidos políticos Co-operative Commonwealth Federation (CCF) e de seu sucessor New Democratic Party (NDP), ambos social-democratas, na província canadense de Saskatchewan. A fábula expressava a visão do CCF de que o sistema político canadense era falho em oferecer aos eleitores um falso dilema: a escolha de dois partidos, dos quais nenhum representava seus interesses e vontades.

Na fábula, os ratos (o povo canadense) votavam nos gatos negros (Partido Progressivo Conservador) e depois de algum tempo descobriam o quão difícil suas vidas eram. Depois votavam nos gatos brancos (Partido Liberal) e ficavam alternando entre os dois partidos. Um dos ratos tem então a ideia de que os ratos devem formar seu próprio governo. Este rato é acusado de ser um bolchevique e é preso. A fábula termina com a moral de que é possível prender o rato, mas é impossível prender sua ideia.

Uma variação da fábula aparece no romance So Long, and Thanks For All the Fish de Douglas Adams, envolvendo uma democracia onde as pessoas votam em lagartos como seus líderes. Ninguém está satisfeito com a situação, exceto os lagartos, mas as pessoas continuam votando nos lagartos, "porque se eles não votam no lagarto... o lagarto errado pode se eleger"[1].

Em 2006, Brad Wall, líder do Saskatchewan Party, partido formado em 1997 por liberais e conservadores para combater a hegemonia do NDP na província de Saskatchewan, parodiou a fábula da Mouseland, afirmando que este seria um local no qual os ratos governam como criaturas destrutivas, num claro ataque ao NDP.



Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mouseland

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por Automech » 1/5/2011 0:33

Outra visão sobre o sistema político:
http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... KOcrfmRHPQ
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por Alladin Broker » 29/4/2011 9:48

Não há democracia em Portugal.

Penso estar mais próximo de um sistema fascista esquerdista!!

http://youtu.be/K_4byRzWuew


Abraço
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por _urbanista_ » 29/4/2011 4:31

Indo buscar o vídeo que o mcarvalho colocou num tópico, o nosso problema é este http://www.youtube.com/watch?v=UtTW72F8xo0
Isto é tipo um conjunto de rectas paralelas, fugam todas no mesmo ponto por mais separadas que estejam umas das outras, ou seja, vai dar tudo ao mesmo, enquanto vivermos numa partidocracia não mudará …
E tudo isto tende a piorar e muito, Porque hoje os critérios dessas máquinas partidárias que nos controlam, não valorizam o mérito mas sim o maior número de cartazes colados ou o melhor padrinho e de preferência vindos das (Incubadoras) JOTAS …
Já fizeram várias alterações À constituição e fala-se de novas mudanças, mas o que mudam eles? Mudam o que lhes convêm a eles e às suas clientelas…
Veja-se por exemplo os referendos, alguma vez fizeram algum de relevante importância para o país? Pois não, só de casos menores…
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por _urbanista_ » 29/4/2011 3:58

Tridion Escreveu:Sim pode ser um aspecto importante, mas se calhar se o nosso País tivesse melhores níveis de literacia todos paravam para pensar como é que é possível termos falido 3 vezes em menos de 40 anos!



Não vás por aí.
senão vejámos o caso de Felgueiras e de oeiras... :lol:
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Re: Estou farto

por bolo » 28/4/2011 20:32

Iniciado Escreveu:Estou farto de politicos , sindicatos , camaras municipais , serviços publicos...tudo. Tudo onde mete influencias , compadrios ....tudo... estou farto

Hoje passou por mim a uma velocidade reduzida uma fanfarra de segurança.
Quatro motas da brigada,um carro cheio de seguranças ...um carro com uma pessoa com um ar cheio de felicidade ao telemovel (aquele que tem o mapa de portugal na bochecha esquerda),mais um carro de seguranças , mais quatro motas da brigada.
Senti me cobarde , pois aminha vontade era partir o o vidro do carro omde ia o figurão e espetar lhe dois murros nas fuças . Mas não ele lá seguiu com a sua fanfarra a apitar e eu a vê lo passar.
Desculpem o desabafo


a cobardia costuma ser um sentimento a superar, mas...
às vezes dá vontade de por uns quantos na ordem! nomeadamente os patifes...
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
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Estou farto

por Iniciado » 28/4/2011 19:36

Estou farto de politicos , sindicatos , camaras municipais , serviços publicos...tudo. Tudo onde mete influencias , compadrios ....tudo... estou farto

Hoje passou por mim a uma velocidade reduzida uma fanfarra de segurança.
Quatro motas da brigada,um carro cheio de seguranças ...um carro com uma pessoa com um ar cheio de felicidade ao telemovel (aquele que tem o mapa de portugal na bochecha esquerda),mais um carro de seguranças , mais quatro motas da brigada.
Senti me cobarde , pois aminha vontade era partir o o vidro do carro omde ia o figurão e espetar lhe dois murros nas fuças . Mas não ele lá seguiu com a sua fanfarra a apitar e eu a vê lo passar.
Desculpem o desabafo
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por MarcoAntonio » 28/4/2011 19:16

Tal como o anterior, este é o resultado de um estudo publicado pelo Público já em 2008 e que nos diz o que os portugueses pensam da sua própria democracia.

Tal como no caso anterior, pode-se constatar que existem elevados níveis de insatisfação. Neste caso podemos ver que o descrédito para com o nosso sistema democrático tem vindo a aumentar (canto inferior direito):

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Alguns pontos interessantes e que na verdade substanciam o que já disse: são os partidos políticos que bloqueiam um processo de aprofundamento democrático, que ombreie com as melhores democracias do mundo.

Veja-se por exemplo este caso, sobre a abertura a (ou preferência por) governos de coligação, uma prática recorrente nos países mais desenvolvidos e mais ricos per capita:

Portugueses - 52.8% SIM
Deputados - 80.5% NÃO


Claro que só o PS e PSD juntos representam tipicamente uns 70% dos deputados. Mas pode-se também perceber ou intuir que os restantes clássicos partidos não se mostram insatisfeitos com o assento que têm neste sistema democrático.


Também ainda:

> 80% dos portugueses não acredita que as preocupações dos deputados reflictam as preocupações dos eleitores. Portanto, não se sentem representados na Assembleia da República, fazendo da nossa Democracia Representativa uma Democracia disfuncional.

> São mais de 60% os portugueses que entende que, em determinado número, os cidadãos deveriam poder promover referendos. Esta questão já foi aqui coberta neste tópico e noutros: ao contrário de outras democracias, os cidadãos portugueses não têm como impor referendos para além de existir uma série de limitações sobre o que é referendável retirando o poder directo aos cidadãos em praticamente tudo o que é relevente.

> Também mais de 60% manifesta entender que os cidadãos não têm ampla oportunidade de participar nas decisões políticas, um óbvio sinal de distanciamento prático entre o poder político e a população, sendo menos de 20% os que acham que sim.

> Outro dado interessante é a manifestação massiva dos portugueses de que deveriam existir mais mulheres entre os candidatos (eu aqui, para além de uma questão de maior equidade sexual vejo também um vislumbre de um desejo de ver outra forma de fazer política e a representação de outras sensibilidades no meio político mas é a minha leitura e interpretação).

> Por outro lado e um pouco incoerentemente, os portugueses não acham que a democracia esteja em risco de perder a confiança dos cidadãos. Este dado é um pouco estranho mas poderá ser uma questão algo cultural: depois de muito protestarem, os portugueses acabam sempre por comer o que lhes põe no prato!


Estes dois estudos mostram contudo que os portugueses estão bastante insatisfeitos com este sistema democrático e que estão abertos a outros sistemas democraticamente mais profundos. Do lado do poder político contudo, não existe nenhuma abertura e são estes que controlam em absoluto todo o processo!
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por MarcoAntonio » 25/4/2011 17:59

Cabe ainda neste tópico os resultados de um estudo publicado em Portugal que tenta perceber o que os portugueses pensam da sua própria democracia. Este é já de 2009 mas aqui fica a reprodução do texto do público acerca da publicação dos resultados do mesmo:


Resultados do estudo "A Qualidade da Democracia em Portugal"

Estudo da SEDES revela que o maior problema da democracia é o descrédito da Justiça

03.07.2009 - 00:01 Por São José Almeida


Uma média de “mais de dois em cada três eleitores consideram que diferentes classes de cidadãos recebem tratamento desigual em face da lei e da justiça” e “a maioria sente-se desincentivada de recorrer aos tribunais para defender os seus direitos”.


Este descrédito na democracia enquanto Estado de Direito é a conclusão mais dura e mais crítica para o funcionamento da democracia portuguesa apresentada no estudo A Qualidade da Democracia em Portugal: A Perspectiva dos Cidadãos, dirigido por Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e promovido pela SEDES, com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Intercampus.

Assim, 82 por cento dos inquiridos dizem estar em desacordo com a afirmação de que “a justiça trata ricos e pobres de forma igual”, 79 por cento estão em desacordo com a ideia de que “a justiça trata de forma igual um político e um cidadão comum” e 49 por cento discorda da frase “os processos judiciais não são tão complicados que não valha a pena uma pessoa meter-se neles”.

O estudo será divulgado hoje durante os trabalhos do IV Congresso da SEDES, que decorre no Instituto para a Defesa Nacional, em Lisboa. A SEDES é uma das mais antigas associações cívicas portuguesas, fundada em 1970, e que reflecte e estuda sobre o estado do desenvolvimento da sociedade portuguesa.

A análise que agora é apresentada é feita tendo em conta os seguintes critérios: “o gozo de liberdades cívicas e direitos políticos; o acesso à justiça e a igualdade perante a lei; a igualdade de oportunidades de participação política; a percepção de que os eleitos atendem às expectativas e exigências dos cidadãos; a disponibilidade de informação política imparcial e pluralista; o funcionamento das eleições como mecanismo de responsabilização e de representação; a existência de 'freios e contrapesos’ no sistema que impeçam abusos de poder; e a percepção de que as decisões políticas são tomadas sem pressões externas ao processo democrático”.

Este descrédito da Justiça é confirmado pelos 37 por cento dos inquiridos, que estão em claro desacordo com a ideia de que “os juízes são independentes do poder político no exercício das suas funções”.

Em contraponto com o descrédito da Justiça surge a confiança dos inquiridos na figura do Presidente da República. Perante as questões sobre a capacidade dos vários fiscalizadores do sistema de travarem abusos de poder por parte do Governo, as respostas mostram que os níveis de confiança dos cidadãos se estabelecem preferencialmente com o Presidente. Isto porque apenas 21 por cento dos inquiridos reconhecem essa capacidade ao provedor de Justiça, 37 por cento reconhecem-na ao Tribunal Constitucional e 49 por cento confiam que o Presidente tem essa capacidade.


Governo não é autónomo

Já quanto à imagem que os inquiridos fazem do Governo e dos partidos e à autonomia do poder político, o descrédito é também grande entre os inquiridos deste estudo.

Apenas 14 por cento dos inquiridos concordam com a ideia de que “as decisões do Governo português não são muito condicionadas pela vontade de outros países” e 23 por cento discordam frontalmente desta afirmação e 43 por cento discordam da afirmação de que “o poder político está protegido das pressões do poder económico”.

O estudo apresenta também uma importante conclusão no que se refere às razões porque os cidadãos não se reconhecem e não se vêem representados no poder e nos representantes políticos.

Classificando este aspecto com o termo “responsividade”, o estudo indica que 60 por cento dos inquiridos discordam da ideia de que os “governantes têm muitas vezes em conta as opiniões dos cidadãos”, 73 por cento não se revêem na afirmação “as pessoas como eu têm influência sobre o que o Governo faz”, 75 por cento discordam da frase “os políticos preocupam-se com o que pensam as pessoas como eu” e 75 por cento das respostas dadas estão em discordância com a ideia de que “quem está no poder não busca sempre os seus interesses pessoais”. Por fim, 74 por cento das respostas afirmam que não há “nenhum tema em comum” entre os que são as prioridades das pessoas e as dos governos.Com tais graus de desconfiança, era quase inevitável que a confiança na democracia seja posta em causa pelos inquiridos. 16 por cento dizem-se “nada satisfeitos(as)” com a democracia, 35 por cento estão “pouco satisfeitos(as)”, ou seja, 51 por cento têm resposta negativa, enquanto 37 por cento estão algo “satisfeitos(as)”, nove por cento estão “bastante satisfeitos(as)” e dois por cento estão “totalmente satisfeitos(as)”.



Como foi feito Estudo

O inquérito que está na base deste estudo foi adaptado de um inquérito-piloto obtido pelo projecto internacional Democracy Barometer for Established Democracies (DBED), uma parceria entre o Wissenschaftszentrum Berlin für Sozialforschung, na Alemanha, e o National Centre of Competence in Research, na Suíça. Explica Pedro Magalhães no estudo que este projecto internacional, combinando “uma série de indicadores 'objectivos’” com “indicadores 'subjectivos’ – as percepções dos cidadãos –, é feito num quadro de uma agenda teórica que vem sendo desenvolvida há vários anos pelos seus coordenadores, Marc Bühlmann, Wolfgang Merkel e Berhard Wessels (Bühlmann, Merkel e Wessels 2007)”. Em 2008, este projecto passou a ser integrado pelo Consejo Superior de Investigaciones Científicas, em Espanha. Quanto ao estudo da SEDES, o inquérito foi realizado pela Intercampus entre os dias 13 e 23 de Março de 2009. Foram interrogados 1003 inquiridos, representativos da população com 18 ou mais anos residentes no continente. Estes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis sexo, idade (5 grupos), instrução (2 grupos), ocupação (2 grupos), região (7 regiões GFK Metris) e habitat/dimensão dos agregados populacionais (6 grupos). A informação foi recolhida presencialmente na residência.


in Publico
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por MarcoAntonio » 25/4/2011 16:41

A Constituição Portuguesa (1976)

É para mim evidente que a maior parte dos portugueses não conhece bem o texto da sua própria Constituição e não tem o hábito de a consultar, num daqueles que me parece sintoma de um déficit de cultura democrática. Supõem que esta diz o que não diz e desconhecem o que esta efectivamente estabelece. Hoje, é imperdoável: nunca este documento esteve tão acessível à população e pode ser consultado por exemplo aqui...

Constituição da República Portuguesa


Esta Constituição foi o documento resultante do 25 de Abril de 74, redigido pela Assembleia Constituinte, eleita para esse efeito e terminado em Abril de 1976.

Convém contudo notar que esta Constituição, e ao contrário do que se vai tornando um pouco a norma dos Estados mais democráticos - veja-se por exemplo o processo em curso na Islândia e os requisitos de várias outras Constituições nacionais no que diz respeito ao processo de alteração das próprias - não foi objecto de qualquer avaliação popular e ainda, conforme já assinalei, estabelece ela própria que não é matéria referendável deixando à Assembleia da República o controlo exclusivo da sua formulação: alterações Constitucionais são da competência e inteiro controlo da Assembleia da República, desde a iniciativa - que compete aos Deputados - à aprovação - requerendo maiorias de dois terços - sendo que o Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão (ver artigos 115º, 161º, 164º e 284º a 289º).

Assim, o controlo e poder de revisão da Constituição está, por arrasto, concentrado inteiramente nos partidos com representação parlamentar - e interessará para isso rever como é constituída tipicamente a nossa Assembleia da República e como esta compara com outras Democracias, matéria já mais do que coberta neste momento - não tendo o Povo qualquer voto (ou processo de controlo directo) na matéria. Sofreu até hoje 7 revisões, a última delas em 2005.



Outras Constituições portuguesas:

Constituição Portuguesa de 1911 - O suporte da Primeira República, foi suspensa brevemente em 1915 e contrariada em 1918 por um decreto-lei de teor presidencialista, por Sidónio País, no que viria a ser apelidado de "Constituição de 1918". Como resultado dessa alteração do regime político, Sidónio Pais acabaria por ser o primeiro Presidente da República português eleito por sufrágio universal directo. Entretanto e após a morte deste, o teor mais parlamentarista do regime viria a ser reposto.

Constituição Portuguesa de 1973 - Trata-se da Constituição que efectivamente funda o Estado Novo em Portugal, suspensa em 1974.

Antes disso, durante a Monarquia existiram ainda outras três Constituições.
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por Mares » 23/4/2011 22:08

MarcoAntonio Escreveu:Com o Mares e o Elias a pedir tabelas, aqui vai uma agora voltada um pouco mais para o orgão executivo e um pouco da sua relação com o legislativo...


MarcoAntonio,

muito bom!!

Só mais um desafio... Todo este teu trabalho podería chegar a mais pessoas.

Por isso mesmo, sugería-te fazeres um artigo de opinião e tentares publicado num jornal/revista. Acho que a aceitação sería muito alta.

Boa sorte!



ps- depois coloca aqui o artigo, depois de publicado :wink:
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por Elias » 23/4/2011 20:21

MarcoAntonio Escreveu:Com o Mares e o Elias a pedir tabelas, aqui vai uma agora voltada um pouco mais para o orgão executivo e um pouco da sua relação com o legislativo...



Obrigado e Bem-Hajas - já produziste o suficiente para teres direito a uma toleranciazinha de ponto :mrgreen:
 
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por Automech » 23/4/2011 20:20

MarcoAntonio Escreveu:
AutoMech Escreveu:A nossa sorte é que agora quem vai governar é o FMI e quem for para lá será mero executante. (...)


E assim que for embora, inicia-se a contagem decrescente até à próxima vinda!


Pode ser que a UE abra os olhos e passe a tratar-nos como miúdos e as coisas sejam geridas a partir de fora, à moda de algumas multinacionais.

Pior não será, na minha opinião.
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por MarcoAntonio » 23/4/2011 19:59

AutoMech Escreveu:A nossa sorte é que agora quem vai governar é o FMI e quem for para lá será mero executante. (...)


E assim que for embora, inicia-se a contagem decrescente até à próxima vinda!
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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por Automech » 23/4/2011 19:54

A nossa sorte é que agora quem vai governar é o FMI e quem for para lá será mero executante. E como o dinheiro vem em tranches, fazem mesmo tudo o que eles mandarem, incluindo mudar a constituição onde for preciso.

Só é pena O FMI não chegar ao ponto de exigir a mudança do sistema político.

P.S. Grande trabalho Marco :clap:
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por Tridion » 23/4/2011 19:32

E uma coisa que me causa arrepios é certa comunicação social e alguns "opinion makers" dizerem que os partidos do arco governativo (PS - PSD - CDS) devem encontar um consenso que se deverá prolongar por mais de que uma legislatura!

Se estes partidos se perpetuarem por várias legislaturas, certamente que deixaremos de viver em democracia.

Se calhar as restrições financeiras para os partidos é que os "jobs for the boys" vão ter que ser tripartidos! :roll:
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por MarcoAntonio » 23/4/2011 19:09

Com o Mares e o Elias a pedir tabelas, aqui vai uma agora voltada um pouco mais para o orgão executivo e um pouco da sua relação com o legislativo...



O Fantasma da Instabilidade

Uma das questões já afloradas (noutros tópicos) é a da persistente mensagem de que uma maioria absoluta é necessária, senão indispensável, enquanto se é bombardeado com o conceito de voto útil num partido. O eleitor é mesmo sujeito a uma chantagem psicológica ao estilo de "isto ou o caos" que busca por certo inspiração em períodos quentes da nossa história que se esperarariam enterrados numa Democracia que se diz (ou julga) madura. Este discurso visa ou resulta numa concentração de poder, defendida sempre por oposição a uma sugestão de inoperância: de outro modo não funciona!

Mas, será necessariamente verdade?


Se o número de legislaturas (ou composições parlamentares resultantes de actos eleitorais) e governos bem como até o número de líderes do país distintos pouco difere entre Portugal e a média de um grupo seleccionado de democracias avançadas no último quarto de século pouco difere...

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há outros que diferem extravagantemente!

As diferenças começam a notar-se no número de principais partidos que comandaram o poder executivo neste conjunto de democracias: em vários casos foram três. Mas este dado só tem verdadeira relevância quando considerado em conjunto com os restantes:

> Em todos os países contei pelo menos seis partidos a terem partilhado o poder executivo nos últimos 25 anos;

> Em todos estes países alianças pós-eleitorais são ou frequentes ou sistemáticas;

> Em mais de 60 actos eleitorais, não se registou uma única maioria absoluta monopartidária nestas 8 democracias (os unicos casos ocorrem na Nova Zelândia e são anteriores à significativa reforma do sistema eleitoral de meados dos anos 90).


Em Portugal, por oposição, ocorreram 3 maiorias absolutas monopartidárias e uma quarta vez ficou a um passo (um deputado) de, em meras 8 eleições!

Apenas por uma vez, ocorreu uma aliança parlamentar para sustentar dois governos consecutivos e no total, vamos a verificar, por um período relativamente reduzido.

Apenas 3 partidos partilharam o poder executivo mas na verdade a esmagadora maior parte do tempo foram apenas dois.



Aquilo que parece uma enorme necessidade em Portugal é praticamente inconcebível naquelas avançadas democracias em países dos mais desenvolvidos do mundo!


Note-se ainda que na generalidade daqueles casos, as alianças não tomaram uma única forma mas passaram por diversas combinações denotando uma flexibilidade que se opõem à evidente rigidez nacional. Quanto ao conceito de "voto útil", de uma forma geral o voto parece ser útil em praticamente qualquer partido pois a generalidade deles é passível de partilhar e participar da governação do país!



Menos maiorias absolutas monopartidárias, menos concentração de poder e mais alterações no painel governativo não são necessariamente sinónimo de instabilidade. São também pluralidade, diversidade, representatividade de diferentes sensibilidades, busca de consensos e compromissos mais alargados mas acima de tudo, poder regenerativo!

Mais do que estabilidade, sempre os mesmos (ou grupo restrito de) tem por consequência uma rigidez e resistência à mudança maior com prejuízo para o cumprimento das necessidades e interesses de uma nação...
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por MarcoAntonio » 23/4/2011 16:59

LTCM Escreveu:Tenho dúvidas se a qualidade de vida está directamente relacionada com qualidade da democracia, ou se existem factores mais importantes como por ex.: O nível de iliteracia que existia em cada um dos países em 1900/10/20/30 (...).

De resto o trabalho do MarcoAntónio é digno do maior aplauso.



Como menciono no primeiro post, segundo o Education Index das Nações Unidas (uma das componentes do HDI), Portugal também está atrás de todos aqueles países.

Certamente que é um dos factores e tenho depois mais um post sobre isso. E sim, a herança histórica é outro aspecto a ter em conta...

A ideia do exercício é comparar a nossa democracia no seu estágio actual (leia-se, últimos 35 anos) com outras, tanto no seu funcionamento como nos resultados. Naturalmente que a análise de outros vectores específicos (como instrução e cultura) sería útil também. Mas pessoalmente, não tenho dúvidas do peso que a dimensão democrática de um estado tem no desenvolvido do pais, per si!

tridion Escreveu:Contudo, maioria dos Países aqui retratados têm democracias instauradas desde o Sec.XIX, o que poderá ter proporcionado às populações melhores níveis de literacia.


Certamente que tiveram muito mais tempo do que nós para aprofundar uma cultura verdadeiramente democrática e retocar o seu sistema.

Nós, pela contraparte, não estamos a aproveitar de todo o período que já tivemos de liberdade - o modelo está virtualmente estático - e digo mesmo que, nomeadamente como resultado deste e doutros tópicos, noto um conformismo enorme por parte de muitos cidadãos que julgam que Democracia é isto e pronto, já chega e não vale a pena mexer mais!
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Mares » 23/4/2011 12:50

MarcoAntonio Escreveu:Qualquer um deles poderá ser polarizador para o desenvolvimento dos restantes: um país que se desenvolve mais economicamente mais em virtude de um recurso novo que passa a existir (descoberta de petróleo, turismo, whatever) poderá acabar a ter por arrasto melhores níveis de instrução e buscar formatos de democracia mais desenvolvidos. Maior educação (instrução e cultura) poderá resultar numa pressão para melhor democracia e reflectir-se ainda em melhores condições económicas a prazo. Etc...

Portanto, não creio que estejamos perante um tipo de relação que tem de começar necessariamente por um determinado lado.


Sou da opinião de que deverá haver um "fio à meada", apesar de achar que existe uma ligação entre elas.

Como qualificas/classificas as várias forças presentes/ausentes na sociedade portuguêsa?
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
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por Tridion » 23/4/2011 12:44

Sim pode ser um aspecto importante, mas se calhar se o nosso País tivesse melhores níveis de literacia todos paravam para pensar como é que é possível termos falido 3 vezes em menos de 40 anos!

Por outro lado se as pessoas tivessem mais capacidade de compreensão e de interpretação do que as rodeia, talvez não tivessemos chegado aonde chegamos!

Contudo, maioria dos Países aqui retratados têm democracias instauradas desde o Sec.XIX, o que poderá ter proporcionado às populações melhores níveis de literacia.

Nós tivemos aquele gesso (Estado Novo)que nos atrofiou durante 41 anos e que fazia a apologia da não alfabetização!

Importante mesmo, é a partilha de diferentes pontos de vista.
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por LTCM » 23/4/2011 12:22

Tridion Escreveu:LTCM estás com dúvidas, não percebi esse teu ar pensativo!


Tenho dúvidas se a qualidade de vida está directamente relacionada com qualidade da democracia, ou se existem factores mais importantes como por ex.: O nível de iliteracia que existia em cada um dos países em 1900/10/20/30 (...).

De resto o trabalho do MarcoAntónio é digno do maior aplauso.
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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por Tridion » 23/4/2011 12:00

LTCM estás com dúvidas, não percebi esse teu ar pensativo!
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por LTCM » 23/4/2011 11:54

Tridion Escreveu: Excelente trabalho MarcoAntonio!
:-k
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por Lion_Heart » 23/4/2011 3:01

Marco, com esse estudo só vens confirmar algo que eu digo aos anos : Democracia em Portugal é uma coisa muito relativa e cada vez mais rara (se é que alguma vez existiu).

Democracia é usada para manter certos e determinados poderes instalados desde sempre , mas que deixam sempre o povo de fora .

Mas o povo vive inebriado pelos vendedores (politicos) e o pior cego é sempre aquele que não quer ver ou como o c-or-n-o é sempre o ultimo a saber.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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