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Caldeirão da Bolsa

Divida publica portuguesa - resultado dos leilões

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por mais_um » 15/2/2011 16:19

Já agora, para quem estiver interessado já estão disponiveis para particulares OT a 5 anos, do ultimo leilão de OT, com cupão de 6,4% e yields de 6,568% e vencimento em 16/20/2016. Cotação de hoje no BIG..

E amanhã há leilão de BT.
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por Trisquel » 15/2/2011 12:29

Juros da dívida a 5 anos atingem recorde acima dos 7%
15 Fevereiro 2011 | 10:33
Paulo Moutinho - paulomoutinho@negocios.ptPartilhar

A taxa exigida pelos investidores para adquirirem títulos de dívida de Portugal a cinco anos está forte alta pela terceira sessão seguida e já quebraram a fasquia dos 7%.
Os juros da dívida nacional mantêm a tendência de subida, avançando pela terceira sessão consecutiva isto num dia marcado pela reunião do Ecofin, em que os ministros das Finanças da Zona Euro estarão reunidos para debater a situação dos países mais endividados da região.



A “yield” da dívida a 5 anos avança 18 pontos base para 7%, tendo atingido já um máximo desde a entrada de Portugal no Euro, nos 7,014%.


A taxa das Obrigações do Tesouro a 10 anos está também em alta, a subir 3,2 pontos base para 7,454%. Chegou a tocar nos 7,468% durante a sessão de hoje, aproximando-se cada vez mais do máximo atingido no final da semana passada nos 7,6% que obrigou o Banco Central Europeu (BCE) a intervir.



Nas restantes maturidades a tendência é mista, recuando nos prazos mais curtos até três anos. Os juros das obrigações a cinco anos estão a subir de forma acentuada pela terceira sessão consecutiva, depois de terem avançado 12 pontos base na sessão de ontem e 17 pontos base na sessão de sexta-feira.

Com esta subida, os juros das obrigações portuguesas nas maturidades acima de 5 anos estão todos acima de 7%, tornando o diferencial entre os vários prazos cada vez mais estreito.


Dados revelados ontem mostraram que o BCE esteve pela terceira semana consecutiva ausente do mercado de obrigações da Zona Euro. A amostra não contemplou, contudo, a totalidade da última semana pelo que a intervenção só deverá ser confirmada nos dados que serão conhecidos na próxima semana.

Portugal está hoje a acompanhar a tendência de subida de juros de países como a Espanha, cuja taxa a 10 anos avança 0,5 pontos base para 5,459%, enquanto a “yield” das “bunds” da Alemanha registam uma subida ligeira para 3,312%. O prémio de risco exigido a Portugal está nos 414 pontos base.

Esta subida surge num dia marcado pela reunião do Ecofin. Os ministros das Finanças da Zona Euro decidiram, ontem, que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) será reforçado para 500 mil milhões de euros, mas só depois de 2013.

À entrada para a reunião, o ministro das Finanças de Portugal, Teixeira dos Santos afirmou que “as conversações estão a levar mais tempo do que o desejável e os atrasos e as hesitações afectam a Zona Euro e a sua estabilidade.

“É muito importante” que o fundo de resgate seja flexibilizado, para poder, designadamente, comprar dívida pública dos países do euro sob maior pressão dos investidores, substituindo-se ao Banco Central Europeu, acrescentou o ministro do Executivo de José Sócrates.
Cumpts.
Trisquel

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por atomez » 15/2/2011 1:00

Cada dia, cada cavadela...

Finantial Times Escreveu:Fears over Portugal bail-out as economy shrinks

By David Oakley in London, Ralph Atkins in Frankfurt and Peter Spiegel in Brussels
Published: February 14 2011 17:36 | Last updated: February 14 2011 17:36

Concerns over Portugal increased on Monday as the country’s economy went into reverse and its cost of borrowing jumped to fresh euro-era highs.

Risks surrounding Portugal have risen because of worries that some eurozone countries have cooled on the idea of giving the eurozone’s €440bn ($593bn) rescue fund more flexibility, strategists said.

Portugal’s 10-year bond yields increased to 7.45 per cent amid warnings they would go on rising as investor fears grew that Lisbon was heading for a bail-out similar to that of Greece and Ireland.

Portuguese officials insist the country’s finances are strong enough to avoid a bail-out, highlighting plans to buy back bonds, due to be repaid in April and June, ahead of schedule on Wednesday to show the country has enough money to pay its immediate debts.

Pressure is growing for the European Central Bank, which on Monday announced it had not bought eurozone government bonds for the third week in a row, to intervene further to shore up the Portuguese bond markets.

The ECB’s government bond purchase programme had been on hold for three weeks until last Thursday – the longest period of inactivity since a break of the same length in October last year.

The ECB bought Portuguese bonds on Thursday, say traders. This move, yet to be confirmed by the ECB, will have frustrated central bankers, who have been pushing EU policymakers to implement eurozone reforms to restore investor confidence.

David Owen, chief European financial economist at Jefferies, said: “Portuguese yields are in danger of going higher, which puts pressure on the country to accept a bail-out. However, a bail-out could make matters worse for Portugal and the eurozone as it could hit sentiment and lead to more contagion.”

Portuguese 10-year bond yields have remained stuck above 7 per cent, a level considered unsustainable by many investors, since the start of the month after policymakers rowed back on plans to reform the eurozone rescue fund.

Investor worries were exacerbated on Monday after it was reported that Portugal’s economy contracted in the last quarter of 2010 for the first time in a year as austerity measures curbed consumer spending.
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por JMHP » 14/2/2011 16:16

Refer falha operação de financiamento


É a primeira empresa pública nacional a falhar uma operação de colocação de dívida mesmo com o apoio do Estado.

A Refer, empresa pública que gere a infra-estrutura ferroviária, falhou uma operação de colocação de dívida, na passada quarta-feira, que tinha como objectivo um financiamento de 500 milhões de euros, segundo apurou o Diário Económico. Esta foi a primeira operação de endividamento a ser anulada por uma empresa pública. Em conjunto, as empresas do Estado vão necessitar de perto de quatro mil milhões de euros.

A empresa liderada por Luís Pardal mandatou um conjunto de bancos - Barclays Capital, BBVA, BNP Paribas, Citi, Santander e Caixa BI - para avaliar junto de investidores internacionais o interesse da operação, que acabou por ser retirada por falta de procura. Na segunda-feira da semana passada (7 de Fevereiro), o Ministério das Finanças lançou uma operação idêntica, mandatando um grupo de bancos para encontrar investidores para Obrigações do Tesouro num montante de 3,5 mil milhões de euros. Apesar dos juros terem atingido os 6,45%, a procura foi elevada. Situação que motivou o consórcio de bancos escolhido pela Refer a tentar, dois dias depois, ir ao mercado com uma das maiores operações lançadas por uma empresa em Portugal.

http://economico.sapo.pt/noticias/refer ... 11038.html


Imagem

Relatório sustentabilidade das contas públicas do BPI (versão 5): http://rep.bancobpi.pt/RepMultimedia/ge ... rs%E3o5%29
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por atomez » 11/2/2011 2:28

pdcarrico Escreveu:Ou seja era melhor logo comprar dívida soberana AAA como a Alemã. Entendeste?

Compreendo sim, mas a dívida alemã não chega para todos os apetites... Quando já não há mais filet mignon temos que nos contentar com sardinha assada.
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por pdcarrico » 11/2/2011 2:20

Atomez Escreveu:
pdcarrico Escreveu:Qual seria o sentido de cobrir o risco de crédito se eu posso logo comprar uma obrigação com risco mais baixo, numa operação que seria muito mais simples, como por exemplo numa bund alemã.

Porque o yield dos bunds é muito menos lucrativo. Por isso mesmo é que a dívida portuguesa é "mais cara" que a alemã... ontem o diferencial era de 4.4% acima da alemã:


Justamente onde eu queria chegar! A margem de lucro acima da dívida alemã é comida pelo preço do CDS. Ou seja se eu comprar dívida portuguesa e em cima colocar um CDS, vou ter o mesmo lucro que se comprasse uma obrigação simples alemã.

Ou seja não faz de todo sentido essa cobertura de risco para quem detem o activo.

Repara que não é a mesma coisa que ter café, ou algodão, ou milho e segurar o preço através de um contrato futuro. Nesse caso o produtor não tem alternativa para segurar o preço da commodity que produzirá.

No caso das obrigações, os agentes podem escolher entre Portugal, Espanha, Alemanha, EUA, japão, etc... E se escolhem Portugal é porque o juro é mais generoso, mas se comprarem um CDS para segurar o risco de incumprimento perdem a vantagem de juro maior, justamente porque o seguro tem um preço.

Ou seja era melhor logo comprar dívida soberana AAA como a Alemã. Entendeste?
Pedro Carriço
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por atomez » 11/2/2011 1:47

pdcarrico Escreveu:Qual seria o sentido de cobrir o risco de crédito se eu posso logo comprar uma obrigação com risco mais baixo, numa operação que seria muito mais simples, como por exemplo numa bund alemã.

Porque o yield dos bunds é muito menos lucrativo. Por isso mesmo é que a dívida portuguesa é "mais cara" que a alemã... ontem o diferencial era de 4.4% acima da alemã:

ECB Buys Portuguese Bonds as Yields Hit Highs

The Portuguese 10-year government bond yield spread over Germany widened to 440 bps, up more than 30 bps on the day before reversing direction, falling back to 410 bps on the talk of ECB buying.


Os CDS são um seguro do crédito, um instrumento de protecção ou hedging, semelhantes aos contratos de futuros e opções. Já os "naked CDS", CDS em que quem os compra não é o detentor do subjacente, são instrumentos meramente especulativos, isso é verdade.
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por atomez » 11/2/2011 1:35

mais_um Escreveu:Como já voltaste e não respondeste à minha pergunta,

Posso provar quem em abril de 2010 a percentagem de divida publica portuguesa que estava "segura" por CDS era de 4%. Um bocadinho diferente de toda, mas aguardo serenemente a tua fonte de informação que te permitiu afirmar que toda a divida publica portuguesas está "segura" por CDS.

[O mercado de CDS é muito menor que o mercado do subjacente: 4% no
caso da dívida pública portuguesa; 3% no caso da Irlanda; 2% para a
Grécia e Espanha e 1% para Itália. Posições líquidas em CDS sobre dívida
pública portuguesa reduziram‐se 3% entre o início do ano e 30 de Abril.]

http://www.cmvm.pt/CMVM/A%20CMVM/Confer ... o_2010.pdf


Esse documento não prova coisa nenhuma, quando muito é o que a CMVM sabe.

Os CDS não estão regulamentados nem existe nenhuma entidade que os supervisione, são contratos privados e quem os faz não os divulga. No entanto há alguns estudos sobre esse mercado e dão indicadores, como este que já é de 2009:


A Thriving Market in CDS for Sovereign Debt

First, a word about the Credit Default Swap market size. Since CDS are private bilateral agreements, there is really no single source to determine the outstanding notional amounts. However, much has been done to centralize trades, and the DTCC has illustrated a view of market size with some figures that were published in the Financial Times (FT) this morning (11/23/09 - “Bets Rise on Rich Country Defaults”). As per the FT, the Gross Notional of CDS outstanding on developed and emerging sovereign debt, by my simple count, was well over $500 billion. Of course, there are many trillion in outstanding sovereign debt, so $500 bn is a small position, but still, it is a large enough number to take pause.


Seja como for, os CDS indicam o "preço do risco" quer esse risco seja segurado por CDS ou assumido internamente, e no final de 2010 o valor dos CDS para a dívida soberana portuguesa já ia nos 500 bps (5%), quer dizer portanto que dos quase 7% a que a dívida foi vendida, 5% são para a a cobertura do risco e o "lucro" de quem empresta queda-se pelos 2%...

CMA Global Sovereign
Debt Credit Risk Repor
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Re: Estamos Ricos!

por mais_um » 10/2/2011 22:03

Trisquel Escreveu:Será que percebi bem, vamos pagar (quanto :!: ) para pagar a dívida!!!!!!!!!!!! :oops:

Dívida pública
IGCP agenda leilão de recompra para aliviar pressão dos meses de Abril e Junho
10 Fevereiro 2011 | 19:44
Edgar Caetano - edgarcaetano@negocios.pt

O IGCP vai promover um leilão de recompra de obrigações do Tesouro na próxima quarta-feira. As linhas de crédito em questão são as mesmas que vencem nos dois maiores picos de reembolsos deste ano, em Abril e Junho.
O IGCP vai promover um leilão de recompra de Obrigações do Tesouro na próxima quarta-feira. As linhas de crédito em questão são as mesmas que vencem nos dois maiores picos de reembolsos deste ano, em Abril e Junho.

A agência que gere o crédito público português pretende, assim, antecipar o reembolso de uma porção dos títulos que atingem a maturidade nesses dois meses. Mais de 4,5 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro vencem em Abril, ao passo que em Junho atingem a maturidade quase cinco mil milhões de euros.

O IGCP, liderado por Alberto Soares (na foto), não se compromete com um objectivo quanto ao montante que espera absorver na operação, que terá lugar no mesmo dia do próximo leilão de bilhetes do Tesouro (uma horas antes do leilão – 09h30).

Num leilão de recompra, a agência convida os investidores a fazerem propostas, contendo o preço que estão disponíveis a aceitar em troca da antecipação da liquidez.

Apesar da queda do valor de alguns títulos no mercado secundário, se os detentores dos títulos os conservarem até à maturidade recebem 100% do valor e o último cupão. Num leilão de recompra, os investidores podem disponibilizar-se para devolver os títulos à origem admitindo que o fará a um preço mais baixo do que esses 100%. A vantagem estará em obter a liquidez alguns meses antes das maturidades.


É habitual haver leilões de recompra, isto quer dizer que o Estado está disposto a antecipar o pagamento da divida e que tem dinheiro em caixa para o fazer, é um sinal para os mercados, tipo:
meus amigos nós temos dinheiro para pagar as emissões antecipadamente.

Tenho que dar os parabéns aos técnicos (funcionários publicos) que trabalham no IGCP, tem feito um trabalho excepcional, considerando a envolvente politica e economica.
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por RiscoCalculado » 10/2/2011 21:58

Será que percebi bem, vamos pagar (quanto icon_exclaim.gif ) para pagar a dívida!!!!!!!!!!!!



Não. Parece-me que a notícia apenas significa que o IGCP está a fazer uma gestão cautelosa da situação -
em lugar de estar à espera até próximo da maturidade das antigas emissões para emitir nova dívida, no sentido de obter € para reembolsar os antigos investidores, tem-no feito com alguma antecedência por forma a ter alguma margem de manobra ( e não ter que entrar em default) caso algo corra mal.
Ou então pode apenas estar a tentar dar ideia disso - de um total controlo da situação :mrgreen: ( para aliviar a pressão dos mercados)

(nota : é apenas uma possível interpretação)
"In my whole life, I have known no wise people over a broad subject matter area who didn't read all the time - none, zero" - Charlie Munger

"Entre os seres humanos, existe uma espécie de interacção que assenta não nos conhecimentos, nem sequer na falta de conhecimentos, mas no facto de não se saber quanto não se sabe ..." - John Kenneth Galbraith
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Estamos Ricos!

por Trisquel » 10/2/2011 21:39

Será que percebi bem, vamos pagar (quanto :!: ) para pagar a dívida!!!!!!!!!!!! :oops:

Dívida pública
IGCP agenda leilão de recompra para aliviar pressão dos meses de Abril e Junho
10 Fevereiro 2011 | 19:44
Edgar Caetano - edgarcaetano@negocios.pt

O IGCP vai promover um leilão de recompra de obrigações do Tesouro na próxima quarta-feira. As linhas de crédito em questão são as mesmas que vencem nos dois maiores picos de reembolsos deste ano, em Abril e Junho.
O IGCP vai promover um leilão de recompra de Obrigações do Tesouro na próxima quarta-feira. As linhas de crédito em questão são as mesmas que vencem nos dois maiores picos de reembolsos deste ano, em Abril e Junho.

A agência que gere o crédito público português pretende, assim, antecipar o reembolso de uma porção dos títulos que atingem a maturidade nesses dois meses. Mais de 4,5 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro vencem em Abril, ao passo que em Junho atingem a maturidade quase cinco mil milhões de euros.

O IGCP, liderado por Alberto Soares (na foto), não se compromete com um objectivo quanto ao montante que espera absorver na operação, que terá lugar no mesmo dia do próximo leilão de bilhetes do Tesouro (uma horas antes do leilão – 09h30).

Num leilão de recompra, a agência convida os investidores a fazerem propostas, contendo o preço que estão disponíveis a aceitar em troca da antecipação da liquidez.

Apesar da queda do valor de alguns títulos no mercado secundário, se os detentores dos títulos os conservarem até à maturidade recebem 100% do valor e o último cupão. Num leilão de recompra, os investidores podem disponibilizar-se para devolver os títulos à origem admitindo que o fará a um preço mais baixo do que esses 100%. A vantagem estará em obter a liquidez alguns meses antes das maturidades.
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por Trisquel » 10/2/2011 17:25

Silva Pereira: Juros em máximos impõem "uma resposta europeia à altura das circunstâncias"
10 Fevereiro 2011 | 14:40
Sara Antunes - saraantunes@negocios.pt

Pedro Silva Pereira considera que a subida de juros da dívida pública, que esta manhã fez dispara a taxa das obrigações para valores acima dos 7,6%, obriga a uma resposta conjunta e "à altura das circunstâncias".
O ministro afirmou hoje que a subida acentuada registada esta manhã pelos juros da dívida portuguesa “é um problema que desafia a União Europeia e a Zona Euro e impõe uma resposta europeia à altura das circunstâncias”, destacou, acrescentando que “só no quadro de uma resposta europeia é que poderemos devolver alguma normalidade” ao mercado.

“Portugal não tem nenhuma razão para pensar que não mantém todas as condições para se financiar no mercado.

Bem pelo contrário”, afirmou Silva Pereira. “A procura [por obrigações nacionais] tem excedido em muito a oferta” o que sinaliza “a confiança que a economia portuguesa continua a suscitar”, salientou o ministro da presidência do Conselho de Ministros em conferência de imprensa.

O responsável admitiu que “a taxa de juro é elevada e não tem correspondência com os fundamentais da economia portuguesa” nem com o “trabalho que tem sido desenvolvido.”

Os juros das Obrigações do Tesouro a 10 anos atingiram hoje um novo recorde, acima dos 7,6%, recuando depois do BCE intervir no mercado secundário.

“Portugal fará a sua parte para conseguir os resultados aos nível da execução orçamental e isso contribuirá para o financiamento da economia”.

Contudo, “embora Portugal esteja a apresentar bons resultados, os juros não reflectem ainda esses resultados” e por isso a subida recente “só pode ter uma justificação: os mercados estarem hoje sujeitos a movimentos especulativos de ataque ao euro que não podem ser ignorados.”
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por pdcarrico » 10/2/2011 16:07

Atomez Escreveu:
pdcarrico Escreveu:Amigo Atomez,

Creio que essa tese não fará muito sentido, apesar de acreditar que em montante emitido, o volume económico de CDS seja equivalente ao de dívida emitida. Simplesmente quem comprará dívida não deverá ser o mesmo agente a comprar CDS.
...
Um CDS é basicamente uma forma de vender a descoberto um título de dívida.

Caríssimo,

Isto não é uma tese, é assim mesmo. Um CDS é mesmo um seguro, tal como quem compra um carro faz um seguro e paga todos os anos uma valor que é uma percentagem (baixa) do valor do carro para no caso de por algum motivo ficar sem ele, o seguro indemniza o valor do carro.

No meio financeiro o valor dos CDS existentes até é muito superior ao total dos activos segurados, porque é um mercado praticamente não regulado de modo que nem é preciso ser o proprietário de um dado bem para o segurar. É como se soubesses que o teu vizinho é muito mau condutor e fazes um seguro sobre o carro dele, se ele tiver um acidente também recebes o seguro!

Enquanto tudo corre bem é um grande negócio para quem emite os CDS (segurador), o problema é quando corre mal (há muitos acidentes)...

Por essa razão e que há um par de anos, no auge da crise financeira, a então maior seguradora do mundo - AIG - deu o grande estoiro porque de repente teve de pagar uma quantidade gigantesca de CDS (na ordem do trilião de $$$)

É norma que uma entidade quem uma tomada de obrigações no valor de centenas de milhões faz o CDS para o segurar, normalmente é até obrigatório pelas normas dos reguladores.

Googla "credit default swaps" que encontras a info toda.


Atomez,

Repara que em momento algum desmentiste o que eu disse. Inclusivamente eu falei que em termos de dimensão económica, os CDS poderão não estar atrás do montante de dívida emitida. Aliás se forem muito mais altos, dão razão a quem tanto critica "os especuladores", porque nesse caso o que está em causa para muito mais agentes não é o risco de crédito, mas sim o lucro efectivo no incumprimento. Aliás é um bom exemplo em como a desregulamentação da finança pode ser nociva à economia real.

Se em tese o valor económico dos CDS for muito maior que o da dívida, então manipulando o valor da dívida - atendendo a emissões primárias como comprador e vendendo no mercado secundário - um(ns) agente(s) consegue(m) desvalorizar a dívida valorizando uma activo a que estarão mais expostos.

O que eu disse é que os detentores de dívida (em particular os de longo prazo) não são os detentores dos CDS. Qual seria o sentido de cobrir o risco de crédito se eu posso logo comprar uma obrigação com risco mais baixo, numa operação que seria muito mais simples, como por exemplo numa bund alemã.

É evidente que quando lançados, os CDS são "vendidos" como seguros, mas na verdade são um instrumento para exposição à desvalorização da dívida, essencialmente comprados por quem tem expectativa de que o valor caia.
Pedro Carriço
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por mais_um » 10/2/2011 15:43

Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:
Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:Agora também não posso de deixar de questionar o seguinte, em 2008 e 2009 era preciso salvar o sistema financeiro, não importava os defices e a divida dos Estados, os mercados defendiam a intervenção urgente dos governos, depois de serem salvos, passaram a dizer que era grave os defices elevaods e a divida publica, à conta disso continuam a emprestar dinheiro mas com mais lucros.

Não é bem assim.

As entidades que emprestam, ou dito de outro modo, compram dívida, fazem de imediato o seguro para o caso de incumprimento do pagador, os famosos CDS - Credit Default Swaps, e esses têm estado a aumentar devido ao aumento de risco de incumprimento. São um custo acrescido para quem empresta.


Sabes qual a percentagem de divida que é coberta pelos CDS?

É toda.


Como já voltaste e não respondeste à minha pergunta,

Posso provar quem em abril de 2010 a percentagem de divida publica portuguesa que estava "segura" por CDS era de 4%. Um bocadinho diferente de toda, mas aguardo serenemente a tua fonte de informação que te permitiu afirmar que toda a divida publica portuguesas está "segura" por CDS.

[O mercado de CDS é muito menor que o mercado do subjacente: 4% no
caso da dívida pública portuguesa; 3% no caso da Irlanda; 2% para a
Grécia e Espanha e 1% para Itália. Posições líquidas em CDS sobre dívida
pública portuguesa reduziram‐se 3% entre o início do ano e 30 de Abril.]

http://www.cmvm.pt/CMVM/A%20CMVM/Confer ... o_2010.pdf

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por pdcarrico » 10/2/2011 15:39

JMHP Escreveu:"Portugal deveria usar a ameaça de default para pedir juros mais baixos ao fundo europeu"

Entrevista a Matt King, director de estratégia do Citigroup

Especialista diz que é "altamente provável" que o país siga os passos da Irlanda, que, apesar de dizer que não precisava de ajuda, teve de ser intervencionada.


Eu acho engraçado que se refira a intervenção como algo que resolve o problema. O fundo de intervenção não é gratuito e até comparativamente aos juros para aquela maturidade nem é tão barato.

JMHP Escreveu:Para onde está a evoluir a crise da dívida europeia?
Sou tentado a fazer comparações com a crise da dívida na Argentina. Nos final dos anos 90, o país estava a fazer tudo o que o FMI queria, impondo austeridade, empurrando a economia para a recessão, até que houve uma eleição e alguém decidiu que aquilo não resultava e que o país devia entrar em default (incumprimento no pagamento da dívida). Receio que haja o risco de acontecer exactamente o mesmo na Europa. Tenta-se impor austeridade orçamental para sair do buraco, mas, a certa altura, percebe-se que isso não é suficiente, porque há muito dívida no sector privado.


Eu acho curioso acenarem com cenário de catástrofe assim. Lembrando aos detentores de dívida que na Argentina só deu para recuperar uma fracçãozinha da dívida.

Será que este camone se esqueceu que a dívida Argentina era maioritariamente em dólares e de um momento para o outro, após a desvalorização de 40% do peso, a dívida tornou-se muitíssimo mais pesada.

Esquece-se também que os conflitos que depuseram o presidente que queria a austeridade se seguiram a um congelamento de depósitos. Comparar isso com a nossa realidade onde "bastaria" emitir moeda e monetarizar parte da dívida é comparar o incomparável.


JMHP Escreveu:É por isso que as taxas de juro dos países que recorreram ao fundo de resgate europeu - Irlanda e Grécia - não baixam?
Sim, mas é também o facto de os mecanismos de resgate não serem concebidos para resolver um problema de solvência, mas sim de liquidez. Os políticos europeus têm estado a fingir que estes países apenas têm um problema de liquidez: basta dar-lhes tempo que eles vão sair da crise. Só que isso é ainda mais improvável com as taxas de juro que estão a pagar nos empréstimos do FMI e da UE.

Há uma grande probabilidade de os países periféricos entrarem em default?
Sim, é muito provável.

Já este ano?
É possível que sim, mas é mais provável em 2012 ou 2013. Se um país entrasse agora em default, o financiamento dissipar-se-ia, obrigando a alinhar as despesas com as receitas do dia para a noite. Comparados com isto, os cortes feitos hoje em dia são muito pequenos. O que os governos costumam fazer é, pois, ir reduzindo o défice através de cortes na despesa ao longo de vários anos e, um dia, entrar em default, depois de já ter conseguido reduzir o défice. Se for tudo previamente combinado, e a União Europeia se comprometer a continuar a disponibilizar financiamento, o default pode acontecer mais cedo e penso mesmo que haveria vantagens de alguns países, como a Grécia, já o terem feito. Mas isto é contestado pelo resto da UE devido ao efeito de contágio que criaria no sistema bancário europeu.


Também é possível que os EUA entrem em default. Bastaria que não houvesse interessados na rolagem da dívida.

JMHP Escreveu:Considerando as altas taxas de juro da dívida portuguesa, Portugal deveria recorrer à ajuda europeia e do FMI?
Se concluir que tem um problema de solvência e não de liquidez, não vale a pena pedir emprestado mais dinheiro a taxas de juro cada vez mais altas, porque nunca se terá capacidade para pagar. Tem de se proceder à reestruturação de dívida. Mas Portugal ainda não concluiu que precisa disso e, mesmo que o fizesse, o resto da UE iria provavelmente opor-se. Por isso, o melhor é os países periféricos usarem a reestruturação da dívida para pressionar a Europa, dizendo: têm de nos emprestar dinheiro com juros mais baixos, caso contrário nunca iremos escapar a um default. Acho que Portugal deveria usar a ameaça de default para pedir juros mais baixos ao fundo europeu.

Mas acha que Portugal irá pedir ajuda?
O que vimos na Irlanda foi o país a dizer sempre que não precisava de ajuda e, um dia, o BCE chega e diz que precisa de ajuda, porque o sistema financeiro não se pode financiar a ele próprio e o BCE já não quer apoiar bancos insolventes. É altamente provável que o mesmo aconteça a Portugal e a Espanha, onde os bancos são cada vez mais dependentes do BCE. Mesmo que o Governo consiga aceder aos mercados, os bancos têm dificuldades em fazê-lo.

http://economia.publico.pt/Noticia/port ... eu_1479526


Esta sugestão de ameaça de moratória seria ouro sobre azul para quem está curto em dívida.

Há muitas coisas que fazem sentido neste discurso. Há no entanto uma pergunta que não quer calar: será que existe interesse económico do Citigroup na nossa dívida? Se sim, em que sentido? longo em dívida ou longo em CDS?
Pedro Carriço
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por JMHP » 10/2/2011 15:37

am6903 Escreveu:
mais_um Escreveu:
am6903 Escreveu:
Rags Escreveu:9:02
|DÍVIDA| Juros da dívida pública a 10 anos em máximos históricos nos 7.532%, tendo ontem encerrado nos 7.361%. (Fonte Gobulling)


Num passado recente, foi o pânico quando os juros atingiram os 7%...

Agora parece que o problema desapareceu, ou pelo menos quase não se fala no assunto.

Estará para vir novamente em força a nuvem negra do FMI ou mesmo o próprio?

Estranho também, pelo menos para mim, que o PSI continue a sua performance (especialmente a banca) com o confirmar desta tendência ascendente. Ou o BCE volta às compras ou na próxima semana temos "prova superada nos 8%”...pode ser que o Ministro das Finanças diga que o que ele disse foi que a barreira psicológica eram os 17% só que os ouvintes perceberam 7%!!!
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=467767


A questão dos 7% nunca foi as yields do mercado secundário (o Estado não paga esses valores) mas sim nos leilões de OT.


Mais_um, bem sei que assim é, no entanto, como bem sabes também o valor das yields no mercado secundário determina o valor do cupão da divida colocada nos leilões. Se hoje fosse 4º feira e se estivéssemos a realizar um leilão de OT 10 anos e se o BCE não fosse em sprint ao mercado comprar, não tenhamos dúvidas que já teríamos um cupão perto dos 7,5% (bem sei que são alguns “sss” a mais mas é uma realidade está bem perto deste cenário)


A situação actual que o país vive sem que uma grande parte da população perceba ou ignore, é muito complicada.

Compreendo as duvidas e questões que o Mais_um aqui levanta e por vezes procura demonstrar que nem tudo é negro, mas o que não é negro, é cinzento... Actualmente não há forma de olhar para a nossa situação que não seja negativa, até porque os nossos governantes não dão indicações ou inspiram confiança depois de tantas vezes terem falhado no passado... Afinal são os mesmos que fracassaram!

O que mais me preocupa não é o curto-prazo, mas sim o médio/longo-prazo do nosso país e de que forma o Euro poderá sobreviver desta crise.... É sobre essa questão que os mercados estão atentos e interessados.
Editado pela última vez por JMHP em 10/2/2011 15:40, num total de 1 vez.
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por atomez » 10/2/2011 15:35

pdcarrico Escreveu:Amigo Atomez,

Creio que essa tese não fará muito sentido, apesar de acreditar que em montante emitido, o volume económico de CDS seja equivalente ao de dívida emitida. Simplesmente quem comprará dívida não deverá ser o mesmo agente a comprar CDS.
...
Um CDS é basicamente uma forma de vender a descoberto um título de dívida.

Caríssimo,

Isto não é uma tese, é assim mesmo. Um CDS é mesmo um seguro, tal como quem compra um carro faz um seguro e paga todos os anos uma valor que é uma percentagem (baixa) do valor do carro para no caso de por algum motivo ficar sem ele, o seguro indemniza o valor do carro.

No meio financeiro o valor dos CDS existentes até é muito superior ao total dos activos segurados, porque é um mercado praticamente não regulado de modo que nem é preciso ser o proprietário de um dado bem para o segurar. É como se soubesses que o teu vizinho é muito mau condutor e fazes um seguro sobre o carro dele, se ele tiver um acidente também recebes o seguro!

Enquanto tudo corre bem é um grande negócio para quem emite os CDS (segurador), o problema é quando corre mal (há muitos acidentes)...

Por essa razão e que há um par de anos, no auge da crise financeira, a então maior seguradora do mundo - AIG - deu o grande estoiro porque de repente teve de pagar uma quantidade gigantesca de CDS (na ordem do trilião de $$$)

É norma que uma entidade quem uma tomada de obrigações no valor de centenas de milhões faz o CDS para o segurar, normalmente é até obrigatório pelas normas dos reguladores.

Googla "credit default swaps" que encontras a info toda.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por pdcarrico » 10/2/2011 15:19

Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:
Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:Agora também não posso de deixar de questionar o seguinte, em 2008 e 2009 era preciso salvar o sistema financeiro, não importava os defices e a divida dos Estados, os mercados defendiam a intervenção urgente dos governos, depois de serem salvos, passaram a dizer que era grave os defices elevaods e a divida publica, à conta disso continuam a emprestar dinheiro mas com mais lucros.

Não é bem assim.

As entidades que emprestam, ou dito de outro modo, compram dívida, fazem de imediato o seguro para o caso de incumprimento do pagador, os famosos CDS - Credit Default Swaps, e esses têm estado a aumentar devido ao aumento de risco de incumprimento. São um custo acrescido para quem empresta.


Sabes qual a percentagem de divida que é coberta pelos CDS?

É toda.


Amigo Atomez,

Creio que essa tese não fará muito sentido, apesar de acreditar que em montante emitido, o volume económico de CDS seja equivalente ao de dívida emitida. Simplesmente quem comprará dívida não deverá ser o mesmo agente a comprar CDS.

É que casar as opções é financeiramente igual a comprar uma obrigação alemã sem risco de cobertura de crédito. Ora porque razão iria um agente financeiro comprar uma obrigação muito mais ilíquida, ter que proceder a um hedgind de risco de crédito, se poderia comprar outra mais líquida numa operação mais simples?

Daí que provavelmente os agentes que compram dívida pública Portuguesa não devam na sua generalidade cobrir o risco com CDS's, sendo que o prémio pago é exactamente o que os motiva a investir com maior risco.

É exactamente a mesma coisa que dizer que quem faz short-selling de uma acção é quem a detinha anteriormente. E que o short-selling seria a forma de cobertura de risco na posição longa na acção. Provavelmente também neste caso, é outro agente que não teria exposição à acção e que entende que aquela deverá desvalorizar, e por isso a vendeu a descoberto.

Um CDS é basicamente uma forma de vender a descoberto um título de dívida.
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por am6903 » 10/2/2011 13:55

mais_um Escreveu:
am6903 Escreveu:
Rags Escreveu:9:02
|DÍVIDA| Juros da dívida pública a 10 anos em máximos históricos nos 7.532%, tendo ontem encerrado nos 7.361%. (Fonte Gobulling)


Num passado recente, foi o pânico quando os juros atingiram os 7%...

Agora parece que o problema desapareceu, ou pelo menos quase não se fala no assunto.

Estará para vir novamente em força a nuvem negra do FMI ou mesmo o próprio?

Estranho também, pelo menos para mim, que o PSI continue a sua performance (especialmente a banca) com o confirmar desta tendência ascendente. Ou o BCE volta às compras ou na próxima semana temos "prova superada nos 8%”...pode ser que o Ministro das Finanças diga que o que ele disse foi que a barreira psicológica eram os 17% só que os ouvintes perceberam 7%!!!
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=467767


A questão dos 7% nunca foi as yields do mercado secundário (o Estado não paga esses valores) mas sim nos leilões de OT.


Mais_um, bem sei que assim é, no entanto, como bem sabes também o valor das yields no mercado secundário determina o valor do cupão da divida colocada nos leilões. Se hoje fosse 4º feira e se estivéssemos a realizar um leilão de OT 10 anos e se o BCE não fosse em sprint ao mercado comprar, não tenhamos dúvidas que já teríamos um cupão perto dos 7,5% (bem sei que são alguns “sss” a mais mas é uma realidade está bem perto deste cenário)
Cumprimentos
 
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por mais_um » 10/2/2011 13:55

Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:
Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:Agora também não posso de deixar de questionar o seguinte, em 2008 e 2009 era preciso salvar o sistema financeiro, não importava os defices e a divida dos Estados, os mercados defendiam a intervenção urgente dos governos, depois de serem salvos, passaram a dizer que era grave os defices elevaods e a divida publica, à conta disso continuam a emprestar dinheiro mas com mais lucros.

Não é bem assim.

As entidades que emprestam, ou dito de outro modo, compram dívida, fazem de imediato o seguro para o caso de incumprimento do pagador, os famosos CDS - Credit Default Swaps, e esses têm estado a aumentar devido ao aumento de risco de incumprimento. São um custo acrescido para quem empresta.


Sabes qual a percentagem de divida que é coberta pelos CDS?

É toda.


fonte?
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
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por Automech » 10/2/2011 13:54

mais_um Escreveu:
Sim sim, do nosso, do inglês, do francês, do eua, do espanhol, de alemão, etc....


O nosso não foi para salvar bancos mas sim para validar tudo o que estava fora de controle, como mostrei com a notícia.

A crise foi a desculpa perfeita para tirar o lixo que havia debaixo do tapete.
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por mais_um » 10/2/2011 13:52

AutoMech Escreveu:
mais_um Escreveu:Agora também não posso de deixar de questionar o seguinte, em 2008 e 2009 era preciso salvar o sistema financeiro, não importava os defices e a divida dos Estados, os mercados defendiam a intervenção urgente dos governos, depois de serem salvos, passaram a dizer que era grave os defices elevaods e a divida publica, à conta disso continuam a emprestar dinheiro mas com mais lucros. Humm..é demasiada concidência.


Mais uma aldrabice da máquina de propaganda do governo.


Sim sim, do nosso, do inglês, do francês, do eua, do espanhol, de alemão, etc....
Anexos
maioresdfices2009-b77c.jpg
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por Automech » 10/2/2011 13:52

artista Escreveu:
mais_um Escreveu:
artista Escreveu:se foi, o caso deram-nos uma hipótese de alterar as coisas e não soubemos aproveitar...


Uma hipotese? Não é num ano, nem em dois que resolvemos os problemas estruturais que padecemos à decadas.


Pois não, mas agora é isso que os mercados nos exigem e, quer queiramos quer não, estamos dependentes deles...

Já agora, este governo já lá está há 6 e só desde desde há menos de um ano é que parece que tem consciência da nossa verdadeira situação... pelo menos o primeiro ministro!


É altura de revisitar o magnifico tópico do Elias em
http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... &js_link=1

Elias Escreveu:Aqui fica um conjunto de excertos de diversas notícias que seleccionei dos últimos 5 anos com declarações de José Sócrates. O critério de selecção foi apenas um: encontrar notícias (pelo menos uma por semestre) em que o primeiro-ministro afirmasse que a nossa situação económica é boa.

Como se pode ver, o tom geral ao longo dos 5 anos é sempre o mesmo - o de que a nossa situação económica é boa e as perspectivas são positivas.

A única excepção surge em Setembro de 2008, no auge da crise financeira, em que é apontado o dedo aos especuladores sem escrúpulos :lol:

Depois disso volta a cassete número 1.


O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que a economia portuguesa está a registar «uma evolução gradual».
21-Abr-2006 – Por LUSA

O primeiro-ministro adiantou que, a avaliar pelas previsões do Banco de Portugal e do Governo para este ano, o crescimento económico "vai ser superior aquele que foi o crescimento nos três anos de governação da direita".
24-Out-2006

“As reformas que Portugal está a empreender asseguram que as crises orçamentais não voltarão a afectar o país e que o crescimento económico está mais garantido” [disse Sócrates]
08-06-2007 Agencia financeira

Sócrates salientou que a economia portuguesa «já está a criar emprego»
09-11-2007 Diario digital

O Conselho de Ministros fez hoje um balanço de três anos de governação e considerou que o "crescimento da economia", o controlo do défice e a reforma da Segurança Social são resultados que "dão confiança" ao executivo.
12-3-2008 Lusa

Sócrates afirma que crise orçamental «está ultrapassada»
25 Março, 2008 – portugalmail.pt

Sócrates recusa rever em baixa crescimento económico em 2008 - O primeiro-ministro recusou hoje proceder para já a uma revisão em baixa do crescimento económico de Portugal para este ano e rejeitou a perspectiva de o défice orçamental conhecer um agravamento em 2009.
28 | 04 | 2008 - destak.pt

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que a Europa está a pagar o preço da ausência de regulação dos mercados financeiros nos Estados Unidos e de comportamentos sem "escrúpulos" por parte de alguns especuladores.
24.09.2008 - 18:29 Por Lusa

O primeiro-ministro voltou a insistir que a consolidação orçamental que tem sido desenvolvida desde 2005 deixou Portugal mais bem preparado e proporcionou um crescimento económico significativo.
5.1.2009 – publico.pt

Sócrates diz que dados da actividade económica são "encorajadores"
19 Junho 2009 – negocios.pt

"No segundo trimestre de 2009, nota-se já uma reanimação e uma recuperação da nossa economia,
17.11.2009 – oje.pt

Economia portuguesa está em evolução gradual. "Portugal registou o maior crescimento económico da Europa no primeiro trimestre deste ano", disse José Sócrates.
12-5-2010 portugaldigital

Sócrates diz que crescimento económico «confirma recuperação»
13 AGO 2010 - tsf.pt


Faz-me lembrar a negação dos alcoólicos.
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por artista_ » 10/2/2011 13:49

mais_um Escreveu:
artista Escreveu:se foi, o caso deram-nos uma hipótese de alterar as coisas e não soubemos aproveitar...


Uma hipotese? Não é num ano, nem em dois que resolvemos os problemas estruturais que padecemos à decadas.


Pois não, mas agora é isso que os mercados nos exigem e, quer queiramos quer não, estamos dependentes deles...

Já agora, este governo já lá está há 6 e só desde desde há menos de um ano é que parece que tem consciência da nossa verdadeira situação... pelo menos o primeiro ministro!
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por atomez » 10/2/2011 13:47

mais_um Escreveu:
Atomez Escreveu:
mais_um Escreveu:Agora também não posso de deixar de questionar o seguinte, em 2008 e 2009 era preciso salvar o sistema financeiro, não importava os defices e a divida dos Estados, os mercados defendiam a intervenção urgente dos governos, depois de serem salvos, passaram a dizer que era grave os defices elevaods e a divida publica, à conta disso continuam a emprestar dinheiro mas com mais lucros.

Não é bem assim.

As entidades que emprestam, ou dito de outro modo, compram dívida, fazem de imediato o seguro para o caso de incumprimento do pagador, os famosos CDS - Credit Default Swaps, e esses têm estado a aumentar devido ao aumento de risco de incumprimento. São um custo acrescido para quem empresta.


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