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Caldeirão da Bolsa

"Os mercados cometem crimes contra a humanidade"

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por artista_ » 4/1/2011 0:10

pdcarrico Escreveu:Ninguém está contra os mercados, nem ninguém tem fórmulas mágicas que os tornem mais eficientes e melhor trabalhem para a sociedade. O princípio de funcionamento de uma bolsa de valores é excelente para a economia, para o empreendedorismo, para o crescimento, etc...

Resumidamente, um conceito que o Soros fala e apresenta é o da reflexividade, que significa que o futuro depende da conjuntura presente e de uma expectativa sobre o próprio futuro. O futuro acaba a ser um reflexo da expectativa desse mesmo futuro. O crescimento na complexidade nos mercados não só aumenta a importância dessa reflexividade como aliás se torna a actuação sobre a expectativa (no presente) a principal condicionante para o futuro. Ou seja no mercado faz-se mais pelo futuro do que propriamente ler-se o futuro. O irónico do sub-prime é que toda a gente (nos bancos) tinha noção do desenquadramento entre o valor financeiro e o valor real. Mas nem por isso a crise estalava.

Um fund manager que gere uma carteira com base na sua percepção de valor, pode perder rapidamente o emprego, porque para ter performance comparativa melhor que o seu vizinho, ele precisa surfar na onda amplificando o volume ou da crise e o ou da bolha. E com a alavancagem e com o mercado mais complexo o volume num sentido ou noutro torna-se desproporcionado face ao valor real.

E se uma quantidade de participantes acaba num lado, eles próprios exercem uma forma de influência para que esse lado se torne o vencedor.


Parece que pensamos mais ou menos o mesmo, a diferença é que estamos a abordar as coisas de prismas diferentes... falo sobretudo da posição de Portugal (dos portugueses) em relação aos mercados e à crise!

Quanto ao resto é claro que há e haverá exageros, sem dúvida que alguns difíceis de digerir, que demorarão anos a a purgar... estamos num desses casos, sobretudo em Portugal!

pdcarrico Escreveu:Eu não sei como se pode regular o mercado. Acho que é um ferramenta do mundo moderno que devemos aceitar e incluir na nossa vida, mas sinceramente acho que é aceitável que possamos ver a forma como a tornarmos menos autónoma e mais integrada na sociedade.


Pois, é desse tipo de regulação que falo! :wink:

Abraço

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por Elias » 4/1/2011 0:03

pdcarrico Escreveu:nunca na história da humanidade foi tão livre o fluxo de capitais - isso é uma consequência e uma circunstância do liberalismo ... até certo ponto uma excelente circunstância.


Então e não achas que hoje se vive muito melhor do que no passado? :P
 
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por pdcarrico » 4/1/2011 0:00

Quico Escreveu:
pdcarrico Escreveu:As regras de hoje em dia são de um mundo liberal


Discordo em absoluto. É isso que a esquerda instalada (herdeira do Maio de 68) nos quer fazer crer; na realidade, instalado está o keynesianismo que ela venera. Quando as coisas correm mal como agora... basta agitar o "papão dos mercados" e assim se enganam os tolos.

Abraço. :wink:

Podemos ser amigos na mesma :lol: mas nunca na história da humanidade foi tão livre o fluxo de capitais - isso é uma consequência e uma circunstância do liberalismo ... até certo ponto uma excelente circunstância.
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por pdcarrico » 3/1/2011 23:58

artista Escreveu:
Não sei se te estou a perceber bem... eu até concordo contigo mas o problema estará nos mercados em si, ou na falta de percepção do seu funcionamento por muitos dirigentes de uma boa parte dos estados?! O problema esteve nos mercados ou nos governantes que pensaram que estava ali uma galinha de ovos de ouro inesgotável que podia financiar tudo e mais alguma coisa?!!


Ninguém está contra os mercados, nem ninguém tem fórmulas mágicas que os tornem mais eficientes e melhor trabalhem para a sociedade. O princípio de funcionamento de uma bolsa de valores é excelente para a economia, para o empreendedorismo, para o crescimento, etc...

Resumidamente, um conceito que o Soros fala e apresenta é o da reflexividade, que significa que o futuro depende da conjuntura presente e de uma expectativa sobre o próprio futuro. O futuro acaba a ser um reflexo da expectativa desse mesmo futuro. O crescimento na complexidade nos mercados não só aumenta a importância dessa reflexividade como aliás se torna a actuação sobre a expectativa (no presente) a principal condicionante para o futuro. Ou seja no mercado faz-se mais pelo futuro do que propriamente ler-se o futuro. O irónico do sub-prime é que toda a gente (nos bancos) tinha noção do desenquadramento entre o valor financeiro e o valor real. Mas nem por isso a crise estalava.

Um fund manager que gere uma carteira com base na sua percepção de valor, pode perder rapidamente o emprego, porque para ter performance comparativa melhor que o seu vizinho, ele precisa surfar na onda amplificando o volume ou da crise e o ou da bolha. E com a alavancagem e com o mercado mais complexo o volume num sentido ou noutro torna-se desproporcionado face ao valor real.

E se uma quantidade de participantes acaba num lado, eles próprios exercem uma forma de influência para que esse lado se torne o vencedor.

artista Escreveu:É claro que os mercados precisam de regulação, mas a melhor que se lhes pode fazer é percebe-los e usá-los de uma forma correcta... obviamente que os excessos são inevitáveis, os apelos são irresistíveis e conseguem facilmente iludir os mais distraídos e/ou gananciosos!!

Mas nos prós e contras da coisa acho que se ganha mais do que se perde... e seja como for não se pode culpar a máquina quando não se sabe usá-la, ou não se consegue tirar dela grande benefício...

abraços

artista

Eu não sei como se pode regular o mercado. Acho que é um ferramenta do mundo moderno que devemos aceitar e incluir na nossa vida, mas sinceramente acho que é aceitável que possamos ver a forma como a tornarmos menos autónoma e mais integrada na sociedade.
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por Quico » 3/1/2011 23:52

pdcarrico Escreveu:As regras de hoje em dia são de um mundo liberal


Discordo em absoluto. É isso que a esquerda instalada (herdeira do Maio de 68) nos quer fazer crer; na realidade, instalado está o keynesianismo que ela venera. Quando as coisas correm mal como agora... basta agitar o "papão dos mercados" e assim se enganam os tolos.

Abraço. :wink:
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por pdcarrico » 3/1/2011 23:42

Elias Escreveu:
pdcarrico Escreveu:Claro ... mas aqui é uma questão de bom senso. Um subsídio faz sentido como investimento transitório, ou então quando há uma necessidade estratégica que cria um valor que também pode ser mensurado.

O subsídio discricionário é um absurdo, mas pontual pode fazer todo o sentido .... como aliás faz o subsídio de desemprego.


O problema é quando os transitórios se tornam em definitivos e quando os pontuais se tornam os dominantes... :roll:

Sim, esse é um problema ... mas sem problemas, não haveria melhorias :wink:

Quico Escreveu:Caro pdcarrico:

Lá que queiras colar o liberalismo à direita... tudo bem!

Agora: liberalismo é diferente de conservadorismo; aliás, até será o oposto.

P.S. - Ainda este fim de semana me ri um bocado ao ler o MST, com a sua habitual arrogante ignorância, chamar a G. W. Bush "ultraliberal"...


Caríssimo Quico,

Liberalismo já foi oposto ao conservadorismo ... hoje nem tanto. Conservador é quem quer conservar as regras. As regras de hoje em dia são de um mundo liberal
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por atomez » 3/1/2011 23:40

A minha pequena ideia é que se devia separar a Política da Economia.

Tal como no Renascimento se separou a Política da Religião, e isso deu à Europa uma vantagem competitiva enorme sobre o resto do mundo (os islamitas, coitados, ainda não perceberam isso), e deu origem ao maior surto de desenvolvimento de todos os tempos, neste momento também a Economia se devia separar da Política.

O Estado devia ter para com a Economia a mesma atitude que tem perante a Religião -- garantir a sua liberdade, que uma seita não se sobreponha às outras (anti-monopolismo) e fora disso não interferir minimamente naquilo em que pessoas livres decidem fazer entre si, desde que não incomodem nem prejudiquem os outros (Estado de Direito).

É claro que os políticos não vão nisso...
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por Quico » 3/1/2011 23:32

Caro pdcarrico:

Lá que queiras colar o liberalismo à direita... tudo bem!

Agora: liberalismo é diferente de conservadorismo; aliás, até será o oposto.

P.S. - Ainda este fim de semana me ri um bocado ao ler o MST, com a sua habitual arrogante ignorância, chamar a G. W. Bush "ultraliberal"...
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por Elias » 3/1/2011 23:21

pdcarrico Escreveu:Claro ... mas aqui é uma questão de bom senso. Um subsídio faz sentido como investimento transitório, ou então quando há uma necessidade estratégica que cria um valor que também pode ser mensurado.

O subsídio discricionário é um absurdo, mas pontual pode fazer todo o sentido .... como aliás faz o subsídio de desemprego.


O problema é quando os transitórios se tornam em definitivos e quando os pontuais se tornam os dominantes... :roll:
 
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por pdcarrico » 3/1/2011 23:17

migluso Escreveu:
Foi capitalista, tal como Buffett. Depois de enriquecerem defendem a protecção do estado... à sua riqueza.

Não caro migluso. George Soros é o personagem que Fernando Pessoa pensou quando escreveu o banqueiro anarquista. Ele é rico, é independente e se há e houve coisa de que não necessitou foi de ajuda pública para proteger o seu património, até porque tem património em várias zonas económicas. Mas o facto de ser rico e de ter enriquecido através do conhecimento que foi adquirindo sobre o mercado permitiu-lhe pensar e dizer o que bem entendia. Também o facto de já não ver na imprensa e no mediatismo o "beijo da morte" para todo o especulador, permite-lhe partilhar connosco (simples mortais) uma visão única sobre o capitalismo.

migluso Escreveu:Por exemplo:
Protecção da indústria agrícola provoca preços mais caros para os consumidores ou mais impostos para os contribuintes, impede o desenvolvimento do sector nos países mais atrasados contribuindo para a pobreza que se verifica nestes países, desincentiva ao empreendedorismo e à inovação dos empresários na busca de novas técnicas de produção que sejam competitivas no mundo aberto e global.

Bem ... os Países concorrem entre si na maior parte das vezes e o interesse de um não coincide com o de outro, e por isso é um facto que muitos Países pobres se queixam sobre proteccionismo que EUA e Europa mantem para algumas áreas nomeadamente na agricultura. Normalmente é o sector mais à esquerda que defende a diminuição do proteccionismo de Países ricos.

Mas em relação à tese de que ocorre um desincentivo ao empreendedorismo .. nem sempre é assim. Dou-te dois exemplos no Brasil - nos anos 80, e na ressaca da crise do petróleo, o Brasil desenvolveu tecnologia financiada por dinheiro público, para aplicação do etanol como substituto à gasolina. Durante muito tempo, o etanol ficou na gaveta porque o preço do petróleo baixou e ficou sob controlo, mas quando o petróleo subiu, tornou-se um combustível competitivo, e agora o know-how (que não se desenvolve do dia para noite) dá uma posição de privilégio ao País. Da mesma forma, a Petrobrás desenvolveu tecnologia para extracção de petróleo em águas profundas. Fê-lo porque é uma empresa maioritariamente de capital público, porque se não fosse não iria desenvolver competência sem um retorno mais visível. Hoje o resultado está à vista, tem um património incalculável nas bacias marítimas junto a vários Estados, e tem capacidade única para o extrair.

Em relação por exemplo aos incentivos a energias alternativas ... há quem diga que o aquecimento global é um mito, mas imaginemos que haja uma probabilidade de 50% de ser verdade. Podemos então ver o investimento público em energias alternativas como um investimento que tem risco (como qualquer investimento!) - na pior das hipóteses há um investimento futuro afundado, na melhor das hipóteses (e caso a tese do aquecimento global seja verdadeira) melhoramos o planeta para os nossos filhos e netos e diminuimos a dependência de petróleo permitindo a desaceleração do aumento de preço. Mas ... será que algum privado se chega à frente sem um incentivo público? Será que o potencial retorno (que não sendo certo se torna como qualquer investimento) não vale a pena o investimento público (via subsídio)?

migluso Escreveu:
Bernanke conservador?!?! Keynesiano ou intervencionista, querias tu dizer.
Tens razão em determinados pontos. Mas, já agora, aproveito para dizer que os maiores defensores do capitalismo (de empresas da economia real e produtiva) defendem um sistema bancário de reservas 100%.
Quanto ao sub-prime, qual a responsabilidade do estado derivada da legislação que criou, incentivando empréstimos de alto risco?

Em determinada altura todos são intervencionistas ... o próprio Bush autorizou intervenções... agora quem é conservador ou não... se achas que não é .. tudo bem é a tua opinião, mas devo lembrar-te que a sua nomeação ocorreu em mandato Republicano.
Eu não vou questionar a bondade na legislação específica na securitização de créditos nos EUA. Pode ter sido óptima a intenção. O problema não é o ovo ou a galinha, mas sim um sistema capitalista que no mínimo deve ser mais controlado.

migluso Escreveu:Nenhum defensor do capitalismo afirma que ele é infalível. Afirma, antes, que o ajustamento necessário entre os ciclos económicos será tanto mais rápido e eficaz quanto menos o estado intervir, para além de evitar medidas arbitrárias de quem tem o poder... exemplo: salvar o Bear Sterns e deixar falir o Lehman

Os verdadeiros defensores do capitalismo defendem a falência dos bancos insolventes e são contra a socialização dos prejuízos.

abraço

Na teoria tens toda a razão. O problema é quando uma Instituição leva atrás outras que não teriam problema algum.

Eu fui cliente Refco em 2005. Nessa altura, era apenas cliente e como tal julgava-me totalmente seguro a não ser em relação a trading. A corretora faliu por motivos de polícia e eu fiquei a arder com umas massas ... tudo bem ... passou ... mas o problema é que às vezes as externalidades são maiores e criam problemas que tornam mais viável para todos socializar o prejuízo.

MarcoAntonio Escreveu:Já agora queria também deixar uma nota de apreço pela intervenção do pdcarrico, que entendo excelente. Revi ali muito do que penso no que ele escreveu...


Muito obrigado Marco :wink:

Elias Escreveu:
Bem, mas se eles regulam os preços, então isso pode retirar margem aos produtores, que podem passar a achar o negócio desinteressante do ponto de vista de rentabilidade. A única forma de os manter como produtores será através de subsídios... pagos pelo contribuinte - ou estarei errado?


Claro ... mas aqui é uma questão de bom senso. Um subsídio faz sentido como investimento transitório, ou então quando há uma necessidade estratégica que cria um valor que também pode ser mensurado.

O subsídio discricionário é um absurdo, mas pontual pode fazer todo o sentido .... como aliás faz o subsídio de desemprego.
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por Quico » 3/1/2011 23:16

MarcoAntonio Escreveu:Já agora queria também deixar uma nota de apreço pela intervenção do pdcarrico, que entendo excelente. Revi ali muito do que penso no que ele escreveu...


Pois eu direi o mesmo relativamente ao migluso! :wink:
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por artista_ » 3/1/2011 22:56

pdcarrico Escreveu:Eu sou defensor do sistema de mercado, e acho o mercado o melhor sistema para nos dar uma sociedade livre e aberta, mas acho, talvez ao contrário de muitos, que a crescente complexidade e autonomização da finança como versão piorada da economia de mercado no que diz respeito à criação de uma sociedade melhor.


Não sei se te estou a perceber bem... eu até concordo contigo mas o problema estará nos mercados em si, ou na falta de percepção do seu funcionamento por muitos dirigentes de uma boa parte dos estados?! O problema esteve nos mercados ou nos governantes que pensaram que estava ali uma galinha de ovos de ouro inesgotável que podia financiar tudo e mais alguma coisa?!!

É claro que os mercados precisam de regulação, mas a melhor que se lhes pode fazer é percebe-los e usá-los de uma forma correcta... obviamente que os excessos são inevitáveis, os apelos são irresistíveis e conseguem facilmente iludir os mais distraídos e/ou gananciosos!!

Mas nos prós e contras da coisa acho que se ganha mais do que se perde... e seja como for não se pode culpar a máquina quando não se sabe usá-la, ou não se consegue tirar dela grande benefício...

abraços

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por Camisa Roxa » 3/1/2011 22:40

Muffin Escreveu:Credo! a queda da Lehmon brothers foi há dois anos e há quem nada tenha aprendido!

Foi a intervenção do Estado que evitou o colapso do sistema financeiro internacional, criado por anos consecutivos de desregulação!


o sistema bancário é o sector mais regulado do mundo! para além disso é dos únicos mercados onde o preço (taxa de juro) e a quantidade de moeda são fixados centralmente!

e ainda dizem que é o exemplo do neoliberalismo selvagem????

o sector bancário é um dos exemplos máximos de um mercado subvertido e controlado pelo Estado para benefício de alguns!

o sistema de reservas fraccionais é um castelo de cartas que só se mantém porque o Estado vai mantendo a confiança no sistema valendo-se do monopólio de força legal que detém...

o fim da convertibilidade ouro/dólar foi a machadada final na réstia de credibilidade do sistema bancário internacional

An economy that is lightly (reasonably) leveraged can handle a slowdown without imploding. An economy that is leveraged to its eyeballs cannot. A catch-22 is thus created, in which the taking on of excess leverage requires the application of even more leverage (via the authorities) to save the system from itself. This feedback loop is, of course, unsustainable, barring the economy’s ability to “grow its way out” of the problem.

(…)

The Von Mises prophecy, remember, involves panic fears of being crushed under a mountain of long-accumulated debt. As the authorities seek to alleviate presssure by monetizing that debt (turning it into paper currency), faith in the system on the whole (currency and debt) is eroded, and investor preference for holding said debt (or currency) shifts at the margins in favor of something else.


a escola austríaca foi a única que diagnosticou acertadamente toda esta crise...
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... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
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por migluso » 3/1/2011 22:13

Muffin Escreveu:migluso, e a história já provou repetidamente que a autoregulação é uma falácia.

Credo! a queda da Lehmon brothers foi há dois anos e há quem nada tenha aprendido!

Foi a intervenção do Estado que evitou o colapso do sistema financeiro internacional, criado por anos consecutivos de desregulação!

Os factos falam por si, e nem precisamos recuar aos anos 30. :( :(


Não é verdade. O maior avanço civilizacional da humanidade deu-se com o surgimento dos ideais liberais e o fim do mercantilismo/feudalismo.

Aliás, a história provou e prova precisamente o contrário. Quanto mais se regular e dirigir, pior é a vida das pessoas.

Quanto à regulação do sistema financeiro: sistema bancário de reservas total e livre escolha do dinheiro seriam suficientes.

Pensando melhor, o que disse atrás não exige regulação. Exige antes a desregulação do que existe actualmente (dinheiro imposto pelo estado) e o cumprimento do contrato de depósito.

Cumps
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por Elias » 3/1/2011 22:11

pdcarrico Escreveu:A resposta é difícil, mas isso não se deve constituir como um tabu para se evitar a questão. Os EUA regulam preços e acessos a determinados bens por oposição ao mercado livre. Um exemplo é o milho para etanol, claramente mais ineficiente que o etanol de cana, tem sido muito beneficiado desde há uma década. porquê? porque eles entendem que é uma indústria estratégica que faz sentido manter apesar de mais ineficiente que a oferta de fora.


Bem, mas se eles regulam os preços, então isso pode retirar margem aos produtores, que podem passar a achar o negócio desinteressante do ponto de vista de rentabilidade. A única forma de os manter como produtores será através de subsídios... pagos pelo contribuinte - ou estarei errado?
 
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por migluso » 3/1/2011 21:59

pdcarrico Escreveu:... mas acho, talvez ao contrário de muitos, que a crescente complexidade e autonomização da finança como versão piorada da economia de mercado no que diz respeito à criação de uma sociedade melhor.


Tal como está, sem dúvida.

No entanto, conforme as inovações da internet e da economia da informação criaram uma bolha e originaram muitas más empresas e uma crise económica, também a inovação financeira cometeu muitos erros e teve excessos.

Pelas próprias características do sector, uma crise deste género tem consequências a um nível transversal a toda a economia, logo a crise é muito mais severa.

Acredito que a securitização de dívida vai continuar, pois permite diversificar o risco. Acredito, igualmente, que os CDS vão continuar pois permitem a quem se financia fazê-lo a preços mais baixos dado que tal produto oferece protecção aos credores, que doutra forma exigiriam um preço mais elevado.

Apesar destas inovações financeiras estarem no centro da crise e serem consideradas prejudiciais, considero que poderão ser muito úteis, depois de corrigidos os erros que levaram à actual crise.

Tal como a internet existe e é hoje indispensável, também as inovações financeiras o serão em maior ou menor grau no futuro.

cumps
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por Pantone » 3/1/2011 21:42

migluso Escreveu:
Muffin Escreveu:migluso, creio que o termo foi usado para definir uma forma de capitalismo em que o mercado não é regulado, ou em que se auto-regula.

É assim que o entendo.


Muffin,
Na minha opinião, quanto mais for permitido ao mercado se auto-regular, mais eficiente e mais justa é, em termos gerais, a alocação dos recursos.

Capitalismo é isso mesmo: a auto-regulação da sociedade, a ordem espontânea.


migluso, e a história já provou repetidamente que a autoregulação é uma falácia.

Credo! a queda da Lehmon brothers foi há dois anos e há quem nada tenha aprendido!

Foi a intervenção do Estado que evitou o colapso do sistema financeiro internacional, criado por anos consecutivos de desregulação!

Os factos falam por si, e nem precisamos recuar aos anos 30. :( :(
 
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por migluso » 3/1/2011 21:33

Muffin Escreveu:migluso, creio que o termo foi usado para definir uma forma de capitalismo em que o mercado não é regulado, ou em que se auto-regula.

É assim que o entendo.


Muffin,
Na minha opinião, quanto mais for permitido ao mercado se auto-regular, mais eficiente e mais justa é, em termos gerais, a alocação dos recursos.

Capitalismo é isso mesmo: a auto-regulação da sociedade, a ordem espontânea.
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por MarcoAntonio » 3/1/2011 21:11

Já agora queria também deixar uma nota de apreço pela intervenção do pdcarrico, que entendo excelente. Revi ali muito do que penso no que ele escreveu...
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2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por smiile » 3/1/2011 21:07

pdcarrico escreveu:


Eu sou defensor do sistema de mercado, e acho o mercado o melhor sistema para nos dar uma sociedade livre e aberta, mas acho, talvez ao contrário de muitos, que a crescente complexidade e autonomização da finança como versão piorada da economia de mercado no que diz respeito à criação de uma sociedade melhor.

:clap: :clap: :clap: :clap:
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por migluso » 3/1/2011 20:47

pdcarrico Escreveu:Curioso que a mais lúcida crítica que eu vi à economia capitalista veio de alguém que sendo um capitalista convicto, sabe entender as fragilidades desse sistema - estou a falar do Soros, que consegue, com a experiência que nenhum de nós terá, identificar os pontos que acabam por tornar estas observações do Boaventura até com alguma lógica.


Foi capitalista, tal como Buffett. Depois de enriquecerem defendem a protecção do estado... à sua riqueza.

pdcarrico Escreveu:Primeiro que o sistema capitalista americano (a grande referência) sempre foi um excelente exemplo de como o capital necessita de uma mão amiga do poder público, e não falo de regulação. Falo por exemplo da determinadas indústrias em que a procura era de alguma forma manipulada pelo poder público, como na indústria agrícola ou a do armamento.


Por exemplo:
Protecção da indústria agrícola provoca preços mais caros para os consumidores ou mais impostos para os contribuintes, impede o desenvolvimento do sector nos países mais atrasados contribuindo para a pobreza que se verifica nestes países, desincentiva ao empreendedorismo e à inovação dos empresários na busca de novas técnicas de produção que sejam competitivas no mundo aberto e global.

pdcarrico Escreveu:Mas mesmo que o mercado fosse regulado perfeitamente e sem problemas (o que nunca foi verdade), a questão é que até a ala conservadora americana (Bernanke e Greenspan) entendeu que a complexidade e a estrutura do mercado tem tido efeitos colaterais sérios, tendo funcionando como uma ameaça ao próprio sistema de mercado como a base de um sistema livre e uma sociedade aberta e próspera. E o problema não é a complexidade por si só, mas a forma como se administrou o mercado como um todo, que muitas vezes se distancia da economia real e permitindo com isso que todo o sistema financeiro se tivesse tornado cumplice na crise do sub-prime. O problema não era de agora ... citando de novo George Soros, o mal estava diagnosticado desde há mais de uma década - o livro "a crise do capitalismo global" é absolutamente premonitório.


Bernanke conservador?!?! Keynesiano ou intervencionista, querias tu dizer.
Tens razão em determinados pontos. Mas, já agora, aproveito para dizer que os maiores defensores do capitalismo (de empresas da economia real e produtiva) defendem um sistema bancário de reservas 100%.
Quanto ao sub-prime, qual a responsabilidade do estado derivada da legislação que criou, incentivando empréstimos de alto risco?

pdcarrico Escreveu:Mas ridículo por ridículo ... tanto me parece o Carvalho da Silva como quem defende como sistema infalível o tal do mercado financeiro.


Nenhum defensor do capitalismo afirma que ele é infalível. Afirma, antes, que o ajustamento necessário entre os ciclos económicos será tanto mais rápido e eficaz quanto menos o estado intervir, para além de evitar medidas arbitrárias de quem tem o poder... exemplo: salvar o Bear Sterns e deixar falir o Lehman

Os verdadeiros defensores do capitalismo defendem a falência dos bancos insolventes e são contra a socialização dos prejuízos.

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por Pantone » 3/1/2011 20:35

migluso, creio que o termo foi usado para definir uma forma de capitalismo em que o mercado não é regulado, ou em que se auto-regula.

É assim que o entendo.
 
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por pdcarrico » 3/1/2011 20:32

Elias Escreveu:pdcarrico,

Eu assumo-me como defensor dos mercados livres. Mas também tenho o espírito aberto para ouvir novas ideias.

Eu também.

Elias Escreveu:Sempre que alguém aparece a dizer que determinado bem ou serviço devia ser regulado porque está a ser alvo de ataques especulativos, eu em geral pergunto qual o preço que devia ser fixado ou, pelo menos, quem é que devia fixar o preço e em que condições. Normalmente estas perguntas não obtêm qualquer resposta ou então as respostas são muito vagas...

A resposta é difícil, mas isso não se deve constituir como um tabu para se evitar a questão. Os EUA regulam preços e acessos a determinados bens por oposição ao mercado livre. Um exemplo é o milho para etanol, claramente mais ineficiente que o etanol de cana, tem sido muito beneficiado desde há uma década. porquê? porque eles entendem que é uma indústria estratégica que faz sentido manter apesar de mais ineficiente que a oferta de fora.

No Brasil, a Petrobrás apesar de ser muito lucrativa mantem objectivos de regulação de preços a partir do controlo accionário do Estado Brasileiro. Isso é legítimo? claro que sim, desde que seja claro e definido sem "sombras". Afinal de contas, o controlo da inflação pode ter diversas ferramentas.

Na dívida pública, alguns participantes do mercado poderiam beneficiar mais se Portugal falisse de uma vez, talvez por deterem posições em CDS, ou talvez por outras posições em outros activos. A questão da decisão política é outra - os participantes elaboram estratégias em função de objectivos políticos, e da mesma maneira que um investidor pode querer que Portugal entre em default por uma razão de lucro próprio, o Estado (e presumo que todos nós) queremos definir uma estratégia política que evite esse cenário.

Agora em relação ao ponto defendido pelo Boaventura - de que os mercados cometiam crimes contra a humanidade - há notoriamente um excesso no título, mas a tese é, como dizia, muito parecida com o que já falava George Soros. na verdade a dinâmica dos mercados e a sua crescente complexidade acaba a atacar o virtuosismo originário do sistema de mercado. Eu sou defensor do sistema de mercado, e acho o mercado o melhor sistema para nos dar uma sociedade livre e aberta, mas acho, talvez ao contrário de muitos, que a crescente complexidade e autonomização da finança como versão piorada da economia de mercado no que diz respeito à criação de uma sociedade melhor.
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por Pantone » 3/1/2011 20:29

Elias Escreveu:... Normalmente estas perguntas não obtêm qualquer resposta ou então as respostas são muito vagas...


Oi Elias, isso acontee porque a pergunta normalmente não tem sentido, ou relevância.

Poderías contextualizar ou exemplificar porque te parece importante?
 
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por migluso » 3/1/2011 20:26

rmachado Escreveu:É que aparte o bombástico da frase ele não deixa de ter razão no fundamento, que é sem dúvida a falha na redistribuição da riqueza e como os "pobrezinhos de nós" passado 1 ano são os "canibais do sistema".

Note-se que digo isto e sou favoravél a economia de mercado.. mas até essa está subvertida com o advento do capitalismo selvagem.

E temos muitos Americanos (logo de esquerdistas tem pouco) a dizer o mesmo...


O que significa capitalismo selvagem, para além de corrupção semântica?
Para mim significa trabalho infantil, escravidão e outros atentados à dignidade do Homem. Não é nas economias capitalistas avançadas que vejo esses atentados serem cometidos.

Se capitalismo significa o exercício de trocas livres e voluntárias, como poderá tal sistema ser selvagem?

Custa a crer que sejas a favor da economia de mercado, vulgo capitalismo, e simultaneamente o consideres selvagem.
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