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Caldeirão da Bolsa

Governo salva BPP???

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por limpaesgotos » 11/12/2008 15:04

http://dn.sapo.pt/2008/12/11/economia/c ... ivado.html

Clientes admitem processar Privado

PEDRO FERREIRA ESTEVES

Crise. A impossibilidade de recolher os depósitos que têm no Banco Privado Português levou um grupo de clientes a escolher a via judicial para tentarem desbloquear a situação. O processo deve avançar nos próximos dias

Características dos depósitos levantam dúvidas

Os clientes do Banco Privado Português (BPP) que tentaram levantar o dinheiro que têm em depósitos continuaram, ontem, sem qualquer esclarecimento sobre a sua situação por parte da nova gestão de Fernando Adão da Fonseca. E permaneceram, assim, com as contas bloqueadas. Como tal, decidiram recorrer à via judicial para solucionar o problema se nos próximos dias continuarem sem acesso às poupanças.

Em causa estão as aplicações feitas em depósitos, cujas características, defendem os clientes, não deviam permitir ao banco bloquear os levantamentos. Durante o dia de ontem estava a ser preparado, por um escritório de advogados contratado para o efeito, o processo. A dúvida é sobre se a situação excepcional do banco - alvo de uma intervenção na ordem dos 450 milhões de euros por seis bancos, ao abrigo de uma garantia prestada pelo Estado - lhe dá uma maior margem de manobra na disponibilização do dinheiro. Contudo, se a situação não se alterar nos próximos dias, os clientes deverão mesmo avançar para os tribunais.

"Alguma coisa tem e deve ser feita [sobre o bloqueio dos depósitos], porque existe enquadramento legal para defender os nossos direitos", explicou ao DN um dos clientes que está a solicitar a via jurídica e que pediu para não ser identificado.

O objecto das queixas prende-se com depósitos de capital garantido, aos quais o Privado associava adicionalmente uma taxa de rentabilidade, entre 4% e 5,5%, também garantida em alguns produtos. Estes produtos tinham maturidade de um ou mais anos. Os contratos prevêem que clientes possam romper esse prazo se assim o entenderem, sujeitando-se às penalizações previstas para esses casos.

A natureza destes depósitos - que se assemelham a produtos estruturados pela necessidade de capitalização para fazer face às rentabilidades prometidas - está a levantar dúvidas sobre o alcance das palavras do ministro das Finanças. Teixeira dos Santos já garantiu, por várias vezes, que a protecção dada pelo Estado à iminente falência do BPP visa, exclusivamente, o dinheiro aplicado em depósitos. Contactado para esclarecer se os depósitos com rentabilidade garantida estão protegidos pelo Estado, o Ministério recusou fazer qualquer comentário, remetendo para a gestão do banco e para o Banco de Portugal. Ambos não responderam às tentativas de contacto feitas ao longo do dia pelo DN. O Ministério disse ainda não ter conhecimento de casos em que os clientes foram impedidos de levantar o seu dinheiro.

É neste contexto que um grupo de clientes do banco tenciona recorrer aos tribunais, já que receiam que o banco não tenha recursos para atender a todas as solicitações. Ontem, segundo soube o DN, os 450 milhões de euros ainda não tinham chegado ao Privado.

Refira-se que, entre os queixosos, há também a convicção de que existiu um tratamento diferenciado dos clientes durante o período de bloqueio. É que alguns dos depositantes tentaram reaver o seu dinheiro logo a 20 de Novembro, um dia depois do anterior presidente da instituição, João Rendeiro, ter admitido as dificuldades financeiras do banco. Mas foram impedidos.

No entanto, outros clientes conseguiram fazer levantamentos após essa data, tendo o bloqueio entrado em vigor, oficialmente, apenas na semana seguinte. Uma situação que está a ser acompanhada pelos reguladores, com equipas permanentes no BPP.
Cumprimentos.


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por Panizzi » 7/12/2008 18:04

De uma forma ou de outra isto vai tudo ao fundo... como sabemos gestão pública ainda é pior que a privada !

O liberalismo que a maioria defendia , num ápice se torna uma mentira ..e por cá vamos andando de um lado para o outro.
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Portugueses....

por lareco » 7/12/2008 0:08

Se salvam o banco é porque salvam....se fosse a falência ..ah.."porque o socrates garantiu"..
Ninguém mas mesmo ninguém esta a salvo de errar na gestão da sua empresa.
O caso do BPP nem me parece grave...mau é o que um dos acionistas faz na sua empresa..ou não pagar aos seus fornecedores e subempreiteiros.
Grave é os dezenas de coitados que trabalham e no fim do mês não recebem o pagamento das subempreitadas que executam...
Agora acho que muitos andam já a embandeirar em arco como que as empresas ou mesmo bancos fossem os donos da verdade e da seriedade.
Não conheço nenhum banco em portugal ou estrangeiro que seja 100% puro(será o do vaticano?).
Sem a famosa ajuda do estado muitos estariam tambem em apuros.
Vamos é apreender com os erros e olhar para o futuro.
...Será..
 
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por Pata-Hari » 6/12/2008 10:18

Mais umas declarações escandalosas. O pessoal não aprende que mais vale ficar calado do que dizer alarvidades chocantes para quem as vais ter que pagar. O dinheiro dos outros é algo pelo qual se deve ter respeito e o facto de alguém nos ter dado poder de decidir o seu destino dá-nos mais obrigações e não menos.



Deixar cair o BPP colocava em "perigo as economias de muitos milhares de portugueses"


05/12/2008


O ministro das Finanças emitiu hoje um comunicado com o objectivo de esclarecer a posição do Governo nas intervenções que fez no sistema bancário português. Para Teixeira dos Santos, não socorrer o BPP “seria irresponsável”, pois colocava em “em perigo as economias de muitos milhares de portugueses depositadas nos nossos bancos”.

Num comunicado de três páginas e 10 pontos, o Ministro das Finanças lembra as várias medidas tomadas pelo Executivo, que estão em “sintonia com as intervenções de outros Estados”.

O esclarecimento visa sobretudo contestar as várias opiniões contrárias à intervenção no BPP, uma vez que este banco é sobretudo um gestor de fortunas, com uma pequena base de depositantes.



Em entrevista ao Negócios, o antigo presidente da República afirma que "precisamos de saber por que o BPP tinha risco".
Teixeira dos Santos lembra que disse ao Jornal de Negócios, a 24 de Novembro, que o BPP “não apresentava relevância sistémica análoga ao do BPN, nem se encontrava numa situação que justificasse uma intervenção da mesma natureza”, ou seja, uma nacionalização.

“Esta apreciação, tirada do contexto em que foi feita, tem sido usada para propagar a ideia de que não haveria razões que justificassem uma intervenção neste caso. É verdade que não se justifica uma nacionalização, mas há razões ponderosas que justificam que o Estado apoiasse os esforços desenvolvidos para evitar que o BPP deixasse de honrar compromissos que tem no estrito âmbito da sua actividade enquanto instituição de crédito”, refere Teixeira dos Santos em comunicado.

Acrescenta que “uma parte significativa do passivo desta instituição corresponde a depósitos de particulares e de outras instituições de crédito de pequena dimensão que, a serem perdidos, afectariam muitos milhares de pequenos depositantes destas instituições”.

Adianta que &ldq uo;o incumprimento por parte do BPP das suas responsabilidades face a entidades financiadoras do seu balanço bancário que operam nos mercados financeiros globais faria soar um sinal de alarme nos mercados financeiros internacionais que iria, necessariamente, prejudicar a capacidade das demais instituições de crédito portuguesas obterem financiamento externo, com prejuízo óbvio para a economia nacional”.

“Estes riscos não poderiam ser subvalorizados no ambiente em que actualmente vivemos nos mercados financeiros. Seria irresponsável ignorar tais riscos. Fazê-lo seria colocar em perigo as economias de muitos milhares de portugueses depositadas nos nossos bancos”, considera.

Por isso, o Governo decidiu conceder o aval ao empréstimo dos bancos ao BPP, uma operação que pressupõe que o Governo não vai “injectar recursos dos contribuintes nesta instituição”.

“Está tão-somente a cobrir o risco da operação e fá-lo protegendo, ao mesmo tempo, o interesse patrimonial do Estado, através da obtenção de um penhor sobre activos do BPP cujo valor é 30% superior ao montante avalizado e que deve manter-se, em permanência, superior a este montante durante a vida deste empréstimo”, refere.
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por Rockerduck » 5/12/2008 17:19

Segundo clientes do BPP que conheço, o BPP continua a bloquear ordens de transferência de dinheiro à ordem (após resgate de aplicações) e com o mesmo argumento da ordem do Banco de Portugal.

Eles devem mesmo estar a zero... e cheira-me que o JP Morgan é quem vai ver primeiro o dinheiro que os seis grandes lá colocarem.
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por Rockerduck » 5/12/2008 1:36

Clientes do BPP recebem hoje os seus depósitos



Banca 2008-12-05 00:05
Clientes do BPP recebem hoje os seus depósitos

O banco privado tinha congelado as contas dos clientes há duas semanas. Hoje deve voltar a ter dinheiro para pagar.

Francisco Ferreira da Silva e Maria Ana Barroso

O Banco Privado Português deverá começar hoje a pagar aos seus depositantes, garantiu ao Diário Económico fonte oficial da administração. Alguns clientes do BPP começavam a demonstrar uma certa ansiedade pelo facto de o seu banco não estar a efectuar pagamentos. Ao longo das últimas duas semanas, os serviços do banco informavam os clientes que os pagamentos estavam bloqueados por ordem do Banco de Portugal (BdP), o que não é confirmado pelo regulador do sistema financeiro.

“Essa situação justifica-se pelo facto de ainda não estar libertada a liquidez concedida pelo consórcio de seis bancos”, explica a referida fonte da administração do BPP, liderada por Fernando Adão da Fonseca. “Trata-se de um processo com meandros jurídicos complexos, que tem consumido muito tempo aos advogados das diferentes entidades envolvidas”, explica. “Os contratos estão, neste momento (ontem), a circular entre as entidades envolvidas e esperamos que amanhã (hoje) esteja tudo resolvido e a funcionar normalmente”, salienta a mesma fonte. Ou seja, o banco deverá estar em condições para desbloquear o levantamento de recursos, embora não haja qualquer motivo para uma corrida aos depósitos, salienta a mesma fonte.

A nova administração do BPP tem estado imersa em reuniões de manhã à noite, para se inteirar da situação real da instituição e do que é necessário fazer. Os clientes são a sua “primeira preocupação”, sendo certo que, segundo a referida fonte da administração, “os depósitos estão garantidos” e que “todos os clientes serão tratados de igual modo”, razão pela qual a mesma fonte afiançou que “os clientes do BPP podem estar sossegados”.

Resgates bloqueados
Vários clientes do Banco Privado, contactados pelo Diário Económico, tentam, sem sucesso, quase há duas semanas, resgatar os seu dinheiro. Desde segunda-feira da semana passada que a mensagem facultada pelos gestores de conta do Banco Privado tem sido uma: a de que os fundos estão bloqueados por instruções do BdP. Contactada, fonte oficial do supervisor bancário confirmou ter recebido queixas. O BdP garantiu, no entanto, não ter dado qualquer instrução ao Banco Privado.
“Sou cliente mas não tenho nenhuma fortuna; o dinheiro que tenho depositado no Banco Privado foi adquirido ao longo dos 40 anos em que trabalhei lá fora. Aquela é a minha reforma”, garante Artur Barreto, cliente do Banco Privado. “Começaram por me dizer, na sexta-feira [21 de Novembro], que iriam proceder à transferência dos meus depósitos; na semana seguinte foi-me transmitido que estava tudo bloqueado”, acrescenta. Esta semana, refere, a resposta dada pelo banco é a de que “até novas ordens, não podem desbloquear o dinheiro; nada pode ser resgatado”. Artur Barreto diz ter no Banco Privado apenas produtos de capital garantido.

Um outro cliente ouvido pelo Diário Económico, que prefere não ser identificado, tenta, também desde a semana passada, transferir parte dos seus fundos, sem sucesso. Este depositante sabe que muito provavelmente não será ressarcido do que investiu em veículos do BPP mas deu ordens para a transferência, por exemplo, dos montantes aplicados num depósito a prazo, assim como os títulos detidos e que estão à guarda do BPP “que quero transferir”.

Depois de começar por receber garantias de que as ordens seriam executadas, foi informado na quarta-feira, dia 26, que o banco teria recebido instruções do BdP para bloquear temporariamente qualquer transferência de fundos. Este mesmo cliente aguardava até ontem pela concretização dessas mesmas operações.

“Estamos a conversar com os clientes, que tiveram uma primeira reacção de pânico, alertando-os para o facto de estar a ser encontrada uma solução para o BPP”, era a resposta facultada na semana passada pela antiga administração.

A nova gestão do Banco Privado assegura agora que, com a disponibilização dos 450 milhões de euros, há condições para fazer face aos resgates solicitados.

BPP paga menos que BES pela garantia do Estado
O Estado vai cobrar menos pelo garantia prestada ao Banco Privado do que ao BES. Ontem foi publicado em Diário da República a ficha técnica das duas operações com garantia Estado (República Portuguesa): a do BPP e a do BES, que vai emitir 1.500 milhões ao abrigo do programa dos 20 mil milhões de euros de garantias do Estado. Enquanto no caso deste programa (que segue uma política da UE) a taxa da garantia é fixada em torno de um indexante (a mediana dos ‘crédito default swaps’) a que acresce um ‘spread’ de 0,5%. No caso da garantia para o BPP essa é fixada administrativamente pelas Finanças.

O Governo atribuiu ao BPP uma taxa de garantia de 0,2%, mais baixa que a que o BES vai pagar pela garantia Estado, e de 0,948% – ao ano o BES paga ao Estado 14,2 milhões pela emissão de 1,5 mil milhões. O mesmo se passará com BCP e CGD que deverão pagar pela garantia do Estado 0,91% e 0,89%, respectivamente.

O empréstimo de 450 milhões do BCP, CGD, BES, BPI, Totta e Caixa Central ao BPP será feito à taxa Euribor a seis meses (3,71%) mais um ‘spread’ de 1%. por seis meses renovável até 24 meses.



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por Rockerduck » 2/12/2008 18:08

João Cândido da Silva - Os pesos do BPP




Há alguns dias, o ministro das Finanças declarou que o Banco Privado Português não apresentava risco sistémico. Com estas palavras, Fernando Teixeira dos Santos clarificava a posição do Governo em relação à possibilidade de a instituição financeira em dificuldades vir a ser alvo de uma operação de salvamento, enquadrada no sistema de garantias e de recapitalização dos bancos anunciado quando da nacionalização do Banco Português de Negócios.

Se a eventual falência do BPP não ameaçava criar um clima de desconfiança em relação ao sistema financeiro português, oferecendo escassas hipóteses de contaminar os restantes bancos que operam em Portugal, parecia poder tirar-se a conclusão de que o Governo não iria comprometer-se com uma operação de resgate, optando por deixar o problema nas mãos dos accionistas. Afinal, não era bem assim.

Apenas numa semana, o Ministério das Finanças deu o dito por não dito. Em articulação com o Banco de Portugal, decidiu dar a mão ao BPP por intermédio das instituições financeiras que se dispuseram, agora, a dar a sua contribuição para uma causa que, anteriormente, tinham achado, também, pouco estimulante. Ao argumento de que a potencial insolvência do Banco Privado poderia ferir a imagem de Portugal no exterior, quando o país depende largamente do crédito externo para se manter à superfície, as autoridades juntaram o reconhecimento de que, bem vistas as coisas, o BPP tinha risco sistémico. Se assim é, há quem fique muito mal na fotografia.

O rumo que o caso tomou fere a credibilidade do ministro das Finanças, já perturbada por um Orçamento do Estado para 2009 construído com a base num cenário macroeconómico que não resiste ao confronto com as tendências de agravamento da conjuntura mundial expressas nas sucessivas revisões em baixa efectuadas pelo FMI ou pela OCDE. Ao deixar-se cair numa contradição tão evidente, declarando a sua convicção sobre a ausência de risco sistémico no BPP para, pouco tempo depois, se empenhar na busca de uma solução em que o Estado presta garantias, ainda que indirectas, à instituição, Teixeira dos Santos revela ter falado antes de tempo.

Das duas, uma: ou o ministro das Finanças não conhecia a verdadeira situação do BPP e os perigos que poderiam advir para os concorrentes de uma eventual falência, o que deixa fundadas dúvidas sobre a sua capacidade para lidar com os temas delicados de uma crise financeira como a actual, ou sabia do que estava a falar mas viu-se forçado a fazer uma espectacular pirueta por motivos que poderão estar para além da mera racionalidade económica.

O que parece, na operação montada para prestar socorro ao Banco Privado, é que a escassa importância do banco no crédito à economia foi neglicenciada para dar lugar à acomodação de outros pesos mais sensíveis. Se as aparências não iludirem, uma das lições que pode ser tirada deste caso é a de que a pequena dimensão de um banco pode ser inversamente proporcional à dos accionistas que nele investiram. Mas há outra.

O BPP aplicava os seus recursos e o dinheiro de clientes em activos de risco. Procurava rendibilidades acima das alternativas de investimento mais conservadoras, consciente da volatilidade dos mercados em que apostava, arriscando, até, adquirir posições relevantes em empresas cotadas em Lisboa, numa estratégia de concentração que lhe aumentava a exposição aos humores das bolsas. Fazia isto, não por desconhecimento, mas por se tratar da sua razão de existir.

É aqui que surge a segunda lição. Os investidores podem continuar a confiar na "economia de casino" que o dinheiro dos contribuintes não faltará quando a descida das cotações empalidecer as fortunas e a respectiva gestão.



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por Cem pt » 2/12/2008 15:45

chuva Escreveu:Mas então o Governo não tinha dito que não deixaria ir nenhum banco à falência?
Estão a cumpri-lo.

Ficaram revoltados logo quando o ministro disse isso, foi?



Chuva:

Nada disso!

Não se coloca em causa o princípio de salvação dos Bancos, ou melhor, da salvaguarda dos depósitos normais à ordem e a prazo dos clientes. Quanto aos de risco das acções terão de reflectir a respectiva desvalorização, como é óbvio.

Se tivesses lido com atenção todos os tópicos sobre o tema BPP havias de reparar que houve quem propusesse soluções que poderiam salvaguardar os interesses dos depositantes, da anterior/actual administração do BPP e evitar que o Estado (todos nós) puséssemos lá um cêntimo que fosse. Sairiam todos a ganhar!

A presente solução não salvaguarda ninguém e, pior ainda, consegue-se vislumbrar que a solução vai passar por enterrar no BPP (todos nós, contribuintes, a pagar!) um valor que, tentei provar, vai ser muito superior aos 600 M€ da negociata com o sindicato bancário e não vai servir sequer para salvar o BPP da falência técnica.

Não é para isso que é suposto os nossos governantes servirem, têm de zelar pelos interesses públicos, leia-se o dinheiro de todos nós que é escasso e limitado, se existiam soluções a custo zero tinham de ser exploradas e desenvolvidas!



Quanto ao principal argumento do Estado, o da dívida ao J.P. Morgan e Citigroup de 700 M€, para mim isso é problema de mercado e não problema nacional.

Numa solução supostamente de moratórias de saneamento financeiro haveria que renegociar créditos de curto prazo para longo prazo, como fazem todas as Empresas que têm dificuldades deste tipo, é para isso que servem os Bancos credores e que saiba sempre estiveram receptivos a estas soluções em mercados abertos, onde o nosso se insere.

Aliás são operações que se fazem às centenas, para não dizer aos milhares, por dia com os Bancos e que saiba nunca houve uma revolta do sistema bancário contra este tipo de soluções, cujo nicho até lhes interessa explorar, porque motivo passou a ser problema nacional? A história está muito mal contada...



Cem
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager

No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez


O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
 
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por dvck » 2/12/2008 15:36

chuva Escreveu:Mas então o Governo não tinha dito que não deixaria ir nenhum banco à falência?
Estão a cumpri-lo.

Ficaram revoltados logo quando o ministro disse isso, foi?


Foi.
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por chuva » 2/12/2008 15:05

Mas então o Governo não tinha dito que não deixaria ir nenhum banco à falência?
Estão a cumpri-lo.

Ficaram revoltados logo quando o ministro disse isso, foi?
 
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Re

por Cem pt » 2/12/2008 11:16

Obviamente que não sou banqueiro nem pretendo conhecer o negócio bancário, mas como simples cidadão eu gostava que me explicassem:

- O BPP não é (era) um Banco de investimentos onde o core-business é a gestão de carteiras dos clientes?

- Ou seja, o Banco capta depósitos de pessoal com um lote de dinheiro acima da média e aplica-o através de fundos criados por si, via "Sociedades Veículos" de investimentos (em acções, algumas até poderiam ser participações estratégicas, obrigações, câmbios, commodities, cash, etc...) ou até mesmo em outros fundos de investimento geridos por entidades externas ao BPP.

- Em troca o BPP cobra comissões que lhe dariam margem suficiente para gerir a sua estrutura de encargos fixos e gerar os seus lucros. Tradicionalmente, se for um negócio similar ao que é gerido pelos traders profissionais americanos (CTA), cobram supostamente e aproximadamente 0,5% a 2% de margem de captação, 0,5% a 2% por resgate e 20% a 30% dos lucros (não cobra nada se a rentabilidade for negativa) obtidos pelo cliente quando este resolve levantar a massa.

- Se um cliente resolve levantar o dinheiro o BPP teria simplesmente de liquidar parte da sua posição nos fundos de aplicações e devolver o depósito do cliente com as contas das comissões (atrás exemplificadas) retidas. Fácil, não necessita de financiamento intercalar para nada, basta avisar o cliente que o dinheiro fica disponível num prazo de 3 a 5 dias.

- Marginalmente aceita alguns depósitos com risco reduzido para aplicações à ordem ou a prazo e está impedido de financiar clientes privados ou empresas, isso seria Banca de retalho para o qual o BPP não está vocacionado nem autorizado.

- A pergunta que faço é simplesmente a seguinte: se um Banco deste tipo não necessita de mais financiamento, que é gerado unicamente pelos depósitos dos clientes, porque razão deve o Banco 700 milhões de Euros a outras instituições?

Mistério!

Hipóteses:
A não ser que o próprio Banco tenha aproveitado a boleia de aproveitar as carteiras de activos destinadas aos seus clientes para se financiar no exterior para alavancar uma carteira de risco do próprio Banco, ou a favor dos seus Accionistas.

Repito, estou só a colocar hipóteses se foi esse o caso, que garantias deu então a essas instituições para obter o crédito dos 700 M€? A palavra do João Rendeiro, a Sede e os quadros do Miró ou os activos dos fundos dos seus clientes?! Inclinar-me-ia mais para este último cenário, e nesse caso, gerindo de forma deficiente activos de risco em bear market, comprando mais acções e activos equivalentes com a crise das Bolsas, deixou de ter hipóteses de pagar o capital que deve? Aparentemente, talvez tenha sido o que aconteceu!

- E agora? Os 6 Bancos do novo sindicato vão emprestar (diria melhor, "enterrar") 600M€.

- Para quê? Bem, aparentemente para o BPP devolver o valor dos fundos aos clientes do Banco (quanto? ninguém sabe, ninguém responde!) que devem estar todos mortinhos por fazer bicha e ir buscar tudo o que lá têm ou o que sobrou do que lá tinham quanto antes, garantem o pagamento dos créditos às instituições credoras de 700M€ e, eh pá, o dinheiro já não chega, 1+1 não dá 3!

- Mas espera lá, há aqui uns trocos: o BPP vende mais tarde a sua própria Sede e os quadros do Miró. O que resta? Nada!

O que farão então os 6 Bancos do sindicato que agora vai emprestar dinheiro ao Estado? O seu dinheiro foi-se, o BPP não lhes pode devolver os 600M€ + comissões (sim, quanto serão as alcavalas que os Bancos cobrarão para além dos 600 M€?), os penhores da Sede e dos quadros já foram na voragem, resta o aval do Estado: aí temos magnânimo o nosso governo a devolver aos 6 Bancos do sindicato (eu também queria ser um 7º Banco, buááá!), limpinhos e sem risco, os 600 M€ do empréstimo acrescidos de umas belas comissões! Sim senhor, excelente negócio...

Que belo rombo vão os contribuintes levar, ou seja, vamos todos nós pagar em mais impostos esses pelo menos 600 M€ e "aplaudir" (i.e., votar em PS e PSD) mais um brilhante negócio!
Isso será quase uma certeza e ainda por cima sem que os actuais clientes do BPP possam sequer reaver ou antever a recuperação de uma percentagem pequena dos seus depósitos!

Está lindo, está!



Cem
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Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

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por CerealKiler » 2/12/2008 11:02

Pata-Hari Escreveu:Esta da hipoteca da sede em troca de 500 milhões deve ser só para irritar o pessoal, né? só pode. Só pode, mesmo!



8-) eu também troco a sede da minha empresa para garantir uns 5 Milhões...LOL
 
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por Pata-Hari » 2/12/2008 8:57

Esta da hipoteca da sede em troca de 500 milhões deve ser só para irritar o pessoal, né? só pode. Só pode, mesmo!
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por Rockerduck » 2/12/2008 8:32

Aumento de capital do BPP dependente da nova gestão

in Jornal de Negócios


Aumento de capital dependente da nova gestão
O aumento de capital do Banco Privado Português (BPP), que os maiores accionistas da instituição estão disponíveis para realizar, depende da avaliação que ainda vai ser efectuada pelo novo conselho de administração do BPP, nomeado pelo Banco de Portugal.
Maria João Gago
mjgago@mediafin.pt


O aumento de capital do Banco Privado Português (BPP), que os maiores accionistas da instituição estão disponíveis para realizar, depende da avaliação que ainda vai ser efectuada pelo novo conselho de administração do BPP, nomeado pelo Banco de Portugal.

De acordo com a lei bancária, os gestores indicados pela autoridade de supervisão devem "elaborar, com a maior brevidade, um relatório sobre a situação patrimonial da instituição". Só nessa altura é que se saberá se será necessário avançar com uma operação de reforço dos fundos próprios do Privado.

Certo é que a deliberação sobre um possível aumento de capital do banco é um dos pontos que consta da agenda da assembleia geral (AG) que foi convocada para 19 de Dezembro, segundo adiantou José Miguel Júdice, presidente da mesa da AG do Privado, no final da reunião do conselho consultivo do banco, que teve lugar na sexta-feira e em que João Rendeiro anunciou a renúncia à liderança da instituição. No entanto, não foi adiantado qual o montante que poderá estar em causa. Actualmente, o BPP tem um capital de 125 milhões de euros. Já a Privado Holding, gestora de participações sociais que funciona como estrutura de topo do grupo, tem um capital de 150 milhões de euros.

Na AG do próximo dia 19, os investidores vão ainda analisar a situação do BPP, as razões que levaram o fundador e presidente cessante, João Rendeiro, a pedir a intervenção do Banco de Portugal, assim como os pormenores do plano de saneamento que foi negociado com a autoridade de supervisão e com o Ministério das Finanças, com o patrocínio do primeiro-ministro.








Banco Privado hipoteca sede para garantir salvação

in Diário Económico


Banco Privado hipoteca sede para garantir salvação

O BCP lidera o grupo de bancos que vai emprestar cerca de 500 milhões ao BPP a troco de garantias do tesouro, que fica na posse dos activos do banco.

Maria Teixeira Alves

A sede do Banco Privado em Lisboa, o edifício de escritórios na capital e ainda as instalações na cidade do Porto, fazem parte do leque de activos que serão hipotecados ao Estado no âmbito da operação de financiamento que está a ser conduzida pelo Banco de Portugal.

Ontem, até ao fecho da edição, estavam em fase de conclusão os três contratos que permitem ao Banco Privado obter financiamento bancário na ordem dos 500 milhões de euros. Um deles é o contrato de financiamento dos bancos, CGD, BCP, BES, Totta, BPI e Crédito Agrícola, que é liderado pelo BCP como agente do empréstimo e que será um dos maiores financiadores a par com a CGD. Cada um destes bancos emprestará entre 100 a 120 milhões. Logo de seguida na lista dos financiadores, e por ordem decrescente, surgem o BES, o Santander Totta, o BPI e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo.

O outro contrato é de penhora e hipoteca dos activos do BPP a favor da Direcção-Geral do Tesouro. “Os activos do banco chegam e sobram para garantir o Estado”, revelou fonte ligada ao processo. Nesta lista estará, para além dos imóveis já referidos, ainda a colecção de arte do banco, a carteira de crédito que em Junho era de 954 milhões, as aplicações do BPP em outras instituições de crédito (depósitos e empréstimos), carteiras de produtos estruturados, e outros activos financeiros. Alguns destes estão avaliados, mas outros ainda terão de ser reavaliados.

E finalmente o contrato de garantia que a Direcção-Geral do Tesouro prestará a favor dos bancos financiadores. Confrontados com a notícia, nem o Ministério das Finanças, nem o Banco de Portugal quiseram comentar.

João Rendeiro sai da presidência assim que os três contratos estiverem assinados e deverá ser substituído por Paulo Guichard, que era já o presidente da comissão executiva, revelou ao Diário Económico fonte dos accionistas.

Durante o fim-de-semana estiveram reunidos representantes do Banco de Portugal, da Direcção-Geral do Tesouro, os advogados do Banco Privado (o escritório de José Miguel Júdice) e ainda os advogados dos bancos financiadores. A operação de garantia prestada pelo Tesouro para empréstimos interbancários a um banco privado é inédita em Portugal pelo que servirá de jurisprudência para casos futuros. O Ministério das Finanças poderá ter de elaborar uma portaria para regular esta operação e fá-lo-á com base em pareceres do Banco de Portugal.

Ontem estavam a ser fechados os detalhes da operação de financiamento dos bancos, nomeadamente o montante que cada um disponibilizará, a taxa de juro cobrada (risco da República) e o prazo do empréstimo.

O BdP nomeará três administradores, com base no artigo 143º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeira que define as condições em que o regulador designa administradores provisórios. Isto é, quando a instituição esteja em risco de cessar pagamentos; ou quando se encontre em situação de desequilíbrio financeiro que, pela sua dimensão ou duração, constitua ameaça grave para a solvabilidade.

Alguns nomes já estarão escolhidos, Fernando Adão da Fonseca e Manuel Alves Monteiro (refere a Lusa). O primeiro vem do BCP e o segundo faz já parte do conselho consultivo do BPP.

Os administradores designados pelo Banco de Portugal terão os poderes de vetar as deliberações da assembleia geral (AG) e dos outros órgãos sociais. Convocar a AG, elaborar um relatório sobre a situação patrimonial da instituição e as suas causas e submetê-lo ao BdP, são outras das suas funções.

Manter-se-á no banco a comissão executiva composta por Paulo Guichard, Salvador Fezas Vital, Fernando Lima e Luiz Vasconcelos.

O problema de liquidez do BPP foi agravado pela corrida aos depósitos e ao resgate de aplicações, nomeadamente de rendimento garantido, nas últimas semanas (ambos bloqueados desde a semana passada). O dinheiro servirá também para renovar as linhas de crédito que estão a vencer e que se fecharam para o BPP depois de sair o relatório da Moody´s a relatar o real risco do banco.


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por Rockerduck » 2/12/2008 8:26

Equipa do Banco de Portugal assume gestão do Banco Privado esta semana

in Jornal de Negócios



Economia
Equipa do Banco de Portugal assume gestão do Banco Privado esta semana
O Banco de Portugal vai assumir esta semana a gestão do Banco Privado Português (BPP), através da nomeação de uma equipa constituída por quatro administradores.
Maria João Gago
mjgago@mediafin.pt


O Banco de Portugal vai assumir esta semana a gestão do Banco Privado Português (BPP), através da nomeação de uma equipa constituída por quatro administradores.

A nova administração terá a missão de pôr em prática um plano de saneamento que, no imediato, visa superar a situação de incumprimento da instituição, com recurso a um financiamento de cerca de 500 milhões de euros garantido pelo Estado e assegurado por um consórcio de seis bancos portugueses. No médio prazo, a nova equipa terá de avaliar se o BPP tem condições de viabilidade futura.

A nomeação dos novos gestores do BPP aguarda apenas a conclusão do acordo relativo ao plano de saneamento do banco. O documento estava ainda a ser ultimado ao início da noite de ontem, hora de fecho desta edição, aguardando-se a qualquer momento que o Banco de Portugal pudesse anunciar oficialmente os pormenores do acordo.

A complexidade jurídica da solução negociada pelo supervisor, pela gestão do banco e pelo Ministério das Finanças fez com que as equipas jurídicas de cada interlocutor tivessem trabalhado durante praticamente todo o fim-de-semana prolongado. "É a primeira vez que se faz uma operação deste tipo", justificou fonte da equipa negocial, recusando-se a adiantar quaisquer pormenores.

Ao que o Negócios apurou, a complexidade da solução final para o BPP resulta da necessidade de definir o regime jurídico que será aplicado à intervenção do Banco de Portugal, que se inspira nos artigos referente ao saneamento de bancos que constam do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF) , assim como na lei que regula a concessão de garantias pessoais pelo Estado.

Nas anteriores intervenções - que visaram pequenas instituições financeiras -, o BdP actuou sempre à luz do RGICSF, uma vez que não estavam envolvidas garantias pessoais do Estado. Desta vez, foi necessário um aval estatal - concedido com base num penhor de activos do BPP -, uma vez que sem esta garantia não havia instituições financeiras disponíveis para conceder financiamentos ao banco. Superada esta questão e anunciado o pedido de renúncia do fundador e presidente cessante do Privado, João Rendeiro, seis bancos aceitaram ceder liquidez ao BPP, no valor de cerca de 500 milhões de euros.

Nova equipa terá pouco tempo para apresentar medidas

O elenco final de gestores a nomear pelo BdP, de que faz parte Fernando Adão da Fonseca, antigo presidente da Fundação Millennium bcp, só será conhecido quando for anunciado oficialmente o plano de saneamento do BPP. Ao que o Negócios apurou, nenhum dos quatro administradores transita da anterior administração. A equipa, que deverá integrar elementos do quadro do próprio BdP, será constituída por gestores com experiência em banca de investimento e mercado de capitais, áreas privilegiadas de actuação do banco fundado por Rendeiro.

Oficialmente, os gestores indicados pela autoridade de supervisão só podem assumir funções um dia depois da publicação do despacho do supervisor relativo à intervenção no Banco Privado. Depois de tomarem conta da instituição, os novos administradores terão de propor um conjunto de medidas destinadas a resolver os problemas mais imediatos da instituição.

De seguida, competir-lhes-á propor uma solução de longo prazo para o banco, não estando excluída a possibilidade de proporem a liquidação do BPP ou uma alteração radical ao seu modelo de negócio. A decisão final compete aos accionistas da instituição.



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por Pata-Hari » 2/12/2008 1:27

Engraçada a contradição do texto:

O banco não está falido, mas a necessitar de fundos para poder saldar os seus compromissos junto dos financiadores internacionais e dos clientes


O BPP tinha ainda contraído um crédito junto do JP Morgan e que está em risco de incumprimento o que poderia afectar a imagem do sector nacional e da República junto das praças internacionais. Esta é uma das razões usadas pelo Governo para justificar o seu empenho em salvar da falência o BPP.


Igualmente engraçada a nossa preocupação com as aparências, hehe. Só nós, os tugas, é que nos preocupamos com as aparências. Os outros países não estão preocupados. Ou será que isso terá algo a ver, mais uma vez, com o banco de portugal "ter lá um rabo preso"?

O ex-governador do Banco de Portugal, António de Sousa (ex-presidente da CGD), foi quem autorizou Rendeiro a constituir o BPP. António de Sousa é consultor do JP Morgan, um dos credores do BPP.
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por Rockerduck » 2/12/2008 1:12

Autoridades chegam a acordo para salvar BPP

in Público





Solução não está prevista na lei actual
Autoridades chegam a acordo para salvar BPP
01.12.2008 - 23h15
Por Cristina Ferreira
O plano para salvar o Banco Privado Português está em marcha e pode ser anunciado nas próximas horas, admitindo-se que as autoridades apresentem a sua proposta de recuperação durante esta madrugada. Em causa está a definição de uma solução jurídica que não é enquadrada no Regime Geral da actividade financeira, e que visa ser aplicada a outras instituições que venham a revelar problemas idênticos aos do BPP.



A recuperação do BPP continuava hoje, ao final do dia, a ser preparada no Banco de Portugal em articulação com o Governo, uma iniciativa que levou sexta-feira passada João Rendeiro a demitir-se da presidência da instituição.

Com 12 por cento do capital, Rendeiro é o principal accionista do BPP, que opera como uma gestora de fortunas (com cerca de três mil clientes), muito dependente dos mercados bolsistas e monetários. A crise financeira acabou por revelar as fragilidades do modelo de negócio adoptado por João Rendeiro. Com a desvalorização das bolsas e o encerramento dos mercados interbancários o BPP ficou com necessidades de liquidez entre 400 a 500 milhões de euros e sem condições para se financiar. O banco não está falido, mas a necessitar de fundos para poder saldar os seus compromissos junto dos financiadores internacionais e dos clientes. A semana passada houve uma corrida ao banco, mas não havia dinheiro pagar aos clientes.

É neste quadro que as autoridades têm estado a trabalhar na definição de um novo esquema jurídico, que não está contemplado no Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, e cujo objectivo é permitir a sua aplicação a outros casos que venham a registar-se no futuro.

Trata-se de um dossier de grande complexidade do ponto de vista legal e que exigiu, nos últimos dias, uma articulação de esforços entre os juristas internos do Ministério das Finanças e do Banco de Portugal, e o gabinete de José Miguel Júdice, presidente da Assembleia Geral da instituição com problemas. Júdice, que actuou em nome dos interesses do BPP, manteve-se ao longo do fim-de-semana e do feriado em contacto permanente com os accionistas da instituição (Rendeiro, Francisco Balsemão, Stphen Saviotti, FLAD, Joaquim Coimbra, Ferreira dos Santos, Vaz Guedes), que decidiram apoiar um aumento de capital.

O salvamento do BPP passa pela nomeação de uma nova administração, a indicar pelo BdP, no quadro do regime geral, e pela assinatura de um contrato de financiamento com seis bancos comerciais que foram igualmente envolvidos na definição da solução final.

A avaliação realizada pelo BdP ao BPP visou definir a natureza dos clientes, dos depósitos e dos financiamentos (nacionais e estrangeiros) e assegurar que a instituição possui activos suficientes para o Estado dar como contra garantia ao empréstimo bancário privado. No balanço do BPP a dívida a outras instituições de crédito ascende a 700 milhões de euros. O BPP tinha ainda contraído um crédito junto do JP Morgan e que está em risco de incumprimento o que poderia afectar a imagem do sector nacional e da República junto das praças internacionais. Esta é uma das razões usadas pelo Governo para justificar o seu empenho em salvar da falência o BPP.

É neste contexto que será concretizado o contrato de financiamento com a banca comercial, designadamente a CGD, BCP, BES, BPI, Santander Totta e Caixa Central de Crédito Agrícola Mutuo (CCCAM). O envolvimento da CGD, BCP, BES e BPI surge depois dos quatro bancos terem recusado absorver a gestora de fortunas, e como resposta a um pedido do Governo que se compromete a garantir os empréstimos com um aval do Estado (sustentado em activos do BPP). Ou seja: se o BPP não pagar as dívidas o Estado executa a hipoteca.

O aparecimento da CCCAM (que junta 111 caixas regionais) neste consórcio justifica-se pela necessidade de proteger os interesses de outras instituições do sector cooperativo que têm fundos aplicados no BPP e que não estão dentro da CCCAM. A natureza dos depósitos existentes no BPP e a forma como são captados (contratualizados) é um dos pontos que levanta dúvidas às autoridades, designadamente, pelo facto de os recursos de clientes serem materializados em activos financeiros (acções e obrigações), e, por esse facto, não constarem do balanço do banco.

Numa fase inicial o ministro das Finanças deu sinais de que estava disposto a deixar cair o BPP ao afirmar que a sua falência não colocava risco sistémico ao sector. Trata-se de um pequeno banco de nicho, com três mil clientes, uma elite financeira, e que não está cotado. Uma instituição muito diferente do Lehman Brothers, o maior banco de investimento norte-americano. Ao contrário do BPP, o grupo norte-americano estava cotado em bolsa e emitia obrigações, possuindo uma cadeia de ligações que se propagava por todo o mundo e cuja falência teve um efeito dominó. A situação do BPP é também distinta da registada no BPN, que operava no retalho, detendo 300 mil clientes e ligações fortes à economia real. O BPN foi alvo de uma mega fraude que colocou em risco a sobrevivência da instituição, a necessitar de capital e de liquidez. A natureza das razões que levaram o BPP e o BPN a enfrentarem bloqueios que os colocaram em situação de quase falência e as consequências do desaparecimento das duas instituições exigiu do Estado abordagens distintas.

No caso do BPN houve nacionalização, com a SLN, o único accionista, a perder as acções e o Estado a injectar fundos públicos. No caso do BPP, as acções continuam na posse dos actuais accionistas, com a banca comercial a ser chamada a “vender” liquidez para voltar a pôr a máquina a funcionar. O Governo está preocupado em garantir os depósitos (que já disse que salvaria até 100 mil euros), mas também os empréstimos contraídos junto das praças internacionais.

Foi neste quadro de urgência que nos últimos quatro dias o BdP deslocou para o BPP uma equipa de técnicos que ali se tem mantido quase 24 horas por dia. A instituição foi fundada há 12 anos por João Rendeiro, que sexta-feira passada anunciou a sua demissão da presidência em resposta a uma exigência das autoridades. O ex-governador do Banco de Portugal, António de Sousa (ex-presidente da CGD), foi quem autorizou Rendeiro a constituir o BPP. António de Sousa é consultor do JP Morgan, um dos credores do BPP.

Editado pela última vez por Rockerduck em 2/12/2008 8:39, num total de 2 vezes.
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O Marcelo também está a proteger os amigos, claro

por oscar c. » 1/12/2008 20:49

Se o Marcelo disse isso, tal não tem sentido nenhum. É só areia para os olhos.
O Fundo de Garantia de Depósitos é outra coisa completamente diferente. Está a fazer de nós parvos, ou quê?
Sobre manifestações, irei com todo o gosto. É tempo de o povo que não recebe favores e só é chamado para pagar impostos se revolte e ponha esta gente no olho da rua.
Partilho do nojo descrito atrás sobre como estamos a ser usados por esta corja para se protegerem entre si.
Estou realmente possesso com tudo isto. Sinto ma grande revolta cá dentro e julgo q não sou o único.
«Ninguém sabe o suficiente para ser intolerante»

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por atomez » 1/12/2008 1:34

TRSM Escreveu:BPP, tem 3 tipos de negócio:

1) depósitos e empréstimos

2) gerir fortunas

3) aplicações em fundos, obrigações e acções

Só o ponto 1 é garantido pelo governo, os outros 2 o governo não dá qq garantia.

Então não dá???

Um aval do governo de 600 M€ a meia dúzia de bancos públicos e privados para emprestarem ao BPP para o dito não abrir falência é o quê???

Isto nem sequer é defender os depositantes, é defender os accionistas à custa de todos nós.
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por Pata-Hari » 30/11/2008 23:22

Titinho, não sei onde o Prof. Marcelo foi buscar tanta informação que mais ninguém tem. Nem conheço o teor dessa informação.

De qualquer modo, garantir os depósitos e empréstimos acima dos 25 000 euros por depositante (ou 100 000, já nem sei quanto é actualmente) é claramente mais do que seria normal e terás neste caso sempre uma situação em que o excesso de risco é claramente compensado. Não vejo porque razão quem meteu dinheiro na afinsa não deveria igualmente ser "salvo". Ou na dona branca. Ou noutro qualquer negócio arriscado.
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por TRSM » 30/11/2008 22:52

Pata-Hari Escreveu:Isto começaria a justicar manifestações e protestos à séria...


Meritíssima, por vezes a falta de informação leva-nos a cometer alguns excessos

BPP, tem 3 tipos de negócio:

1) depósitos e empréstimos

2) gerir fortunas

3) aplicações em fundos, obrigações e acções

Só o ponto 1 é garantido pelo governo, os outros 2 o governo não dá qq garantia.

Quem teve oportunidade de ouvir o Profº Marcelo pôde constatar isso
 
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Foi uma Sorte para este Paiis...

por bboniek33 » 30/11/2008 22:35

...ter finalmente eleito um Governo Forte e Determinado, num elenco de grande qualidade politica e bem liderado. Soo assim Portugal comecou a avancar no Destino que fora suspenso por desvios praticados para servir interesses Obscuros, soo assim a Patria estaa a ser cumprida.

Tende Esperanca, Filhos de Portugal ! O nosso Governo zela por todos noos. A Nacao trilha, por fim, os trilhos dificeis do Progresso. Com Ordem. Como sempre convem aos processos de conducao de Povos. Bem Feito, Engenheiro Socrates. :!:
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por atomez » 30/11/2008 21:44

Pata-Hari Escreveu:Isto começaria a justicar manifestações e protestos à séria...

Na Tailândia ocupam aeroportos e exigem a demissão do governo por cenas parecidas.

What's the background to Thailand's political crisis?

The current unrest, which has seen anti-government protesters occupy Bangkok's international airport, dates back to the controversial premiership of Thaksin Shinawatra. A multibillionaire media tycoon, Thaksin was elected in 2001 on a populist platform that promised universal healthcare and cash handouts to poor villagers.

But Thaksin's government was soon mired in allegations of corruption and he prompted anger by selling control of his Shin Corp. media group to Singaporean investors. Throughout the summer of 2006 hundreds of thousands of protesters took to the street to demand Thaksin's resignation, prompting the army to oust him in a bloodless coup.
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Triste país !!!

por poseidon635 » 30/11/2008 20:52

Concordo plenamente.... :evil:
Afinal um gestor serve para quê? Assinar aepnas cheques, como temos ouvido nestes últimos dias???

Vou dormir melhor a pensar que o meu trabalho afinal contribuiu para salvar algumas fortunas deste país...? Aqui está um incentivo para me levantar cedo todos os dias... :x

Já agora, o que perdi este ano na bolsa também será alvo de ajuda? :mrgreen:


Pata-Hari Escreveu:Isto começaria a justicar manifestações e protestos à séria...
 
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por mcarvalho » 30/11/2008 18:16

Lucros do Sporting recuam 99% para 16 mil euros


28/11/2008


Os lucros da Sporting SAD caíram 99,6% para 16 mil euros entre Julho e Setembro de 2008, devido à redução dos proveitos com transacções de passes de jogadores e ao aumento dos custos financeiros.

Entre Julho e Setembro de 2008, os lucros da Sporting SAD caíram de 4,3 milhões de euros para 16 mil euros, uma redução de 99,63%, devido a uma queda de 94% dos proveitos com transacções de passes de jogadores. Esta redução “reflecte a politica adoptada pelo Conselho de Administração de não alienação de direitos desportivos”.

Por outro lado, os custos financeiros da SAD sportinguista aumentaram 59,30% para um 822 mil euros negativos, enquanto os proveitos financeiros caíram 89,91% para 33 mil euros.

Em comunicado, a Sporting SAD explica que a evolução dos resultados financeiros se deve em “grande parte ao maior montante do empréstimo obrigacionista emitido e das condições de mercado à data da emissão do mesmo, que resultaram na fixação de uma taxa de 7,3% ao ano, superior à do anterior empréstimo obrigacionista, entretanto, vencido”.

As amortizações e perdas de imparidade com passes de jogadores subiram 71,16%, devido à aquisição dos direitos desportivos dos jogadores Marat Izmailov, Hélder Postiga e Grimi.
 
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