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Caldeirão da Bolsa

Inflação ou deflação... é a reflação?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por iorda9 » 17/11/2008 10:18

Branc0, optima explicação. Obrigado!

Pelo que percebi será então dificil para um banco central numa economia deflacionária dirigir fluxos monetários para os sectores que deles necessitam.

Injectando dinheiro no mercado quer atraves de obras publicas (ou ate mesmo baixa de imposto) era a opção que pensava que iria inevitavelmente funcionar.

Mas de facto isso não garante um aumento do M1, muito menos garante o aumento da velocidade de transação do dinheiro (as duas variaveis q compõem a inflaçao). No limite essa injecção de capital poderá ate ir parar a alguns dos poucos sectores inflacionados, ajudando à especulação e ineficiencia de mercado
 
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por Branc0 » 16/11/2008 23:42

iorda9 Escreveu:Alguem me pode ajudar?


Vou tentar :)

Imaginemos que uma laranja custa 10 euros. Existe aí uns quantos tipos espertos que acham que a procura dos próximos anos vai exceder a oferta e decidem comprar laranjas antes do tempo (através de um qualquer instrumento financeiro, e.g. futuros). Mas nestas coisas usa-se sempre um bocadinho de alavancagem.

Conforme o tempo passa mais investidores aderem à compra de laranjas, ou porque seguem a tendência ou porque tiraram as mesmas conclusões que os primeiros tipos, ou porque simplesmente gostam de laranjas. Conforme se fazem mais compras a crédito (alavancagem) mais se expande a massa monetária que tende a inflacionar o preço da laranja, neste caso não só devido à procura/oferta mas também porque efectivamente há mais dinheiro atrás da mesma produção da laranja.

O preço das laranjas dispara como é óbvio e numa economia eficiente haverá mais agricultores a dedicarem-se às laranjas para aproveitarem melhor o seu capital. Estes agricultores pagarão mais aos seus funcionários para garantirem mão de obra suficiente na apanha da laranja e por aqui começa-se a dispersar o capital fabricado através do crédito na economia real.

Ao fim de algum tempo (uns anitos que estas coisas demoram) a oferta excederá a procura e eventualmente o preço terá de baixar.

O cenário agrava-se porque não só o excedente de laranjas faz baixar o preço como as posiões alavancadas que serão fechadas, seja por opção ou porque o prejuízo da posição a isso obriga. O dinheiro então criado passou a ser destruído e passa efectivamente a haver menos dinheiro a procurar essas mercadorias.

Entretanto os agricultores não conseguem suportar os custos que estão inflacionados, o seu capital real foi também diminuido pelo investimento que fizeram nas terras e pelos salários mais altos com que se compremeteram e como não poderão vender por muito tempo as laranjas abaixo do seu preço de produção sem que abram falência começa por aqui a deflação a entrar na economia real. Reduçáo de produção, emprego, investimento, etc.

É fácil de ver porque é que os governantes preferem a inflação à deflação, mas também não é muito dificil de ver a capacidade destrutiva da inflação quando faz com que o capital seja alocado a industrias que não o deveriam ser, sejam laranjas ou casas de habitação.

É certo que visto que o dinheiro é só papel (ou bits no computador lá do banco) o Governo o poderia fazer reaparecer, mas os mecanismos pelos quais isso se faz é através da dívida publica e levanta-se a questão se será justo que todos os cidadãos fiquem individados como resultado das acções de apenas um pequeno grupo. Mais... o dinheiro pode ser criado mas não há garantias que vá parar à industria da laranja, pode ir parar às maçãs o que além de não resolver o problema das laranjas arriscava-se a criar um problema semelhante numa outra industria. E enquanto isto o capital real vai sendo dizimado e trocado por promessas de capital futuro (dívida) o que é bastante diferente.

Também se pode notar que apesar de o papel destrutivo ser da inflação normalmente é a deflação que leva com as culpas todas pois é apenas quando esta surge que os problemas se tornam visiveis.
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por iorda9 » 16/11/2008 22:12

Uma acontecimento que sempre me causou estupefacção é o fenómeno deflacionário.

A minha questao é: se um governo assim o desejar, e puder decidir a sua politica monetária (taxa de juro e emissao de moeda), nao consegue reverter facilmente esta situação?

Compreendo que o dinheiro injectado pelo banco central não chegue ao destinatario certo, e nao seja movimentado pelos consumidores para gerar pressao inflacionista.

Mas acontecendo isto bastaria continuar a injectar capital, inevitavelmente estimularia o consumo e os preços teriam que subir

Certamente nao é assim tao simples, se o fosse o Japao nao demoraria anos a recuperar. mas custa-me a entender o fenomeno.

Alguem me pode ajudar?
 
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por Branc0 » 16/11/2008 22:01

É interessante esse gráfico e obrigado por o encontrares, nunca tinha visto os dados suavizados pelas médias apenas os valores anuais normais onde as relações são realmente mais dificies de encontrar.

Seria também interessante ver até que ponto teve a globalização impacto nessa divergência que falas dos ultimos 10-15 anos.

E continuo a achar também que não é líquido que um crescimento do M2 de 5-10 por cento ao ano seja saudável só porque é o que sempre se fez (tendo em conta que não se faz assim há tanto tempo no sistema monetário actual). Uma coisa que cresça percentualmente todos os anos tem a tendência para desenhar uma hipérbole em valores absolutos ao fim de algum tempo - não me parece nada saudável.
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por RiscoCalculado » 16/11/2008 20:07

Branc0 Escreveu:
RiscoCalculado Escreveu: Não é um valor suficientemente elevado para poder afirmar sem margem para dúvida que é um crescimento exagerado.

Isso é completamente aberto a discussão. Uns acharão que é pouco outros que é muito dependendo das doutrinas económicas que aprenderam ou seguem. Depois há os que usam a M1 e os que usam a M3 conforme dá mais jeito e como as relações não são lineares (há um lag causa->efeito de vários anos) é muito complicado provar por A+B quem tem a razão do seu lado.



Penso que não tem muito que ver com teorias, ou doutrinas económicas, trata-se de uma relação histórica.
Entrar no campo das teorias seria tentar estabelecer o sentido da causalidade -> Será que é o crescimento monetário que causa inflação, ou a inflação que causa crescimento nominal e tb crecimento da massa monetária, ou o crescimento real que causa inflação e crescimento da massa monetária ???
Sem estar a entrar em teorias e em qual o sentido da causalidade, o que se observa no ultimo século (qd se utilizam médias de períodos longos) é uma
boa relação entre crescimento do M2 e o crescimento do GNP Nominal ( crescimento do GNP real + inflação)

Sim o efeito pode fazer-se sentir com lag de alguns anos, daí muitas vezes usarem-se médias de períodos de vários anos.

Historicamente, considerando médias de períodos de 10 anos, o crescimento do M2 e o crescimento do GNP Nominal sempre foram muito semelhantes (ver por exemplo este estudo )

Imagem

até meados da década passada. Desde aí a relação não é tão boa, no entanto o M2 (crescimento) continua a ser o agregado (não o M1 nem o M3) com maior relação com a inflação como documentado em vários papers da especialidade.
(De qualquer forma tb se pode consultar o crescimento do M3 no site do ECB, e a diferença para o M2 não é nada de especial)

Os valores de crescimento do M2 entre 5% e 10% são valores relativamente normais em termos históricos.
Nesse aspecto a última década não teve nada de especial.
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CRISE FINANCEIRA ... SERÁ?

por zpmendes » 16/11/2008 19:21

Este blog tem uns post bastante interessantes (teoria da conspiração?) que me deixam a pensar que nada acontece por acaso.

http://kriticalzone.blogspot.com/


Foi assim em 1929 e parece apenas uma repetição do mesmo...

http://kriticalzone.blogspot.com/2008/1 ... -more.html

Vale a pena ver!
Atreve-te a pensar...

http://kriticalzone.blogspot.com/

KRITICAL ZONE
The truth is out there...
 
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por Adrox » 16/11/2008 18:17

RiscoCalculado Escreveu:Para resumir: Taxas de juro baixas não é necessariamente sinónimo de créditos concedidos irresponsavelmente.

Estás-te a esquecer das Bolhas...

Também é obrigação dos Bancos Centaris controlarem Bolhas... E a maneira de controlar Bolhas é subir os juros.

Claro que depois há as situações em que os Bancos pensam que as bolhas são boas, tipo a Bolha do Imobiliario, que "ganham todos".

Cumprimentos
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por Branc0 » 16/11/2008 3:44

Dwer, não percebi o que querias dizer com esse artigo mas se é daí que vem o teu conhecimento sobre as politicas de Greenspan e as filosfias de Rand aconselho-te a ler coisas mais fidedignas... não é como se fossem muito dificeis de encontrar.

RiscoCalculado Escreveu:Não é correcto misturar governantes e bancos centrais no mesmo saco.

A classe politica elege/nomeia os governadores dos bancos centrais, não podem ser separados. Mais importante até que as nomeações é que os bancos centrais operam através dos titulos de dívida publica que são emitidos pelo poder político... não os misturar seria um erro.

RiscoCalculado Escreveu: Não é um valor suficientemente elevado para poder afirmar sem margem para dúvida que é um crescimento exagerado.

Isso é completamente aberto a discussão. Uns acharão que é pouco outros que é muito dependendo das doutrinas económicas que aprenderam ou seguem. Depois há os que usam a M1 e os que usam a M3 conforme dá mais jeito e como as relações não são lineares (há um lag causa->efeito de vários anos) é muito complicado provar por A+B quem tem a razão do seu lado.

RiscoCalculado Escreveu:Uma coisa são taxas de juro baixas, outra é conceder crédito a quem não o merece.


Podem ser diferentes mas como vimos uma incentiva a outra.
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por RiscoCalculado » 16/11/2008 1:42

Se uma era deflacionária e ameaçava uma recessão esta ameaça destruir por completo o sistema financeiro e uma depressão. Mais uma vez governantes e bancos centrais não estão dispostos a enfrentar as consequências das politicas seguidas nos ultimos 40 anos e preparam-se para novamente deferir o problema para quem tiver o próximo mandato. Estas tentativas são, obviamente, sempre inflacionistas uma vez que consistem em imprimir notas através da emissão de divida publica e quem sabe mesmo sem emissão de dívida se a isso forem obrigados no futuro


Não é correcto misturar governantes e bancos centrais no mesmo saco. Se os governantes têm como dizes geralmente visão de curto prazo, já os dirigentes dos bancos centrais, sobretudo do BCE (nos EUA nem tanto) , têm mantido uma actuação bastante rigorosa de acordo com os seus estatutos -> estabilidade do nível geral de preços.
Nos ultimos anos os agregados monetários não têm crescido tanto como a comunicação social leva a crer. O M2 por exemplo, o agregado que se pensa ter a ligação mais forte
com os níveis de inflação, tem crescido entre 5% e 10% ao ano
Ver por exemplo link1

link2

. Não é um valor suficientemente elevado para poder afirmar sem margem para dúvida que é um crescimento exagerado.


Uma coisa são taxas de juro baixas, outra é conceder crédito a quem não o merece.
Independentemente do nível de taxas de juro, obviamente que nunca pode dar bom resultado conceder empréstimos a quem não tem capacidade de os pagar.
Aí está um dos pontos em que é necessário melhorar a regulação dos B Centrais.
Deve haver regulação que "incentive" os bancos a não conceder crédito a quem não o merece e tb que permita aos B. Centrais fiscalizar ( e intervir caso necessário ) a qualidade dos créditos concedidos pelos outros bancos e o nível de risco total no activo dos mesmos. É um assunto distinto do nível das taxas de juro.

Para resumir: Taxas de juro baixas não é necessariamente sinónimo de créditos concedidos irresponsavelmente.


2) Injecções de liquidez - Falharam parcialmente. A liquidez foi usada para tapar os buracos que existiam nos bancos, ou seja, ela foi usada mas não da forma que os governantes pretendiam.


Depende do ponto de vista. Do ponto de vista dos governantes é possível que tenha falhado.
Do ponto de vista dos Bancos Centrais não falhou certamente. Conseguiu-se exactamente aquilo que se pretendia. Resolver um problema de liquidez dos bancos (e de solvabilidade nalguns casos) sem criar uma inflação galopante. Daí terem recorrido sobretudo a criação "electrónica" de moeda e expansão do balanço dos B. Centrais sem ter existido significativa impressão de moeda.

No entanto se se vier a verificar que o problema é não a inflação mas sim a deflação aí certamente que outras medidas serão tomadas.


Resumindo: A nível de política monetária (crescimento dos agregados monetários e taxas de juros) não me parece possível apontar grandes falhas ao BCE.
A falha está mais ao nível do controle do nível total de risco nos activos dos bancos, mas essa falha será provavelmente mais da responsabilidade dos B.Centrais de cada país e não do próprio BCE.
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por atomez » 16/11/2008 1:30

Dwer Escreveu:E, vergonha das vergonhas, o keynesianismo voltar a andar nas bocas do mundo, como única forma de salvar a economia.

Isso é uma visão das coisas. Também há quem diga que o que realmente fez terminar a Grande Depressão foi a 2ª Guerra Mundial... esperemos que agora não seja preciso a 3ª.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Um texto de 2005 sobre Greenspan e Santa Rand

por Dwer » 16/11/2008 1:20

Mar 9 2005
Alan Greenspan is “one of the biggest political hacks in Washington” declared Democratic Senate Leader Harry Reid this week to Judy Woodruff of CNN.

Princeton economist Paul Krugman wrote in the New York Times that Greenspan is a “three-card maestro” with a “lack of sincerity” who, “by repeatedly shilling for whatever the Bush administration wants, has betrayed the trust place in the Fed chairman….”

Who is Alan Greenspan and why are people criticizing him? Alan Greenspan is Chairman of the Federal Reserve Board (FRB). He has served on the FRB since 1987 when he was appointed by President Reagan. His current term expires in January 2006. He is not eligible for another term.

Dr. Greenspan served on advisory boards for Presidents Nixon, Ford and Reagan. Greenspan was born and educated in New York City, where he earned a BA, MA and, 27 years later in 1977, a PhD in economics.

After earning his MA in 1950, Greenspan became a 20-year associate of famed philosopher Ayn Rand, author of books "The Virtue of Selfishness,""Atlas Shrugged" and more. Greenspan wrote for Rand’s newsletters and authored a chapter for a Rand book.

Understanding Ayn Rand is key to interpreting Greenspan. Rand espoused a radical philosophy of individualism and self-interest. She had a dislike for religion and compulsory charity, which she believed fostered resentment of individual success.

Ayn Rand created a doctrine of rational hedonism, supported by unfettered capitalism and the rights of successful individuals at the expense of the community. A devout atheist, She taught that charity is not a virtue.

She believed in the elimination of most state regulation except for crime control and the judiciary. In "Capitalism: The Unknown Ideal", Rand uses the word “altruists” to describe forces of evil that burden the beleaguered American business community.

When Ayn Rand said that government has no obligation to the less fortunate, she became an icon to ultra-conservatives. She's been labeled a Social Darwinist who believed nature intended for the successful (strongest) to survive, and, unregrettably, the remainder might not survive.

In the 1970s, Alan Greenspan worked in his own well-connected consulting firm. Before joining the FRB in 1987, Greenspan served as director for numerous corporations, including Mobil Corporation, Morgan Guaranty Trust Company and JP Morgan & Co. Inc.

In his prime, Greenspan’s economic acumen was widely honored. He was awarded dozens of accolades and honorary degrees. He advised many first-rate think-tanks. He was regarded as the leading authority on US domestic economic policy.

Greenspan solidified his standing as the Great Economic Guru during the Clinton administration. He advised President Clinton, who listened, to reduce the federal deficit, causing a drop in long-term interest rates. That led to demand for new mortgages, increased consumer spending, an expanding economy and a robust stock market. Clinton rode the wave of Greenspan economics and 20 million new jobs, leaving a healthy budget surplus.

Then George W. squeaked into the presidency.With the Bush election, Alan Greenspan’s economic advice grew puzzlingly partisan and his track record became mysteriously spotty.

Just like that of General Colin Powell’s previously sterling advice, above-reproach reputation and spotless track record.

In his second term, George W. has required all inner circle members to sign written oaths pledging loyalty to the President and his ideas. It’s unknown if such an oath was required in any form during his first term.

In 2001, Greenspan gave crucial support to Bush’s tax cuts for the rich, when virtually no one, except ultra-conservatives, endorsed the concept. Those tax cuts are responsible for today’s disastrous budget deficit.

In 2005, Greenspan is the lone economic voice urging Americans to adopt the program that George Bush desperately desires……Bush-style privatization of Social Security.

Alan Greenspan says he supports privatization of Social Security despite his admissions that:

1. Social Security will not increase overall national savings.

2. Private accounts will do nothing to save Social Security.

3. Greenspan does not endorse borrowing trillions of dollars to finance Social Security privatization.

What’s the deal with Alan Greenspan in the 21st century? Why is he defying his own pat wisdom? The plain truth is…we don’t know. But here are a few suggestions.

Loyalty, felt or enforced, to President George Bush’s political goals;

Loyalty to Wall Street friends who will benefit richly from Social Security privatization;

OR…….

80 years old this week, in likely his last year with significant policy-making power, perhaps Dr. Greenspan wants to take this final chance to strike a blow for Ayn Rand and her philosophy of rewarding the “successful."

Ayn Rand and Charles Darwin would be proud. George Bush, too.

http://usliberals.about.com/od/peoplein ... nspan1.htm
Abraço,
Dwer

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por matos_1 » 16/11/2008 0:23

Enquanto a inflação disparava no inicio do ano os bancos centrais em todo o mundo desciam as suas taxas de juro (com a honrosa excepção do BCE que subiu 0,25% a sua taxa de referência) e assim que surgiu a hipótese de deflação começaram todos a cortar as taxas e a injectar dinheiro nos mercados como se não houvesse amanhã.


Não esqueças que no inicio do ano muitos países já estavam a ficar preocupados com o crescimento. O BCE foi o unico banco central a dar importancia a estabilidade de preços apesar de todas as criticas.

Aliás já em 2000 e 2001 manipularam as taxas de juro o suficiente para levar com que as pessoas se endividassem e estimulassem a economia. As compras de casas maiores que as possibilidades das carteiras dos seus donos não foram um problema apenas dos EUA, apesar do menor mediatismo também a Europa aproveitou a era do "dinheiro grátis" que o BCE permitiu no inicio da década para se endividar em demasia sendo Espanha provavelmente o caso mais mediático na União Europeia.


Talvez a questão na seja tanto os niveis das taxas de juro mas sim a sua gestão. Ente 2002 e agora a taxa directora do BCE e o Fed Funds Rate teve um comportamento médio essencialmente igual, 2,852% para a primeira e 2,811% para o segundo. Mas se analisarmos a variabilidade destas duas taxas é possivel perceber porque razão a bolha nos EUA foi maior do que na Europa.

Os consumidores, embora racionais, não tiverem tempo de adaptar.

Imagem

Vemos então que os passos tomados (todos inflacionistas por natureza) têm sido cada vez mais drasticos e que mesmo assim não funcionaram. Porque continuo eu convicto de um cenário hiperinflacionista nos próximos anos?

Porque os governos não vão simplesmente desistir, haverá mais passos a tomar, mais dinheiro a ser queimado, mais radicalismo nas opções tomadas. A minha convicção de que não permitirão uma nova depressão deflacionista (como têm demonstrados pelos passos tomados) anda de mão dada com o cenário de hiperinflação.

Neste aspecto concordo plenamente. Com todas estas medidas tomadas, se a recuperação economica verificar-se com toda esta liquidez, vamos ter pressões inflacionistas derivado da oferta de dinheiro e pressões inflacionistas derivado do aumento da procura na economia real.
Linha de Tendência Análise da evolução dos principais indicadores macroeconómicos que afetam a economia portuguesa e europeia.
https://www.facebook.com/LinhaDeTendencia
 
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por Camisa Roxa » 15/11/2008 21:16

o keynesianismo (new deal) transformou 1 recessão (de 29) numa depressão de 10 anos

agora estão a tentar fazer o mesmo

não percebo como continuam a defender que défices estatais é positivo quando é a coisa mais tóxica que pode haver numa economia. todas estas abissais dividas externas... alguma vez vamos conseguir pagar isto? quando é que virá o dia de massivos defaults de dívida pública por n países? e quando esse dia chegar só digo que já vi guerras começarem por muito menos

enquanto continuarem a acreditar que se pode consumir ad eternum imprimindo dinheiro ao invés da mobilização de poupanças...

já agora uns powerpoints educativos:

Keynes' Business Cycle theory
Hayek's Business Cycle theory
comparação das duas
Imagem
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por Branc0 » 15/11/2008 20:49

Dwer Escreveu:eheh o keynesianisno é que tirou o mundo da grande depressão. Lembras-te? Uma cena parecida com a de hoje?


Mas era exactamente a isso que me estava a referir. Um dos pensamentos mais criativos dessas mentes Keynesianas nos anos 30 foi exactamente a confiscação do ouro, por decreto, e o seu repricing que permitiu todos os investmientos publicos da altura. Só defendo que desta vez não vamos necessitar de taxas de desemprego de 25% para fazerem o mesmo.

Não disse que os bancos centrais e governantes mundiais iam abandonar as suas teorias económicas. Simplesmente vão ter que fazer o necessário, dentro dessas teorias, para que o sistema não imploda. Não será certamente o fim do mundo, já passámos por isso e continuamos por cá, mas haverá certamente vitimas que verão a sua riqueza acumulada dissipar-se quer seja por decreto, impostos ou inflação, tal como haverá beneficiados.

Quanto ao resto do teu post nem vale a pena citar. Já não é a primeira vez que completamente a despropósito invocas Ayn Rand num tom depreciativo sem qualquer razão aparente. Não sei se engoliste alguma obra dela que te fez azia ou se tens algum complexo de James Taggart dentro de ti que queres soltar mas concerteza que haverá ajuda para ultrapassares esse problema.

O facto de juntares Ayn Rand e Greenspan na mesma frase até parece indicar que tens conhecimento dos serões que ambos passaram juntos o que provavelmente quererá dizer que também tens conhecimento que tanto os pensamentos de Rand como os trabalhos académicos de Greenspan nessa altura nada têm a ver com as politicas macroeconómicas que ele perseguiu quando esteve a presidir à FED levando-me mais uma vez a concluir que não só estás interessado em denegrir a imagem de alguém como completamente a baralhar e desinformar quem te lê.
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por Dwer » 15/11/2008 19:11

Camisa Roxa Escreveu:
Dwer Escreveu:E, vergonha das vergonhas, o keynesianismo voltar a andar nas bocas do mundo, como única forma de salvar a economia.


lol o keynesianismo é que deixou tudo como está; e querem ainda mais keynesianismo???

desde o final da década de 90 que temos tremendos défices públicos, enormes dívidas externas, impressão de dólares e euros como se não houvesse amanhã, taxas de juro artificialmente baixas, isto é o quê? Keynesianismo como nunca houve, nem mesmo nos anos 60

mais keynesianismo? é o mesmo que apagar a fogueira com gasolina...


eheh o keynesianisno é que tirou o mundo da grande depressão. Lembras-te? Uma cena parecida com a de hoje?

eh pá, e não vejo gajos mais auto-flagelantes que os libertários. Keynes, um expoente do liberalismo: crucificado. Greenspan, um adorador fervoroso de Santa Rand: crucificado. Quem é que vai sobrar no fim disto tudo?
Abraço,
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por Camisa Roxa » 15/11/2008 19:02

Dwer Escreveu:E, vergonha das vergonhas, o keynesianismo voltar a andar nas bocas do mundo, como única forma de salvar a economia.


lol o keynesianismo é que deixou tudo como está; e querem ainda mais keynesianismo???

desde o final da década de 90 que temos tremendos défices públicos, enormes dívidas externas, impressão de dólares e euros como se não houvesse amanhã, taxas de juro artificialmente baixas, isto é o quê? Keynesianismo como nunca houve, nem mesmo nos anos 60

mais keynesianismo? é o mesmo que apagar a fogueira com gasolina...
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por Branc0 » 15/11/2008 18:55

Dwer Escreveu:Os Japoneses andam a tentar reflaccionar há vinte anos.


Verdade mas ficaram-se por meios bastante convencionais... o mais radical que fizeram foi enviar cheques directamente às pessoas tal comos os EUA fazem agora com os "tax rebates".

Mas em 80 era um problema Asiático por uma economia com poupanças, hoje é uma crise global liderada pelos maiores devedores do planeta e ficaria surpreendido que não tentassem nada mais chocante que uns "tax rebates" ;)
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por Dwer » 15/11/2008 17:57

Os Japoneses andam a tentar reflaccionar há vinte anos.
E não me lembro de nenhum meio que não tenham usado.
Sem êxito.

Realmente é chato, na altura que parecia mais alta e gloriosa da escola austríaca e do ideal libertário, a realidade se ter encarregado de deitar tudo abaixo.

E, vergonha das vergonhas, o keynesianismo voltar a andar nas bocas do mundo, como única forma de salvar a economia.

Pois...
Abraço,
Dwer

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Inflação ou deflação... é a reflação?

por Branc0 » 15/11/2008 17:50

No espirito das leituras de fim de semana deixo-vos aqui um artigo que coloquei no meu pequeno blog sobre o ambiente deflacionista que vivemos nos mercados e as politicas inflacionistas tomadas pelos bancos centrais e governos.

Em fim de semana de reunião do G20 é boa altura para a discussão.

=======================================

Por onde quer que se olhe nos principais sites noticiosos a deflação está na ordem do dia. Não é de admirar, as baixas significativas nos mercados accionistas, as falências, os investimentos alavancados que tiveram de ser desfeitos, os pequenos investidores que assustados removeram os seus capitais de fundos, as commodities seguiram também o mesmo caminho com o petróleo, prata, trigo e outros bens a descerem, em alguns casos, mais de 60% desde os máximos no inicio do ano.

Estamos então em deflação clara? No imediato será justo dizer que sim, mas como já aqui referi o maior medo dos governos e bancos centrais sempre foi e sempre será um ambiente deflacionário e não um inflacionário. Enquanto a inflação disparava no inicio do ano os bancos centrais em todo o mundo desciam as suas taxas de juro (com a honrosa excepção do BCE que subiu 0,25% a sua taxa de referência) e assim que surgiu a hipótese de deflação começaram todos a cortar as taxas e a injectar dinheiro nos mercados como se não houvesse amanhã. Até o BCE que demorou tanto tempo para reagir à inflação em menos de um mês cortou a sua taxa de referência em 1% e deixando bem viva no mercado a impressão que tem mais espaço e vontade para continuar a cortar... no que diz respeito aos bancos centrais é uma corrida até ao fundo, o objectivo parece ser chegar a 0% apesar de as taxas de referência já estarem por todo o lado abaixo das taxas de inflação.

Estas medidas de injecções de liquidez e redução de taxas de juro são sempre as primeiras medidas dos bancos centrais. Aliás já em 2000 e 2001 manipularam as taxas de juro o suficiente para levar com que as pessoas se endividassem e estimulassem a economia. As compras de casas maiores que as possibilidades das carteiras dos seus donos não foram um problema apenas dos EUA, apesar do menor mediatismo também a Europa aproveitou a era do "dinheiro grátis" que o BCE permitiu no inicio da década para se endividar em demasia sendo Espanha provavelmente o caso mais mediático na União Europeia. Este dinheiro que as pessoas não tinham foi no entanto direccionado, maioritariamente, para industria de construção durante alguns anos, reduzindo o desemprego e fazendo passar a pressão deflacionista que o estoiro da bolha .com tinha originado... como é repetitivo cada vez que um governo tenta interferir na economia para tentar fazer o que ela não quer (em 2000 obrigando-a a expandir quando era necessário corrigir dos excessos) acabam apenas por deferir o problema para o mandato do governante seguinte, normalmente um problema que entretanto cresceu e se torna mais difícil de corrigir.

E é assim que chegamos a 2008, com o estoiro da bolha do subprime construída em cima da bolha da internet temos uma mega bolha para corrigir. Se uma era deflacionária e ameaçava uma recessão esta ameaça destruir por completo o sistema financeiro e uma depressão. Mais uma vez governantes e bancos centrais não estão dispostos a enfrentar as consequências das politicas seguidas nos ultimos 40 anos e preparam-se para novamente deferir o problema para quem tiver o próximo mandato. Estas tentativas são, obviamente, sempre inflacionistas uma vez que consistem em imprimir notas através da emissão de divida publica e quem sabe mesmo sem emissão de dívida se a isso forem obrigados no futuro. Vamos analisar então as principais medidas que foram tomadas até hoje:

1) Baixa das taxas de juro - Esta medida falhou como se pode ver pelo diferencial, que aumentou bastante no ultimo ano, entre as taxas de referência dos bancos centrais e as taxas interbancárias.

2) Injecções de liquidez - Falharam parcialmente. A liquidez foi usada para tapar os buracos que existiam nos bancos, ou seja, ela foi usada mas não da forma que os governantes pretendiam.

3) Nicolas Sarkozy (Presidente Fracês) ameaçou nacionalizar os bancos que não emprestem dinheiro. Ao repararem que a liquidez não chega aos consumidores a expectativa inflacionista vai-se abaixo. É como imprimir muitas notas novas e os bancos andarem a guardarem-nas debaixo do colchão. Não coloca pressão nos preços para subirem. Se os bancos recomeçarem a emprestar dinheiro então não só esse dinheiro chega às pessoas como através do sistema fraccionário permitirá que se multiplique ainda mais o dinheiro trazendo a desejada inflação.

4) Hank Paulson (Secretário do Tesouro dos EUA) tinha 700 mil milhões de dolares para comprar algumas hipotecas dos bancos mais aflitos e assim ajudar a limpar as suas folhas de balanço. Já se apercebeu que embora isso ajude os bancos a não abrirem falência não significa que os bancos emprestem. Mudou então esta semana o seu plano (depois de já ter gasto 200 mil milhões) para passar a financiar directamente os consumidores. Não tenho os pormenores de como isto vai ser feito mas não é liquido que funcione... nada obriga os consumidores a gastarem esse dinheiro em novos bens causando inflação, podem simplesmente pagar a dívida que têm à banca o que mais uma vez impediria o dinheiro de entrar em circulação.

Vemos então que os passos tomados (todos inflacionistas por natureza) têm sido cada vez mais drasticos e que mesmo assim não funcionaram. Porque continuo eu convicto de um cenário hiperinflacionista nos próximos anos?

Porque os governos não vão simplesmente desistir, haverá mais passos a tomar, mais dinheiro a ser queimado, mais radicalismo nas opções tomadas. A minha convicção de que não permitirão uma nova depressão deflacionista (como têm demonstrados pelos passos tomados) anda de mão dada com o cenário de hiperinflação.

Vamos a ver que medidas novas vão surgir nos próximos tempos, talvez um perdão de dívida generalizado, talvez um repricing de certos bens como o ouro, ou talvez a impressão de mais e mais dinheiro até alguém decidir que é altura de o gastar... a imaginação dos bancos centrais e governantes não tem limites.
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