BCP - que máfia!!!...
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sem palavras
O BCP está em queda acentuada há muitos meses. Nos últimos dias muitos investidores compraram direitos de subscrição do aumento de capital a valores entre os 0.18 e os 0.11. Mas a situação é preocupante, senão vejamos. Os lucros de 2002 foram de 272 milhões de euros, cerca de metade do ano passado, o que faz com que, tendo em conta o novo número de acções depois do aumento (3257 milhões), à cotação de 1.32, o PER do banco ainda é de 16 (ao contrário de uma nota recente da ESR que considera que o PER é de 11). Além disso, a situação líquida do banco desceu, catastroficamente, dos 5040 ME em 2001 para 2188 ME em 2002, ou seja, para menos de metade. Isso coloca o valor contabilístico em cerca de 0.96 euro (já depois do encaixe do aumento de capital), abaixo do valor nominal de 1 euro. O preço de subscrição de 1 euro, muito baixo, foi a única forma de garantir (será que garante?) a colocação das acções, para obter um encaixe de que o banco desesperadamente precisa. A tomada firme das acções por instituições internacionais faz-se a 1 euro, eles não ofereceriam mais um tostão. Além disso, será que essa tomada firme é realmente efectiva? Ou encontra-se protegida por acordos de opção de revenda secretos (feitos com opções, warrants, ou outros instrumentos derivados), que garantem ao tomador nada perder, mantendo-se o impacto mediático da tomada firme com o objectivo de levar milhares de investidores a subscrever? Não tenho provas disto que estou a sugerir, mas não me admirava que, nas colocações de acções modernas, quer em OPVs quer em aumentos de capital, já se tenha institucionalizado uma prática de "tomadas firme aparentes" como forma de marketing das ditas operações (será que o fundo estrangeiro que tomou firme a OPV da Sonae.com em 2000 a 10 euros está realmente a perder? Ou saiu a ganhar pelas traseiras? Aqui fica a interrogação).
Além disso, note-se a propaganda desenfreada do BCP que tem assolado os media nestes dias. Na rádio ouve-se agora um anúncio a invocar a grandeza do grupo (dá emprego a 22000 pessoas, etc). Nos jornais económicos, fala-se de rumores de interesse de bancos estrangeiros. Fala-se de vários accionistas de referência que dizem que vão subscrever (será que lhes foram dadas garantias para proferirem tais declarações?). Tudo isso ajuda a que as pessoas vão subscrever este aumento. Mas a má situação do BCP não passou despercebida a muitos investidores de peso e isso pressiona as cotações para baixo. O prazo de subscrição é só até 28-3, para reduzir as hipóteses de queda da acção até ao momento da subscrição.
Mais geralmente, a situação do BCP parece alarmante. As suas quotas de mercado caíram em 2002 em várias frentes (segundo artigo no DN). As aquisições do BPA, BPSM e Banco Mello nunca foram rentáveis. O seu investimento na Eureko estoirou, a Oniway fechou, as participações em empresas (como a EDP) perderam muito valor, o que significa perdas de centenas de milhões de contos. A gestão BCP, excelente até 1994 e ruinosa a partir daí, destruiu metade do valor investido pelos accionistas nos sucessivos aumentos de capital. O banco anunciou que quer vender a Seguros & Pensões, numa confissão de impotência impressionante - desde o início dos anos 90 que os grandes bancos têm um braço segurador associado. Se conseguir vender, será barato, pois as seguradoras europeias estão arruinadas, e as portuguesas não estão melhor (por exemplo, a Tranquilidade do grupo Espírito Santo também perdeu milhões de contos). O fundo de pensões do BCP está com uma insuficiência enorme, devido à queda dos mercados accionistas e ao facto de ter investido em acções BCP compradas a 4-5 euros. Milhares de clientes estão endividados ao banco na sequência das acções BCP que compraram a 4-5 euros com recurso a crédito. Será que estes clientes têm vontade (e dinheiro) para pagar estas dívidas? E a quantidade crescente de empresas do sector imobiliário falidas? E a quantidade crescente de famílias que não suporta as prestações imobiliárias, obrigando o banco a executar hipotecas, um negócio desvantajoso? E o colapso do negócio da corretagem bolsista? E a retracção de cerca de 50% nas transacções imobiliárias, com a consequente redução do crédito? E o facto de as grandes empresas instaladas em Portugal recorrer crescentemente à banca europeia para se financiar? E a tendência crescente dos clientes usarem a banca online, o que obriga os bancos a fechar agências e a despedir pessoal, com grandes custos (a tal piada: os espaços já foram pastelarias, depois passaram a sucursais bancárias, e agora vão voltar a ser pastelarias)? Por tudo isto, a situação de toda a banca portuguesa é alarmante, e a do BCP pior.
Que esperar agora? A cotação deverá manter-se no curto prazo entre os 1.20 e os 1.40, pois há enormes pressões para que este seja subscrito, mas, a longo prazo, poderá ir abaixo do valor nominal. O melhor que poderá acontecer é o banco concentrar-se nas áreas rentáveis. Se, depois de limpo dos sectores deficitários, o banco aguentar os lucros de 0.08 euros por acção actuais, talvez tenha um valor entre 1.10 e 1.30 euros. Mas os custos de reestruturação e de venda ao desbarato das participações não rentáveis poderão causar prejuízos nos próximos anos (segundo a contabilidade americana, o banco já teve prejuízo em 2002 e, de facto, é difícil imaginar um lucro quando a situação líquida implode de 5040 ME para 2188 ME...). Tudo isso poderá erodir a situação líquida para valores abaixo dos 0.96 euros por acção actuais em 2003 ou 2004, justificando cotações bem mais baixas. A ver vamos.
Além disso, note-se a propaganda desenfreada do BCP que tem assolado os media nestes dias. Na rádio ouve-se agora um anúncio a invocar a grandeza do grupo (dá emprego a 22000 pessoas, etc). Nos jornais económicos, fala-se de rumores de interesse de bancos estrangeiros. Fala-se de vários accionistas de referência que dizem que vão subscrever (será que lhes foram dadas garantias para proferirem tais declarações?). Tudo isso ajuda a que as pessoas vão subscrever este aumento. Mas a má situação do BCP não passou despercebida a muitos investidores de peso e isso pressiona as cotações para baixo. O prazo de subscrição é só até 28-3, para reduzir as hipóteses de queda da acção até ao momento da subscrição.
Mais geralmente, a situação do BCP parece alarmante. As suas quotas de mercado caíram em 2002 em várias frentes (segundo artigo no DN). As aquisições do BPA, BPSM e Banco Mello nunca foram rentáveis. O seu investimento na Eureko estoirou, a Oniway fechou, as participações em empresas (como a EDP) perderam muito valor, o que significa perdas de centenas de milhões de contos. A gestão BCP, excelente até 1994 e ruinosa a partir daí, destruiu metade do valor investido pelos accionistas nos sucessivos aumentos de capital. O banco anunciou que quer vender a Seguros & Pensões, numa confissão de impotência impressionante - desde o início dos anos 90 que os grandes bancos têm um braço segurador associado. Se conseguir vender, será barato, pois as seguradoras europeias estão arruinadas, e as portuguesas não estão melhor (por exemplo, a Tranquilidade do grupo Espírito Santo também perdeu milhões de contos). O fundo de pensões do BCP está com uma insuficiência enorme, devido à queda dos mercados accionistas e ao facto de ter investido em acções BCP compradas a 4-5 euros. Milhares de clientes estão endividados ao banco na sequência das acções BCP que compraram a 4-5 euros com recurso a crédito. Será que estes clientes têm vontade (e dinheiro) para pagar estas dívidas? E a quantidade crescente de empresas do sector imobiliário falidas? E a quantidade crescente de famílias que não suporta as prestações imobiliárias, obrigando o banco a executar hipotecas, um negócio desvantajoso? E o colapso do negócio da corretagem bolsista? E a retracção de cerca de 50% nas transacções imobiliárias, com a consequente redução do crédito? E o facto de as grandes empresas instaladas em Portugal recorrer crescentemente à banca europeia para se financiar? E a tendência crescente dos clientes usarem a banca online, o que obriga os bancos a fechar agências e a despedir pessoal, com grandes custos (a tal piada: os espaços já foram pastelarias, depois passaram a sucursais bancárias, e agora vão voltar a ser pastelarias)? Por tudo isto, a situação de toda a banca portuguesa é alarmante, e a do BCP pior.
Que esperar agora? A cotação deverá manter-se no curto prazo entre os 1.20 e os 1.40, pois há enormes pressões para que este seja subscrito, mas, a longo prazo, poderá ir abaixo do valor nominal. O melhor que poderá acontecer é o banco concentrar-se nas áreas rentáveis. Se, depois de limpo dos sectores deficitários, o banco aguentar os lucros de 0.08 euros por acção actuais, talvez tenha um valor entre 1.10 e 1.30 euros. Mas os custos de reestruturação e de venda ao desbarato das participações não rentáveis poderão causar prejuízos nos próximos anos (segundo a contabilidade americana, o banco já teve prejuízo em 2002 e, de facto, é difícil imaginar um lucro quando a situação líquida implode de 5040 ME para 2188 ME...). Tudo isso poderá erodir a situação líquida para valores abaixo dos 0.96 euros por acção actuais em 2003 ou 2004, justificando cotações bem mais baixas. A ver vamos.
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visitante
boas perguntas...
tb gostava de saber a reposta...esperar para ver..
e será boa altura para aproveitar esa retracção e comprar mais umas BCP?
e será boa altura para aproveitar esa retracção e comprar mais umas BCP?
Mais uma colherada no Caldeirão...
- Mensagens: 533
- Registado: 7/11/2002 23:19
BCP - que máfia!!!...
Na abertura, dispara para cima...
Agora, dispara para baixo...
No fecho, como será?
E amanhã???
Agora, dispara para baixo...
No fecho, como será?
E amanhã???
- Mensagens: 523
- Registado: 23/11/2002 16:01
- Localização: Vilar de Andorinho
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