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Caldeirão da Bolsa

Correndo contra o vento - A desvantagem do investidor...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

e o nosso trabalho???

por Visitante » 4/3/2003 1:04

ja agora falta mais um "custo"...
O nosso trabalho...
ao fim de um ano gostava que somassem as horas que se passaram em frente do computador a planear a estrategia e a executar os trades. Depois multipliquem esse numero de horas pelo ordenado que conseguiriam ter se arranjassem um segundo emprego... Aposto que devem chegar a uma boa maquia...
Um abraco
Nunofaustino
Visitante
 

Falta ainda um custo...

por spacefrog » 3/3/2003 23:40

O das aspirinas, goronzans e valiuns que estas emoções fortes acarretam

Só o Cem é que não precisa deles
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Mais um ponto...

por JAS » 3/3/2003 23:27

Marco,

A minha resposta tardia a este teu post (mais um excelente post) deveu-se aos meus afazeres... carnavalescos.

Embora tenha focado o problema do bid/ask não referiste o problema das acções de valor muito baixo onde normalmente estes valores estão encostados e neles encontramos ordens muito grandes que podem tornar a realidade muito diferente da teoria.

Como exemplo podemos citar a SON onde a oferta e a procura se tocam e na qual um único centimo representa mais de 2,5%.
Comprarmos ao valor da procura e ela subir para o valor da oferta pode não significar um ganho dos tais 2,5% pela simples razão de que teremos que ir para a "bicha" e não conseguimos vender pois ficamos atrás de uns milhões que já lá estão à nossa frente.
E na practica só conseguimos mesmo realizar um trade vencedor quando a cotação sobe 0,02 pois aí conseguimos vender ao valor da procura. mas em vez dos 5% só ganhamos 2,5%.

JAS
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por Ulisses Pereira » 3/3/2003 13:23

Marco,

Ainda não te tinha dado os parabéns por mais este excelente artigo. Quando estamos embrenhados no ritmo frenético do mercado esquecemo-nos, muitas vezes, de tudo isto que também sopra contra nós.

Um grande abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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por MarcoAntonio » 3/3/2003 12:25

Viva JN,

agradeço mais este acrescento. Pessoalmente utilizo um misto de ordem ao melhor com ordem de valor fixo, isto é, costumo colocar a ordem com mais alguns <i>ticks</i> (quantos, depende do valor absoluto da acção mas normalmente é mais um, dois ou três) evitando assim por um lado <i>correr atrás do preço</i> indo compra-las/vende-las a <i>qualquer preço</i> e por outro evito de deixar de fazer o negócio por um tick ou dois, já que é bastante normal vermos um valor nos COF's e enquanto se mete a ordem e não mete, enquanto a ordem chega lá e não chega, já não encontra a contra-parte no valor «inicial».

Mesmo com esta estratégia <i>falho</i> muitos movimentos em papéis mais voláteis e em warrants quando estou a comprar para curtíssimo-prazo (dado q aperto mais os <i>ticks</i> nesses casos).
:?

De qq das formas está ali um custo implícito entre o valor no momento da decisão e o valor no momento da execução. Parece desprezível, mas não é... E em mercados muito líquidos dá para se viver disso (disso, dos que correm atrás do preço com medo de perder o comboio ou de ficarem pendurados nele).
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por JN » 2/3/2003 23:43

Excelente artigo sobre tão importante tema, mas parece-me que ficou esquecido um factor muito importante, principalmente para traders activos como me parece que são os participantes deste forum.

Slippage: a diferença entre o preço no momento em que coloca a sua ordem e o preço na altura em que ela é efectuada. Esta perda também pode ser dupla pois ela pode existir na compra e na venda. Quem ganha com isso? São os brokers profissionais que jogam com o bid e o ask, compram ao vendedor para venderem ao comprador e não pagam comissões. Em muitos mercados existem traders profissionais de slippage que fazem fortunas à custa de outros emocionais e inexperientes. Procure sempre dar ordens a preço fixo e nunca ao melhor. Escolha activos com bons níveis de volume e não tenha pressa medo e muito menos pânico de não encontrar comprador para o que quer vender.
Costuma-se dizer que para tudo há um comprador, é preciso é ter calma.

Marco,
Obrigado pelas lições de trading,
Um abraço
Um abraço
JN
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por MarcoAntonio » 2/3/2003 21:17

A parte mais interessante em compensadora destes meus artigos é mesmo esta - o facto de surgir sempre alguém (ou vários alguens) dispostos a explorar determinado ponto, a acrescentar algo mais ou até mesmo a discordar, porque não.

Ao FT,

grande FT, agradeço a achega e digo mesmo - vale a pena ler o excerto que nos disponibilizaste, apesar de curto é muito interessante, eu gostei particularmente.

Ao LMM,

grande LMM!... Pois não é que me esqueci de um ponto tão importante?... Pois estava tão concentrado com os pontos que dizem respeito ao mercado propriamente dito que me escapou os custos a que chamaria de Logísticos (meios informáticos e de comunicação) e de Formação (livros, cursos, etc..). São efectivamente custos e importantes. E é natural que me tenham escapado mais alguns, a minha esperança é que apareçam mais pessoas a enumera-los...

Quanto aos restantes comentários, agradeço-os mas são manifestamente exagerados...
:oops:
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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excelente...

por djovarius » 2/3/2003 20:40

... novamente o Marco António com um "insight" consciente sobre uma matéria muitas vezes não compreendida pela maioria dos "players" no mercado.

Digo eu: este tipo de post deveria ficar em destaque por alguns dias.

Um abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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Excelente artigo!

por Cem » 2/3/2003 20:05

Mais uma vez com o carimbo da qualidade habitual do Marco António, com os acrescentos sempre a propósito do FT e do lmm.
É bom lembrar sempre estes custos todos associados.
Daí que isto de lidar com os mercados tem muito que se lhe diga...
Um abraço,
Cem
Cem
 

Muito bem!

por lmm » 2/3/2003 16:30

Excelente artigo Marco! Nota-se claramente que, ao contrário do que eu estou a fazer agora (lol), pensaste muito bem na forma mais directa e sintética de explanar os diferentes tópicos.

Só para acrescentar - à laia mesmo de tópico - que o investidor tem ainda desvantagens adicionais, ou custos neste caso, como o(s) computador(res) que comprou para acompanhar o mercado, o feed das cotações, o telefone de backup para dar ordens, a ligação à Internet, os livros, cursos e seminários que teve para se formar num trader melhor e outros que no momento não me ocorrem. 50% à partida, yeah right :!:

Enfim, tudo isto representam custos a amortizar aos lucros (ou falta deles) no final do ano :evil:

FT, li o teu excerpto e gostei muito da frase daquele senhor Ashleigh Brilliant. É brilhante mesmo e dava pano para mangas da fantasia do Carnaval, ehehe. É a razão porque em 100 pessoas a usar o mesmo sistema de negociação, dificilmente as performances serão idênticas! Trading é mesmo uma arte por causa disso!

Abraço,
lmm
Posso bem ser o pior trader da História:

Quando o mercado está comigo tenho sempre contratos a menos;

Quando o mercado está contra mim tenho sempre contratos a mais!
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por Flying Turtle » 2/3/2003 13:12

Excelente como sempre Marco, transformando o tal simples click no botão "responder" num acto de alto teor de temeridade! :wink:

Uma nota portanto apenas, e aliás no sentido do reforço do que dizes: Relativamente à questão da informação, eu colocaria as coisas mais em termos da existência de um elevado grau de assimetria de informação - e é sabido que este factor é um dos que mais condicionam a eficiência de um mercado.

Ainda a propósito da informação, importa fazer uma distinção clara entre este conceito e o conceito do conhecimento. A informação é hoje uma "commodity" e, como tal, tem um valor próximo do zero (se não mesmo negativo quando, como referes, é demasiadamente abundante face aos mecanismos de selecção de que um indivíduo dispõe, O conhecimento, em contrapartida, é um bem de elevado valor.

Não resisto, a este propósito, a anexar aqui um pequeno excerto da minha tese de mestrado, o qual versa precisamente as questões da diferença entre informação e conhecimento e respectivos reflexos em termos de valor. Não se assustem, é mesmo só um excerto... :wink:

Um abraço
FT
Anexos
excerto tese.pdf
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"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
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Este man é o maior...

por mafas » 2/3/2003 8:20

... continua assim Marco!
Dá gosto ler os teus posts!
mafas
 

Correndo contra o vento - A desvantagem do investidor...

por MarcoAntonio » 2/3/2003 4:24

<b>Correndo contra o vento - A desvantagem do investidor...</b>


Não é pouco vulgar ouvir-se dizer que a probabilidade de acertar num trade, à partida para esse trade, é de 50%. Uma das razões que faz com que esse pressuposto não seja necessariamente verdadeiro no mundo real prende-se com os diversos factores que penalizam o investidor assim que este resolve assumir uma posição. O investidor joga sempre contra o vento...

De seguida enumerarei algumas das potenciais desvantagens competetivas do investidor. Não me ficarei pelos custos associados ao <i>trading</i>, tentarei ir mais longe e enumerar desvantagens competitivas num sentido mais lato, umas mais consensuais outras menos, presumo...



:arrow: <b>Comissões e Taxas</b>

Não poderia deixar de enumerar os custos associados às comissões e taxas que recaiem sobre cada movimento em primeiro lugar - é o mais evidente custo e mais evidente desvantagem. Se poucos se esquecerão destes custos, mais do que esses considerarão apenas estes - um erro comum.

As comissões variam de investidor para investidor e de produto financeiro para produto financeiro. Afectam a performance do investidor tanto mais quanto mais intensivo for o ritmo de <i>trading</i>. Se a estratégia for intensiva, agressiva, recorrendo a um número elevado de <i>trades</i>, a questão das comissões e taxas ganha relevo. As formas de contornar esta desvantagem são fáceis de enumerar, mais difíceis de executar: aumentar a taxa de acerto; aumentar o rácio valor_médio_dos_ganhos <i>versus</i> valor_médio_das_perdas. Em qualquer dos casos o objectivo é o mesmo - aumentar o ganho médio por <i>trade</i>. Este ganho médio tem de superar claramente o custo médio do <i>trade</i>. Não pode superar marginalmente pois existem outros custos para além deste, como veremos mais adiante.

Mais ainda, não é pouco comum o custo associado às comissões e taxas não ser sequer o custo mais significativo. Pode ser superado por outros custos isoladamente ou pelo conjunto dos restantes custos, dependendo da estratégia, do tipo de investimento e produto financeiro e da intensidade/frequência do <i>trade</i>.

Para uma dada estratégia com um determinado rácio de ganhos <i>versus</i> perdas, uma das formas de reduzir o impacto das comissões é o de recorrer a produtos alavancados, mais arriscados e que só se justificam caso a estratégia esteja apurada. Por si, os produtos alavancados não garantem maior sucesso ou maior rentabilidade. Apenas garantem... maior risco!


:arrow: <b>Spreads Bid/Ask</b>

Talvez o segundo mais evidente e ainda entre os <i>menos esquecidos</i>. O Spread Bid/Ask pode ser gerado naturalmente quer pelo mercado (compradores/vendedores) quer por Market Makers em produtos financeiros cuja liquidez seja assegurada parcial ou totalmente por Market Makers (casos de CFD's e Warrants por exemplo). O Spread reflecte nestes casos o risco que este assume e os custos em que este incorre no decorrer da sua actividade de forma que se torna usual vermos os Spreads aumentarem em certos produtos quando o mercado se encontra em condições anormais representando um risco acrescido - estas condições anormais tanto podem ser um incremento de volatilidade no mercado como por exemplo o Market Maker lidar em determinado momento ou em determinado produto com investidores bem informados - neste caso a desvantagem competitiva passa para o lado do Market Maker e este vê-se obrigado a aumentar o Bid/Ask para cobrir o risco e custos adicionais da sua actividade.

Num mercado sem Market Maker estas flutuações podem ocorrer e reflectir-se na própria actividade «global» do mercado - por exemplo, é normal assistirmos a spreads bid/ask maiores quando o mercado está mais volátil e instável e menores em fase de consolidação ou de elevada «certeza» quanto ao valor do activo. Ou ainda, spreads maiores em activos de menor liquidez e menores em activos bastante líquidos dado que um activo menos líquido involve um risco superior a um activo mais líquido se igualarmos as restantes características dos activos.

O que se disse atrás face às comissões aplica-se de igual modo aos Spreads. Se a estratégia é consistente mas não promove os ganhos suficientes para cobrir os custos do <i>trading</i>, a alavancagem pode transformar a estratégia perdedora numa estratégia ganhadora. Mantém-se no entanto a ressalva: o risco acrescido é garantido... quanto ao sucesso depende da estratégia em causa.


:arrow: <b>Taxa de Juro / Inflacção</b>

Este custo é, na maioria dos casos, <i>invisível</i>. Isto é, a maioria dos investidores não se dão conta dele. Noutros casos é mais evidente - por exemplo no caso de certos produtos alavancados ou investimento com recurso ao crédito. Não basta que o <i>trade</i> seja positivo, tem de bater quer a inflacção, quer a taxa de juro <i>sem risco</i> para ser considerado rentável. Se assumimos um <i>risco</i> ao investir no mercado de acções por exemplo, temos, do ponto de vista económico, exigir a nós próprios, batermos a performance de produtos financeiros de risco (praticamente) nulo - não basta não perdermos dinheiro. Quanto maior o risco, mais elevado deverá ser o retorno expectável. De outra forma não faz sentido incorrermos em riscos maiores, de um ponto de vista puramente económico e pragmático. Se encaramos o mercado como um entrenimento, um jogo ou um hobbie... bem, nesse caso talvez cedamos um pouco nesta regra pois todo o entretenimento tem um preço. Se encaramos o investimento um negócio ou uma fonte de rendimento, temos de bater aqueles valores, caso contrário o negócio não é realmente rentável.


:arrow: <b>Custo de Oportunidade</b>

O Custo de Oportunidade é, por vezes, ignorado ou substimado - existe um custo real de oportunidade - não comprar no momento certo quer por <i>ineficiência</i> do <i>trader</i> (hesitar, por exemplo) quer por impossibilidade (capital <i>preso</i> em determinado <i>trade</i>). Se suposermos que determinado investidor identificou correctamente o sentido futuro do activo quer seja com base numa avaliação técnica quer seja porque determinou que o título estava sub-avaliado ou sobre-avaliado face aos seus fundamentais, se o investidor hesitar ou não estiver momentaneamente disponível para abrir a posição, o investidor pode assistir ao evoluir da cotação vendo o ganho esperado reduzir-se ou mesmo assistir à perda por completo da oportunidade. Se é certo que o investidor não é humanamente capaz de aproveitar todas as oportunidades que o mercado dá, também é verdade que o mercado dá ao investidor um número limitado de oportunidades que não podem ser constantemente desperdiçadas.

Para tornar claro o custo de oportunidade, imaginemos uma estratégia baseada numa situação rara de mercado, rara mas bastante rentável. O investidor abre uma posição ao julgar iminente uma oportunidade num determinado título. Não estabeleceu uma <i>time-line</i> e embora considerasse iminente a oportunidade, acaba aguardando sessão após sessão sem que a situação ocorra. O capital está preso no título bem como a atenção do investidor quando a situação ocorre num outro título... A rara oportunidade foi desperdiçada. Uma regra comum do <i>trading</i> é largar a posição quando as condições que nos levaram a abrir a posição deixaram de ser válidas. Tal regra deriva precisamente do custo de oportunidade. Nada, do ponto de vista lógico, nos deve levar a manter uma posição aberta quando a oportunidade que pretendemos aproveitar deixou de ser expectável nesse título.

O custo de oportunidade é particularmente penalizante em estratégias que se baseiem num baixo rácio de acertos <i>versus</i> falhas mas em que os acertos apresentem em média um valor bastante mais elevado do que as falhas. Este género de estratégia reflecte-se normalmente em longos períodos fora do mercado dado que se baseiam em poucas oportunidades que não podem ser desperdiçadas. Assim que o <i>trader</i> identifica a falha, o <i>trader</i> salta fora para estar disponível para a oportunidade que vai cobrir o custo dos vários falhanços.


:arrow: <b>Volatilidade</b>

O aumento de volatilidade reflecte o aumento de grau de incerteza e por essa via o aumento do risco reflectindo-se de forma indirecta nos spreads por exemplo. Não vale a pena explorar aqui essa faceta pois já é referida noutros pontos.

No entanto existem produtos financeiros em que a volatilidade reflecte-se directamente como um custo adicional (leia-se neste caso <i>prémio</i>) e uma desvantagem competitiva clara - em warrants e opções por exemplo. O aumento da volatilidade reflecte-se num aumento da volatilidade implícita o que obriga o investidor a pagar um <i>prémio</i> superior pelo produto (devido ao aumento do valor temporal). No dia da maturidade esse valor é zero e a sua tendência é de queda embora no percurso haja momentos em que o valor temporal valorize. No entanto, é um parametro bastante imprevisível (talvez mais imprevisível até do que o sentido do mercado) e dificilmente poderá ser utilizado como uma vantagem competitiva. A maior parte do tempo funciona como uma desvantagem e como um custo.



:arrow: <b>Informação</b>

A Informação em si não é uma desvantagem competitiva, obviamente. O que pode ser uma desvantagem competitiva para um investidor e um custo indirecto, por essa via, é a falta de informação, o excesso de informação ou a falta de qualidade da informação. Sou levado a considerar, pela experiência que tenho do mercado, que a informação que normalmente está disponível ao grande público nas condições em que está disponível, funciona mais como uma desvantagem - a informação é muitas vezes de má qualidade, inoportuna (para o investidor) ou oportunista (para o <i>fazedor</i> de informação). Aliás, a informação se está acessível ao grande público e portanto à maioria dos investidores, dificilmente pode ser considerada por definição uma vantagem competitiva. Se o termo <i>informação</i> nos pode levar intituitivamente a pensar em <i>vantagem</i> já o facto de estar acessível à <i>grande maioria</i> desfaz qualquer ilusão - não há qualquer vantagem em saber o que a maioria já sabe. É preciso saber mais que ou mais cedo que...

Em conclusão, a informação é na maioria dos casos, pela forma como chega ao pequeno investidor e pela forma como este a utiliza uma desvantagem competitiva. Não quer dizer que o pequeno investidor não possa utilizar a informação como ferramenta de trabalho - simplesmente não pode ficar-se pelo superficial.



:arrow: <b>Impacto no Preço / Liquidez</b>

Esta desvantagem pode ser considerada um custo <i>real</i> sendo evidente quando a dimensão da carteira/posição é tal face à liquidez do mercado/activo que um dado movimento afecta o valor do activo. Este impacto no valor do activo pode transformar uma estratégia de investimento vencedora <i>no papel</i> numa estratégia de investimento perdedora no <i>mercado real</i>. O pequeno investidor pode senti-lo em papéis particularmente ilíquidos. O grande <i>player</i> sabe-lo mesmo quando mexe em papéis líquidos.

Em qualquer dos casos, quanto maior a carteira, mais difícil se torna <i>fazer dinheiro</i>, mantendo todos os restantes custos fixos, pois o impacto cresce com a dimensão da carteira e das posições que se tomam. O crescimento da carteira leva de forma natural a uma mudança de estratégia por forma a contornar este custo - por exemplo, a forma como se tomam posições e se desfazem posições (o que nos faz recordar neste momento as famosas acumulações/distribuições que foram objecto de um artigo anterior).


:arrow: <b>Risco</b>

O próprio risco é uma desvantagem competitiva. Como já foi atrás referido, quanto maior o risco, maior o retorno exigível e maior o retorno médio necessário para cobrir o risco. Este aspecto já se reflectiu em diversos items atrás referidos pelo que enumero agora o risco em sentido lato, ou seja, como sendo todas as formas de risco ou o conjunto de componentes que integram o grau de risco de cada <i>trade</i>. Quanto maior o risco associado a um <i>trade</i>, mais alta a fasquia é colocada, mais forte é o vento que sopra a desfavor do investidor... Mais se exige deste quer ao nível físico quer ao nível psicológico. <i>Trading</i> intensivo e agressivo é também mais desgastante e <i>stressante</i>. Um indivíduo cansado, desgastado, desmotivado e frustrado está obviamente mais susceptível ao erro.


<b>Notas finais:</b>

O investidor mais ingénuo e inexperiente é levado a pensar (por vezes incutido a pensar pela publicidade e por outras entidades directa ou indirectamente ligadas à gestão do seu capital) que investir no mercado é lucro (quase) garantido - que o investidor tem como único obstáculo o rumo do mercado. O rumo do mercado está longe de ser o único obstáculo que o investidor tem a bater.

É possível e até provável que me tenha esquecido de alguns neste artigo... E é ainda bem possível e provável que estes ou outros pontos merecessem uma abordagem mais exaustiva. Mas para isso o forum tem uma solucção!... O botãozinho <i>responder</i>...

:wink:
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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