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Caldeirão da Bolsa

CoronaVirus, panico justificado...?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por MarcoAntonio » 10/7/2020 17:21

DesconfiadoTotal Escreveu:Marco, a situação pode não ser igual à do inicio da pandemia mas a situação de Lisboa e Vale do Tejo já deveria ter sido abordada de forma mais "vigorosa" e competente, digo eu. Já custou uns M€ largos ao pais esta brincadeira!

No norte fecharam-se concelhos para evitar a transmissão. Em Lisboa nada fazem. Não há coragem?
Não fazer nada e esperar pelo melhor é algo típico do António Costa mas dá muito mau resultado, regra geral.

Por isso concordo que estamos melhor do que no inicio (mau era) mas não estamos bem nem nada que se pareça.


Eu não estou a sugerir que não se deve fazer nada (antes pelo contrário), mas quem me tem acompanhado neste tópico sabe que eu muito, muito raramente falo de / sugiro medidas específicas.
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por MarcoAntonio » 10/7/2020 17:17

Entretanto, em bem pior situação estão os Estados Unidos onde o combate à pandemia tem sido uma espécie de confusa bandalheira. Os resultados variam bastante de estado para estado: estados como Ohio e Michigan por exemplo têm estado bastante em cima da situação e a prevenir o agravamento da situação enquanto outros como Arizona, Texas, California e Florida estão a reagir com atraso ao evidente aumento de casos confirmados que entretanto já se traduzem em hospitais lotados e onde o número de óbitos médios diários encontra-se agora em máximos e a subir. As autoridades e/ou profissionais locais admitem claramente a associação destes fortes surtos à reabertura da economia e (em especial nos três piores estados) a focos gerados em locais como bares e estabelecimentos de divertimento noturno. Estão agora a tentar reverter a situação, a tentar impor a utilização de máscaras e retroceder em determinadas medidas de reabertura que tinham implementado mas isto ainda demorará dias/semanas a ter impacto. Os piores dias para estes estados ainda estão pela frente, infelizmente.

Contudo, como já tinha dito num post anterior, não creio que cheguem aos níveis de Março/Abril nos Estados Unidos em virtude de uma série de vantagens que já existem em relação há 4 meses atrás (melhores equipamentos, melhores tratamentos, demografia de infectados mais favorável, etc).


Curioso que por detrás da primeira fase estavam em larga medida lares de terceira idade (ambiente propicio à transmissão do virus, espaços fechados e populados por individuos bastante dependentes de terceiros) e hoje os focos principais parecem ter passado a ser agora locais como bares, uma transição que se terá dado em virtude das adaptações sociais que se vão implementando.

Por outro lado, também vale a pena notar que estamos no verão e os piores estados nesta altura fazem parte do chamado "sun belt".
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Desconfiadopt » 10/7/2020 17:15

Marco, a situação pode não ser igual à do inicio da pandemia mas a situação de Lisboa e Vale do Tejo já deveria ter sido abordada de forma mais "vigorosa" e competente, digo eu. Já custou uns M€ largos ao pais esta brincadeira!

No norte fecharam-se concelhos para evitar a transmissão. Em Lisboa nada fazem. Não há coragem?
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Por isso concordo que estamos melhor do que no inicio (mau era) mas não estamos bem nem nada que se pareça.
 
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por MarcoAntonio » 10/7/2020 17:04

A situação nada tem que ver com a de há meses atrás por uma série de razões bastante óbvias: já temos muito mais informação sobre o virus, já temos um melhor conhecimento e controlo da situação em que nos encontramos (toda a logística de testes implementada e um conhecimento mais robusto dos focos), o sistema hospitalar já se encontra melhor preparado (equipamentos e etc), a população já alterou hábitos e dispõe de mais ferramentas, nomeadamente a disponibilidade e utilização de máscaras em larga escala (entretanto basicamente acabou o debate sobre esta matéria e já se percebeu bastante bem o importante impacto da utilização das máscaras). Além disso já se identificaram alguns farmacos (remdesivir e dexametasona) com impacto mensurável e tanto quanto consigo perceber os profissionais de saúde já sabem lidar um pouco melhor com os pacientes covid, graças à experiência e conhecimento adquiridos nestes meses.

Há que analisar estas questões de forma ponderada e com equilibrio. A situação actual nada tem que ver com a de Março e mesmo o número de casos que se identificam actualmente não devem ser vistos na mesma perspectiva dos de há 4 meses atrás quando realizamos muitos mais testes diários (cerca de 5 a 10 vezes mais!) e estamos muito mais em cima dos focos.

Naturalmente há que continuar a acompanhar a situação e, mesmo aos níveis actuais já bastante atenuados, o número de hospitalizações e internamentos UCI é superior aos da gripe sazonal típica, o que é notável e significativo (só os que vivem numa realidade alternativa continuam a comparar o sars-cov-2 à gripe sazonal).


A situação em Portugal parece-me relativamente controlada, é continuar a gerir a situação. Podia ser melhor, mas é debatível o que é que se justifica fazer no ponto em que nos encontramos, com o impacto da pandemia severamente mitigado. Definitivamente, podia ser bem pior e de uma forma geral, Portugal encontra-se no lado "relativamente bom" da mitigação da pandemia.

O gráfico em anexo é nesta altura o que mais valorizo: as hospitalizações e internamentos UCI encontram-se estáveis ou mesmo a reduzir ligeiramente.

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Marco Martins » 10/7/2020 16:29

O constante crescimento de casos na zona de Lisboa, tudo dá a entender que está a haver descontrolo e que o governo não está a tomar as medidas para fechar as zonas mais afectadas!

Será difícil perceber que se outros países o fizeram, não terá sido por acaso?!?!

Estamos novamente, a ver no que vai dar, à semalhança de quando apareceu o vírus! Vemos os casos a aumentar, e esperamos, esperamos, até ter em todo o país, depois é que fechamos!!!

O indicador de transmissão entá em 1,08, mas não deveria estar abaixo de 1?
 
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por BearManBull » 9/7/2020 22:46

Carrancho_ Escreveu:
BearManBull Escreveu:Olha que a Merkel disse que 70% vai acabar infectada.

Chanceler Angela Merkel diz que entre 60 a 70% da população alemã será afetada pelo coronavírus.

O quero dizer é que se deve ter bom senso, outra coisa é ter covidpocentrismo.


Isso foi em 11 de março... já evoluímos muito no conhecimento do vírus desde então. Mas se isso for inevitável é mais um argumento para que o covid-19 esteja no topo das nossas preocupações, não o contrário.

Independentemente de vir a infetar 70, 100 ou 30% da população é de todo importante que não seja tudo em simultâneo e quanto mais tarde melhor para que o conhecimento, os tratamentos, a possibilidade de surgir vacina, sejam maiores.

Enfim, cada tiro cada melro. Talvez devesses ter mais bom senso nas conclusões que tiras do que lês.


Não é o que leio é o que vejo à minha volta. Está tudo morto literalmente o comércio e o turismo vão ser falências em cascata.

Se continuamos assim pode hipoteticamente chegar o dia em que os cofres do estado esvaziam e nem pensões nem ordenados para FP. Basta haver um confinamento outono/inverno para acabar de vez com a economia, a utopia das esquerdas.

O conhecimento que temos do vírus é uma bela porcaria. Estamos no século XXI e a forma de evitar transmissões de vírus é com confinamentos e com análise estatística do século XVI. Se uma boa parte do dinheiro que se gasta em estados sociais fosse investido em ciência provavelmente não teríamos destes problemas.

Acho muita piada que os estados gastem orçamentos em tudo que é energia, cimento, betão, sistemas de saúde mas na investigação científica que é património de todos investem praticamente nada. Isso têm de ser os privados e depois ainda são escrutinados com procedimentos ultra burocráticos.

Curiosamente outras pandemias como o SARS que ocorreram anteriormente foram contidas atempadamente. É certo que se estima que a transmissibilidade era inferior mas não deixa de ser curioso dado que o desenvolvimento tecnológico era inferior e havia menos meios.
“It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent, but rather the one most adaptable to change.”
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 9/7/2020 20:04

:lol: :lol: :lol:

DR Diogo Cabrita:

"... esse tema não estava programado no meu cérebro..."
"...Se calhar há uma necessidade de repensar a situação actual..."
"... parecia o treinador do benfica antes de sair do benfica a acusar a comunicação social..."
"... não sou epidemiologista nem infectologista e não tenho qualificações para..."


A culpa não é dele, é de quem o põe a falar do que não sabe na TV. Mas há quem valorize isto, e difunda, em detrimento do que dizem a esmagadora maioria das pessoas qualificadas para tal. Mas pronto, é o que temos.
Um abraço,

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por ricardmag » 9/7/2020 18:47

Nos somos mesmo verdinhos, os paises europeus a obrigar a quarentena para quem sai de portugal.
Passamos de bestiais a bestas e com uma enorme conta para pagar devido ao confinamento, quando bastava aplicar as regras atuais.
Duas semanas de confinamento era mais que suficiente.
Na minha opinião bastava testar quem tem sintomas e contatos diretos ficavam em casa sem teste.


Dr Diogo Cabrita acusa os políticos de terem dado cabo do SNS

"Quando a música acaba, apagam-se as luzes." The Door's
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 9/7/2020 18:20

BearManBull Escreveu:Olha que a Merkel disse que 70% vai acabar infectada.

Chanceler Angela Merkel diz que entre 60 a 70% da população alemã será afetada pelo coronavírus.

O quero dizer é que se deve ter bom senso, outra coisa é ter covidpocentrismo.


Isso foi em 11 de março... já evoluímos muito no conhecimento do vírus desde então. Mas se isso for inevitável é mais um argumento para que o covid-19 esteja no topo das nossas preocupações, não o contrário.

Independentemente de vir a infetar 70, 100 ou 30% da população é de todo importante que não seja tudo em simultâneo e quanto mais tarde melhor para que o conhecimento, os tratamentos, a possibilidade de surgir vacina, sejam maiores.

Enfim, cada tiro cada melro. Talvez devesses ter mais bom senso nas conclusões que tiras do que lês.
Um abraço,

Carrancho
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por BearManBull » 9/7/2020 17:46

Olha que a Merkel disse que 70% vai acabar infectada.

Chanceler Angela Merkel diz que entre 60 a 70% da população alemã será afetada pelo coronavírus.

O quero dizer é que se deve ter bom senso, outra coisa é ter covidpocentrismo.
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Marco Martins » 9/7/2020 17:37

lunas6969 Escreveu:
BearManBull Escreveu:Na máquina de propaganda o Sapo (até aqui se rendem às evidencias, que já ultrapassamos a red line do custo beneficio de tentar controlar a doença, que é incontrolável).

Pandemia agravou fome no mundo e esta pode matar mais que a doença


Como infelizmente se está a comprovar há sempre um "delay" no número de mortos relativamente ao número de casos / internamentos
Nos EUA estamos assistir agora a esse aumento exponencial da mortalidade
Não apenas isso...
Começa-se muito lentamente a conhecer esta doença e a dar-se conta de possíveis sequelas a longo prazo, não só respiratórias mas também neurológicas , hematológicas, renais... mesmo em casos ligeiros

https://expresso.pt/coronavirus/2020-07 ... tros-virus

Só daqui a alguns anos se terá a verdadera percepção da gravidade destas sequelas, e como muitos aqui parecem querer prioritizar, os custos acrescidos provocados por essas mesmas sequelas
Imaginem agora sem o controle da pandemia e com o consequente colapso do sistema de saúde, o número de mortos seria infinitamente maior , e as consquências inclusivamente ecnómicas seriam muito mais gravosas
Mas aqui há gente que ainda quer " que se deixe arder "
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por lunas6969 » 9/7/2020 16:54

BearManBull Escreveu:Na máquina de propaganda o Sapo (até aqui se rendem às evidencias, que já ultrapassamos a red line do custo beneficio de tentar controlar a doença, que é incontrolável).

Pandemia agravou fome no mundo e esta pode matar mais que a doença


Como infelizmente se está a comprovar há sempre um "delay" no número de mortos relativamente ao número de casos / internamentos
Nos EUA estamos assistir agora a esse aumento exponencial da mortalidade
Não apenas isso...
Começa-se muito lentamente a conhecer esta doença e a dar-se conta de possíveis sequelas a longo prazo, não só respiratórias mas também neurológicas , hematológicas, renais... mesmo em casos ligeiros

https://expresso.pt/coronavirus/2020-07 ... tros-virus

Só daqui a alguns anos se terá a verdadera percepção da gravidade destas sequelas, e como muitos aqui parecem querer prioritizar, os custos acrescidos provocados por essas mesmas sequelas
Imaginem agora sem o controle da pandemia e com o consequente colapso do sistema de saúde, o número de mortos seria infinitamente maior , e as consquências inclusivamente ecnómicas seriam muito mais gravosas
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 9/7/2020 15:07

BearManBull Escreveu:Na máquina de propaganda o Sapo (até aqui se rendem às evidencias, que já ultrapassamos a red line do custo beneficio de tentar controlar a doença, que é incontrolável).

Pandemia agravou fome no mundo e esta pode matar mais que a doença


Deves ter-te enganado no link, esse não fala de nada disso. :roll:
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por BearManBull » 9/7/2020 10:47

Na máquina de propaganda o Sapo (até aqui se rendem às evidencias, que já ultrapassamos a red line do custo beneficio de tentar controlar a doença, que é incontrolável).

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por mais_um » 8/7/2020 23:07


Covid. “A incógnita é se vamos chegar à imunidade de grupo com enorme custo de vidas humanas ou se vai ser possível agir antes disso”

O maior estudo serológico feito na Europa diz que “qualquer proposta para atingirmos imunidade de grupo através da infeção natural não será apenas muito pouco ética como também não viria a surtir efeitos”. Ao Expresso, Raquel Lucas, investigadora e docente na Faculdade de Medicina e no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, diz que “este foi o melhor estudo já feito sobre o assunto” e sublinha que o cenário de uma hipotética imunidade de grupo significa sempre um grande custo de vidas. “Não me parece provável que na maioria dos países haja tolerância para chegarmos a esse estado. Seria incomportável para os nossos padrões”

A revista “Lancelot” divulgou os resultados daquele que é o maior maior estudo feito na Europa sobre imunidade de grupo à covid-19 (com 61 mil pessoas). Foi feito em Espanha e concluiu que apenas 5% da população do país está imune. Qual a validade deste estudo?
Diria que este foi o melhor estudo já feito sobre o assunto. É muito difícil fazer um estudo de prevalência porque é tecnicamente complicado, essencialmente, e é preciso arranjar uma amostra representativa da população. O problema, normalmente, é ter uma base de dados que permita o acesso à pessoas. O que estes investigadores fizeram foi usar a base de dados do Instituto Estatístico espanhol e daí conseguiram estabelecer um espaço amostral a partir do qual extraem uma amostra que é, por definição, representativa. Claro que nem toda a gente participa, mas ainda assim estamos a falar de uma amostra de 61 mil pessoas. É muito grande, a maior até agora, e é tão representativa quanto possível da população base. Por outro lado, é um estudo que é realizado apoiado em resultados de dois testes diferentes que medem duas proteínas do vírus. Há outros dois estudos, na Suíça e Islândia, que também são de base populacional mas diria que este parece de longe o mais robusto e em que os métodos são apresentados de forma mais transparente. Até agora já havia muitos estudos mais pequenos com amostras de pessoas muito selecionadas e isso não nos dava uma visão do que acontecia na população em geral. Portanto, do ponto de vista técnico, diria que a amostra e as opções técnicas são tão válidas quanto possível e isso já é dizer muito.

E entre as conclusões deste estudos, o que destacaria?
Há dois conjuntos de resultados que são importantes, que são aqueles que têm que ver com o conhecimento da doença.Com este estudo é possível perceber a progressão de assintomáticos, assim como saber quantas pessoas estão infetadas na população e calcular a letalidade de forma melhor, ou seja, a probabilidade de morrer dado que se está infetado - até agora todas as estimativas de letalidade são feitas com base no total de casos reportados, que são quase sempre os mais graves da doença, pelo que a letalidade nesta altura está sobrestimada. Do ponto de vista do conhecimento da doença isto é muito importante, pois permite perceber que a letalidade que os espanhóis estimavam (e que tinha por base os casos reportados) estava perto dos 10% e passa agora passa estar em 1%. Depois há duas outras questões públicas importantíssimas: a cobertura da vigilância e do teste deixam muito a desejar (das pessoas que tinham sintomas só cerca de 15% fizeram o teste no país) e também mostra que qualquer estimativa da imunidade de grupo que tenha sido feita está muito longe do real. Mesmo nas comunidades mais afetadas, como Madrid, por exemplo, a prevalência da imunidade não assegura a imunidade de grupo. Acresce ainda que também não sabemos se a resposta que é medida por estes testes serológicos reflete anticorpos neutralizantes que sejam eficazes num possível futuro contacto com o vírus.

De que forma é que os resultados podem ou não ser transpostos para a realidade portuguesa?
Os resultados mais fáceis de traduzir para a população portuguesa são os da progressão dos assintomáticos e da taxa de letalidade. Esses dois são mais biológicos, no sentido em que temos um conjunto de pessoas doentes das quais, à partida, podemos presumir que a proporção de assintomáticos será comparável entre Espanha e Portugal - e entre outros países que tenham uma demografia semelhante. Por outro lado também conseguimos calcular de uma forma mais válida a percentagem das pessoas que morrem entre todas as que estão infetadas e também é uma transposição que conseguimos fazer de forma relativamente segura. No que diz respeito às outras questões, sobre a forma como se lidou com a epidemia, já é muito mais complicado fazer este tipo de extrapolação.Não nos parece provável que, à partida, a prevalência da infeção entre Espanha e Portugal sejam comparável. Apesar da pouca informação sobre inquéritos serológicos em Portugal, seguramente, pelo que sabemos até agora, a prevalência será muito mais baixa, mesmo que comparada com as regiões onde a prevalência é mais baixa em Espanha. Portanto, deste ponto de vista, diria que não é provável que consigamos transpor estes 5% de prevalência para a população portuguesa. Por outro lado, relativamente à cobertura do teste, também é um desafio, pois isso tem muito mais que ver com a resposta do sistema. Podemos olhar para a relação entre os mortos e os números de casos para perceber se os países estão ou não a ter uma cobertura do diagnóstico comparável. O que podemos concluir daqui mais diretamente é a progressão de assintomáticos e a relação entre a população infetada e óbitos. Todas as outras questões que têm que ver com a resposta do sistema são mais complicadas de transpor simplesmente porque a forma como se desenrolou a identificação de casos foi diferente entre os dois países.

O estudo confirma que a imunidade de grupo não é algo possível?
Em primeiro lugar ainda nem sabemos se a imunidade conferida pela infeção é uma imunidade que dê proteção para futuros contactos com o agente. Por outro lado, parece claro que mesmo nas populações mais afetadas não há prevalência da infeção suficiente para possibilitar imunidade de grupo e, caso usem essa estratégia, tem um custo de vidas muito grande, incomportável para os nossos padrões. Não havendo uma forma de controlar a infeção através da prevenção (vacina, por exemplo), é possível que no limite cheguemos à imunidade de grupo por não termos outro remédio, por falta de alternativas. Neste momento a incógnita é se vamos ter de chegar à imunidade com enorme custo de vidas humanas, sofrimento e doença prolongada ou se, de facto, vai ser possível agir antes disso. Até agora não tem havido um conjunto robusto de estudos que nos permita dizer que há um país ou uma região em que a imunidade de grupo está a assegurada.

Portanto, a possibilidade de a “cura” para a covid-19 passar por uma vacina ou pela imunidade de grupo é errada?
Se nunca houver uma vacina, temos sempre de admitir a possibilidade de a única hipótese de cura ser a imunidade de grupo mas, de facto, a imunidade de grupo não parece estar perto e, além disso, a forma como as sociedades têm encarado a pandemia, dando prioridade a valores fundamentais, não me parece provável que na maioria dos países haja tolerância para chegarmos a um estado em que existe imunidade de grupo. E depois também nenhum país ou região experimentou fazê-lo, portanto nem isso sabemos se funcionaria. As estimativas na imunidade de grupo na covid-19 são feitas com base noutras patologias, num conjunto de pressupostos que são planeados, que são modificáveis. O que me sobressai mais no artigo todo é que voltamos sempre à questão da identificação dos casos e da relevância dos sintomas: às vezes mascara-se um pouco a questão dos sintomáticos, porque se bate muito na tecla que existe uma grande proporção de pessoas que são assintomáticas. O artigo mostra que a prevalência da infeção nas pessoas com sintomas é sete vezes superior à prevalência da infeção nas pessoas sem sintomas. Voltar a pôr o foco na identificação e isolamento das pessoas com sintomas, sendo que isso não vai eliminar a doença da população, continua a ser absolutamente essencial.

https://expresso.pt/coronavirus/2020-07 ... tes-disso#
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por djovarius » 8/7/2020 19:59

Isso foi um dos erros de Março.

Num país com uma capacidade hoteleira invejável, seria possível manter os infetados de todo o país em unidades hoteleiras requisitadas para o efeito ao abrigo do estado de emergência.

Eu defendi isso aqui, pois havia quem o fizesse. Teria sido possível diminuir radicalmente os casos e as cadeias de transmissão.
Estou convencido que entre Março e Maio teríamos atingido uma excelente situação.

Porque "recuperar" em casa, dá direito ao marido infetar a mulher, que por acaso até trabalha na "candonga", por isso não diz nada com medo de perder o emprego informal que a mantém viva, sendo que vai infetar mais algumas pessoas, etc...etc...

É isto que se passa nas periferias. Sobretudo lá, mas não só.

É isto que faz do Brasil, por exemplo, país que é uma gigantesca periferia, um dos maiores afetados pela covid-19.

Além de que numa unidade hoteleira, era fácil de garantir que ninguém saía para uma ida ao supermercado, na época ainda sem obrigação de uso de máscaras, eliminando mais uma possível hipótese de múltiplos contágios.

Abraço

dj
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 8/7/2020 18:46

Qualnhick Escreveu:A sério caro presidente? A coabitação é o motor da infecção? Então porque é que há 4 meses mandou 10 000 000 de Portugueses coabitar coercivamente durante semanas sem fim? Não vai dizer que foi para potenciar a infecção, pois não? Terá sido apenas para impor o seu medo a 10 000 000 que agora se preparam para passar fome e para um colapso social nunca visto?

Screenshot_20200708-140543_Facebook.jpg


Engraçado, não conheço ninguém que tenha sido obrigado a ir coabitar com ninguém. Que eu saiba as pessoas já coabitavam com outras, isso não mudou com o confinamento. O confinamento evitou sim que muitos fossem infectados na rua e depois trouxessem o vírus para dentro de casa infectando o resto das pessoas com quem vivem em comunhão de mesa, onde usam a mesma cozinha, casa de banho, sala, puxadores, comando da TV, cama etc etc etc. Outra solução seria arranjar 10.000.000 de casas e todo o mundo ia viver sozinho enquanto a pandemia não passasse, crianças, adultos, idosos... todos. Aí, continuando a trabalhar ou não, em casa não infectavam ninguém além do piriquíto.
Quem não percebe isto ou não é sério ou não sei.
Um abraço,

Carrancho
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Ulisses Pereira » 8/7/2020 15:39

Porque já estavam infectados, Qualnhick. Se fosse como dizes, o número de casos não estaria a subir desde que se deu o desconfinamento...
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por m-m » 8/7/2020 14:24

Qualnhick Escreveu:A sério caro presidente? A coabitação é o motor da infecção? Então porque é que há 4 meses mandou 10 000 000 de Portugueses coabitar coercivamente durante semanas sem fim? Não vai dizer que foi para potenciar a infecção, pois não? Terá sido apenas para impor o seu medo a 10 000 000 que agora se preparam para passar fome e para um colapso social nunca visto?

Screenshot_20200708-140543_Facebook.jpg


Não é novidade nenhuma, a China sabia desse facto e construiu residências temporárias para alojar os infetados e impedir que contaminassem os familiares.

A própria Austrália está a fazer o mesmo, alojando em hotéis. Até a Madeira adoptou uma estratégia semelhante com os resultados positivos que se conhecem.

Importa saber é se em PT com a Constituição (!) que temos, se é possível impor uma ordem de confinamento sem ser numa situação de Estado de Emergência...
 
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Qualnhick » 8/7/2020 14:06

A sério caro presidente? A coabitação é o motor da infecção? Então porque é que há 4 meses mandou 10 000 000 de Portugueses coabitar coercivamente durante semanas sem fim? Não vai dizer que foi para potenciar a infecção, pois não? Terá sido apenas para impor o seu medo a 10 000 000 que agora se preparam para passar fome e para um colapso social nunca visto?

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 8/7/2020 11:05

mais_um Escreveu:Sugiro que vejam entre os 00:35 e os 00:58.....

https://sicnoticias.pt/especiais/corona ... capacidade


:lol: Rednecks
Um abraço,

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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por mais_um » 8/7/2020 10:52

Sugiro que vejam entre os 00:35 e os 00:58.....

https://sicnoticias.pt/especiais/corona ... capacidade
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Carrancho_ » 7/7/2020 17:25

O Bolsonaro testou positivo, espero que não venha a necessitar de ventilador porque pode fazer falta a Humanos.
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por Marco Martins » 6/7/2020 11:43

Os números da India e da China, parecem extremamento bons comparando com Italia, Espanha e UK.
Em mais de 700 mil infectados, apenas 10mil faleceram, quando em Espanha por exemplo em 300mil infectados teriam morrido 30mil.
Ou seja, algo estará muito errado!

Parece-me que a Índia será o calcanhar de Aquiles para toda a recuperação mundial, se o preço das vacinas não descer muito.
É um país muito populoso, com muita pobreza e que poderá acentuar os problemas em Caxemira, que facilmente poderão estender-se aos países envolventes como a China.
 
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Re: CoronaVirus, panico justificado...?

por lunas6969 » 6/7/2020 10:34

Carrancho_ Escreveu:Mais uma vítima desta gripezita que só ataca velhinhos com problemas de saúde...


Covid-19. Morreu aos 41 anos o ator da Broadway Nick Cordero
08:27 por Lusa0
Cordero morreu no domingo devido a complicações associadas à doença, depois de passar mais de três meses no hospital.



Covid-19. Morreu aos 41 anos o ator da Broadway Nick Cordero

O ator da Broadway Nick Cordero morreu no domingo devido a complicações associadas à covid-19, depois de passar mais de três meses no hospital, em Los Angeles.


"O meu querido marido faleceu esta manhã. A sua família rodeou-o de amor, cantando e rezando enquanto ele gentilmente deixava esta terra", escreveu a sua mulher, Amanda Kloots, nas redes sociais, poucos dias depois de anunciar que o ator tinha testado negativo para a covid-19, mas com graves consequências.

O tratamento de Cordero, de 41 anos, um ator nomeado para um Prémio Tony, tem sido amplamente seguido nos Estados Unidos, já que era uma figura reconhecida no circuito da Broadway e não tinha problemas médicos anteriores, segundo a família.

Esta semana, a sua mulher pormenorizou numa entrevista que o ator teria precisado de um duplo transplante pulmonar para recuperar da doença, o que o levou a entrar em coma e a amputarem-lhe uma perna.

Cordero nasceu no Canadá e mudou-se para Nova Iorque, nos Estados Unidos, para trabalhar como ator de teatro.

Em 2014 foi nomeado para um Prémio Tony - os Óscares do teatro - pelo seu papel em "Bullets Over Broadway".

"Rock of Ages", "Waitress" e "A Bronx Tale: The Musical" são outros espetáculos em que participou.

Na televisão participou em produções como "Law & Order: Special Victims Unit" e "Blue Bloods".

A sua mulher disse não saber como é que Cordero contraiu a doença.

"Soubemos que devido à covid-19 os pulmões de Nick estão gravemente danificados. Parecia que era fumador há 50 anos", acrescentou durante a entrevista.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 531 mil mortos e infetou mais de 11,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Em Portugal, morreram 1.614 pessoas das 43.897 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.


A percentagem de mortalidade estimada da Gripe Espanhola, considerada a mãe de todas as pandemias - foi cerca de 2.5 %

https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/12/1/05-0979_article

Vários estudos consideram que o Sars-CoV-2 sofreu mutações , tornando-o mais contagioso mas não necessáriamente mais mortífera.

https://edition.cnn.com/2020/07/02/heal ... index.html

Mesmo considerando uma taxa de mortalidade a rondar os 0.8% , e no caso de esta pandemia infetar 60% da população mundial, estaríamos a falar de um possível número de vítimas a rondar os 40 milhões de pessoas.
Outro grande problema seria os cerca de 20 % que necessitam de cuidados hospitalares.
Só agora se começa a perceber apesar de uma forma muito tímida, as sequelas a longo prazo dos sobreviventes desta doença, e as notícias não são nada animadoras .
O que irá sobrecarregar ainda mais os SNS .
Para quem ache que os lockdown irão fazer muito mais vítimas ...
Sérgio
 
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