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Caldeirão da Bolsa

Off-topic - Não há campus grátis

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Artista Romeno » 11/7/2020 23:09

Pata-Hari Escreveu:Só agora vi que o Pedro Santa Clara escreveu um artigo sobre o tema no observador. Ele já tinha colocado um comentário na sua página de facebook anteriormente.

Aqui fica o link para o observador se alguém quiser ver:

https://observador.pt/opiniao/em-defesa ... nlbjEeQbZo

Olha o daniel oliveira sinceramente perdeu um golo facil. Porque? Misturou alhos com bugalhos! A nova ter aulas em ingles só faz é bem em todos os sentidos e tem mostrado boa dinamica e dinamismo. Agora no que toca a mistura de interesses parece cada x mais aquilo que vi na ucp no meu tempo, esta historia da edp é má, como era mau Filho de A e B entrar pela porta do cavalo, ou ate haver ai gente que afirma ter diplomas quando nao os vi com mais do que algumas cadeiras do primeiro ano feitas,. Conclusao nao há mesmo campus gratis...a questao é que o artigo perdeu se em temas errados
As opiniões expressas baseiam-se essencialmente em análise fundamental, e na relação entre o valor de mercado dos ativos e as suas perspectivas futuras de negocio, como tal traduzem uma interpretação pessoal da realidade,devendo como tal apenas serem consideradas como uma perspetiva meramente informativa sobre os ativos em questão, não se constituindo como sugestões firmes de investimento
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Pata-Hari » 11/7/2020 22:26

Só agora vi que o Pedro Santa Clara escreveu um artigo sobre o tema no observador. Ele já tinha colocado um comentário na sua página de facebook anteriormente.

Aqui fica o link para o observador se alguém quiser ver:

https://observador.pt/opiniao/em-defesa ... nlbjEeQbZo
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por pemides2 » 10/7/2020 0:46

mais_um Escreveu:Sobre a valência do CAE do Cambridge, é algo que é reconhecido internacionalmente e substitui os exames de inglês para acesso a universidades internacionais, como Harvard por exemplo:

Sobre a pratica na universidade, o meu filho já fez o Erasmus, há ´3 anos que tem aulas em inglês, alguns professores estrangeiros têm um inglês péssimo. Há uma diferença entre falar correctamente e fazer-se entender, e falar correctamente só fazendo cursos específicos, como o Cambridge. Se for só para se fazer entender, concordo contigo, mas isso não é suficiente.


Eu fiz o CAE (exame) no meu último ano de licenciatura da Nova, só com o inglês que aprendi na Nova (e um pouco de estudo autónomo para a gramática). Não é nada difícil depois de ter uma experiência imersiva em inglês durante 2 anos. Por outro lado tenho dúvidas que as aulas do Cambridge dêem o mesmo nível de preparação para a vida profissional. Como diz o Artista Romeno (e a julgar pelo exame, visto que aulas nunca tive), é inglês geral - tem muitas coisas que não interessam para a vida profissional, e outras que faltam. Por outro lado, não se atinge o mesmo nível de desenvoltura a ter aulas 3 horas por semana. Da minha experiência, e já trabalhei em várias empresas em que o inglês era uma língua de trabalho muito importante, é muito mais importante a desenvoltura e o à vontade do que falar um inglês perfeito. O importante é falar à mesma velocidade que falamos português, escrever um documento à mesma velocidade que se escreve em português, mesmo que no meio se cometam umas calinada gramaticais que não afectam a mensagem.

Mas o que eu não percebo é como é que alguém que reconhece a importância do inglês ao ponto de colocar o filho no Cambridge, questiona a bondade de uma universidade pública leccionar em inglês, garantindo que todos os seus licenciados saem da faculdade com uma preparação igual ou superior, de forma totalmente gratuita. Se o problema é a "exclusão" de candidatos que não se dão muito bem com o inglês, esse problema não existe - ao final de um semestre com todas as aulas em inglês já toda a gente se está a desenrascar, e a faculdade já lhes fez um favor para a vida.
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por 5640533 » 10/7/2020 0:31

E temos que ter em conta que um tsunamis, mesmo mini, dá cabo daquilo tudo. Acaba-se o turismo académico e a oferta mal pensada da Camara. O mesmo é válido da fundação EDP e a de Champalimaud.
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Artista Romeno » 9/7/2020 20:23

O cambridge é ingles geral, ingles em contexto profissional não cobre na totalidade
As opiniões expressas baseiam-se essencialmente em análise fundamental, e na relação entre o valor de mercado dos ativos e as suas perspectivas futuras de negocio, como tal traduzem uma interpretação pessoal da realidade,devendo como tal apenas serem consideradas como uma perspetiva meramente informativa sobre os ativos em questão, não se constituindo como sugestões firmes de investimento
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 9/7/2020 14:56

pemides2 Escreveu:
mais_um Escreveu:Sobre o inglês, concordo que é fundamental, por isso é que os meus filhos andam (ou andaram) no inglês desde cedo, até terem o CAE do Cambridge.

Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?


O inglês que os teus filhos aprenderam no Cambridge serve-lhes para pouco mais do que terem uma base. Tivessem um curso 100% em português (que btw, exclui erasmus das mesmas aulas), e estaria entalado se entrasse numa multinacional em que o inglês é a principal língua de trabalho (ainda que se calhar, talvez fosse o suficiente para as entrevistas, ao contrário dos coitados que não tiveram pais que lhes pagassem aulas no Cambridge).

Por outro lado, na Nova, tendo a maioria do curso em inglês, aí sim, vai aprender inglês a sério. Vai passar a maioria dos dias a ouvir inglês, como se estivesse no estrangeiro. Vai ter Erasmus nas aulas, e vai fazer trabalhos de grupo com eles. Com sorte ainda faz uns amigos estrangeiros e vai para os copos com eles, e continua a falar inglês à noite. Vai para o mercado bem preparado a ´nível de línguas (e com a mente mais aberta). Ele, e todos os seus colegas, que vão sair do curso em condições de igualdade a nível de línguas, tenham tido pais que lhes pagassem aulas no Cambridge ou tenham tido inglês apenas na escola, como eu e a maioria dos meus amigos da Nova (posso dizer por experiência e pelo feedback geral: só custa o primeiro semestre). Se isto não é serviço público, não sei o que é :wink:


Sobre a valência do CAE do Cambridge, é algo que é reconhecido internacionalmente e substitui os exames de inglês para acesso a universidades internacionais, como Harvard por exemplo:

More than 9,000 educational institutions, businesses and government departments around the world accept C1 Advanced as proof of high-level achievement in learning English.
https://www.cambridgeenglish.org/exams- ... /advanced/


Sobre a pratica na universidade, o meu filho já fez o Erasmus, há ´3 anos que tem aulas em inglês, alguns professores estrangeiros têm um inglês péssimo. Há uma diferença entre falar correctamente e fazer-se entender, e falar correctamente só fazendo cursos específicos, como o Cambridge. Se for só para se fazer entender, concordo contigo, mas isso não é suficiente.
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 9/7/2020 14:42

Kooc Escreveu:Bom, agora estamos a discutir o tamanho do "quase".
O primeiro ano pode ser em português. 33% do curso. Podia ser mais - podia. Podia ser menos- podia. mas é uma condição que todos os alunos conhecem quando se candidatam. Se eu acho bem? acho, prepara os alunos para outros voos. Quem já trabalhou em locais onde a língua de trabalho é o ingles, percebe a importância de dominar bem a lingua.
A Camara ofereceu os terrenos que avaliou em cerca de 8ME. Os donos pediam perto de 200ME. O tribunal arbitral avaliou-os em cerca de 89ME. Vamos ver como termina este litígio, para determinar o valor final do financiamento publico versus privado, sendo que os privados pagaram cerca de 54ME.
Quanto à Historia económica, é uma opção do Aluno, mas existe. Podia haver mais - podia, mas de certeza que quem desenhou os cursos considerou que haveria coisas mais importantes.



A questão era apenas se o Daniel Oliveira referiu algum facto falso, afinal parece que não.

Sobre o apoio publico ou privado a Nova tem uma opinião diferente da tua....

Pedro Santa-Clara disse que a Nova já conseguiu angariar 36 milhões de euros para pagar o projecto, mas que ainda faltam 14 milhões. Apesar de ser uma universidade pública, esta obra está a ser totalmente financiada por doadores privados e institucionais, como o Santander Totta, a Jerónimo Martins, a família Soares dos Santos, o BPI, a Brisa, a Tranquilidade, o Turismo de Portugal ou a EDP. Para arrecadar o montante em falta, a Nova lançou uma campanha destinada a antigos alunos da instituição.

https://www.publico.pt/2018/01/17/local ... ro-1799710
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por pemides2 » 9/7/2020 14:41

mais_um Escreveu:Sobre o inglês, concordo que é fundamental, por isso é que os meus filhos andam (ou andaram) no inglês desde cedo, até terem o CAE do Cambridge.

Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?


O inglês que os teus filhos aprenderam no Cambridge serve-lhes para pouco mais do que terem uma base. Tivessem um curso 100% em português (que btw, exclui erasmus das mesmas aulas), e estaria entalado se entrasse numa multinacional em que o inglês é a principal língua de trabalho (ainda que se calhar, talvez fosse o suficiente para as entrevistas, ao contrário dos coitados que não tiveram pais que lhes pagassem aulas no Cambridge).

Por outro lado, na Nova, tendo a maioria do curso em inglês, aí sim, vai aprender inglês a sério. Vai passar a maioria dos dias a ouvir inglês, como se estivesse no estrangeiro. Vai ter Erasmus nas aulas, e vai fazer trabalhos de grupo com eles. Com sorte ainda faz uns amigos estrangeiros e vai para os copos com eles, e continua a falar inglês à noite. Vai para o mercado bem preparado a ´nível de línguas (e com a mente mais aberta). Ele, e todos os seus colegas, que vão sair do curso em condições de igualdade a nível de línguas, tenham tido pais que lhes pagassem aulas no Cambridge ou tenham tido inglês apenas na escola, como eu e a maioria dos meus amigos da Nova (posso dizer por experiência e pelo feedback geral: só custa o primeiro semestre). Se isto não é serviço público, não sei o que é :wink:
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Kooc » 9/7/2020 14:27

Bom, agora estamos a discutir o tamanho do "quase".
O primeiro ano pode ser em português. 33% do curso. Podia ser mais - podia. Podia ser menos- podia. mas é uma condição que todos os alunos conhecem quando se candidatam. Se eu acho bem? acho, prepara os alunos para outros voos. Quem já trabalhou em locais onde a língua de trabalho é o ingles, percebe a importância de dominar bem a lingua.
A Camara ofereceu os terrenos que avaliou em cerca de 8ME. Os donos pediam perto de 200ME. O tribunal arbitral avaliou-os em cerca de 89ME. Vamos ver como termina este litígio, para determinar o valor final do financiamento publico versus privado, sendo que os privados pagaram cerca de 54ME.
Quanto à Historia económica, é uma opção do Aluno, mas existe. Podia haver mais - podia, mas de certeza que quem desenhou os cursos considerou que haveria coisas mais importantes.
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Artista Romeno » 9/7/2020 12:47

PIKAS Escreveu:
mais_um Escreveu:
DonkInvest Escreveu:Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?


Acho que é consensual que neste género de cursos ( gestão, economia ) um aluno que não sabe suficientemente inglês tem desde logo um handicap negativo brutal, desde já nesta fase de formação e continuará a ter depois no percurso profissional.
Não dominar razoavelmente bem o inglês é, quanto a mim, factor suficiente para que no futuro se seja um mau profissional quando o que se pretende é criar bons profissionais, capazes e competentes. Por isso, acho bem que o sistema tenha barreiras que os exclua.
Se estivesse-mos a falar de outras áreas ( lembro-me, como exemplo, de agricultura e enfermagem ) acho que o inglês é importante mas não decisivo.
Cumprimentos,

Aqui estou de acordo! Um curso de gestao em portugues vale bola, os conceitos sao todos globais. Se fores falar de raefi a espanha alguem sabe o que é isso. Alias tirando portugues os cursos deviam ser todos em ingles e incluir coding, essas são as linguas do futuro....
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por PIKAS » 9/7/2020 12:08

mais_um Escreveu:
DonkInvest Escreveu:Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?


Acho que é consensual que neste género de cursos ( gestão, economia ) um aluno que não sabe suficientemente inglês tem desde logo um handicap negativo brutal, desde já nesta fase de formação e continuará a ter depois no percurso profissional.
Não dominar razoavelmente bem o inglês é, quanto a mim, factor suficiente para que no futuro se seja um mau profissional quando o que se pretende é criar bons profissionais, capazes e competentes. Por isso, acho bem que o sistema tenha barreiras que os exclua.
Se estivesse-mos a falar de outras áreas ( lembro-me, como exemplo, de agricultura e enfermagem ) acho que o inglês é importante mas não decisivo.
Cumprimentos,
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por AmigosdaBolsa » 9/7/2020 12:03

mais_um Escreveu:
DonkInvest Escreveu:Boas,

A Universidade ainda é pública? tinha ideia que tinha passado a ser fundação para precisamente ser capaz de atrair mecenas e mais alunos internacionais!
O inglês é fundamental hoje em dia e por exemplo na FEP também já existem Mestrados lecionados só em inglês. A questão deve se centrar na capacidade das Universidades "produzirem" alunos bem preparados para o Mundo e não nas lavagens cerebrais rumo ou Socialismo ou Liberalismo que lá se fazem...


Sim, ainda ´e publica:

Missão

A Universidade NOVA de Lisboa, enquanto instituição de ensino superior pública, tem por missão servir a sociedade a nível local, regional e global, pelo avanço e disseminação do conhecimento e da compreensão entre culturas, sociedades e pessoas, através de um ensino e de uma investigação de excelência e de uma prestação de serviços sustentados num forte sentido de comunidade e com as seguintes componentes:

https://www.unl.pt/nova/missao-e-plano-estrategico


Considerando que, nos termos do n.º 1 do artigo 1.º do Decreto -Lei n.º 20/2017, de 21 de fevereiro, a Universidade Nova de Lisboa foi transformada numa fundação pública com regime de direito privado;Considerando que, de acordo com o n.º 3 do artigo 132.º da Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro «Os estatutos estão sujeitos a homologação governamental, nos mesmos termos que os estatutos das demais instituições de ensino superior públicas»;
https://www.unl.pt/sites/default/files/ ... da_unl.pdf


Sobre o inglês, concordo que é fundamental, por isso é que os meus filhos andam (ou andaram) no inglês desde cedo, até terem o CAE do Cambridge.

Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?


Apenas como exemplo:

Na Finlândia na Universidade onde fiz Erasmus todas as aulas (pelo que me recordo) eram em Inglês, sendo que em algumas (não todas - pois algumas o professor era Americano) tinhas a hipótese de fazer o exame em Inglês ou Finlandês, mas as aulas eram em Inglês.
Na altura em que estudei eram obrigatórios 5 anos de Inglês (5º ao 9º e mais tarde inscrevi-me em aulas de Inglês em quanto estudava na Universidade para puder estudar fora).

Percebo as dúvidas, mas não me choca que para realizar determinado curso o Inglês seja obrigatório. Quem quiser estudar para a Nova terá de antes melhorar o Inglês, algo que com o aumento do número de anos necessário para estudar Inglês tenderá a ser cada vez mais um menor problema.

Outro ponto, será que pudemos interpretar como necessidades de conhecimento de matemática para realizar um curso de Engenharia?
O autor fornece opinião sem ter em conta os objectivos de investimento de qualquer utilizador privado e não deve ser tido em conta como um aconselhamento de investimento, incluindo, mas não se limitando, às decisões de transacções ou de natureza de gestão de risco. Todas as opiniões apresentadas podem ser alteradas sem aviso prévio.
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 9/7/2020 11:54

DonkInvest Escreveu:A pergunta do inglês ´é difícil, pois:
- Por um lado público deve ser inclusivo;
- Por outro essa obrigação funciona como estimulo para os alunos melhorarem o seu inglês. (desde que não seja barrada a entrada a quem ainda não tenha o nível necessário).

Tenho sentimentos mistos em relação a esta questão.


Sim, tal como eu. Mas inclino-me mais para a primeira.
O ISEG tem 2 cursos em Inglês e em Português, Economia e Gestão.
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por DonkInvest » 9/7/2020 11:42

A pergunta do inglês ´é difícil, pois:
- Por um lado público deve ser inclusivo;
- Por outro essa obrigação funciona como estimulo para os alunos melhorarem o seu inglês. (desde que não seja barrada a entrada a quem ainda não tenha o nível necessário).

Tenho sentimentos mistos em relação a esta questão.
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 9/7/2020 11:34

DonkInvest Escreveu:Boas,

A Universidade ainda é pública? tinha ideia que tinha passado a ser fundação para precisamente ser capaz de atrair mecenas e mais alunos internacionais!
O inglês é fundamental hoje em dia e por exemplo na FEP também já existem Mestrados lecionados só em inglês. A questão deve se centrar na capacidade das Universidades "produzirem" alunos bem preparados para o Mundo e não nas lavagens cerebrais rumo ou Socialismo ou Liberalismo que lá se fazem...


Sim, ainda ´e publica:

Missão

A Universidade NOVA de Lisboa, enquanto instituição de ensino superior pública, tem por missão servir a sociedade a nível local, regional e global, pelo avanço e disseminação do conhecimento e da compreensão entre culturas, sociedades e pessoas, através de um ensino e de uma investigação de excelência e de uma prestação de serviços sustentados num forte sentido de comunidade e com as seguintes componentes:

https://www.unl.pt/nova/missao-e-plano-estrategico


Considerando que, nos termos do n.º 1 do artigo 1.º do Decreto -Lei n.º 20/2017, de 21 de fevereiro, a Universidade Nova de Lisboa foi transformada numa fundação pública com regime de direito privado;Considerando que, de acordo com o n.º 3 do artigo 132.º da Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro «Os estatutos estão sujeitos a homologação governamental, nos mesmos termos que os estatutos das demais instituições de ensino superior públicas»;
https://www.unl.pt/sites/default/files/ ... da_unl.pdf


Sobre o inglês, concordo que é fundamental, por isso é que os meus filhos andam (ou andaram) no inglês desde cedo, até terem o CAE do Cambridge.

Mas a questão que coloquei não é essa, deve uma universidade publica excluir os alunos que não sabem suficiente inglês para fazer um curso? Não deve ter as duas opções? Português e inglês?
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por DonkInvest » 9/7/2020 11:18

Boas,

A Universidade ainda é pública? tinha ideia que tinha passado a ser fundação para precisamente ser capaz de atrair mecenas e mais alunos internacionais!
O inglês é fundamental hoje em dia e por exemplo na FEP também já existem Mestrados lecionados só em inglês. A questão deve se centrar na capacidade das Universidades "produzirem" alunos bem preparados para o Mundo e não nas lavagens cerebrais rumo ou Socialismo ou Liberalismo que lá se fazem...
 
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 9/7/2020 10:05

Kooc Escreveu:
H´a algum facto referido pelo Daniel Oliveira que seja falso?


Há, por exemplo:

O curso de Economia tem cadeiras de História económica.
O Inglês é opcional e é uma escolha do aluno.
O financiamento não foi "foi quase integralmente pago por mecenas". Por exemplo, o terreno, foi cedido pela Câmara de Cascais.


Não leste o artigo com atenção:

" a quase ausência do ensino de História do pensamento económico" é diferente de não ter cadeiras de história económica.

O ensino em inglês não é opcional, o meu filho está na Nova e tem tido cadeiras dadas por professores estrangeiros em que são dadas em inglês e não há opção, ou tens, ou tens. Confundiste com o ensino de Inglês. Aliás, aulas onde há alunos de Erasmus, mesmos os professores portugueses dão as aulas em inglês.

O facto do terreno ter sido cedido pela Câmara de Cascais, só confirma a afirmação de "foi quase integralmente pago por mecenas".

E já agora o curso tem apenas uma cadeira de história económica, que é opcional.

https://www2.novasbe.unl.pt/pt/cursos/l ... ia/o-curso

E sobre o inglês:

Durante o primeiro ano é possível escolher entre a língua inglesa e a portuguesa. O inglês é o idioma das disciplinas do segundo e do terceiro ano letivos.

https://www2.novasbe.unl.pt/pt/cursos/l ... ia/o-curso


Esclarecido?

E j´a agora é pertinente questionar se uma universidade publica deve ter cursos em que é obrigatório saber inglês para fazer o curso sem outras alternativas.
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Kooc » 9/7/2020 9:34

H´a algum facto referido pelo Daniel Oliveira que seja falso?


Há, por exemplo:

O curso de Economia tem cadeiras de História económica.
O Inglês é opcional e é uma escolha do aluno.
O financiamento não foi "foi quase integralmente pago por mecenas". Por exemplo, o terreno, foi cedido pela Câmara de Cascais.
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por BearManBull » 9/7/2020 0:19

mais_um Escreveu:No imaginário da direita conservadora, as universidades estão, como nos anos 60, dominadas pela esquerda, prontas para formar exércitos de “antifas” e relativistas culturais que querem reescrever a História e nacionalizar a economia. Mas depois da peregrina tese do “marxismo cultural”, que só prova que já ninguém ensina Marx nas faculdades, há a realidade.


Ontem abri o site da Livongo. É uma empresa de healthcare. Pensei que me tinha enganado e estava no site do bloco de esquerda....

Acredita nunca se idealizou tantos conceitos extremistas de esquerda como na actualidade, agora que é tudo uma cambada de hipócritas já é outra questão...
Anexos
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 8/7/2020 23:00

Kooc Escreveu:Uma verdade de fundo (o facto de um artigo num jornal ter causado incómodo), embrulhado em diversas mentiras para explorar imediatamente o contexto ideológico. Nunca este tipo de esquerda iria perdoar a iniciativa à Nova. É o facto de se associarem a privados, de falarem inglês, de estarem à beira mar em instalações de topo, de quererem competir ao mais alto nível, e sacrilégio, nem falam de Marx.

Mais um artigo ideológico de uma pessoa que ganha a vida a falar mal dos outros e onde a inveja transparece a cada passo.


H´a algum facto referido pelo Daniel Oliveira que seja falso?
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Re: Off-topic - Não há campus grátis

por Kooc » 8/7/2020 22:57

Uma verdade de fundo (o facto de um artigo num jornal ter causado incómodo), embrulhado em diversas mentiras para explorar imediatamente o contexto ideológico. Nunca este tipo de esquerda iria perdoar a iniciativa à Nova. É o facto de se associarem a privados, de falarem inglês, de estarem à beira mar em instalações de topo, de quererem competir ao mais alto nível, e sacrilégio, nem falam de Marx.

Mais um artigo ideológico de uma pessoa que ganha a vida a falar mal dos outros e onde a inveja transparece a cada passo.
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Re: Não há campus grátis

por DonkInvest » 6/7/2020 15:24

Boas,

Quando falas em virtudes do privado é importante verificar que o privado associado a esta notícia são grandes empresas à escala nacional que cresceram muito encostadas ao estado (porque nasceram públicas e viram neste encostamento uma forma de garantir a continuação do sucesso seu negócio). Na realidade quando se tem controlo do setor público vivesse no melhor dos mundos para essas empresas, são uma espécie de PPP´´'s que visam lesar em último caso o consumidor e o contribuinte e criam todas as barreiras possíveis ao escrutínio das suas ações.
 
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Off-topic - Não há campus grátis

por mais_um » 6/7/2020 15:02

Considero o artigo suficientemente interessante para ter direito a um tópico próprio, para não ficar disperso noutro tópico, porque permite às pessoas que defendem as virtudes do privado "esquecendo" sistematicamente os seus defeitos, reflectirem sobre o tema.

Dificilmente a Nova SBE poderia dizer o oposto do que disse num estudo sobre as rendas da EDP, que é seu mecenas. Essa limitação condena o saber que devia alimentar o poder público, o rigor da informação que é veiculada pela imprensa e a formação dos quadros que tomarão. O incómodo com os artigos de Susana Peralta apenas revela o ponto a que os limites impostos pela mercantilização das universidades públicas chegou.

No imaginário da direita conservadora, as universidades estão, como nos anos 60, dominadas pela esquerda, prontas para formar exércitos de “antifas” e relativistas culturais que querem reescrever a História e nacionalizar a economia. Mas depois da peregrina tese do “marxismo cultural”, que só prova que já ninguém ensina Marx nas faculdades, há a realidade.

Há, como é evidente, cursos onde o pensamento de esquerda será dominante. Hoje, ao contrário do que acontecia no passado, talvez isso seja verdade em antropologia e em algumas áreas da História. Em geral, em cursos que ainda interessam pouco ao mercado. Mas no que lhe interessa, que é o que interessa hoje à política, a insinuação de tal domínio é até contraintuitiva. E isso é evidente nas faculdades de economia e gestão, as que mais determinam as grandes escolhas políticas.

O pensamento único e ortodoxo e a quase ausência do ensino de História do pensamento económico permitem que um aluno de economia chegue ao fim da licenciatura sem quase nunca ter ouvido falar noutras correntes que não a dominante. Os que conhecem Keynes, ficam pela interpretação que é feita pelo mainstream. De Marx, nem ouvem falar. A generalidade dos economistas é ignorante em relação ao pensamento económico e, por isso, ignorante em relação à História e, por isso, ignorante em relação à Economia. E não apenas em relação ao passado, mas em relação ao que hoje mesmo desafia a ortodoxia económica. Uma ortodoxia que é lhes é vendida como a única abordagem científica à Economia. O resto é ideologia. Isto tem uma razão profunda: a liberdade académica foi capturada. E tem consequências: o Estado, a sociedade e as empresas foram limitadas na sua capacidade de fazer escolhas. O monolitismo e falta de pluralismo do pensamento económico é transposto para as instituições e para os media, afunilando o debate e limitando a democracia. E isto tanto acontece nas universidades privadas como nas públicas.

Não há qualquer diferença entre a esquerda e a direita na vontade de dominar a academia. Assistimos, em alguns sectores de algumas ciências sociais, a uma quase asfixia da dissensão académica. A aversão à divergência em estruturas fortemente hierarquizadas é transversal. A diferença, neste caso, é onde está o dinheiro. E a mercantilização da academia tornou esse no elemento mais determinante nos limites à liberdade e pluralismo académicos.

Nas poucas universidades públicas que não cederam a esta mercantilização – melhor seria dizer nos poucos cursos ou faculdades que, por não terem um produto apelativo para o mercado não o puderam fazer –, o poder do Estado para limitar a liberdade académica é praticamente nulo. Mesmo a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) segue, apesar de tudo, critérios mais transparentes, por via dos júris. Nas universidades onde o mercado dita as prioridades científicas o dinheiro determina grande parte das escolhas. E o dinheiro tem cor. Nenhum empresário está interessado em quem se dedica a estudar o sindicalismo ou alternativas que, de alguma forma, limitem o seu próprio poder. E é natural que não esteja.

Não se morde a mão de quem paga

Mesmo as universidades públicas transformaram-se num negócio, graças à “bondosa” ideia de integrar a “sociedade civil” (as empresas) nos seus conselhos e a uma filosofia de gestão totalmente privada – foi para isso mesmo que as fundações serviram.

O exemplo máximo e mais vanguardista deste espírito é Nova School of Business and Economics (Nova SBE) – sim, é uma universidade pública portuguesa de onde o português foi quase banido, porque assim dita a competição no mercado académico global. O seu campus, construído à beira da praia para atrair o turismo académico, foi quase integralmente pago por mecenas. E isso é apresentado como um exemplo engenhoso para que outras instituições académicas deviam olhar. Os mecenas viram salas com os seus nomes. Mas, lamentavelmente, o preço não é só alimentar o ego da família Soares dos Santos. Como diriam os neoliberais, não há campus grátis.

No ano passado surgiu até um escândalo por dois professores da Nova SBE terem feito, como tal, um estudo onde se queria demonstrar que a EDP não recebia rendas excessivas. Estudo que agora até foi usado na defesa judicial de António Mexia e colegas. Problema? A EDP, que foi quem encomendou o estudo, é, ela própria, mecenas da SBE. Estava posta em dúvida, de forma absolutamente legítima, a credibilidade e independência do estudo. Pode mesmo dizer-se que o seu valor é nulo e foi assim que foi visto por todos.

A colunista incómoda

Na semana passada soubemos, através da “Sábado”, de outro episódio que, apesar de menos grave nas suas consequências, é mais revelador do que se passa naquela que é vista, por muitos, como o modelo a seguir pelas restantes instituições académicas. O Conselho de Catedráticos, primeiro, e o Conselho Restrito de Catedráticos e Associados, depois, mostraram incómodo por uma professora associada que escreve no “Público” assinar os seus artigos identificando-se como professora da Nova SBE. Mesmo que aleguem que o seu nome nunca foi referido, Susana Peralta é a única professora associada que escreve uma coluna regular e que assina, como muitos outros académicos de outras instituições, desta forma.

Apesar da hipocrisia geral, a conversa era evidentemente sobre ela. E o incómodo é especialmente estranho quando a pessoa que primeiro levantou a questão foi o vice-reitor Ferreira Machado, tendo ele próprio assinado um artigo no Observador, este mês, já depois da polémica reunião, com vice-reitor (“vice rector”, que ali ninguém tem cargos em português) da instituição. E ainda mais estranho quando a direção da faculdade enviou um mail aos docentes, em abril, pedindo para usarem, nos seus artigos de opinião, “identificação onde apareça Nova SBE” para que seja possível o “clipping fazer o tracking”.

Uma marca que se vende

O receio, ao que parece, é que a “marca Nova SBE” seja colada às opiniões de Susana Peralta. Uma posição absurda, já que as instituições académicas devem pautar-se pelo pluralismo e todas as posições de todos os académicos são sempre suas e apenas suas (ou das equipas que as assinam). E, para quem escreve sobre Economia, a fronteira com a opinião é impossível de determinar. Sobretudo para quem, como Peralta, cita bastantes trabalhos científicos nos seus artigos.

Sempre que aparece um economista de uma instituição académica nos media está a transmitir a sua opinião sobre o tema que é inquirido coma base científica que o seu trabalho e formação garantem (espera-se). E isso não passou a ser menos verdade com Susana Peralta só porque ela tem um pensamento desalinhado do mainstream da instituição. E desalinhado, neste caso, é isto: não sendo uma economista heterodoxa (é uma economista perfeitamente inserida no paradigma neoclássico), Peralta é de esquerda. Mas muito mais grave e o que me parece ser realmente relevante neste caso: critica opções públicas que favorecem alguns dos mecenas da SBE. Como a EDP, a GALP ou o Novo Banco.

Foi o próprio diretor da instituição, que não alinhou nas críticas a Susana Peralta na tal reunião, que reconheceu a existência de telefonemas de “stakeholders” (termo de uma honestidade desconcertante, quando falamos de uma instituição pública) mostrando incómodo.

O temor em ver o nome de uma académica com a coragem de ser incómoda para os “stakeholders” associado ao da Nova SBE contrasta com a bonomia com que o professor catedrático da instituição e atual presidente do Conselho Científico, Miguel Ferreira, usou a mesmíssima assinatura para aparecer num anúncio do BPI (também ele mecenas da instituição), que garante não ser pago mas que na forma e no conteúdo se confunde com publicidade, promovendo empréstimos à habitação com taxa fixa. Ao professor não ocorreu que houvesse um problema ético em fazê-lo e explicou: “A Nova SBE considera que este tipo de colaboração está incluída na relação de parceria com as empresas. Porque elas contratam alunos, fazem estágios com alunos, fazem cursos vá, patrocinam conferências académicas...”

O diretor da instituição, Daniel Traça (que conheço e por quem tenho bastante estima pessoal, mas a vida de articulista é o que é), é administrador não-executivo do Santander (igualmente mecenas) e é escolhido pelo Conselho de Faculdade onde têm assento várias instituições empresariais, incluindo o seu presidente, Luís Amado, chairman da EDP.

Sobre esta promiscuidade, onde uma instituição académica do Estado confunde a cooperação com empresas com deveres contratuais pouco claros para a promoção de produtos dessas empresas, e todos os pormenores sobre este episódio e o seu historial, aconselho vivamente a leitura de dois excelentes textos de Luís Aguiar-Conraria e de Fernanda Câncio. Neles, assim como no trabalho de Bruno Faria Lopes (para assinantes), e nos tweets em que o jornalista deixou tudo ainda mais claro, encontrarão o essencial do factual deste caso.

O dinheiro cala

O incómodo de alguns daqueles catedráticos foi ver o nome da instituição associado a alguma liberdade de pensamento face aos interesses económicos que pagaram o campus e garante rendimentos extra aos seus catedráticos (e não só). Podem queixar-se do Estado, mas ele nunca teria a capacidade de fazer chegar este incómodo de forma tão eficaz ou telefonar a diretores para tentar condicionar uma académica.

A verdade é que uma faculdade que aceita que aqueles que de alguma forma investiga lhe paguem as contas está condenada na sua liberdade científica. Dificilmente a SBE poderá fazer um estudo que ponha em causa as vantagens de continuar a dar tanto poder concorrencial a grandes distribuidores como a Jerónimo Martins ou a dizer o oposto do que disse no estudo encomendado sobre as rendas para a EDP. Um dos principais objetos de estudo da Economia, como é tratada na Nova SBE, é a forma como funcionam os mercados. Permitir que as maiores empresas paguem as contas implica um conflito de interesses.

Os constrangimentos impostos pela busca de financiamento não têm consequências apenas para a academia. Como se percebe, aliás, pela forma como os próprios responsáveis pela SBE olham para o seu poder e influência política (voltarei a este artigo de Owen Jones mais tarde). E é por isso que esta limitação à liberdade académica condena o saber que devia alimentar o poder público nas suas decisões. Condena o rigor da informação que é veiculada pela imprensa por especialistas destas instituições académicas. Condena a formação dos quadros que tomarão decisões no Estado e nas empresas. Condena toda a comunidade a um saber amputado por quem tem dinheiro para financiar um campus à beira mar. A não ser quando aparece uma carta fora do baralho. Numa academia livre isso não seria problema, seria uma vantagem. O incómodo com os artigos de Susana Peralta é só a parte mais patética, menos relevante mas mais reveladora do ponto a que os limites impostos pela mercantilização das universidades públicas chegou. Porque o dinheiro é, neste tempo, o mais forte instrumento de censura e condicionamento.

https://expresso.pt/opiniao/2020-07-06- ... pus-gratis

Editado pela última vez por mais_um em 7/7/2020 0:35, num total de 1 vez.
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
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