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Caldeirão da Bolsa

Portugal: Sair da Zona Euro?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 30/5/2019 10:04

m-m Escreveu:Portugal não soube aproveitar os fundos europeus para investir onde devia, agora colhe o resultado...


Nem tudo o que fez foi mau, o problema é a divida e a corrupção. Porque achas que os bancos não pagam juros? A inflação é um imposto principalmente se os rendimentos não aumentam.

O euro esteve mesmo para implodir em 2014 e sobreviveu mas sempre ligado às máquinas. A Itália está em ebulição e as dívidas soberanas estão praticamente iguais nos PIIGS, reduziram-se moderadamente em relação ao PIB mas mesmo assim aumentaram em valor absoluto.

Tens vários bancos em mínimos históricos e têm de recorrer a uma parafernália de taxas a explorar o consumidor para conseguir ter lucros.
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por m-m » 30/5/2019 9:43

Acho uma piada (riso amarelo :evil:) a estes comentários catastróficos sobre o €...

Então a Zona Euro é excedentária (exporta mais do que importa) e ainda acham que o € está caro?!

Se Portugal saísse do €, como é que os betinhos iam comprar IPHONES e roupas de marca, também lá se iam os PORSCHE, JAGUAR, MERCEDES e afins, teríamos taxas de inflação seguramente na casa das dezenas...

Portugal não soube aproveitar os fundos europeus para investir onde devia, agora colhe o resultado...
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 30/5/2019 9:27

Marco Martins Escreveu:Acho esta situação um abuso por parte dos bancos


Repara que a culpa não pode ser atribuída directamente aos bancos. O problema é que o BCE está altamente influenciado pela política da UE e de independente pouco tem. Os juros deviam ter subido ao primeiro sinal de força, não o fizeram para não derrubar Itália. Agora vai pagar a UE toda,

Os bancos centrais têm de ser sempre independentes das vontades politicas.
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Marco Martins » 30/5/2019 9:09

lfhm83 Escreveu:O Euro continua a lutar pela sobrevivência, quantos anos mais vai continuar com esta luta ingrata.

É necessário reavaliar todo o conceito do euro ou isto vai acabar tudo muito mal.

Para mim é um completo absurdo a mudança de paradigma em que temos de pagar para ter dinheiro no banco vs o antigamente em que os bancos pagavam boas rendas, acima da inflação, para termos o nosso dinheiro seguro. O preço do euro é demasiado caro, ou muda de direcção ou è quase certo que caminha para o abismo.



Acho esta situação um abuso por parte dos bancos, onde o cliente tem de pagar para que o banco possa usufruir do seu dinheiro para emprestar a outros clientes (sem nossa autorização)... e ainda por cima, o cliente tem de assumir o risco de ficar apenas com uma parte do seu dinheiro se as coisas correrem mal!!!

Deveriamos todos fazer uma mudança de banco para outro que não se pague renda... ou então em determinada data haver um movimento de levantar todo o dinheiro do banco!
Creio que bastaria se calhar, que em determinada data, os clientes de um banco fizessem o movimento para outro banco... assim, o banco ficaria temporariamente sem capacidade de movimentar dinheiro !

Temos de nos revoltar com esta situação!!

Se deixarmos tudo como está, não tarda muito pagaremos taxas por ter saldo no telemóvel, por ter saldo num cartão de compras ou por ter saldo onde quer que seja!!!
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 29/5/2019 15:20

O Euro continua a lutar pela sobrevivência, quantos anos mais vai continuar com esta luta ingrata.

É necessário reavaliar todo o conceito do euro ou isto vai acabar tudo muito mal.

Para mim é um completo absurdo a mudança de paradigma em que temos de pagar para ter dinheiro no banco vs o antigamente em que os bancos pagavam boas rendas, acima da inflação, para termos o nosso dinheiro seguro. O preço do euro é demasiado caro, ou muda de direcção ou è quase certo que caminha para o abismo.

ECB After Draghi: Does Germany's Weidmann Have What It Takes?


Werner Bahlsen, blasted the ECB’s current policy as an indirect subsidy for Italy, saying it’s “absolutely necessary that interest rate policy performs an about-turn.”



Other possible candidates who might succeed Mario Draghi include:

1. Francois Villeroy de Galhau, Bank of France President

Pro: relevant experience

Con: France has already had an ECB President (Jean-Claude Trichet, tenure: 2003-2011)

2. Benoit Coeure, ECB Board Member

Pro: very highly regarded globally for his work running the ECB’s markets division

Con: French, and his eight-year term is not renewable

3. Sylvie Goulard, Bank of France, Deputy Governor

Pro: experience of central banking and EU institutions, having been a senior member of the parliament’s economic and monetary affairs committee; female

Con: French; behind Villeroy in the domestic pecking order; President Macron may prioritize installing ally Margrethe Vestager as European Commission president

4. Olli Rehn, Bank of Finland Governor

Pro: Experience of eurozone crises as Commissioner for Economic and Monetary Affairs; recent proposal to rethink the ECB’s policy framework shows an understanding of future challenges

Con: Shared responsibility for poor policy choices and presentation during the post-crisis bailouts, most obviously in refusing to acknowledge Greece’s bankruptcy

4. Erkki Liikanen, former Bank of Finland Governor

Pro: Experience as both ECB member and European Commissioner; deep understanding of Europe’s banking sector

Con: Age (68)

5. Claudia Buch, Deutsche Bundesbank Vice President

Pro: nationality (she would give northern European balance to the ECB top management, given that vice-president De Guindos is Spanish); gender

Con: lack of top-level management or political experience

https://www.investing.com/analysis/ecb- ... -200425899
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 16/5/2019 5:57

 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 12/3/2019 12:20

Em Espanha o Facebook vai-se associar a entidades verificadoras da autenticidade de fake news.

São elas o Newtral e o Maldita.es, ambas altamente inclinadas à esquerda.

Suponho que o passo em Portugal seja associar-se com o Polígrafo, mais uma máquina de propaganda socialista.

https://elpais.com/tecnologia/2019/03/1 ... 32029.html
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Marco Martins » 11/3/2019 17:08

Não me admira que no futuro Portugal pondere sair da zona euro, mas não por opção, mas por ser chutado para fora!

https://www.jornaldenegocios.pt/economi ... _Destaques

Custa-me um pouco entender como é que para se melhorar as contas de alguns países da zona euro, se sugira que a alemanha aumente os seus gastos!!!
É um pouco o mesmo que o merceeiro dizer que as coisas estão mal porque o consumidor não compra e que é preciso o cliente comprar mais para que as coisas estejam bem!!!


Se calhar, o problema está nos gastos que a loja tem (neste caso, de Portugal), não?
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Dr Tretas » 11/3/2019 12:47

lfhm83 Escreveu:Caminhamos para o abismo. A este passo é uma questão de tempo até que comecem a censurar este fórum. Como é possível permitir que se chegue a este extremo. Agora temos uma entidade a decidir o que é fake e não, isto é censura, isto é totalitarismo.



Qualquer dia temos o Ministério da Verdade do "1984". Tá bonito, isto :wall:
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Flavc » 8/3/2019 11:17

A Italia é o exemplo claro do que podem (des)fazer polícas populistas, de conbersa fácil e de mil promessas de outras versões de "amanhãs que cantam". Definitivamente acabou-se o "doce far niente" e agora tem que trabalhar como nos outros países e serem responsáveis e credíveis como os outros. Infelizmente pelo rumo que as coisas levam a coisa vai piorar.
Outro exemplo muito negativo daquilo que políticas populistas demagogicas podem(des)fazer é o que vai acontecendo no Brexit, mas aí é mais por causa de um orgulho parvo e com raízes históricas dos subditos de sua magestade "The Queen".
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por forza algarve » 8/3/2019 10:32

Opcard33 Escreveu:O Euro atinge vários dos seus objectivos da inflação a facilidade nas transações é reconhecida e amada ver sondagens , a Marie Le Pen perde as eleições quando afirma que a França iria abandonar a moeda única , entretanto mudou de discurso , basta um QI de 80 para saber que nós protege e dá poder de compra só os extremistas querem sair.

Quem falhou foram os políticos de vários países que não quiseram compreender como se deviam portar , nos anos 90 os alemães subiram os custos horários acima da produtividade assim que entrar no euro Sindicatos patrões e governo sabiam que tal não seria possível , e tudo fizeram para tirar dividendos de ter uma moeda única tal como os outros países do norte da Europa .

Já outros países a Sul aumentam os custos para além da sua produtividade isso leva ao desatre , quando isso acontece com moeda própria a seguir vem a desvalorização foi assim que viveram os países do sul durante décadas .
Lembro que no Maio de 68 De Gaulle aumenta o salário mínimo em 34% e a seguir desvaloriza o Franco tal como fez o F. Mitterrand em 81, aumentos salariais sem aumentos de produtividade são um engano e um desatre , mas com a globalização é mais grave leva a taxas de desemprego elevada , comparem níveis da França e Alemanha hoje , quando nos anos 90 era ao contrário .

Moeda única obriga a desciplina , não se pode dar o que não se tem ou se faz dívida ou se vendem os anéis ou as 2 coisas como fez Portugal .

O pequeno esforço de memória e lembrar o que era chegar a um aeroporto e andar a trocar de moeda os custos que isso tinha tempo e dinheiro, para as empresas é fantástico negociar sem ricos cambiam , ate fora dos países do euro eu pago em euros
O Euro não é culpado dos disparate dos políticos irresponsáveis .
Viva o Euro.

PS. Sem a falência do Lehman Brothers , já não existiria Euro há azares que bem por bem .


fizestes bem em nem citar a Italia...a Italia esta' arrasada pelo euro..
com a lira potencia mundial e todo mundo tinha um patrimonio imobiliar a crescer e crescer e hoje um pais afundado e em deprassao absoluta..

E nao sao os politicos pois esses mesmos estavam nos anos 70/80...
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 7/3/2019 21:01

Caminhamos para o abismo. A este passo é uma questão de tempo até que comecem a censurar este fórum. Como é possível permitir que se chegue a este extremo. Agora temos uma entidade a decidir o que é fake e não, isto é censura, isto é totalitarismo.

Talvez seja eu a ser demasiado pessimista mas é alarmante a forma como se luta na Europa para controlar a internet e a informação.

:shock: :wall: :wall: :wall:



Não confiem, desconfiem. A campanha contra as “fake news” não é contra a desinformação, porque nessa os políticos são especialistas. É uma campanha para impor uma narrativa única e um pensamento único


um documento curioso pois distingue mentiras legítimas – as que forem difundidas pelos partidos políticos, por exemplo – das ilegítimas, como se pode verificar lendo a definição de desinformação inscrita nesse documento.


https://observador.pt/opiniao/o-que-se- ... fake-news/


the Union

Strategic Communications Task Forces

(i) improving the capabilities of Union institutions to detect, analyse and expose
disinformation;
(ii) strengthening coordinated and joint responses to disinformation;
(iii) mobilising private sector to tackle disinformation;
(iv) raising awareness and improving societal resilience.




The Commission calls upon all signatories of the Code of Practice to implement the
actions and procedures identified in the Code swiftly and effectively on an EU-wide basis,
focusing on actions that are urgent and relevant for ensuring the integrity of 2019 European
elections. In particular, large online platforms should immediately (i) ensure scrutiny of ad
placement and transparency of political advertising, based on effective due diligence checks
of the identity of the sponsors, (ii) close down fake accounts active on their services and (iii)
identify automated bots and label them accordingly.


https://cdn1-eeas.fpfis.tech.ec.europa. ... mation.pdf
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Opcard33 » 9/1/2019 22:19

O Euro atinge vários dos seus objectivos da inflação a facilidade nas transações é reconhecida e amada ver sondagens , a Marie Le Pen perde as eleições quando afirma que a França iria abandonar a moeda única , entretanto mudou de discurso , basta um QI de 80 para saber que nós protege e dá poder de compra só os extremistas querem sair.

Quem falhou foram os políticos de vários países que não quiseram compreender como se deviam portar , nos anos 90 os alemães subiram os custos horários acima da produtividade assim que entrar no euro Sindicatos patrões e governo sabiam que tal não seria possível , e tudo fizeram para tirar dividendos de ter uma moeda única tal como os outros países do norte da Europa .

Já outros países a Sul aumentam os custos para além da sua produtividade isso leva ao desatre , quando isso acontece com moeda própria a seguir vem a desvalorização foi assim que viveram os países do sul durante décadas .
Lembro que no Maio de 68 De Gaulle aumenta o salário mínimo em 34% e a seguir desvaloriza o Franco tal como fez o F. Mitterrand em 81, aumentos salariais sem aumentos de produtividade são um engano e um desatre , mas com a globalização é mais grave leva a taxas de desemprego elevada , comparem níveis da França e Alemanha hoje , quando nos anos 90 era ao contrário .

Moeda única obriga a desciplina , não se pode dar o que não se tem ou se faz dívida ou se vendem os anéis ou as 2 coisas como fez Portugal .

O pequeno esforço de memória e lembrar o que era chegar a um aeroporto e andar a trocar de moeda os custos que isso tinha tempo e dinheiro, para as empresas é fantástico negociar sem ricos cambiam , ate fora dos países do euro eu pago em euros
O Euro não é culpado dos disparate dos políticos irresponsáveis .
Viva o Euro.

PS. Sem a falência do Lehman Brothers , já não existiria Euro há azares que bem por bem .
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 9/1/2019 16:13

Não me parece que o artigo esteja contra o Euro, é mais numa óptica de que tem que se trabalhar em reformas que o tornem mais forte.

E estou de acordo que o que realmente traz e progresso è/foi o mercado único/livre, a moeda é fachada.
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Dr Tretas » 9/1/2019 14:03

Pois, o Arrroja lembra-se dos anos 90 com o escudo que foi uma época de crescimento e prosperidade global resultante do fim da I Guerra Fria.
Mas eu tenho mais uns poucos anitos que chegam para me lembrar de como era o escudo em épocas de crise nos anos 80, e meus caros, se julgam que a Troika foi mau...
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Flavc » 9/1/2019 13:37

Eu não bateria assim tantas palmas ao R. Arroja. Só por acaso.... o principal argumento contra a integração numa moeda forte como o Euro tem permitido o aumento sustentável das exportações nacionais e ganhos de quota de mercado de muitas empresas nacionais. Longe vai o tempo em que mais por "preguicite aguda" para se aumentar a competitividade de alguns produtos nacionais os empresários pediam ao governo para desvalorizar a moeda ( e com isso perderem poder de compra numa base comparada os consumidores portugueses). etc.
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por BearManBull » 9/1/2019 13:20

Um espectacular artigo do Ricardo Arroja :clap: :clap: :clap: Vale a pena ler.

https://eco.sapo.pt/opiniao/que-o-euro- ... -moeda-boa

A moeda única fez há dias 20 anos de idade. O sentimento não foi propriamente de celebração, mas também não foi de pesar. Não pôde ser de celebração, certamente no caso de Portugal, porque no período da sua existência a economia nacional distanciou-se das outras economias que connosco partilham a moeda única. Mas também não foi de pesar porque, apesar de tudo, o euro encontrou a aceitação da generalidade da opinião pública na Europa, incluindo nos países com desempenhos económicos mais fracos, como as sondagens bem revelam. É, aliás, paradoxal que o euro, constituindo tecnicamente um instrumento de integração económica, seja hoje encarado como fim político e apreciado precisamente nessa dimensão. É paradoxal porque o euro, do ponto de vista económico, não serviu a largas franjas da população.

Eu sou de 1978. Pertenço àquela geração, porventura a última, que conviveu conscientemente com o escudo antes da chegada do euro. A geração dez anos mais nova do que a minha já só conheceu o euro. Da minha adolescência, vivida no Porto na década de 90, recordo-me que com 1.000 escudos no bolso dava para jantar fora (na lendária casa “O Maior”!) e para prolongar a noite. Com 2.000 escudos mais folga havia. E com 5.000 escudos (cinco contos!!) a sensação era absolutamente milionária. Hoje, 1.000 escudos (5 euros) mal chegariam para o prato do dia e 5.000 escudos (25 euros) também não chegariam muito longe. Ao mesmo tempo, naquela mesma época, também me lembro de um par de jeans Levi’s custar dezoito contos (90 euros), um preço proibitivo à época, mas que corresponde aproximadamente ao preço de hoje.

Os exemplos anteriores, embora redutores, mostram como era a vida em Portugal antes do euro. Os bens e serviços que eram importados custavam caro ou muito caro. Os de conteúdo ou de produção nacional apresentavam preços razoáveis para as carteiras locais. Quais foram então os principais méritos do euro? O grande mérito foi o abaixamento das taxas de juro, que antecedeu a adesão ao euro, e que alargou o acesso a capital estrangeiro. Foi uma grande oportunidade para Portugal. O outro mérito esteve relacionado com a abertura comercial ao exterior. Foi o acesso a bens e serviços importados que, sendo proibitivos com escudos, passaram a ser acessíveis com euros. E foi, sobretudo, o acesso das empresas portuguesas ao mercado único europeu.

Mas, como dizia Milton Friedman, na economia não há almoços grátis. Por isso, a adopção do euro em Portugal, uma economia menos produtiva do que aquelas que connosco iriam partilhar a moeda única, representou naqueles anos iniciais uma perda súbita de competitividade externa.

As condições de partida não auguravam grande chance a Portugal. A economia estava ainda muito atrasada face às economias mais fortes, às quais a moeda única estava ancorada. Porém, não foram só as condições de partida que nos penalizaram. Foi, acima de tudo, a nossa incapacidade de beneficiarmos das vantagens do euro, e da pertença à primeira divisão da Europa, que em muitos domínios conduziu às oportunidades perdidas. Não é que não tenhamos evoluído nestes vinte anos. Uma parte da nossa economia evoluiu e de que maneira – basta olhar para o peso das exportações no PIB português. Mas, globalmente, os outros países evoluíram muito mais.

Em 1999, segundo dados da AMECO, o PIB per capita ajustado pela paridade do poder de compra em Portugal representava 74% da média da zona euro. Hoje, o mesmo rácio está em 73%. Entre os doze membros iniciais do euro (incluindo a Grécia que só aderiu em 2001), nestes vinte anos de moeda única, para além de Portugal, o retrocesso económico face aos demais ocorreu também em Itália e na Grécia.

Nos restantes países, designadamente em Espanha e sobretudo na Irlanda, frequentemente incluídos na comparação entre países periféricos, os últimos vinte anos foram de evolução económica. No caso da Irlanda, a evolução foi mesmo extraordinária. Ou seja, as condições de partida não nos eram favoráveis, como também não eram para outros países, mas enquanto a maioria aproveitou a oportunidade, e alguns fizeram-no de modo espectacular, nós não o soubemos fazer. É na evidência anterior que resta a minha ambivalência face à moeda única. Por um lado, o apoio da opinião pública ao euro é indiscutível – incluindo nos países onde ele não produziu o sucesso ambicionado – e a verdade é que ele não prejudicou o andamento económico da maioria dos seus membros. Mas, por outro lado, se as condições de partida já não eram favoráveis para Portugal em 1999, as condições de evolução em 2019 não são infelizmente melhores.

A ideia de uma Europa aberta e em paz é frequentemente atribuída ao euro, todavia, o verdadeiro esteio dessa abertura e dessa prosperidade é o mercado único. No sistema europeu, a boa moeda é o mercado único, não a moeda única. Ainda assim, admitindo que o primeiro não sobreviveria ao ocaso da segunda, deve-se pensar na reformulação da moeda única. Num artigo publicado há dias na revista The Economist (“The euro enters its third decade in need of reform”, acesso pago), o ensaísta argumenta pela necessidade de concluir a união bancária e de encontrar um novo mecanismo orçamental de amparo em momentos de crise. As ideias, apesar de bem explicitadas, não são novas.

A união bancária tem vindo a ser discutida desde 2012 e para já pouco se avançou. Os sistemas bancários nacionais continuam balcanizados e a actividade transfronteiriça na banca continua aquém do desejável. A regulação financeira também não ajuda porque, ao fomentar a aplicação de recursos bancários em dívida pública (que, em sede de activos ponderados pelo risco, são ponderados a zero), os bancos da periferia, encontrando-se mais necessitados de obter rendimentos, são incentivados a carregarem-se de dívida pública de maior risco, perpetuando o seu perfil creditício, o contágio entre soberanos e bancos, e vice-versa.

Quanto à ideia do novo mecanismo orçamental, as propostas de Macron, com vista a um orçamento europeu reforçado, para além do que já existe, têm encontrado pouco acolhimento junto dos países do Norte. Na verdade, as divisões políticas começam a acentuar-se e a probabilidade de que as regras orçamentais sejam expandidas em prol da periferia parecem reduzidas.

Sobre o sentido de comunidade na União Europeia, em particular na zona euro, é importante notar que, depois de uma primeira década em que os países do centro e norte da Europa beneficiaram da expansão económica, a última década tem sido uma década de retrocesso para muitos deles face ao conjunto do euro. É o caso da Finlândia, da França, da Holanda e até o caso do Luxemburgo. Nestes países, o PIB per capita ajustado pela paridade do poder de compra, em percentagem da média da zona euro, é hoje inferior ao que era em 2009.

Assim, para se ultrapassarem os problemas de arquitectura institucional da zona euro será necessário alterar algumas regras. Mas, sobretudo, será crítica a mudança de filosofia subjacente ao projecto europeu. Na União Europeia de hoje, e mais ainda na zona euro, há demasiada preocupação com a coordenação e a centralização das políticas europeias, quando na realidade se deveria pensar mais na cooperação e na descentralização. Quanto ao euro, trata-se de um meio e não de um fim. O seu propósito é o de facilitar o crescimento económico nos países que a ele aderiram. Por isso, o melhor que lhe podemos desejar é que, na sua terceira década, não degenere em factor de divisão política e, em especial, que não estrague a moeda boa da Europa: o mercado único e as suas quatro liberdades fundamentais.
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 30/11/2018 4:16

 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 3/4/2017 21:46

Votada à estranha impotência a que o apoio do seu partido ao “Governo da iniciativa do PS” sem que a ele pertença a vai condenado, Catarina Martins tem de aproveitar todas as oportunidades possíveis para fingir que existe. Foi o que fez na semana passada, à saída de uma reunião da mesa nacional do Bloco de Esquerda, em que disse ser “urgente preparar o país para o cenário da saída do euro ou mesmo do fim do euro”. A afirmação cumpriu o objectivo para que foi feita, já que não houve órgão de comunicação social que não a tenha reproduzido como se de um novo discurso de Péricles se tratasse. Já de que tenha sido de algo sensato tenho as maiores dúvidas.

Em parte, a moeda única não trouxe boas notícias para o nosso país. Como nota Luciano Amaral num livrinho que merece ser lido, para poder aderir ao euro, os governos portugueses adoptaram uma política de valorização cambial que “penalizou” as exportações. Uma vez no euro, essa “sobrevalorização” da moeda em relação à nossa capacidade produtiva cristalizou-se definitivamente, contribuindo de forma significativa para nossa estagnação económica – o excessivo peso do Estado conjugado com a perene falta de capital na economia portuguesa não tiveram um papel menos importante – desde 2000.

Mas o principal efeito da nossa adesão ao euro foi ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Ao nos atribuir a mesma moeda de países como a Alemanha, deu também à nossa economia (e ao nosso Estado) quase “grega” a capacidade de nos endividarmos de países mais “confiáveis” do que até ia tínhamos sido: a presunção de que, partilhando a moeda com esses países, Portugal estava sujeito a regras orçamentais que disciplinariam as suas finanças públicas de uma forma que o país nunca (excepto em ditadura) havia conseguido enquanto mantivera independência cambial e dando aos potenciais credores a confiança de que veriam o seu dinheiro de volta, sentindo-se assim seguros para emprestar dinheiro a Portugal sem cobrar juros tão altos como antigamente.

Por paradoxal que possa parecer, foi também essa inegável vantagem que teve o problema de tornar mais fácil o desvario estatal que quase nos levou à bancarrota em 2011: com o escudo, “os mercados” teriam acordado para as asneiras que por aqui estavam a ser feitas muito mais cedo, e estas teriam sido bem menores.

Mas, embora tenha dado à crise um carácter que ela não teria caso o escudo ainda fosse a moeda do nosso país, a verdade é que o euro também ajudou a que ela não fosse mais grave. Se Portugal não estivesse na moeda única, não teria sido resgatado pelos seus parceiros europeus em 2011, nem beneficiaria hoje da política do BCE que nos vai permitindo fingir que não estamos à beira do abismo.

Catarina Martins fala do euro como um obstáculo ao crescimento, mas ignora a catástrofe que uma saída do euro representaria para a sociedade portuguesa: ninguém nos emprestaria dinheiro a juros suportáveis, ninguém nos resgataria da consequente bancarrota, o desemprego explodiria, e a pobreza alastrar-se-ia.

Ou talvez não ignore. Talvez o caos e o descalabro seja precisamente o que Martins e os seus correligionários desejam. Talvez esperem que deles brote um tal descontentamento popular com os principais partidos que lhes abra o caminho do poder para promoverem a sua política revolucionária e anti-democrática (sob a capa do “aprofundamento” da democracia, desfigurando-a).

Quer o BE queira “preparar” a saída euro por oportunismo ou por inconsciência, o certo é que os portugueses fariam bem em ignorar o seu conselho. A criação da moeda única e, acima de tudo, a nossa entrada nela talvez tenham sido um erro. Mas uma vez cometido, esse erro não seria anulado por se acumular com outro ainda maior, com consequências ainda mais graves. E se porventura não tivermos alternativa – se Portugal for expulso da moeda única ou se esta, pura e simplesmente, se extinguir – não haveria preparação que nos salvasse da desgraça que imediatamente se abateria sobre o nosso pobre país.

http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noti ... cao-141348


“Para recuperar a capacidade democrática do nosso país sobre a economia e a finança, é urgente preparar o país para o cenário da saída do euro ou mesmo do fim do euro”.

Esta frase podia ter sido dita por Marine Le Pen, mas foi dita (e escrita) pela líder do Bloco de Esquerda há duas semanas.

Ora, isto levanta uma questão importante: a deputada Catarina Martins acha que o Euro vai acabar, ou, segunda hipótese, mesmo que o Euro não acabe, entende que Portugal deve sair da moeda única?

Se é a primeira hipótese, então convinha que a deputada Catarina Martins diga como vê o fim do Euro. Eu vejo algumas ameaças, mas sinceramente, não consigo descortinar, a 5 anos, nenhum “cisne negro” que possa resultar no fim da união monetária. Mas seguramente a senhora deputada refletiu muito sobre este tema, e irá, muito brevemente, dizer-nos o que pensa sobre o assunto. E basta responder a três perguntas:

Porque vai o Euro acabar?
Como acha que se processará o seu fim?
Como deve Portugal atuar?
Se é a segunda hipótese, em que a senhora deputada entende que Portugal deve abandonar o Euro, então convinha perguntar o seguinte:

Qual a legitimidade democrática dessa decisão, quando todos os estudos e sondagens dizem que a larga maioria dos portugueses são favoráveis ao Euro? Através de um referendo? Mas não vê que esse referendo colocaria Portugal numa situação de enorme fragilidade?
Defende que Portugal negoceie a sua saída com os restantes membros? Se sim, como? A que custo? Com que benefícios? Como vê a posição negocial dos restantes países?
Ou defende que Portugal pura e simplesmente saía do Euro, de forma unilateral? Se sim, com que argumento? E com que consequências? E com que benefícios?
Repare-se que aquela frase não foi dita num qualquer comício, fruto de uma exaltação momentânea. Sabemos como por vezes momentos de massas podem levar a que as pessoas digam coisas que não fazem sentido. Recordo-me de um professor de Economia, num comício, afirmar que “só o trabalho gera valor, o capital nada faz”. E ainda deu como exemplo uma metáfora, usando dois coelhos (“que se forem macho e fêmea reproduzem-se”) e duas notas (“se puserem duas notas de cem numa caixa, acham que saem notas de vinte?”). Isto dito numa aula do 1º ano de Economia geraria a galhofa geral. Dito num comício passa.

Não, a frase foi escrita, o que significa que podemos assumir que, tratando-se de pessoas sérias, o Bloco de Esquerda ou acha que o Euro vai acabar, ou defende a saída de Portugal, mesmo sem o fim da moeda única.

Mas quais seriam as consequências de uma saída de Portugal da zona Euro, sem que esta terminasse?

Seria um processo extremamente complexo e difícil. Teríamos de fechar as fronteiras, proibir os levantamentos de dinheiro, terminar com a liberdade de capitais, intervencionar a banca e manter a ordem pública. Só que, como o processo não seria feito de um dia para o outro, a fuga de depósitos e capitais seria elevadíssima. E provavelmente sem qualquer apoio do Banco Central Europeu.

E como pagar as importações sem moeda externa para o fazer? Sabem qual seria o primeiro produto a acabar nos supermercados? O pão, dado que Portugal importa quase 100% dos seus cereais dos EUA e da Ucrânia.

Além da monstruosa tarefa de emitir moeda (retirar os euros de circulação, coisa quase impossível, porque toda a gente amealharia os seus euros), bem como a de alterar toda a legislação e contratos. Mudar todos os sistemas de pagamento, desde os centrais dos bancos até à máquina de venda de bilhetes na estação dos comboios.

Mas vamos admitir que a transição se fazia, e o “novo Escudo” entrava em circulação, valendo cada euro 200 “novos escudos”, para repor aproximadamente o câmbio do Euro decidido em 1999. Claro que não sendo o “novo Escudo” uma moeda aceite internacionalmente, a sua desvalorização seria brutal. Arrisco dizer talvez 70%-80% no primeiro ano. Ou seja, ao fim de um ano, 200 “novos escudos” já não comprariam um euro, mas sim 20 ou 30 cêntimos. Uma brutal redução dos rendimentos e das poupanças dos Portugueses. Os Portugueses mais velhos, que viveram o final dos anos 70 e início dos anos 80 sabem do que falo. De como não era possível “passar Badajoz”, porque a moeda deixava de ter valor.

Também não é claro o que aconteceria aos nossos empréstimos com o exterior. Se permanecessem em euros, com a brutal desvalorização do escudo, teríamos muita dificuldade em pagar, e entraríamos em incumprimento. Se passassem para escudos, a perda dos investidores também seria muito elevada. Em todo o caso, esperavam-nos muitos anos pela frente sem crédito, com uma moeda muito fraca, que tornaria as importações proibitivas.

E não se acredite que isso tornaria as exportações mais baratas. Recorde-se que 50% do que exportamos implica importações. E depois o custo do capital dispararia, bem como os custos de transação entre o “novo Escudo” e o Euro. Além disso, ao desvalorizar a moeda, os trabalhadores reclamariam aumentos salariais que, no limite, neutralizariam esse efeito. A única hipótese de tal não acontecer era uma flexibilização total do mercado laboral, por forma a ajustar os salários reais. Não é isso que o Bloco espera, pois não?

E as taxas de juro só não “explodiriam” se o governo se comprometesse com excedentes externos e orçamentais elevados, por forma a atrair divisas estrangeiras. Uma “austeridade” muito superior à da Troika.

Por último, qual seria a posição de Portugal na União Europeia, saindo do Euro? Acreditam que os restantes 18 países da zona Euro estariam dispostos a continuar a aceitar Portugal e a negociar com o nosso governo?

Mas devemos mesmo ao Euro a estagnação da economia Portuguesa dos últimos 15 anos? Na realidade, a participação na moeda única trouxe um conjunto de benefícios económicos e financeiros, que não soubemos potenciar: uma brutal redução dos custos de financiamento, a eliminação de custos de transação monetária em 70% das nossas exportações e um nível de inflação baixo. Mas também benefícios políticos: a independência do Banco Central e o não controlo pelo poder político da política monetária. A emissão de moeda nas mãos dos políticos nacionais é o caminho para o desastre.

Entretanto, a deputada Catarina Martins deu uma entrevista ao jornal “i”, em que afinal parece que a austeridade ainda não acabou e que afinal a venda do Novo Banco já está tudo bem. Parece-me que esta história da saída do Euro, tal como a “reestruturação da dívida pública”, são como a história do “Pedro e do Lobo”. São uma fábula, em que para manter uns papalvos entretidos, se grita pelo “lobo”, mas sem nunca se explicar ou avançar para tal.

Convinha dizerem de facto o que querem, e explicarem que consequências estas “brincadeiras” teriam. E neste assunto da saída do Euro, bem como no da reestruturação da dívida pública, convinha que passassem das palavras, e apresentassem os estudos. Já vai demasiado tempo a falar do assunto para o ter estudado.

No fundo, seria transformar Portugal na Venezuela da Europa. Na semana passada, o governo da Venezuela (além do golpe de Estado em curso) proibiu as padarias de produzir bolos. Parece que a causa é a escassez de farinha, necessária para produzir pão. Qualquer economista sério dirá que é o falhanço do modelo socialista (na Venezuela e em qualquer outro lugar). O Bloco e o PCP dirão que é uma medida de saúde pública para combater a obesidade e a diabetes.

Que o PS (um partido Democrático e Europeísta, de Soares, Zenha ou Medeiros Ferreira), ande atrelado a esta gente, apenas diz do estado a que chegámos. E não me canso de citar Maquiavel: “Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela”.

https://eco.pt/opiniao/sair-do-euro-2/
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Opcard » 25/3/2017 9:36

Euro a prisão perpétua , amarrados para sempre ?

Para os países sul saída seria a falência imediata bacarrota haveria uma fuga de capitais generalizada a nova moeda valeria muito menos mas as responsabilidades continuariam em Euros '

Para Alemanha teriam consequências menos dramáticas mas teriam grandes perdas a sua nova moeda iria valorizar fortemente em relação ao euro , como o que lhe devem está em euros seria nesta moeda que iriam receber , nos últimos anos eles estão a colocar as suas economias e a investir fora da zona euro .

Alemanha tem uma poupança de 8% do seu PIB , ou seja não utilizam internemente os seus excedentes comerciais, nos 10 primeiros anos esse dinheiro foi canalizado para os países do Sul tudo parecia funcionar na perfeição um sistema monetário unificado obriga a que o dinheiro circule .

Mas para que serviu esse dinheiro no Sul ,bolhas imobiliárias , maus investimos , Projectos ridículos , empréstimos bancários que não são reembolsados ..... os alemães perceberam que nao podem fazer confiança estavam a lidar com povos pouco sérios que gastam o dinheiro dos outros em de álcool e mulheres .. .

É necessário fazer tudo para recuperar a confiança dos alemães( houve um político português que lutou por isso )
( repito vendo as contas na zona euro as poupanças alemãs estão a ser canalizadas para fora do espaço euro por enquanto tem sido o BCE com a sua liquidez a substituí-los , os não residentes tem vendido dívida que o BCE compra ) sem uma circulação monetária normal não vejo como pode funcionar o Euro .
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 25/3/2017 0:09

É preciso pôr os pés na realidade e deixar de ter ilusões. O crescimento económico de 1,5% previsto pelo Governo de António Costa para 2017 está longe de ser suficiente, dizem dois economistas alemães.

Portugal está “falido”, diz Thomas Mayer. Segundo o ex-economista chefe do Deutsche Bank, é preciso chamar os “bois pelos nomes”. Basta olhar para a dívida pública portuguesa, superior a 130% do Produto Interno Bruto (PIB).

Se não fosse o rating acima de “lixo” de uma agência de notação financeira, a DBRS, Portugal estaria em maus lençóis, constata Mayer.

“Assim que a DBRS reduzir o rating, Portugal deixa de se conseguir financiar no mercado”, sublinha.

O crescimento económico previsto no Orçamento do Estado é baixo, afirma Thomas Mayer, que não é o único a dizê-lo. O Conselho das Finanças Públicas defendeu, em meados de Novembro, que o crescimento “não pode resultar apenas de estímulos à procura interna”. Mais do que medidas pontuais, será preciso uma “mudança de comportamentos”.

O ex-economista chefe do Deutsche Bank concorda. Afirma que, para Portugal ser mais competitivo, teria de prosseguir as reformas do anterior Governo de Pedro Passos Coelho, como também já disse publicamente o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble.

“Mais horas de trabalho, mercados de trabalho mais flexíveis, talvez uma taxa de desemprego mais alta temporariamente. Coisas que o Executivo anterior fez, mas não tiveram continuação. Resta então uma única alternativa, sair do euro”, defende.

Mas, para outro economista alemão, Daniel Stelter, diminuir salários e aumentar horas de trabalho está fora de questão.

“Se se reduzisse os salários, a crise agravaria e seria mais difícil pagar as dívidas. Imagine que compra uma casa em Lisboa. Antes ganhava 5.000 euros, mas passa a ganhar 3.000. Ia ter problemas”, argumenta.

Por isso, este ex-consultor do Boston Consulting Group propõe assumir a falência e reestruturar a dívida.

“O racional seria sentarmo-nos, reestruturar a dívida, fazer reformas. E olharmo-nos olhos nos olhos e perguntar: quem consegue aguentar o espartilho do euro e quem não consegue”, defende.

Para alguns, isso significaria sair do euro. Mas Stelter duvida muito que isso aconteça: Os governantes europeus vêem que o “rei vai nu”, mas ninguém o diz.

“Imagine que Angela Merkel se recandidata a chanceler e diz: ‘a propósito, o resgate do euro vai custar-nos 1 bilião’. Isso não seria muito popular”, conclui o economista.

http://rr.sapo.pt/noticia/69706/economi ... ais_falido
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 19/3/2017 23:21

Para Cavaco Silva, só a Alemanha poderia sair sem grandes custos da zona euro. No entanto, não o faria "porque o marco valorizar-se-ia imediatamente".

Cavaco Silva não prevê “o desmoronamento do euro” e salienta que a maior parte dos políticos que defendem essa opção “ignoram as consequências”.

“Quanto ao desmoronamento, queria já agora explicar: eu acho que não se vai desmoronar a zona do euro, porque qualquer governo com o mínimo de bom senso que à sexta-feira pense em tirar o seu país do euro, no domingo entra em pânico sobre aquilo que acontece na segunda-feira”, afirmou o antigo Presidente da República em entrevista ao Público (acesso pago).

“A maior parte dos políticos por essa Europa fora e em Portugal que falam na retirada do seu país da zona euro eu acho que ignoram as dificuldades e ignoram as consequências”, acrescenta.

Para ilustrar as consequências no caso de Portugal, o ex-chefe de Estado cita as conclusões de um economista francês, Jean Pisani-Ferry, a propósito da Grécia: “a situação seria financeiramente caótica, socialmente devastadora e economicamente ruinosa”. “Estou convencido que Portugal será membro da união monetária, da zona do euro, enquanto ela existir, porque eu não prevejo que Portugal enlouqueça — porque só se Portugal enlouquecesse é que saía da zona do euro“, remata.

Num cenário destes, o país regressaria à moeda própria: “o escudo não é uma moeda aceite nas transações internacionais; uma moeda que não é aceite nas transações internacionais suporta o custo de transformação da sua moeda nas outras, um custo de transação e a incerteza cambial; como há uma incerteza cambial, as taxas de juro que esse país suporta são elevadíssimas”, diz.

“Há políticos que olham para a zona do euro e dizem que a zona do euro é a bruxa má, quando deviam agradecer as taxas de juro que este momento pagam em resultado da política seguida pelo BCE. De acordo com as contas da Comissão, só em juros da dívida pública o conjunto dos países da zona euro já poupou cinquenta mil milhões de euros”, adianta ainda Cavaco Silva.

Portanto, para o antigo Presidente, estão em causa “coisas óbvias”, ou seja, “só um enlouquecimento da parte de Portugal é que podia levar a que os políticos perdessem o pavor que devem ter, se forem responsáveis em relação ao dia seguinte”. Só a Alemanha poderia sair sem grandes custos da zona euro, mas não o faria “porque o marco valorizar-se-ia imediatamente”, declara.

Nesta segunda parte da entrevista — a primeira foi publicada no sábado –, Cavaco Silva também frisa que a saída do Reino Unido da União Europeia tem custos para os dois lados. No caso do Reino Unido, aponta a dificuldade em defender interesses na cena internacional; já a UE “perde um parceiro importante, que tem algumas especificidades únicas”. “É o que acontece em matéria de serviços financeiros. Todos sabemos que é um dos países mais desenvolvidos na área dos serviços financeiros, e também a capacidade militar. Quando se fala da necessidade de uma política europeia de defesa comum, a Grã-Bretanha tem uma capacidade militar e uma disponibilidade para a utilizar que os outros não têm”, acrescenta. Já “Portugal não tem razão para se preocupar mais do que se preocupa a média da UE” com o Brexit.

Questionado sobre o referendo, Cavaco Silva nota: “sou daqueles que têm alguma dúvida que numa democracia se possa decidir por um voto algo que ponha em causa os avanços institucionais, económicos, sociais alcançados durante décadas e que se lance uma carga muito forte, uma herança pesada sobre a geração futura”. E perguntou: “Costumo dizer: poder-se-ia decidir por referendo, por um voto, que se vá pôr fim à abolição da pena de morte? Que se deixe de proibir o trabalho de menores, de crianças? Há questões civilizacionais”. No caso da saída da UE, “são as gerações mais velhas que votaram claramente pela saída — que vão desaparecer não daqui a muito tempo”, concluiu o ex-chefe de Estado.

https://eco.pt/2017/03/19/cavaco-silva- ... a-do-euro/
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 18/3/2017 5:03

Iniciamos aqui, com a apresentação do livro «Euro, Dívida, Banca. Romper com os constrangimentos, desenvolver o País», a campanha nacional do PCP que realizaremos sob a consigna «Produção, Emprego, Soberania. Libertar Portugal da submissão ao Euro» que queremos e desejamos seja um importante contributo para um necessário e amplo debate sobre a produção nacional e o seu aumento e sobre os grandes constrangimentos que estão a pesar negativamente e de forma cada vez mais marcante no desenvolvimento do nosso País.

O mundo tem vindo a tornar-se cada vez mais inseguro e perigoso, para os trabalhadores, para os povos, para os Estados soberanos, para todos os que lutam ou aspiram a um futuro de progresso, de bem-estar, de justiça e de paz.

A grande crise capitalista, que irrompeu em 2007-2008, permanece na insuficiência de crescimento, na estagnação económica de vastas áreas geográficas e de actividade, na ameaça de novas crises financeiras na banca e nas bolsas, de novas recessões, de degradação ambiental, de agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das populações.

O mundo é hoje não só mais perigoso e inseguro, mas também um lugar mais injusto.

O aumento da exploração, das desigualdades, das discriminações, a perda de direitos, a concentração obscena da riqueza de uns poucos a par do empobrecimento de muitos milhões de outros, o capital acumulado à custa da fome, das dificuldades, da degradação da vida das camadas populares e de povos inteiros.

Estima-se que agora os 1% mais ricos têm mais riqueza do que todo o resto do mundo, os restantes 99% da população mundial. Ainda há pouco tempo se revelou que oito multimilionários, os mais ricos entre os mais ricos, têm tanta riqueza como a metade mais pobre de toda a humanidade.

O brutal endividamento de governos, empresas e famílias que, nominalmente, mais do que duplicou desde o início do século, a volumosa especulação financeira que volta a despontar em variados domínios, os programas de expansão monetária dos bancos centrais que estimulam a especulação financeira mas não o investimento produtivo, a combinação perversa do aumento da liquidez e da instabilidade mundial que alimenta a dimensão e a volatilidade dos fluxos financeiros, produzindo bolhas financeiras por um lado e secando o financiamento de sectores e regiões por outro.

A que se somam as contradições e as rivalidades inter-imperialistas, acirradas pela persistência da crise mundial, a disputa de esferas de influência e de domínio, a instigação de conflitos e a intensificação das desestabilizações, das intervenções e das agressões em vários pontos do mundo pelos Estados Unidos, a União Europeia e a NATO, a acentuação de confrontos visando a China ou a Rússia, o belicismo e a imprevisibilidade da nova administração estadunidense, a forma como a União Europeia reage ao processo da desvinculação do Reino Unido da União Europeia, o terrorismo e o terrorismo de Estado, as derivas securitárias e reaccionárias e o crescimento da extrema-direita nos centros capitalistas.

O mundo está, de facto, mais perigoso, inseguro e mais instável.

O grande capital transnacional, as principais potências capitalistas e as instituições supranacionais ao seu serviço, lançam mais achas para a fogueira. À desregulação financeira e ao descontrolo do movimento de capitais, junta-se a pressão para a maior desregulação do comércio.

Não sem contradições, como mostram as anunciadas intenções, ditas “proteccionistas”, do novo governo dos Estados Unidos, orientadas não pelos interesses dos trabalhadores e dos povos, mas pela preocupação com a sua sustentabilidade interna e o declínio económico relativo do seu país no mundo, orientadas também pelos interesses de fracções da oligarquia estadunidense.

O exemplo mais gravoso para o nosso País é o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, que liberaliza o comércio e investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos, mas o Parlamento Europeu aprovou no mês passado, com os votos favoráveis de PS, PSD e CDS, aquele que é considerado a sua antecâmara, o CETA, Acordo Económico e Comercial Global entre a União Europeia e o Canadá, que a Comissão Europeia pretende fazer vigorar «provisoriamente» enquanto decorre o processo de ractificação pelos Estados-membros.

As implicações e as ameaças dos tratados de livre comércio, verdadeiros tratados das transnacionais, colidem directamente com os ordenamentos jurídicos, o bem-estar e o desenvolvimento dos povos. O que se exige, pelo contrário, são acordos de cooperação mutuamente vantajosos, que salvaguardem a soberania nacional, que respondam às necessidades e interesses dos povos, que defendam os direitos sociais, laborais, democráticos, ambientais e ao desenvolvimento.
O envolvimento da União Europeia como agente activo e promotor da globalização capitalista, acrescenta mais uma dimensão aos condicionamentos que impõe ao nosso País, duplamente constrangido pelo mercado único e pela desregulamentação do comércio externo da União, pela concorrência aberta e desleal com países de muito maior produtividade e as transnacionais que exploram a mão-de-obra barata dos países em desenvolvimento.

Outra vez a União Europeia, construção dos grandes grupos económicos e financeiros europeus, a fazer valer a sua natureza e os seus objectivos de classe, outra vez a coagir a soberania e o desenvolvimento de Portugal.

Como o faz nesse outro processo que corre em simultâneo, a conclusão da União Bancária, que enfraquece, ou mesmo inviabiliza, o controlo público e promove a alienação, a “desnacionalização”, a dominação e a concentração da propriedade e gestão dos bancos nacionais pelos megabancos europeus.

Como o faz com a União Económica e Monetária e a trama que foi tecendo – o Euro, o Pacto de Estabilidade e Crescimento, a governação económica, o Semestre Europeu, o Tratado Orçamental –, de institucionalização das políticas de exploração e empobrecimento, do corte da despesa social e do investimento público, de promoção da concentração e centralização de capitais, que acentuou o enviesamento recessivo e especulativo da economia europeia.

Como o faz com a multiplicação e o aperto das ingerências, das pressões, das chantagens, dos ultimatos, como evidencia o aperto das próprias regras institucionais, o visto prévio do orçamento, os programas de estabilidade e nacional de reformas, a ameaça de sanções financeiras e de suspensão de fundos comunitários.

Foi dentro desta moldura económica e institucional, da globalização capitalista e da crise mundial, dos condicionamentos da União Europeia e da crise europeia, que Portugal foi duramente atingido pela crise em 2008, agravada posteriormente com a intervenção da troika, chamada por PS, PSD e CDS em Maio de 2011.

Ao ritmo, muito insuficiente, a que cresce, só lá para 2019 se aproximará dos níveis de produção de riqueza que tinha antes da crise, confirmando mais uma década perdida desde a introdução do Euro.

Portugal é hoje um país desindustrializado, dependente, periférico, empobrecido.

A indústria tem um peso no produto inferior em cerca de um quinto ao do final do século passado. A agricultura, produção florestal e pescas representam pouco mais de 2%.

Agrava-se por conseguinte a “terciarização” da economia portuguesa, com o aumento do peso do comércio e serviços. Mas também o seu carácter especulativo e parasitário, bem patente na subida acentuada do peso das actividades imobiliárias.

O investimento, em relação ao PIB, é o mais baixo desde o começo da década de 50 e já não repõe sequer a degradação e envelhecimento do aparelho produtivo. A despesa com a investigação e desenvolvimento também está em queda desde 2009. Assim se compromete seriamente o crescimento futuro.
As exportações aumentaram, mas a obtenção de excedentes comerciais reflecte sobretudo a contenção das importações com a compressão do consumo e do investimento. O comércio externo afunilou na União Europeia e na zona Euro. O défice tecnológico continua a deteriorar-se.

O peso do turismo torna-se cada vez mais determinante na actividade económica e nas exportações. As viagens e turismo já representam perto de metade das exportações de serviços. Mas a sua dinâmica, que beneficiou do desvio dos fluxos turísticos com a crise dos refugiados e as agressões e conflitos no Norte de África e Médio Oriente, está muito dependente das conjunturas externas e sujeita à competição agressiva de outros destinos na Europa e no mundo.
Apesar dos avanços nas energias renováveis, a dependência energética do País continua a ser gigantesca. Com recursos próprios, assegura apenas cerca de um quarto do seu consumo energético.

A soberania alimentar ainda é uma miragem e exigiria outra orientação não enfeudada ao agronegócio.

Os endividamentos público e externo atingiram níveis inauditos. Com uma dívida pública de 130% do PIB, Portugal é o quinto país do mundo com maior dívida pública. E com uma dívida externa de 105% do PIB, também é o quinto com maior dívida externa.

O País paga anualmente em juros da dívida pública mais de oito mil milhões de euros, dos quais mais de metade sai para o estrangeiro, para os credores oficiais da troika e os credores privados externos, fundamentalmente bancos e fundos de investimento.

As famílias e empresas também permanecem muito endividadas. O sistema bancário, globalmente deficitário, continua atulhado de crédito malparado.
Com as privatizações e a participação estrangeira no capital e dívida nacionais, foram drenados para fora do País, em termos líquidos, mais de 87 mil milhões de euros desde o início do século em juros, lucros e dividendos. Uma soma colossal que reflecte o crescente domínio externo da economia portuguesa.

A persistência da crise económica faz-se acompanhar pela persistência da crise social.

Deu-se, nos últimos anos, um forte agravamento da exploração dos trabalhadores, como atesta a expressiva diminuição dos custos unitários reais do trabalho.

A recuperação do emprego é muito insuficiente e mantém-se um elevado desemprego estrutural, incluindo jovens, diplomados do ensino superior e desempregados de longa duração.

A precariedade consolida-se massivamente, bem como a emigração. A natalidade é a mais baixa da União Europeia. O País envelhece e perde população.

O bem-estar económico e social dos portugueses permanece aquém dos níveis europeus. O PIB e o consumo per capita estão claramente abaixo da média da União Europeia e a léguas dos seus países mais desenvolvidos. Em contraste, as desigualdades salariais e sociais estão claramente acima.

São cada vez mais os trabalhadores a ganhar o salário mínimo. Portugal tinha, em 2015, cerca de 2,6 milhões de pobres. Se não fossem as transferências sociais, incluindo as pensões de reforma e sobrevivência, seriam perto de metade da população, mais de 46%. Cerca de um quinto da população vive em privação material.

O atraso, o subdesenvolvimento, a degradação e o empobrecimento do País são o resultado de problemas estruturais – da dominação monopolista, dos constrangimentos da União Europeia, do enquadramento internacional, da crise do capitalismo – e o resultado da política de direita, prosseguida pelos sucessivos governos, reforçada pelo anterior do PSD/CDS e a intervenção da troika.

O governo minoritário do PS vive uma contradição insanável. A recuperação e a melhoria dos níveis de vida do povo português colidem com o acatamento dos condicionamentos da União Europeia, especialmente os que decorrem da integração monetária, e com os interesses dos grandes grupos económicos, associados e dependentes dos monopólios estrangeiros.

Os limites da governação são cada vez mais visíveis. O restabelecimento e o progresso da situação material da população, mais geralmente o desenvolvimento do País, exigem o enfrentamento dos constrangimentos externos e do grande capital nacional.

Portugal beneficia, numa conjuntura que pode alongar-se, das baixas taxas de juro, dos baixos preços de petróleo, do Euro depreciado, do prolongamento do programa de expansão monetária do BCE, da recuperação económica nos principais destinos das suas exportações (Espanha, França e Alemanha), além do afluxo de turistas desviados de outros destinos. Factores favoráveis, mas que o País não controla, nem determina e que, ainda assim, são incapazes de o retirar da estagnação, como comprova a insuficiência do crescimento. E que fazem recear por este, quando já não estiverem presentes.

Há uma grande verdade que o PS precisa de entender: problemas estruturais só se resolvem com soluções estruturais.

Portugal precisa de combater os seus défices, energético, alimentar, tecnológico e demográfico. Precisa de afirmar a sua soberania e resistir ao rolo compressor da globalização capitalista, defender o seu mercado interno e a sua produção nacional, não para comerciar menos mas para comerciar mais, não para fechar Portugal ao mundo, mas para desenvolver relações comerciais e de cooperação mutuamente vantajosas.

Mas entre os mais graves constrangimentos estruturais, cuja resolução está ao alcance da vontade, da determinação e da luta do povo português, embora conte com a oposição actual de PS, PSD e CDS, contam-se a devastadora integração no Euro, o colossal endividamento público e externo, a dominação monopolista sobre a banca.

Portugal não está condenado ao declínio e a uma posição cada vez mais subalterna na divisão internacional do trabalho, não está condenado à estagnação e ao empobrecimento.

Mas para isso precisa de crescer e de se desenvolver. Precisa de investimento para promover a produção e a produtividade, a competitividade, o crescimento, o emprego e o bem-estar social e precisa de ganhar margem de manobra para afirmar o seu projecto soberano de desenvolvimento.

As libertações do Euro, da dívida e da banca privada, destinam-se precisamente a criar condições para assegurar o financiamento desse investimento e desse crescimento e para ampliar a autonomia e as potencialidades do desenvolvimento nacional.

Na concepção do PCP, estas três rupturas, a libertação da submissão ao Euro, a renegociação da dívida, o controlo público da banca, são interdependentes. Concebidas, preparadas e, sem prejuízo de avanços particulares, concretizadas em conjunto, numa solução integrada, articulada com a orientação e as medidas de uma política patriótica e de esquerda para o País.

Aproveitando conjunturas particulares, progressos parciais em cada área são possíveis e bem-vindos, mas é uma evidência que necessitam, a dado passo do seu aprofundamento, da libertação dos condicionamentos económicos e políticos do Euro.

Basta dizer que, desde a adesão, Portugal foi um dos países que menos cresceu no mundo e um dos países que mais se endividou no mundo. Daí a justeza da campanha lançada pelo nosso Partido.

A política de recuperação de rendimentos e direitos, para ser consistente e consequente, não pode ser permanentemente posta em causa e contrariada pelo enquadramento estrutural e institucional em que intervém.

Sem atacar os constrangimentos externos, designadamente do Euro e da dívida, e enfrentar o capital monopolista, designadamente na banca, não será possível avançar muito e será sempre possível recuar muito. A história recente do País mostrou-o.

Este livro, que o camarada Vasco Cardoso apresentou na sua essência, é uma proposta de reflexão, com uma radiografia actualizada da situação nacional e das consequências do Euro, da dívida e da banca privada, e uma fundamentação da necessidade – como diz o título – de romper com esses constrangimentos para desenvolver o nosso País.

Muito obrigado pela vossa atenção.

http://www.pcp.pt/euro-divida-banca-rom ... olver-pais
 
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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 12/3/2017 4:40

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Re: Portugal: Sair da Zona Euro?

por Ocioso » 12/3/2017 4:36

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