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Caldeirão da Bolsa

Uma farsa chamada IRC

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por zé povinho » 31/3/2004 21:55

voltei a ler este tópico porque ele foi "reanimado", e por isso não posso deixer de referir que há no post do fproença alguma imprecisão.

quando ele refere que uma empresa pode dar muito lucro e pagar poucos impostos, para isso bastando distribuir os lucros pelos sócios ou funcionários...

aqui a figura "sócio" está a mais: só pode daquela forma distribuir pelos empregados, já que aos sócios só o pode fazer na forma de distribuição dos lucros após a determinação da matéria colectavel, e dessa forma será a empresa obrigada a pagar IRC sobre essa matéria colectavel.

foi exactamente para impedir pagamentos a sócios que sejam uma forma "encapotada" de distribuir lucros que o Fisco passou a só aceitar o pagamento deste tipo de "prémios" a empregados.

respondendo a MJOSE: o grande problema do fisco em Portugal passa, como apontei na anterior intervenção, pela falta de inspecções.

pratiocamente acabaram com os Inspectores de Finanças, pois a certa altura nem dinheiro havia para lhes pagar os passes sociais que lhes permitia deslocarem-se (lentamente).

é mais um caso da inteligência do Estado: para não pagarem tostões não podem fiscalizar milhões :mrgreen:

- a menos que a medida tenha sido tomada de propósito :wink:
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por MJOSE » 31/3/2004 21:30

Tenho pena ...realmente que pensem assim de todos os empresários. :cry: :cry:

Mas há empresários e há patrões....e o problema não é só dos impostos mas também das mentalidades, que infelizmente existem actualmente(trabalhadores dependentes e independentes).
Talvez se a fiscalização fosse igual para todos e os impostos fossem pagos não fosse necessário este cenário negro em que vivemos.

Espero sinceramente que mudem rápidamente as mentalidades. :?: :?: :?:
MJOSE
 

por Ming » 29/3/2004 22:02

E já agora, para concluir:

Acho que tambem podem contar com as vacas loucas para acabarem de destruir o tecido empresarial nacional.

O estranho é depois ouvirem-se queixas sobre as deslocalizações e o desemprego.
Earthlings? Bah!
 
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por Ming » 29/3/2004 21:58

Estava decidido a não participar testa tread, mas tenho que dar razão ao dito pelo fproença (apenas com algumas reservas em relação a pormenores).

De resto acho imensa piada que não liguem esta história do IRC a outros factos conhecidos.
Só como exemplo (e saltando detalhes como a carga burocrática e fiscal extra-IRC): Que tal analisar a percentagem de empresas que apresenta lucros fiscais superiores ao pagamento especial por conta à luz do aumento galopante das falências (Portugal está em primeiro lugar na EU...) e da redução enorme na criação de empresas?

Mas fiquem com os comentários standard que é costume produzir sobre estes assuntos (e que já aparecem profusamente nesta tread).

Sejam felizes! (E não se esqueçam de votar no berloque, nos cassetes, ou no fefe, que saberão acabar de limpar o sebo aos malandros dos empresários...)
Earthlings? Bah!
 
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por fproenca » 29/3/2004 21:26

Bem ... a realidade é não tanto como tentam demonstrar aqui.

Em primeiro lugar todas as Empresas com mais de 2 anos de actividade paggam (deveriam pagar) IRC, por causa do Pagamento Especial por Conta, mesmo que dê prejuiso, se o volume de negócios for alto paga mais do que o minimo que é 1250 euros por ano, pois imposto (PEC) é 1% do volume de negócios.

Mas além de pagar o PEC pode pagar mais IRC em maio de cada ano, quando a Empresa apurar o lucro e se o imposto entregue via PEC for inferior áquele imposto paga o remnascente, eu só quiz dizer com isto tudo que as Sociedades pagam (se não pagarem ficam sujeitas a coimas e juros) sempre IRC, falta é saber como se Fiscaliza

Agora há outra coisa importante a falar, será que as Empresas estão assim tão bem para pagarem IRC ? Meus amigos, em Portugal está quase tudo no "charco" só mesmo serviços, restauração, turismo e pouco mais dá algum dinheiro. Que se produz em Portugal ? Já repararam na prviniência dos produtos que estão nos hipermercados ?

A minha esposa tem pequena loja (sociedade) tipo "casa 300" e quase nada que está lá é produzido em Portugal, por sua vez um amigo meu tem uma fábrica de metalurgia que está praticamente parada porque diz que por muito que invente (ele é bom até fabrica as máquinas para própria Empresa) não consegue produzir o mesmo produto a preço de custo que é vendido a preço de venda (importado) na dita loja, é a realidade eu conheço bem a realidade disto

Por outro lado como estou em contacto directo com muitas Empresas (vvia contabilidade) afirmo mais do que nunca, este País está praticamente falido no que diz respeito a pequenas médias Empresas, algumas já só vivem do crédito na esperanças de dias melhores

Agora também posso dizer outra coisa, a nivel de pequenas Empresas (sociedades IRC) e Empresários (IRS), ha certos ramos de negócio de nivel de Empresários que fogem muito mais ... para mim onde se foge mais continua a ser o IRS, até porque uma sociedade existe muitas vezes para fazer face ás necessidades dos sócios e dos Empregados

Um sociedade pode dar muito lucro, pagar poucos impostos e estar proceder correctamente, basta para tal distribuir os lucros pelos sócios ou funcionários, a sociedade deixa de pagar IRC, e por sua vez os beneficiários que ficaram os parte dos lucros vão pagar IRS o que acaba por dar ao mesmo

Se formos a ver com atenção, se o IRC baixar para os tais 25% como prometido, fica bem abaico do escalão que muita gente paga em IRS, por isso é que agora não faltam sociedades Unipessoais, na maoria das vezes compensa mais pagar IRC do que IRC, ou pelo menos distribuir de uma forma que dê mais resultado, para isso é que servem os profissionais e não é "dar a volta" é apenas fazer bem o trabalho :mrgreen:

Pode não parecer, mas isto está mesmo em baixo, e se Portugal continuar sem competir com os Espanhois, qualquer dia não há Empresas Portuguesas ! Acreditem ...

Abraço
"Os simples conselhos, recomendações ou informações não responsabilizam quem os dá, ainda que haja negligência da sua parte" (Art. 485º do Código Civil)
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por Visitante » 29/3/2004 20:46

Se todos pagassem os impostos que o estado lhes pede, os cofres rebentavam e se todos cumprissem as leis de transito as nossas cidades bloqueavam e por aí fora...

Para haver honestidade o exemplo tem de vir de cima!

Sou um pequeno empresário que não pode fugir ao IRC e aos outros impostos devido ao tipo de actividade em que estou.
À uns tempos para cá que apenas trabalho para pagar impostos, muitas vezes com juros pq vao fora de prazo. Emfim estou a sobreviver.

No entanto o estado deve-me milhares e quando se decidir a pagar não me vai pagar com juros.

Estou certo que grande parte das nossas pequenas e micro empresas estão perto da falencia, as grandes procuram sair para conseguirem ser competitivas. Que vai ser do nosso pais? Turismo e grandes eventos? será suficiente?

Enfim, temos o país que queremos e que merecemos!
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por Visitante » 29/3/2004 20:21

Bom... agora está na hora de ir jantar a um bom restaurante por conta da empresa, porque para descansar não servem só os funcionários públicos e os malandros dos ...
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"...em plena democracia..."

por bboniek99 » 29/3/2004 19:51

Bom... nao era preciso ofender ! :x
bboniek99
 

por Visitante » 29/3/2004 19:32

tirando a última frase, o resto já sabemos que é verdade e concordo. Mas custa ver tanta hipocrisia em plena democracia...
Visitante
 

Estão admirados??????

por Visitante » 29/3/2004 19:27

Entaõ e quanto paga em media um advogado???
E um engenherio??
E um arquitecto???
E um taxista??

Os carros deles, da mulher, dos filhos, das amantes, estão no nome das empresas...

As gasolinas, almoços, festas e banquetes,são pagos pelas empresas...

As compras no supermercados, e o vestir, são despesas de representação...

As verias no HAvai, Brasil, Cuba, Republica Dominicana, Chile, etc, são despesas de coloquios e congressos...

Conheco um que vai para a faculdade de Masarati e esta isento de propinas, ahahahahahah

Meus amigos, este pais subrevive, ás custas dos trabalhadores dependentes e ate nestes os empresários retem o IRS retido bem como a Segurança Social e não o entregam ao Estado!!!!

Penso ate que tirando os funcionarios publicos e os trabalhadores dependentes de grandes empresas, tudo o resto anda a saque...

E as mais valias por acaso alguem as declara???

Enfim é o pais que temos, por isso cada vez mais, gostava de ser Espanhol e que o maldido do Dom Afonso Henriques, tivesse falecido logo em criança...
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por Visitante » 29/3/2004 19:26

Se a legislação fosse muito, muito simplificada e clara, as taxas fossem baixas, não houvesse excepções òu isenções, os controles fossem muito simples, e quando alguem fosse apanhado "até porque normalmente é distraido", apanhasse uma multa daquelas que doíam mesmo a valer isto mudava muito...

Mas porque será que se quer complcar? e porquê isentar quem já tem grandes rendimentos?
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por Visitante » 29/3/2004 19:04

Qual é a justiça do sistema fiscal, em sede de IRC, quando vemos este ano o Pagamento Especial por Conta, passar dum limite máximo de 40000 contos para 40000€, quando o limite mínimo se manteve nos 1250€?, Isto ajuda quem? o pequeno ou o grande?
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A máquina fiscal

por Visitante » 29/3/2004 18:59

não funciona, porque interessa a quem legisla, e na maior parte das vezes os 1ºs a darem um péssimo exemplo são os próprios governos, e basta olhar para a fuga que os seus intervenientes (digam-se deputados) no IRS, já para não falar nas empresas a que alguns administram/presidem.
Tive um caso numa das minhas empresas onde os 2 fiscais que me vieram fiscalizar eram familiares :lol:
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por Visitante » 29/3/2004 18:57

Há pouco dizia um fiscalista na SIC notícias que parte do problema se resolvia com o levantamentos do sigilo bancário.

Que até os empresários dignos desse nome (à excepção da AIP) concordam.

Dizia ele que o problema são os partidos políticos. Esses é que de facto pelo menos para já não querem de facto.
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por azarento » 29/3/2004 17:48

Thomas Hobbes, tb já vi casos assim...
Um abraço.
o Forex é um modo de vida... ;)
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por Visitante » 29/3/2004 17:38

O artigo inicial está bem feito. O IRC é um imposto feito à medida dos habilidosos e das habilidades que em qualquer altura se quer permitir, mas especialmente prático para quem não quer pagar impostos.

Têm posto à frente das finanças quem pode perceber alguma coisa mas não tem interesse em alterar as coisas, ou especialmente quem percebe muito pouco e só vai arranjar maneira de complicar, para que tudo se torne ainda mais pantanoso.

Quando aparecer alguem com poder a simplificar objectivos e procedimentos, podemos acrediatr que há algum interesse em tornar o IRC claro e eficaz.

Acham que se justifica o Estado deixar alguma empresa funcionar muitos anos se não tem lucro? se não paga impostos? então são instituições beneméritas? é com mentalidade da desgraça que as empresas podem competir? mas será que enganam alguem? ou que alguem se deixa enganar?

Lembram-se que ainda há pouco tempo apareceu o relatório sobre o probleema da competitividade e que uma das razões principais era a fuga ao fisco, que não permitia às empresas ganhar dimensão e serem geridas segundo as boas técnicas de gestão?

Não vou gastar mais palavras. Só digo que se a incompetência e os jeitos pagassem imposto há muito tempo que o IRC era diferente
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Sim

por Thomas Hobbes » 29/3/2004 16:58

A nossa máquina fiscal, está mais interessada em ver se eu tenho os livros selados em dia!!!!

tive uma pessoa na minha empresa durante um dia a verificar os livros selados.

ainda por cima almoçou a borla na cantina

sem comentários.
Todo o Homem tem um preço, nem que seja uma lata de atum
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por josema » 29/3/2004 16:46

:lol: :lol: :lol: , é o mínimo comentário à nossa máquina fiscal. É velha, cheia de reumático, e quem a manuseia gosta dela assim.É míope, o que desculpa tanta cegueira, mas assim é que é bom: quem não vê não peca... Paradoxalmente, é fina que nem um rato para com os que trabalham por conta de outrem: não viram que a grande reforma na fiscalidade consiste em cruzar dados da S. Social com o Fisco? Que peixe será apanhado nesta malha: o pequeno, claro. Meus amigos leiam a história da fiscalidade em Portugal. Desde que há fisco, nunca funcionou doutro modo. Como diria o outro: é a vida!
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por zé povinho » 29/3/2004 15:42

que o Meloo tenha vendido a Soponata a estrangeiros nada me admira - afinal a sua posição nos transportes marítimos reduzia-se a isso, e não devia haver ninguém em Portugal interessado nessa compra - porque a GALP está mais numa de vender que em comprar.

o ter feito parte do Manifesto dos 40 é que não se percebe...

quanto ao Fisco: a culpa é dos sucessivos governos que acabaram com as Inspecções, que diabo... fazer uma listagem das empresas que declaram sistematicamente prejuizo e ir lá fazer uma inspecção, por mais que custe é obrigatório, para manter algum respeito e "medo" do fisco.
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Este País

por Visitante » 29/3/2004 15:36

está cheio de hipócritas, como é possível que as empresas não criem riqueza e se vêm tantos empresários com grandes carrões, grandes vivendas e apartamentos? Simples: quem deveria fiscalizar ainda ajuda esses mesmos a fugirem ao fisco dando-lhes »facilidades e dicas« para issso, claro que depois também querem uma fatia do »bolo«. O dinheiro fala mais alto do que a própria honestidade.
Agora vão dizer que a corrupção se deve aos »baixos salários« :lol:
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Uma farsa chamada IRC

por TRSM » 29/3/2004 15:26

Uma farsa chamada IRC
Fossem as declarações de impostos um espelho aproximado da realidade e teríamos a maioria dos empresários como legítimos beneficiários do rendimento mínimo garantido.

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Paulo Ferreira
pferreira@mediafin.pt


Fossem as declarações de impostos um espelho aproximado da realidade e teríamos a maioria dos empresários como legítimos beneficiários do rendimento mínimo garantido.

Porque não passa pela cabeça de ninguém que seja possível a sobrevivência de um tecido económico onde mais de metade das empresas diz que acumula prejuízos ao longo de anos sucessivos.

Esta falsidade das declarações tributárias, que salta aos olhos até dos mais distraídos, é demasiado antiga. E nela podemos rever o país que funciona com permanentes expedientes e truques para fugir às mais básicas obrigações legais, sociais ou de cidadania.

É igualmente chocante a continuada incapacidade de governos e da máquina fiscal em atacar o problema. Com os dados da cobrança de IRC que são apresentados nesta edição podemos desfazer alguns mitos que muitas vezes são construídos à volta das nossas empresas e empresários.

Um deles é saber quem são afinal, nesta matéria, os lobos e os cordeiros. As maiores empresas, algumas cotadas, outrasmultinacionais, são as que pagam a generalidade da factura. Porque são grandes e lucram muito, é verdade.

Mas também porque os mecanismos laterais de fiscalização a que se sujeitam (desde logo porque estão sobre o permanente escrutínio dos mercados de capitais) impedem que pisem demasiado o risco da subfacturação ou da ocultação de prejuízos.

Do lado oposto temos os negócios mais pequenos, onde é legítimo concluir que se usa e abusa daqueles esquemas. Outro mito tem a ver com a real importância do nível da taxa de IRC para a competitividade de muitas PME.

É que para mais de metade das empresas, Portugal funciona como um verdadeiro paraíso fiscal. Elas auto-excluem-se do pagamento do imposto sem que sejam penalizadas por isso. Será que a descida da taxa de IRC vai alterar alguma coisa para estas empresas e para a sua competitividade?

Duvida-se. Diferente é o caso das que realmente pagam imposto. Essas sim, podem ganhar e vão ganhar. É quando olhamos para estes números que não podemos deixar de nos indignar com os protestos contra o remendo do Pagamento Especial por Conta e as alegadas dificuldades que ele veio trazer à generalidade das pequenas empresas.

Só um país demasiado habituado a não pagar impostos é que pode levantar-se quando lhe pedem, por especial favor, que contribua com alguma coisa. É uma injustiça para algumas empresas que vivem verdadeiras dificuldades, sem dúvida.

Mas injustiça muito maior é este regabofe de só pagar quem quer, quanto quer e quando quer.

P.S. - Só para que conste: José Manuel de Mello, promotor do Manifesto dos 40 em defesa dos centros de decisão nacionais, acaba de vender a Soponata a americanos.

O cheque, de 342 milhões de euros, é mais um documento interessante no dossier do patriotismo dos empresários.

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