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Caldeirão da Bolsa

Voltou a berraria

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Comentário

por josema » 28/2/2004 1:31

Parabéns, ao TRSM e Jotabil pelas respectivas análises sobre o "momento" europeu. De facto os problemas da UE não resultam da cor governativa, mas da incapacidade do U (de união) ter dimensão do E (europeia). Temos várias europas, ou se quiserem senhores vários que querem Europa quando este termo significa "fundos estruturais" e a rejeitam quando o seu ego se sente beliscado. Como dizem as crianças, quando durante um jogo alguma não respeita as regras, assim não vale.
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comentário

por jotabil » 27/2/2004 19:07

Caro Faustino

A causa reside noutros motivos.
A Alemanha, desde 1991 e de um modo geral toda a Europa ficou à míngua após a 1ª demonstração de poder no Iraque feita pelo sénior Bush.
O que se passou na realidade, foi a expulsão do Iraque de empresas de vários sectores tanto Francesas, Belgas...holandesas como nucleares Alemãs.Daí vinham os réditos dessa "Orópa" que até sonhou em Maastrich fazer um império à medida.
A partir dessa expulsão a Europa tem apenas sobrevivido.
A partir dessa data o fluxo dos petrodólares foi reencaminhado para o investimento nos USA e nos UK.
A Europa foi condicionada e apenas sobreviveu.
Apesar de tudo.....tentou a expansão através dos balcãs...mas os USA cortaram-lhe o passo tanto na ex-jugoslávia como ...a seguir na Bósnia e no kosovo....de resto como podes facilmente comprovar.
Desde sempre os USA-UK têm dito aos "orópéus" qual é a sua dead line....que começa...no Afeganistão....mar Cáspio...tetchénia....mar Negro...balcãs. Qualquer interesse da "Orópa" que ultrapasse esta linha é motivo para mais uma demonstração de força.
Após esta segunda demonstração de força....podes calcular qual é o estado desta "Orópa" interesseira e metidiça... como é apreciada pelo outro eixo.
Em meu entender é esse o real problema desta "Orópa" construida à sombra da liga do carvão e do aço e que alimentou a ideia que podia controlar, dentro da lógica do petróleo, a zona mais rica da terra.
Estamos à míngua....o saco é dos USA-UK e eles só o vão abrindo à medida do que lhes convém....e a Orópa lá vai sobrevivendo na justa medida desses interesses....é essa a luta maior.....a estratégia de que tenho falado.
Dou-te o mérito de começares a levantar o véu.

cumps.
Se naufragares no meio do mar,toma desde logo, duas resoluções:- Uma primeira é manteres-te à tona; - Uma segunda é nadar para terra;
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Bom artigo

por Crespo » 27/2/2004 17:22

Talvez o mal esteja em quem governa e os das rosas não têm sido bons governantes,nem cá,nem lá
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Voltou a berraria

por TRSM » 27/2/2004 16:31

Voltou a berraria
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O declínio económico da Alemanha dura há praticamente uma década. E os juros não são a razão. O problema é que o motor da Europa deixou de nos empurrar. Agora só puxa e é para trás.
Sempre que um político no activo vem questionar na praça pública as decisões de um banco central, é sinal que algo de muito importante está a perturbá-lo e que, obviamente, ele é o último a querer dizer exactamente o quê.

Se esse político é um ministro das Finanças é porque o assunto é sério. Se é um primeiro-ministro, já somos nós que devemos ficar preocupados. Se forem dois primeiro-ministros, então, é caso para sobressalto.

E, sendo um alemão e outro francês, sendo o alvo o BCE e a monstruosa taxa de 2% que fixou nos juros, então, definitivamente, é porque: o problema que os perturba não é deles – é nosso; e os juros não são o problema – apenas o pretexto.

Não é inédito, mas há muito que não se assistia a duas intervenções tão ostensivas, porventura concertadas, dos chefes de Governo das duas maiores economias da Europa, que juntas valem metade da Zona Euro, contra as taxas de juro e o suposto travão que elas representam à tão ansiada retoma.

O encadeamento dos argumentos apresentados ontem pelo chanceler Schröder e pelo senhor Raffarin é linear e até, empírica e tecnicamente, demonstrável: como existe uma relação entre os níveis de juros e a taxa de câmbios, como o euro está a valorizar-se bastante face ao dólar, como isso prejudica seriamente os sectores que dependem das exportações, como as exportações são fundamentais para o crescimento económico da Europa, logo os juros estão demasiado altos, o BCE deve abandonar a sua ortodoxia, pois ela agrava o estado de saúde da economia europeia.

Certo? Falso? As duas coisas. Porque este é um daqueles casos em que se pode chegar a uma conclusão que é uma mentira, a partir de várias premissas isoladamente correctas.

É um facto que o euro se apreciou quase 20% face à divisa americana, mas o registo histórico entre as relações cambiais entre os dois blocos económicos não confirmam que a taxa de câmbio esteja acima da média das últimas três décadas.

É um facto que taxas de juro mais elevadas provocam, teoricamente, um aumento da procura dessa moeda. Mas não é o contrário que a Alemanha e a França pedem? Taxas de juro mais baixas não desincentivam a poupança?

Ok, até se pode admitir que, numa situação de estagnação prolongada, um choque duplo provocado pela política orçamental e pela política monetária – a receita seguida pela dupla Bush & Greenspan – dê a morfina necessária para o corpo voltar a mexer.

Mas voltamos ao problema inicial. Os juros não estão altos. Logo, a questão é outra. É estrutural e não é monetária. Há 23 anos, os alemães eram 20% mais ricos que os outros europeus. No ano passado, pela primeira vez, o PIB per capita alemão terá ficado abaixo da média da UE.

A revista “The Economist” alerta para o facto de apenas 4 países dos Quinze terem níveis de rendimento mais baixos. Não é apenas o efeito estatístico da reunificação. É mesmo declínio económico. E num ritmo alarmante.

O PIB por cada europeu, apesar da Alemanha, cresceu na última década mais do que nos EUA. Enquanto o Velho Continente penava para criar emprego a uma taxa de 1,3% ao ano, a Alemanha praticamente ficou com o mercado de trabalho estagnado (0,2% ao ano).

O motor da Europa há muito que só puxa, em vez de empurrar
 
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