O fim da Idade das Trevas
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Futebol....
O texto está muito interessante, no entanto pouco fala nas relações escuras entre futebol e politica.
O futebol em Portugal é um refelxo do que se passa na sociedade.
Mas uma coisa é certa, um dia a casa vem abaixo, porque as pessoas lá envolvidas só podem esticar a corda até um certo ponto.
Para mim o futebol, já passou para segundo plano, existem problemas mais importantes na nossa sociedade que a "corja" que habita esse mundo podre e decadente.
Como tudo que está decadente, um dia acaba, cristalizados na sua própria impotencia e decrepitude.
Pode ser que os magnificos estádios vazios, seja o inicio de fim de uma era que todos querem esquecer.
O futebol em Portugal é um refelxo do que se passa na sociedade.
Mas uma coisa é certa, um dia a casa vem abaixo, porque as pessoas lá envolvidas só podem esticar a corda até um certo ponto.
Para mim o futebol, já passou para segundo plano, existem problemas mais importantes na nossa sociedade que a "corja" que habita esse mundo podre e decadente.
Como tudo que está decadente, um dia acaba, cristalizados na sua própria impotencia e decrepitude.
Pode ser que os magnificos estádios vazios, seja o inicio de fim de uma era que todos querem esquecer.
Todo o Homem tem um preço, nem que seja uma lata de atum
FANTÁSTICO
Preciso , con(siso). Em suma na "mouche". Muito bem escrito. Parabéns. 

O fim da Idade das Trevas
O fim da Idade das Trevas
fsobral@mediafin.pt
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Quando terminar o Euro’2004, o último a sair que apague as luzes e feche a porta.
Agora que a União Europeia não quer que Portugal gaste muito mais dinheiro em autoestradas, o país percebeu a tempo que tinha de continuar a investir na modernidade e antecipou-se a Bruxelas. Dedicou-se assim, com afinco, a erigir múltiplos estádios de futebol, sob o olhar benevolente da UEFA.
É certo que esta organização, garantidos os patrocinadores e construídos os estádios, tem mostrado menos empenho em permitir que Portugal utilize a boleia do Euro’2004 para promover as potencialidades turísticas do país.
Mas, em período de festa, e enquanto não chegarem as contas de manutenção dos nossos belos estádios que vão servir para ver jogos em que há uma média de 50 faltas e 45 minutos de tempo útil, ninguém se vai preocupar com coisas menores como essas.
Quando terminar o Euro’2004, o último a sair que apague as luzes e feche a porta. O sr. Gilberto Madaíl, condecorado, deverá ter direito a uma reforma dourada na UEFA.
E se Portugal ganhar o campeonato até poderá vir a ter o seu nome em várias das rotundas que se constroem no país. O sr. Valentim Loureiro talvez não resista ao canto da sereia do Parlamento europeu.
Deixarão assim o sr. Dias da Cunha com uma lupa em busca do célebre “sistema”, Guimarães à procura do dono do seu estádio, o sr. João Vieira Pinto à espera de “quem assuma alguma coisa” e o sr. Luís Filipe Vieira a olhar para o céu para ver se cai uma “equipa maravilha” qualquer.
E o sr. Pinto da Costa vai poder continuar a passear a sua “célebre ironia”, sem adversários à altura. Será a altura ideal para fazer a reforma daquilo a que alguns chamam a indústria futebolista nacional?
Talvez. Isto se, mais uma vez, as atenções não forem distraídas pelas presidenciais e por mais umas quantas discussões sobre os árbitros e as blusas rasgadas.
O grande problema é que não aparecem no horizonte cavaleiros de esperança, que consigam ultrapassar os discursos das meias-verdades e os acordos insondáveis quando a noite faz com que todos os gatos sejam pardos.
O “sistema” não é um Senhor dos Anéis que controla o futebol português. É um conjunto de acordos pouco transparentes que foram sendo, com paciência, entrelaçados ao longo de anos, criando uma colcha. O edifício foi sendo construído e, hoje, como naqueles “bunkers” de dezenas de andares, já ninguém se conhece.
São todos funcionários cinzentos que devotam a sua existência à gestão da sua sobrevivência. O futebol português tornou-se nisso: um imenso universo kafkiano de proletários da burocracia, onde não há espaço para uma ideia nova. E quando ela surge é rapidamente colocada no pântano de enganos onde definha até desaparecer.
É isso que o sr. Dias da Cunha nunca poderá entender. É também isso que o sr. Luís Filipe Vieira nunca poderá controlar. E é isso que faz o sr. Pinto da Costa um general vitorioso que se pode dar ao luxo de dizer o que quer sem medo de que um alçapão se abra debaixo dos seus pés.
Ninguém, no fundo, quer mudar o “sistema”. Nem mesmo o sr. Dias da Cunha. Todos só querem utilizar os militantes funcionários a seu favor. O grande risco do Euro’2004 é que, podendo ser o momento do “turning point”, se torne o início de um novo ciclo da Idade das Trevas que tem dominado o futebol indígena.
Sem dinheiro, os clubes definham. Com jogos que parecem maratonas propícias ao sono, o espectáculo é algo que dificilmente surgirá porque se afagou uma lâmpada dos desejos. Com líderes que apenas buscam um minuto de glória frente aos televisores, o futebol português vai-se desintegrando.
Um dia destes acorda-se e restam três ou quatro clubes com capacidade europeia e uma legião de “lumpen-proletariat” do pontapé na bola. O problema é que ninguém quer sair desta Idade das Trevas onde o sonho absoluto é ter o anel do poder.
Será uma pena que não se aproveite o pós-Euro’2004 para renovar o panorama sonolento do futebol nacional. Precisam-se de pessoas que pudessem começar a mostrar que é possível renovar o ar, e torná-lo respirável, no futebol português.
A menos que se considere que o país, depois do ciclo das auto-estradas e depois do ciclo dos estádios novos, tem um novo desígnio: iniciar o ciclo das esplanadas. Onde se espera, calmamente, que o tempo, os estrangeiros ou as moscas, resolvam aquilo que não conseguimos.
fsobral@mediafin.pt
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Quando terminar o Euro’2004, o último a sair que apague as luzes e feche a porta.
Agora que a União Europeia não quer que Portugal gaste muito mais dinheiro em autoestradas, o país percebeu a tempo que tinha de continuar a investir na modernidade e antecipou-se a Bruxelas. Dedicou-se assim, com afinco, a erigir múltiplos estádios de futebol, sob o olhar benevolente da UEFA.
É certo que esta organização, garantidos os patrocinadores e construídos os estádios, tem mostrado menos empenho em permitir que Portugal utilize a boleia do Euro’2004 para promover as potencialidades turísticas do país.
Mas, em período de festa, e enquanto não chegarem as contas de manutenção dos nossos belos estádios que vão servir para ver jogos em que há uma média de 50 faltas e 45 minutos de tempo útil, ninguém se vai preocupar com coisas menores como essas.
Quando terminar o Euro’2004, o último a sair que apague as luzes e feche a porta. O sr. Gilberto Madaíl, condecorado, deverá ter direito a uma reforma dourada na UEFA.
E se Portugal ganhar o campeonato até poderá vir a ter o seu nome em várias das rotundas que se constroem no país. O sr. Valentim Loureiro talvez não resista ao canto da sereia do Parlamento europeu.
Deixarão assim o sr. Dias da Cunha com uma lupa em busca do célebre “sistema”, Guimarães à procura do dono do seu estádio, o sr. João Vieira Pinto à espera de “quem assuma alguma coisa” e o sr. Luís Filipe Vieira a olhar para o céu para ver se cai uma “equipa maravilha” qualquer.
E o sr. Pinto da Costa vai poder continuar a passear a sua “célebre ironia”, sem adversários à altura. Será a altura ideal para fazer a reforma daquilo a que alguns chamam a indústria futebolista nacional?
Talvez. Isto se, mais uma vez, as atenções não forem distraídas pelas presidenciais e por mais umas quantas discussões sobre os árbitros e as blusas rasgadas.
O grande problema é que não aparecem no horizonte cavaleiros de esperança, que consigam ultrapassar os discursos das meias-verdades e os acordos insondáveis quando a noite faz com que todos os gatos sejam pardos.
O “sistema” não é um Senhor dos Anéis que controla o futebol português. É um conjunto de acordos pouco transparentes que foram sendo, com paciência, entrelaçados ao longo de anos, criando uma colcha. O edifício foi sendo construído e, hoje, como naqueles “bunkers” de dezenas de andares, já ninguém se conhece.
São todos funcionários cinzentos que devotam a sua existência à gestão da sua sobrevivência. O futebol português tornou-se nisso: um imenso universo kafkiano de proletários da burocracia, onde não há espaço para uma ideia nova. E quando ela surge é rapidamente colocada no pântano de enganos onde definha até desaparecer.
É isso que o sr. Dias da Cunha nunca poderá entender. É também isso que o sr. Luís Filipe Vieira nunca poderá controlar. E é isso que faz o sr. Pinto da Costa um general vitorioso que se pode dar ao luxo de dizer o que quer sem medo de que um alçapão se abra debaixo dos seus pés.
Ninguém, no fundo, quer mudar o “sistema”. Nem mesmo o sr. Dias da Cunha. Todos só querem utilizar os militantes funcionários a seu favor. O grande risco do Euro’2004 é que, podendo ser o momento do “turning point”, se torne o início de um novo ciclo da Idade das Trevas que tem dominado o futebol indígena.
Sem dinheiro, os clubes definham. Com jogos que parecem maratonas propícias ao sono, o espectáculo é algo que dificilmente surgirá porque se afagou uma lâmpada dos desejos. Com líderes que apenas buscam um minuto de glória frente aos televisores, o futebol português vai-se desintegrando.
Um dia destes acorda-se e restam três ou quatro clubes com capacidade europeia e uma legião de “lumpen-proletariat” do pontapé na bola. O problema é que ninguém quer sair desta Idade das Trevas onde o sonho absoluto é ter o anel do poder.
Será uma pena que não se aproveite o pós-Euro’2004 para renovar o panorama sonolento do futebol nacional. Precisam-se de pessoas que pudessem começar a mostrar que é possível renovar o ar, e torná-lo respirável, no futebol português.
A menos que se considere que o país, depois do ciclo das auto-estradas e depois do ciclo dos estádios novos, tem um novo desígnio: iniciar o ciclo das esplanadas. Onde se espera, calmamente, que o tempo, os estrangeiros ou as moscas, resolvam aquilo que não conseguimos.
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