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Caldeirão da Bolsa

Afinal, a revolução financeira mundial continua!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Comentador » 26/2/2004 14:44

Exactamente, djovarius, já estava tudo dito, mas foi boa a sua intervenção.

Agora, talvez possamos continuar a comentar aspectos que tenham algum interesse.

Uma coisa que se nota com as intervenções do Chanceler alemão e do 1º Ministro francês é uma pressão enorme sobre o BCE para baixar os juros, a que se juntam grandes Confederações empresariais. Mesmo sabendo que dessa maneira o BCE provavelmente não irá fazer nada, atendendo a já ter dito que essa descida nem ia estar em discussão. Claro que poderá sempre ser feita na reunião a seguir à da próxima semana.

Aquela pressão a que me referi e todas as "intervenções verbais" anteriores têm, no entanto, um aviso certo: os 1,30 do EUR/USD são tabu, são um tecto real, não devem ser tocados, pelo menos nos próximos tempos.

Penso que isto é muito importante, até porque estou convicto que o iene se manterá acima dos 110 a curto prazo. Portanto, o EUR/USD, num horizonte de semanas, não tem grande espaço para subidas, antes deverá descer.

Veremos se a realidade me dá razão.

Um abraço

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por djovarius » 26/2/2004 14:03

Não, caro Campino, não foi o que eu disse !!! Que confusão que vai aqui !!!

Eu disse que se não fosse o Banco do Japão (em nome do min. finanças) a COMPRAR dólares (portanto a VENDER Yenes, o dólar teria caído mais face ao Yene do que na verdade caiu.
Assim, só caiu de USD/JPY 120 - 130 para a casa de 105 !!! Poderia, sem as intervenções, ter caído mais, como por exemplo para 100 ou mesmo 90 !!

É tão simples, porquê complicar.

E veja este seu parágrafo:
"Parece haver aqui uma contradição: andamos a dizer que a economia Americana está de rastos , que o dólar vem por ai abaixo, mas parece que o Japão está pior. Isto numa altura em que a economia japonesa dá sinais de recuperação.Quando estava em recessão o iene andava na casa de 120, recupera, e a moeda perde terreno?"

Veja bem outra vez: se o USD/JPY estava em 120 e agora está em 109 (esteve a 105), quer dizer que a moeda japonesa ganhou terreno !!!!!!!
E teria ganho mais se o BOJ não tivesse vendido Yenes para comprar dólares.


O seu problema, amigo, é que continua a achar que quando o par USD/JPY cai, como caiu nos últimos tempos, de 120 para 105, isso quer dizer que o Yen está a baixar, quando na verdade está a SUBIR !!

Espero ter ajudado, em definitivo.

Um abraço

dj
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por Comentador » 26/2/2004 13:52

Caro Campino,

O djovarius disse, e com toda a razão, que se o Japão “ não tivesse comprado dólares em catadupa, teria sido bem pior”, ou seja, o dólar ter-se-ia desvalorizado muito mais em relação ao iene, o que é totalmente contrário aos interesses dos japoneses.

Além do mais, ao longo dos últimos anos, a situação japonesa tem vindo a melhorar e a dos EUA a piorar (de 2000 a 2002), e tem-se visto que o dólar baixa e o iene sobe (embora tenha subido muito menos do que o euro). Nesta fase conjuntural e pelo que eu já disse no texto inicial, o Japão está a reforçar a sua política: mais do que só deixar o iene subir devagar contra o dólar agora quer mesmo que o iene desça contra o dólar. E faz isso deliberadamente, como política financeira e cambial nacional, embora a sua economia esteja finalmente a crescer em bom ritmo.

Noutra perspectiva, gostava de lhe dizer que os principais factores para uma moeda ser forte em relação a outra(s) são: a taxa de juro, a taxa de inflação e a liquidez do sistema, enquanto o crescimento medido pelo PIB (em países desenvolvidos) não é determinante.

Abraço

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De acordo mas ....

por Campino » 26/2/2004 1:50

Essa desvalorização dos 105 aos 109 foi muito recente

Eu já ouço dizer que o Boj entra forte no mercado desde os 120/119 e mesmo com as intervenções não evitou que chegasse aos 105. O Djovarius, argumenta que se não fossem as intervenções o dólar estaria ainda mais valorizado contra o iene.

Parece haver aqui uma contradição: andamos a dizer que a economia Americana está de rastos , que o dólar vem por ai abaixo, mas parece que o Japão está pior. Isto numa altura em que a economia japonesa dá sinais de recuperação.Quando estava em recessão o iene andava na casa de 120, recupera, e a moeda perde terreno?

Penso que existe um grande complot entre o FED e o BOj para entalarem a europa,porque parece que é a única em que as suas empresas são prejudicadas nas exportações, visto que os americanos para o japão pouco devem exportar
Campino
 

por Comentador » 26/2/2004 1:23

Caro Campino,

Talvez lhe esteja a fazer confusão a definição do cross USD/JPY: sobe quando o USD se valoriza em relação ao iene e desce quando é o iene que se valoriza em relação ao dólar.

O que tem acontecido nos últimos dias é que a taxa de câmbio subiu de cerca de 105,50 para quase 109, reflectindo uma subida do dólar em relação ao iene, devido à forte intervenção do BoJ. Isto faz com que as exportações japonesas continuem a ser atractivas no mercado americano.

Como diz e bem, o BCE não está a intervir e o euro está a valorizar-se em relação ao iene. É exactamente a mesma situação, e por acaso o BoJ também está a comprar euro, o que facilita também as suas exportações para a União Europeia.

O iene está, assim, a desvalorizar quer para o USD quer para o Euro.

Estamos de acordo?

Abraço

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Meus caros

por Campino » 26/2/2004 0:45

Há qualquer coisa que não bate certo. Então o BOJ intervêm para não deixar subir o iene face ao dólar mas este cada vez valoriza mais contra o iene.

Pelo contrário o BCE não intevêm e o euro cada vez valoriza mais face ao iene


Não será que o japão está mais interessado nas exportações para a Europa, em especial no sector automóvel, aproveitando a fraqueza das grandes empresas alemãs do sector?
Campino
 

por Comentador » 26/2/2004 0:14

O mercado cambial continua a evoluir numa espécie de coro mundial, o que não deixa de ser até demasiado afinado:

1. Greenspan, falando sobre o orçamento dos EUA, mostrou grande optimismo para a expansão da economia americana em 2004. Volta a estar no horizonte (embora seja duvidoso) um possível aumento das taxas de juro ainda este ano.

2. O Democrata John Kerry, muito provável adversário de Bush nas eleições de Novembro, é defensor claro da não desvalorização do dólar, dando grande importância a um dólar forte para atrair investimento estrangeiro.

3. Na União Europeia, continua a falar-se (Schroeder e não só) numa diminuição da taxa de juro, para evitar problemas maiores às empresas exportadoras, já que o euro passaria a ter um diferencial de juro mínimo relativamente ao USD, não suficiente para o fazer subir como aconteceu recentemente.

4. O Japão, de acordo com várias indicações do mercado, vai aproveitar para tentar fazer descer o iene contra o dólar, bem acima dos 110.

Com tudo isto, parece que o EUR/USD poderá descer por mais algum tempo…

Um abraço

Comentador
 
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por Comentador » 23/2/2004 21:00

Observemos a evolução da cotação do dólar em relação ao iene. Eu penso que o BoJ continua a querer mais subidas do USD, portanto está hoje a considerar os 108 como suporte (ou como mínimo) e tudo o que for para cima é bom para eles. E, claro, os dólares comprados vão directamente para os EUA.

As bolsas americanas a descer (especialmente o Nasdaq – vamos ver se os 2000 pontos aguentam…) são um problema para o bull. O aumento da liquidez terá que resolver o assunto, acompanhado por bons indicadores económicos durante esta semana.

Um abraço

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por Comentador » 23/2/2004 14:16

Caro Visitante,

Penso que o facto de o euro estar mais ou menos forte é praticamente irrelevante, quando analisado em relação com o alargamento da União Europeia a 25 países.

Por outro lado, as vantagens e inconvenientes de um euro forte colocar-se-ão da mesma forma com 25 países e os custos acrescidos para o orçamento da EU, que é financiado pelos Estados membros, embora constitua um montante elevado em valores absolutos é muito reduzido em valores relativos.

Noutra perspectiva, pode dizer-se também que a zona de influência do euro passa a ser maior com este alargamento, o que é favorável para a moeda, mesmo sendo certo que esses países irão demorar ainda alguns anos a satisfazer as condições para se integrarem na moeda única.

Um abraço

Comentador
 
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por Comentador » 23/2/2004 10:32

Caro djovarius,

Agradeço o seu post. Fico muito satisfeito que tenha gostado. Estive fora na parte final do dia de ontem e só agora vim dar uma olhadela rápida ao Caldeirão. E tenho de lhe agradecer também a sua colaboração didáctica nas várias respostas ao Visitante Campino.

Um grande abraço


Caro Visitante

Obrigado também pelo seu post. Como tenho agora muito pouco tempo, terei o maior prazer em lhe responder lá para o final da manhã.

Um abraço

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por djovarius » 23/2/2004 1:18

Assim está bem.

Mas não é contraproducente, pois caso não tivessem comprado dólares em catadupa, seria bem pior.

Quero dizer que se não fosse a mão deles, era pior, portanto, pelo menos serviu como almofada !!

E este ano, têm mais dinheiro ainda para intervir.
Portanto, o dólar poderá subir por via disso, pois a munição não falta... :twisted:

Abraço

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É isso

por Campino » 23/2/2004 0:39

repara que durante um ano o iene valoriza contra o dólar à volta de 10% e isso com sucessivas intervenções do Boj para desvalorizar o iene.Não é isto contraprodecente?Já ouço há bastante tempo que o Boj compra dólares e vende ienes e os resultados não aparecem, é apenas isso que quero dizer
Campino
 

por djovarius » 23/2/2004 0:22

Be, agora percebi que está ainda a ver as coisas ao contrário. Há aí uma certa confusão.

Ao longo da semana, como vimos acima, o dólar valorizou-se face ao yen, tendo o mesmo acontecido na sexta-feira e com muita força.
Daí que o dólar passou da casa de 105 yenes para a casa de 109 yenes. É exactamente isso que o Banco do Japão pretendia e não o contrário.

Você disse agora e daí a confusão:
"Não percebo muito bem como é que o Japão a intervir no mercado há tanto tempo ainda só consegui trazer o dólar de 120(valores aproximados aos existentes em Março,penso), até 105 ienes muito recentes. Parece que não está a resultar"

Mais uma vez, o raciocínio é o inverso:
O Japão não trouxe o dólar de 120 para 105 !!Isso é exactamente o contrário do que o BOJ quer. O Japão quer valorizar o dólar face ao Yene, por isso tem estado a intervir no mercado. Até agora só diminui o ritmo da subida do Yen, mas na semana passada, finalmente, conseguiu que o dólar se valorizasse face ao Yen, como já disse, de 105 para 109 yenes por cada dólar.

Espero ter ajudado

dj
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Sim correcto

por Campino » 23/2/2004 0:11

Correcto ,mais ienes por um dólar, mas 6ºfeira penso que não houve valorização. A grande queda da ecoonomia japonesa há uns anos deu-se quando o dólar atingiu a casa dos 80.Não percebo muito bem como é que o Japão a intervir no mercado há tanto tempo ainda só consegui trazer o dólar de 120(valores aproximados aos existentes em Março,penso), até 105 ienes muito recentes. Parece que não está a resultar
Campino
 

por djovarius » 23/2/2004 0:02

Então, Campino...

O USD/JPY (dólar/yen) foi de 105.30 a 109.10 na semana que passou.
Portanto, o dólar é que se valorizou face ao Yen e não o contrário.

Penso que ficou claro.

Um abraço

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Caro Djovarios

por Campino » 22/2/2004 23:52

Os valores que eu tirei foi do Ljcarregosa e que consta USD...JPY...108,87(compra)....108,92 (venda)

Em todo o caso houve uma valorização do Iene face ao dólar nos últimos dias, penso que desde os 105,xxx

Para mim o Japão vai ter que abandonar a sua estratégia suicida de comprar dólares em catadupa. Se por um lado o Japão compra dólares e vende ienes, quem está a comprar esses ienes?

Mais tarde ou mais cedo o Japão vai ter que se defrontar com o facto de terceiros(os tais que compram os ienes)poderem influênciar a politica cambial Japonesa e originar uma crise cambial sem presedentes na história, talvez superior à que obrigou à saida da libra do sistema monetário europeu
Campino
 

por djovarius » 22/2/2004 23:37

Caro Campino,

O Yen não valorizou.
O Yen desvalorizou-se face ao USD e menos face ao Euro. Mas é verdade que o BOJ fez tudo sózinho.


Caro Comentador... mais palavras para quê?
É mais um artigo indispensável, dizendo aquelas coisas que muitos insistem em não querer aceitar.

Parabéns pela clareza de pensamento. Mesmo quem não concorde com o que foi escrito, terá de se render à pureza das ideias.

Um abraço

dj
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Só não entendo...

por Campino » 22/2/2004 23:31

Só não entendo como na 6ªfeira o Japão fez quase tudo e a sua moeda valorizou contra o dólar e euro. Quererá o Japão revalorizar a sua moeda, evitando a inflação numa altura em que a economia está a crescer, sacrificando as exportações a favor do mercado interno?

Pela história dos últimos meses, vemos o iene passar de 127 euros para 137 e o dólar depois de chegar abaixo de 106 estar a 109.Parece que o Japão lhe interessa mais a desvalorização do iene em relação ao euro ou pelo menos é essa que tem funcionado melhor
Campino
 

Excelente pela simplicidade...

por Visitante » 22/2/2004 22:20

...e aproveitava para lhe pedir que opinasse sobre se existe ou não vantagem para a UE um euro forte atendendo aos custos que o alargamento a 25 irá trazer ao orçamento da UE para os próximos anos.
Existirão vantagens ou nem por isso?
Visitante
 

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por Comentador » 22/2/2004 17:25

Como certamente repararam 6ª. feira foi um dia muito estranho no Forex. A subida do USD poderia ter, em condições normais, várias explicações, mas as razões subjacentes a este movimento de preços deverão atribuir-se a um plano já conhecido e agora em plena execução. E assim torna-se perfeitamente claro o alcance das afirmações dos vários intervenientes na reunião do G-7 que, à partida, pareciam não fazer muito sentido. Na realidade, todos disseram o mesmo, embora cada um tenha desvendado uma parte da mesma verdade.

Na 6ª. feira foi o Japão a fazer quase tudo, mas todos os blocos foram beneficiados. Com efeito, tanto os EUA como a Europa estão a retirar vantagem de um plano global de concórdia cambial e, ao mesmo tempo, todos esperam conseguir um maior crescimento da economia.

Mas não há bela sem senão! Este plano é para 2004, um ano decididamente fora do comum, talvez até um ano chave para a política económica mundial. Mas esse mesmo plano é muito arriscado para os anos seguintes e, apesar da retoma que se está a concretizar, compromete o futuro e adia medidas económicas e financeiras urgentes.

Em primeiro lugar, a política monetária e financeira dos EUA, da responsabilidade de Snow (Secretário do Tesouro) e de Greenspan (Chairman do FED), tem como objectivo principal a reeleição de Bush. É a verdade nua e crua. Há algumas traves mestras que estão a ser concretizadas custe o que custar: o aumento do consumo através do crédito concedido por todas as formas imagináveis, mas em que avulta o crédito hipotecário; a liquidez necessária e suficiente para o aumento “sustentado” do mercado accionista; o adiamento total de qualquer preocupação com os défices da balança comercial e do orçamento. Ou seja, está tudo controlado e até a dívida externa tem colocação garantida, principalmente através do Japão.

A União Europeia, com a actuação monolítica do BCE e sem uma verdadeira estratégia económica global, pretende muito simplesmente que as suas exportações não sejam muito afectadas, e que por esse motivo o valor do euro contra o dólar não ultrapasse 1,30/1,35 e que qualquer subida até àquele patamar se faça de forma gradual. Ou seja, basta diminuir a taxa de juro ou intervir no mercado, estando esta tarefa a ser executada indirectamente pelo Banco do Japão, com o apoio tácito do BCE.

O Japão está a sair de uma recessão e deflação secular e ninguém o vai impedir de fazer o que pensa ser imprescindível para passar duma situação de crise para o crescimento económico sustentado. Para isso, a sua moeda não poderá valorizar-se para manter as exportações competitivas (as quais têm muito maior importância para a economia japonesa do que têm para a UE). Para isso, o BoJ tem que intervir maciçamente no mercado cambial vendendo os ienes que for preciso e comprando dólares, contrabalançando assim a fraqueza desta moeda e a procura de ienes motivada pelo actual crescimento da sua economia.

Após a última reunião do G-7 parecia que o Japão continuaria a intervir no mercado para não deixar subir muito a sua moeda, que os EUA só podiam preferir a descida do USD (embora Snow tenha voltado a admitir um dólar forte) e que os europeus, completamente “às aranhas”, se tinham refugiado na retórica do funcionamento do mercado e na inconveniência da volatilidade excessiva (cuja tradução era a subida excessiva do euro).

Agora, na minha opinião, conclui-se que não era nada disso. Os responsáveis económicos do G-7 não o quiseram dizer publicamente (daí as indicações sem grande sentido na comunicação social), mas chegaram a um acordo completo sobre o essencial, nos aspectos financeiros e económicos, incluindo portanto a área monetária e cambial.

O esquema para 2004 é particularmente simples e se o contexto de mercado não sofrer grandes alterações, pode resumir-se do seguinte modo:

1. Os EUA

a) não estão preocupados com qualquer dos seus défices, bastando acautelar devidamente a respectiva cobertura através de dívida pública, interna e externa.
b) não têm nenhuma preocupação com a evolução da cotação do USD, que até pode vir a subir (excepção óbvia para movimentos mais extremos facilmente geríveis).
c) farão tudo, mas tudo, para que o mercado de acções suba!

2. O Japão compra os dólares que forem necessários para que o iene mantenha o seu valor ou desça, mantendo a sua indústria exportadora competitiva.

3. A União Europeia dá-se por satisfeita por não precisar de fazer quase nada, bastando-lhe apoiar a tarefa do Japão e a relativa neutralidade dos EUA em relação ao dólar, conseguindo assim com alguma facilidade que o euro não ultrapasse os tais 1,30/1,35 nos próximos meses.

O Japão ao comprar biliões de dólares para fazer descer o iene, e ao enviar esses dólares para financiar o défice externo e também para aumentar a liquidez no sistema financeiro americano, consegue também fazer com que o euro não suba, por carambola dos vários crosses. Deste modo, chegámos a um ponto tão técnico (e por outro lado, quase pérfido) das relações entre blocos, que facilmente concluímos que o mundo é uma pequena aldeia global e que nós todos somos geridos por uma grande mão invisível.

Uma boa semana para todos

Um abraço

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