Quando a Concorrência entra nos gabinetes do poder
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Quando a Concorrência entra nos gabinetes do poder
Quando a Concorrência entra nos gabinetes do poder
psg@mediafin.pt
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Pedro S. Guerreiro
Entrar nos gabinetes de poder da PT não é apenas uma demonstração de virilidade, é também um aviso à navegação.
Foi há oito dias. O facto relevante da agenda era o Compromisso Portugal. Mas outro acontecimento haveria de marcar a actualidade económica, justamente no sentido de algumas preocupações repetidas no Convento do Beato.
Era a Autoridade da Concorrência que entrava, sem convite nem anúncio, nas instalações da Portugal Telecom, onde voltaria depois na companhia da Polícia Judiciária. Ao contrário do que as relações públicas da PT quiseram fazer crer, não era uma “visita” habitual.
Era um passo inédito na investigação de denúncias de práticas anti-concorrenciais. E que terá envolvido “rusgas” nos gabinetes dos administradores do grupo e pesquisas nos seus computadores. Não, não era uma visita normal.
Não é todos os dias que os administradores de um grande grupo empresarial vêem a Judiciária a entrar-lhes sala adentro e a vasculhar os seus papéis e “e-mails”. Aliás, não tinha sido em dia nenhum. Foi a primeira vez.
O sujeito desta história não é a Portugal Telecom, é a Autoridade da Concorrência. Quando, há um ano, a entidade foi criada, a habitual desconvicção pequeno-portuguesa baixou as expectativas para o novo regulador.
Muitos esperaram apenas mais um organismo, microcéfalo, burocrático e inconsequente. Quando se soube que era Abel Mateus o presidente, deu-se o benefício da dúvida: por detrás daquela fácies sossegada e cortês está um liberal convicto e sem dependências políticas.
A dúvida é hoje certeza: apesar do arranque apressado, do caminho minado, das resistências dos antigos e inoperantes organismos competentes, das relações tensas com outros reguladores e das questões de financiamento, a Autoridade da Concorrência mostra trabalho.
Entrar nos gabinetes de poder da PT não é apenas uma demonstração de virilidade, é também um aviso à navegação.
Foram muitos os anos da teoria do mexilhão, da mútua protecção entre poderes económico e político.
As coisas estão a mudar: pela primeira vez, vemos administradores de empresas no banco dos réus a responder por crimes de mercado; vemos falências potencialmente fraudulentas a serem travadas; vemos a Judiciária a ser notícia além das rusgas em Bragança; vemos a Autoridade da Concorrência a agir, a ser importuna, chata, incómoda, de topete, a afrontar – a fazer o que se lhe pede.
Esta Autoridade da Concorrência de Abel Mateus está a sair melhor do que a encomenda.
psg@mediafin.pt
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Pedro S. Guerreiro
Entrar nos gabinetes de poder da PT não é apenas uma demonstração de virilidade, é também um aviso à navegação.
Foi há oito dias. O facto relevante da agenda era o Compromisso Portugal. Mas outro acontecimento haveria de marcar a actualidade económica, justamente no sentido de algumas preocupações repetidas no Convento do Beato.
Era a Autoridade da Concorrência que entrava, sem convite nem anúncio, nas instalações da Portugal Telecom, onde voltaria depois na companhia da Polícia Judiciária. Ao contrário do que as relações públicas da PT quiseram fazer crer, não era uma “visita” habitual.
Era um passo inédito na investigação de denúncias de práticas anti-concorrenciais. E que terá envolvido “rusgas” nos gabinetes dos administradores do grupo e pesquisas nos seus computadores. Não, não era uma visita normal.
Não é todos os dias que os administradores de um grande grupo empresarial vêem a Judiciária a entrar-lhes sala adentro e a vasculhar os seus papéis e “e-mails”. Aliás, não tinha sido em dia nenhum. Foi a primeira vez.
O sujeito desta história não é a Portugal Telecom, é a Autoridade da Concorrência. Quando, há um ano, a entidade foi criada, a habitual desconvicção pequeno-portuguesa baixou as expectativas para o novo regulador.
Muitos esperaram apenas mais um organismo, microcéfalo, burocrático e inconsequente. Quando se soube que era Abel Mateus o presidente, deu-se o benefício da dúvida: por detrás daquela fácies sossegada e cortês está um liberal convicto e sem dependências políticas.
A dúvida é hoje certeza: apesar do arranque apressado, do caminho minado, das resistências dos antigos e inoperantes organismos competentes, das relações tensas com outros reguladores e das questões de financiamento, a Autoridade da Concorrência mostra trabalho.
Entrar nos gabinetes de poder da PT não é apenas uma demonstração de virilidade, é também um aviso à navegação.
Foram muitos os anos da teoria do mexilhão, da mútua protecção entre poderes económico e político.
As coisas estão a mudar: pela primeira vez, vemos administradores de empresas no banco dos réus a responder por crimes de mercado; vemos falências potencialmente fraudulentas a serem travadas; vemos a Judiciária a ser notícia além das rusgas em Bragança; vemos a Autoridade da Concorrência a agir, a ser importuna, chata, incómoda, de topete, a afrontar – a fazer o que se lhe pede.
Esta Autoridade da Concorrência de Abel Mateus está a sair melhor do que a encomenda.
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