Terceiro sábado do mês de setembro de 2026, suponham a ocorrência dum evento catastrófico para a Humanidade e para os mercados em geral: a Federação Russa acaba de dar início à deflagração da 3ª Guerra Mundial contra os países europeus da NATO, tendo lançado bombas nucleares táticas de pré-aviso para zonas pouco habitadas em direção à Ucrânia, Polónia e norte de Inglaterra!
Aguarda-se a resposta retaliatória da NATO e eventual resposta de efeitos catastróficos para todo o continente europeu…
Com toda a probabilidade as Bolsas mundiais nem iriam abrir na 2ª feira seguinte mas, supondo que vão funcionar nos States que para já não foi afetado diretamente, é fácil prever que a Abertura da Bolsa em Wall Street irá levar um rombo nos índices superior a um crash monstruoso de 20%.
O que acontecerá a todas as carteiras alavancadas? Certo, falência e desaparecimento instantâneo das contas que disponham duma alavancagem com múltiplos superiores a x5.
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Podemos ter a consciência de possuir um “edge” fantástico, saber que temos um sistema de trading que retorna um conjunto de trades onde os lucros a longo prazo excedem de forma confortável as perdas que se irão obter pelo caminho, mas… há sempre um mas, para um trader que tem de lidar com altos ganhos e perdas muito significativos, em carteiras muito alavancadas, existe um verdadeiro pesadelo similar a um machado que está sempre acima da nossa cabeça, com a certeza de que será raro que ele nos caia em cheio por cima da cabeça mas que irá cair um dia, sim, irá cair, equivalente a um terrível drawdown, para provocar um acidente enorme que poderá ter como consequências eventos ligeiros como a ferida numa orelha mas poderá no limite provocar a morte por queda em cheio ao rachar a cabeça num golpe mortal que não é mais que ditar a perda total do capital duma carteira.
Como nos podemos defender daqueles cenários catastróficos e dantescos em que um evento da magnitude duma guerra nuclear poderá colocar em risco milhões de vidas humanas e contas de poupanças de investimentos no valor de triliões de Euros?
Sabendo que tudo o que fizermos para a preservação do capital é e será sempre a regra número um no trading, que formas teríamos para defender uma conta altamente alavancada como aquela que introduzi neste tópico?
A resposta pode ser algo complexa, no entanto vou procurar ser sintético e resumir as eventuais estratégias de hedging defensivo nas formas mais práticas possíveis, que irei resumir em 4 alternativas:
1) Fechar sempre todas as posições no final de cada sessão. Embora tal seja possível, os custos de comissões e “slippage” de entradas e saídas seriam incomportáveis num acumulado diário constante que iria provocar um rombo enorme na rentabilidade global da conta. Uma solução fazível mas incomportável.
2) Usar ordens de stops ao longo e no final de cada sessão de acordo com a quantidade de posições variáveis em risco, stops de venda em caso de posições longas e stops de compra para posições curtas.
Será sem dúvida uma alternativa prática, talvez a mais utilizada pela maioria dos traders na situação descrita de defesa do capital alavancado, só que possui um defeito não despiciente: se o evento catastrófico que provocar o “crash” ocorrer num período em que as Bolsas estão fechadas e não estão a funcionar, quando o mercado reabrir as posições com stops serão de facto fechadas, só que numa cotação muitíssimo para além do nível a que deixámos ficar o valor do stop-loss. O que na prática significa que a conta quebraria de forma inevitável, não haveria stop que resistisse a este tipo de cenário.
3) A solução mais efetiva mas também a mais cara seria usar um “hedging” em opções com quantidades proporcionais às posições detidas. Seria como comprar um seguro temporal, porque o seu valor se esgota no tempo: se estivermos com posições longas deveremos comprar “Puts” sobre o ativo detido em carteira e se detivermos posições curtas as opções de “hedging” deverão ser as “Calls”. Se optarmos por comprar opções com “strikes” próximas do nível “at-the-money” as quantidades de opções de “hedging” a adquirir deverão ser cerca do dobro das posições detidas em cash. Por exemplo, se estiver com 10 contratos comprados sobre o S&P 500, deveremos ter uma contrapartida dum seguro de 20 “Puts” sobre o S&P 500, e porquê o dobro? Porque o “delta” das opções próximas dos níveis “at-the-money”, que medem a relação entre a variação do mercado “cash” e do mercado de opções representa cerca de 50% do movimento do mercado “cash” e quanto mais “in-the-money” estiverem as opções, embora aí o seu custo seja maior, o “delta” vai subindo e fazendo com que o “hedging” da carteira já não necessite dos 20 “Puts” do exemplo referido mas seja um valor entre 10 a 20 “Puts”, consoante esteja muito “in-the-money” ou muito próximo do “strike” “at-the-money”.
4) Solução do “deixa andar”, não tem custos, não é preciso fazer nada e é ter fé que nenhum acontecimento tenebroso possa vir a acontecer.
Esta atitude só é admissível se o dinheiro do trader aplicado à respetiva conta não lhe irá fazer alguma “mossa” no seu património global, até porque eu tenho referido por inúmeras vezes que o capital que alocamos aos mercados deverá ou deveria ser sempre uma parte reduzida do nosso dinheiro próprio disponível, tal como se fosse um “hobby” viciante para acrescentar mais capital ao património restante claramente de maior valor que já possuímos e que não esteja minimamente ligado à atividade do trading, levando em conta que se um dia o capital de determinada conta desaparecer na voragem dum evento fora do normal apenas teremos de ficar aborrecidos e engolir em seco, seguindo em frente com as disponibilidades sobrantes do restante património que nos permitirá manter o nível de vida rotineiro habitual.
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Qualquer uma das soluções fica ao critério de cada um, todas têm custos, exceto a última, tudo se resume a uma questão de ponderação sobre o que temos de avaliar na relação “Probabilidade dum evento terrível de perda completa ou parcial significativa de Capital / Custo do respetivo “Hedging” ou Seguro”.
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E agora termino a semana com uma atualização dos ratings posicionais nas diversas escalas que tenho vindo a referir ao longo deste tópico.
O S&P 500 oferece um panorama curioso: estas últimas sessões mostraram o índice norte-americano sempre a subir, só que o final da sessão de 6ª feira mostrou um alerta que só estará ao alcance daqueles que consigam dispor duma amostragem razoável de sinais de swing dominantes.
Na verdade o sistema de trading nas horas finais da última sessão semanal disparou ordens de venda nos swings das escalas de 1 e 2 horas, precisamente as que mantinham o índice norte-americano com um rating positivo global de há cerca de 2 semanas para cá.
Pelo que apesar das subidas que o sistema de trading vinha a corroborar ao longo destas 2 últimas semans, desta vez temos um alerta para passar a neutral no S&P 500 e fechar posições no curto prazo, ou seja, o sistema de trading vaticina para as sessões da próxima semana uma fase de correções ou de sessões mistas de lateralização dominante:
S&P 500:Escala Mensal – Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Bi-Semanal - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Semanal - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Bi-Diária - Tendência descendente e swing ascendente = -1 +1 = 0
Escala Diária - Tendência descendente e swing ascendente = -1 +1 = 0
Escala 4 Horas - Tendência descendente e swing ascendente = -1 +1 = 0
Escala Bi-Horária - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Horária - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Meia Hora - Tendência ascendente = +1
Escala Quarto de Hora – Tendência descendente = -1
Total de Rating = 0 pontos (num intervalo entre +18 e -18 pontos)
Já o caso do rating do BCP conta uma história bastante diferente.
Conforme indicado na última mensagem, foi constatado que o potencial de subida do Banco era maior que o do S&P 500 devido á maior quantidade de tendências ascendentes nas diversas escalas, o que se veio a confirmar com a sua valorização mais recente.
Aliás o seu pendor de continuação de subidas é ainda mais reforçado para a semana que vem devido a que a maioria dos swings das escalas analisadas apontam agora sinais para cima juntamente com a tendência, um excelente diagnóstico de subidas previsíveis, embora nestas coisas da Bolsa nunca se possam fazer afirmações com certezas absolutas:
BCP:Escala Mensal – Tendência ascendente e swing descendente = +1 +1 = +2
Escala Bi-Semanal - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Semanal - Tendência ascendente e swing descendente = +1 -1 = 0
Escala Bi-Diária - Tendência ascendente e swing ascendente = +1 +1 = +2
Escala Diária - Tendência ascendente e swing ascendente = +1 +1 = +2
Escala 4 Horas - Tendência ascendente e swing ascendente = +1 +1 = +2
Escala Bi-Horária - Tendência ascendente e swing ascendente = +1 +1 = +2
Escala Horária - Tendência ascendente e swing ascendente = +1 +1 = +2
Escala Meia Hora - Tendência ascendente = +1
Escala Quarto de Hora – Tendência ascendente = +1
Total de Rating = +14 pontos (num intervalo entre +18 e -18 pontos)
Abaixo os gráficos dos dois papéis em escala horária.
BN

- S&P 500 - Sistema de trading "Dif v010" / Escala Horária

- BCP - Sistema de trading "Dif v009" / Escala Horária