Viana,
é curioso que começaste por sugerir que eu deveria efectuar os cálculos em percentagem e agora sugeres que não deveria efectuar o cálculo em percentagem mas em ticks.
Estás a criar uma confusão onde ela não existe e a baralhar um problema que no fundo é simples.
Como já expliquei ao longo destes posts, quando existem reforços, o efeito descrito no artigo é atenuado. Persiste, mas atenuado... O que é óbvio!
Óbvio porque cada reforço funciona como uma posição individual. Se fazes reforços com o título em queda, cada nova posição, além de estar exposta ao mercado por menos tempo obviamente (e esta é a primeira razão para atenuar o efeito) tem ainda a agravante de, para uma mesma disponibilidade financeira, representar um número de unidades superior, pelo que no global da carteira acaba tendo um peso superior (segunda razão).
Por outro lado, se reforças em subida, por um lado temos as novas (mais recentes) posições com menos exposição ao efeito exponencial e por outro, para a mesma disponibilidade de capital, representam menos unidades, pelo que o crescimento (em unidades) é anti-exponencial.
Deixo o exemplo, como tinha prometido anteriormente. O exemplo é desnecessário porque o lucro de um longo que reforça em subida é exactamente o mesmo que o prejuízo de um curto que reforça em subida e um lucro de um curto que reforça em descida é exactamente o mesmo que o prejuízo de um longo que reforça em descida... Mas cá vai:
Exemplo de um «curto» que reforça em descida (5% por sessão):
Venda 10.000€
1ª Sessão 9.500€ (+5%)
2ª Sessão 9.025€ (+9.75%) e reforça com mais uma venda curta de 10.000€ totalizando 19.025€ de capital «short» no título.
3ª Sessão 18.074€ (+9.63%)
4% Sessão 17.170€ (+14.1%) e volta a reforçar com outra venda de 10.000€ totalizando 27.170€ de posição short no título.
5ª Sessão 25.812€
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Total Investido Short = 30.000€
Lucro Total = 13.96% (4.188€)
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Agora um «longo» que reforça em subida (5% por sessão):
Venda 10.000€
1ª Sessão 10.500€ (+5%)
2ª Sessão 11.025€ (+10.25%) e reforça comprando mais 10.000€ atingindo um total de 21.025€ de capital no título.
3ª Sessão 22.076€ (+10.38%)
4% Sessão 23.180€ (+15.9%) e volta a reforçar comprando mais 10.000€ totalizando 33.180€ de capital no título.
5ª Sessão 34.839€
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Total Investido = 30.000€
Lucro Total = 16.13% (4.839€)
</b>
A assimetria mantém-se, como se pode constatar, mesmo existindo reforços. Atenuada, mas mantém-se.
Como é lógico, estamos perante exemplos com fortes reforços. Em 5 sessões registaram-se 3 entradas no título. Ora... ninguém, do ponto de vista prático, mantém um ritmo de reforços deste calibre. A partir do momento que deixasse de realizar reforços o efeito far-se-ia sentir por inteiro. Por outro lado, se realizasse os reforços de forma mais espaçada tb iria sentir-se de novo o efeito de forma mais forte.
Por outro lado, esta é uma questão algo lateral ao artigo e ao problema (q existe em todo o caso e faz-se sentir por exemplo nos relativamente frequentes short covering rallies, movimentos estes mais frequentes que os crashs precisamente devido a esta assimetria e ao risco acrescido de uma posição curta). Lateral, porque apenas atenua o efeito e ainda porque apenas uma relativamente pequena parcela de investidores reforça de forma tão profunda as suas posições. Para reforçar é preciso que:

O investidor deseje reforçar (ou seja, que a sua estratégia passe por reforços frequentes de posições);

O investidor possa reforçar (a carteira é limitada em termos de disponibilidade financeira... normalmente... e o investidor só pode reforçar um número limitado de vezes, mesmo no caso de uma posição ganhadora).
Note-se que em muitos casos, o que se passa é o inverso: o investidor não só não reforça posições ganhadoras como vende uma parte dessa posição para segurar lucros (muitos investidores recorrem a esta estratégia inversa de redução de exposição, já que o reforço mesmo de uma posição ganhadora envolve um risco acrescido); como ainda muitas vezes e agora no caso de posições perdedoras, não só o investidor não reforça como... é obrigado a fechar ou a reduzir, devido à necessidade de manutenção das margens.
Resumindo, mais uma vez, quer seja reforço em subida, quer seja reforço em descida, quer seja reforço de posição ganhadora ou reforço de posição perdedora, o efeito persiste mas atenuado. Em todo o caso, ninguém é obrigado a reforçar (posições perdedoras) nem toda a gente pode reforçar (posições ganhadoras).
O efeito que descrevi explica entre outras coisas a violência e a frequência dos Short Covering Rallies.
Faço notar, que, caso haja reforços, cada uma das parcelas pode ser vista de forma individual e em «pequena escala» vai-se passar o que descrevi no artigo.
No final, quando referes o problema do custo médio, é verdade... É devido a este efeito que descrevi que o baixar o custo médio pode ser considerado um grande erro de gestão. Isto porque vai atenuar o «atenuanso» que descrevi no artigo. Ou seja... No caso de posições perdedoras, longas com títulos em queda, por exemplo, o atenuar das perdas é uma vantagem (como se pode ver por exemplo no caso da PTM descrito no artigo). A partir de certa altura, o investidor perdedor não pode perder muito mais... SE NÃO REFORÇAR!...
É que se reforçar, vai fazer um «reset» parcial ao sistema e vai expor-se de novo às perdas, tal como estava exposto há um ano atrás. Anulando em grande parte a vantagem...
Portanto, voltamos ao problema inicial, se sugerirmos que não deve reforçar (se não reforçar, voltamos ao exemplo inicial).