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Caldeirão da Bolsa

Curso Básico de Análise Técnica.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rsacramento » 7/7/2021 16:18

MarcoAntonio Escreveu:Não há nenhuma desvantagem em utilizar uma escala logarítmica (nem nenhum suposto problema de congestão). Se os preços variarem (muito) pouco, a escala logarítmica tende a funcionar como uma escala linear (quanto menos variam os preços, mais o comportamento se aproxima - graficamente - do comportamento do preço numa escala linear).

A escala logarítmica serve para qualquer circunstância

uso invariavelmente a escala log em todos os meus gráficos 8-)
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 7/7/2021 13:03

Boa explicação Marco, obrigado!
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por MarcoAntonio » 7/7/2021 12:37

LoneWolf Escreveu:Peço desculpa, devia ter feito uma pesquisa antes, RG. Obrigado pela resposta pronta.

MarcoAntonio, lá terei de procurar melhor fonte. Por exemplo, aqui fala de um exemplo muito interessante:
https://blog.techcharts.net/index.php/2 ... -charting/

LW


As variações em bolsa tendem a ser vistas em percentagem. Virtualmente ninguém se refere aos valores de variação em termos absolutos uma vez que eles, per se, não significam nada. Uma acção subir 1 dolar e outra acção subir 1 dolar não nos diz absolutamente nada, uma quanto tal praticamente não mexeu enquanto a outra mexeu tremendamente. Basta que a primeira esteja cotada, sei lá, a 1000 dolares e a segunda a 5 dolares. As variações que realmente interessam são as variações relativas porquanto os investidores tendem a investir montantes (o número de acções adquiridas depende, fortemente, do valor da cotação e "não compras" o mesmo número de acções se acção estiver cotada a 5 ou a 1000 pois representariam montantes de investimento completamente diferentes). Portanto, são as variações relativas que te informam melhor sobre qual o impacto da variação da cotação nos teus investimentos. E é para o que os investidores olham 99.9% do tempo, para as variações em percentagem...

A escala que apresenta a evolução da cotação nesta perspectiva é a escala logarítmica. Numa escala logarítmica, a mesma variação relativa é apresentada sempre como a mesma variação gráfica, independentemente do momento/valor da acção.

Não há nenhuma desvantagem em utilizar uma escala logarítmica (nem nenhum suposto problema de congestão). Se os preços variarem (muito) pouco, a escala logarítmica tende a funcionar como uma escala linear (quanto menos variam os preços, mais o comportamento se aproxima - graficamente - do comportamento do preço numa escala linear).

A escala logarítmica serve para qualquer circunstância.

A escala linear só funciona bem quando o preço varia relativamente pouco, porque a partir do momento que os preços variam substancialmente em termos absolutos, as variações quando a cotação é baixa ficam graficamente comprimidos e quando é alta ficam expandidos e tanto mais expandidos quanto mais a acção sobe (uma variação de 50% pode praticamente não se ver num gráfico em escala linear ao lado de uma variação de 5% uns anos mais tarde, que parecerá uma coisa tremenda).


´É por esta razão por que by default os analistas tendem a usar escalas logarítmicas. Haverá ainda assim quem prefira as linear mas não existe nenhuma vantagem em usa-las (e se olharem para time frames em que a variação na cotação não seja grande na cotação, o problema também não é grande).
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por LoneWolf » 7/7/2021 12:23

Peço desculpa, devia ter feito uma pesquisa antes, RG. Obrigado pela resposta pronta.

MarcoAntonio, lá terei de procurar melhor fonte. Por exemplo, aqui fala de um exemplo muito interessante:
https://blog.techcharts.net/index.php/2 ... -charting/

LW
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por MarcoAntonio » 7/7/2021 12:16

A explicação do investopedia deixa bastante a desejar, rasando o "nonsensical" e correndo o sério risco de confundir/baralhar.

Este parágrafo, em particular, está uma verdadeira salgalhada:

"Logarithmic price scales are better than linear price scales at showing less severe price increases or decreases. They can help you visualize how far the price must move to reach a buy or sell target. However, if prices are close together, logarithmic price scales may render congested and hard to read. As an example, if an asset price has collapsed from $100.00 to $10.00, the distance between each dollar would be very small on a linear price scale, making it impossible to see a big move from $15.00 to $10.00."

O autor do artigo do investopedia fala de um suposto problema de congestão na escala logarítmica quando os preços variam pouco. Ele tem tanta dificuldade em explicar esse problema que logo a seguir o exemplifica.... na escala linear. Afinal, em que escala é que fica difícil de ler? Em que ficamos?

E esta explicação também não faz sentido nenhum:

"An increase in price from $10 to $15 is represented by the same upward movement as is an increase between $20 and $25 on the linear chart. Both increases are $5, and the linear chart represents the price in equal segments."

É o mesmo... excepto quando é diferente (só será o mesmo por mero acaso/coincidencia). Não faz sentido nenhum estar aqui a alegar que ´e o mesmo nem isto esclarece/acrescenta nada ao que já foi dito, antes pelo contrário.
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 7/7/2021 12:04

Já tínhamos falado sobre este tema, está na página anterior; na altura o que escrevi foi isto, ainda continuo a pensar a mesma coisa :wink: !


Pessoalmente uso a escala log, por hábito e porque parece fazer mais sentido a quem mede os seus ganhos/perdas em %, comummente.
Não acho que haja certo/errado neste tema; tanto se pode usar uma como outra, honestamente.

Para que decidas pela tua cabeça tens aqui este link:

https://www.investopedia.com/ask/answer ... linear.asp[/quote]
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por LoneWolf » 7/7/2021 9:52

Eu tenho uma pergunta.
Para algumas acções, para certos intervalos de preços, e para alguns espaços temporais, tenho visto q usar a escala log é mais pratica q usar a escala linear.

Existe alguma regra cientificamente provada sobre o assunto?

Obrigado,
LW
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por J_Investidor » 7/7/2021 9:30

Obrigado aos dois. Percebi na perfeição.
Cumprimentos
 
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 7/7/2021 8:33

Exemplo similar ao caso 2 ontem com a AMZN.
Anexos
amzn.JPG
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 7/7/2021 8:27

Bom dia.
O texto está correcto, tal como o rsacramento explica.
Coloco aqui duas imagens que ajudam a explicar melhor.
A (identificação) da tendência no time frame em que se está a negociar é essencial.

Situação 1.

boneco1.jpg


A tendência é descendente, logo deve aproveitar-se os ressaltos para vender/fechar posição, sendo as zonas de resistência naturalmente propícias para o fazer. Daí o comentário do sacramento sobre os ressaltos e as zonas de abertura posições curtas.

Situação 2.

boneco2.jpg


Aqui temos uma situação diferente. Neste caso a tendência é ascendente, o preço tem vindo a fazer novos máximos (relativos ou não) e de encontra uma zona de resistência. Aqui vou observar se a tendência se vai manter ou quebrar; se o preço mantiver o momentum (derivado de desequilibro entre procura e oferta) eu quero observar uma quebra da zona que me irá confirmar que esse "ímpeto" se irá manter, e fazer com que a progressão do preço se mantenha.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rsacramento » 7/7/2021 7:45

J_Investidor Escreveu:
rg7803 Escreveu:(...) Se o activo está em baixa e está a aproximar-se da resistência, não me interessa o que os indicadores me dizem, não quero comprar lá

assim como não sou o rg, também não foi ele quem escreveu o texto (apenas o verteu para português)
de qalquer das maneiras concordo com o que está escrito: quando, numa tendência descendente, o preço se aproxima de uma zona de resistência, o mais natural é recuar de seguida, cumprindo a resistência a sua função; caso esta seja vencida em alta, então estamos perante um sinal de inversão da tendência

daí, aliás, considerarem-se os ressaltos boas oportunidades para se entrar curto
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por J_Investidor » 7/7/2021 0:15

rg7803 Escreveu:Lição 1.

Construir uma fundação sólida.

O objectivo deste curso é decompor o que considero ser o fundamento básico da análise técnica gráfica. Destina-se a traders de todos os níveis de experiência, embora vá ser mais benéfico para aqueles que não têm muita experiência ou traders que precisam de acrescentar alguma estrutura básica aos seus métodos de leitura e análise de gráficos.

Pensem nisto como um curso gratuito para aprender o que considero ser alguns dos aspectos mais fundamentais da análise técnica e negociação a partir de gráficos.

Depois de ter lido, absorvido e implementado os princípios que passo em revista, deverá ser capaz de olhar para qualquer gráfico e quase imediatamente ter uma boa ideia do que o quadro geral lhe está a dizer, e se quer ou não negociá-lo.
Este curso não pretende ser a última paragem para aprender análise técnica, mas acredito que faz um trabalho melhor do que a maioria das fontes que li sobre o esboço de alguns fundamentos básicos que muitas vezes são ignorados ou ignorados em favor de indicadores extravagantes e estratégias complexas.

O óptimo do material que passo em revista é que não o impede de procurar métodos mais técnicos; pode, de facto, trabalhar com eles e melhorar os seus resultados. O MACD, RSI, STO, ou qualquer que seja o indicador que está a utilizar, pode estar a dar-lhe um sinal de compra, mas será que o deve considerar? Se o activo está em baixa e está a aproximar-se da resistência, não me interessa o que os indicadores me dizem, não quero comprar lá. Por outro lado, se o stock estiver numa tendência de alta e o preço estiver em apoio ou a quebrar a resistência, então talvez eu queira tomar esse sinal de compra.

Basicamente, o objectivo destes artigos é fazer com que cada um dos leitores evolua até ao ponto em saiba de uma forma expedita onde deve procurar comprar, quando deve procurar vender (ou shortar) e quando não deve fazer nada disso, i.e. quando deve ficar sossegado...

Espero que gostem do curso, assim como que o considerem útil e informativo. Sintam-se livres de copiar e partilhar livremente.
Agora ao trabalho, temos muita leitura para fazer.

RG estava a reler este excelente topico e reparei no que está a negrito. Querias dizer suporte, certo?
 
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por RuiGerente » 5/3/2021 13:29

Muito Obrigado. :clap: :clap: :clap:
É sempre bom aprender e cimentar o conhecimento.
Sempre que queira colocar há disposição mais conhecimento estarei sempre recetivo. :mrgreen:
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 5/3/2021 13:11

Bom dia.
Com a publicação das "lições nº9 e nº 10" fica concluído a partilha deste curso básico de AT!
Conhecimento não ocupa lugar por isso desejo-vos bom uso do mesmo, boas experiências e votos que vos seja útil.
Se tiverem dúvidas disponham.
Bons trades a todos!

RG
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 5/3/2021 13:07

Lição Nº 10.

Dimensionamento adequado da posição.

De que dimensão deve ser a sua posição num determinado trade?
Antes de entrar na resposta a essa questão, existe um pré-requisito que prevalece sobre tudo, a liquidez do que se pretende negociar. Tem de manter o tamanho da sua posição a uma percentagem tão pequena quanto possível do volume médio transaccionado do activo que pretende negociar. Pode estimar o volume médio de dinheiro tomando o preço e multiplicando-o pela quantidade média de acções negociadas diariamente. Se uma acção que está a ser negociada a uma média de $1 entre 10.000 e 30.000 acções, o volume monetário médio está provavelmente no limiar dos $20.000. Quanto do volume médio de dinheiro quer ter? Quanto menos melhor, mas não há um limiar oficial para se manter abaixo. Eu diria que ficar abaixo dos 2% é bastante seguro, mas se soubermos o que estamos a fazer, podemos empurrar um pouco isso. Isto só se aplica realmente a acções de cêntimos e outras acções pouco transaccionadas, mas achei que devia cobrir este tema base só para ter a certeza. Se estiver a negociar títulos altamente líquidos como acções blue chip, futuros de mercadorias, forex, etc., então isto não será um problema.

Desde que tenha a questão da liquidez coberta, aqui está como eu determino o tamanho da minha posição. Para começar, preciso de saber algumas coisas para descobrir qual deve ser o tamanho da minha posição. Estas são: quanto estou disposto a perder neste trade, onde está a minha entrada, e onde está a minha paragem de perda (stoploss). Por exemplo, digamos que estou a observar uma acção que está numa tendência ascendente, mas que actualmente está a recuar para perto do suporte identificado, na zona dos $10. Uma vez que a tendência a longo prazo está ascendente, estou a tentar comprar no suporte a $10, mas se esse suporte não se aguentar, farei o fecho da posição. O máximo que quero perder neste trade são $200. Isso não significa que a minha posição será de $200 em acções, o que significa é que se o meu stoploss for disparado só quero perder $200. Portanto, a minha entrada é de $10, e o meu stoploss será suficiente abaixo disso para permitir flutuações normais de mercado, diremos a $9,50. Assim, agora conheço todos os factores para determinar o tamanho da minha posição. O meu risco máximo será de $200, a entrada é de $10, e a paragem de perda é de $9,50. Com base nisso, o meu tamanho de posição será de 400 acções. 400 acções multiplicadas por $10 é $4000, e 5% desse valor (que é o valor em que o meu stoploss está fixado) é $200. Uma maneira fácil de calcular é dividindo o montante máximo de risco pela percentagem do stop loss. Neste caso, seria $200/ 5%, o que daria o valor de $4.000. Depois só precisa de calcular o correspondente número de acções que pode comprar com esse montante.

Se arriscasse sempre o mesmo montante em cada transacção e mantivesse uma percentagem arbitrária para o seu stoploss, o tamanho da sua posição seria sempre o mesmo (em dólares). O meu problema com isto é que uma percentagem arbitrária não faz sentido para mim, uma vez que todas as acções e gráficos são diferentes. As acções (ou o que quer que esteja a negociar) e o gráfico devem ditar o seu stoploss. Um stoploss de 5% pode funcionar bem numa acção, mas noutra muito mais volátil pode ser disparado com demasiada facilidade. Se achar que numa determinada transacção precisa de um stoploss de 10% - 20% devido à volatilidade, onde o suporte/resistência mais próximo e relevante se encontra, ou ambos, então use esse stop mais largo, mas ajuste o tamanho da sua posição em conformidade. Desta forma, continua a permitir a quantidade adequada de espaço de reserva para flutuações de preços, mas continua a arriscar a mesma quantidade se a sua paragem for atingida.
Editado pela última vez por rg7803 em 6/3/2021 12:53, num total de 1 vez.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 5/3/2021 12:49

Lição Nº9.
Colocando tudo junto (nota tradutor: “Putting It All Together” no original).
Agora vamos combinar os conceitos básicos que já revimos nas lições anteriores e dar-vos um exemplo de como utilizá-los em conjunto. Nesta fase o leitor deverá já ter uma boa ideia de como determinar a tendência num gráfico, identificar zonas de suporte e de resistência, e conseguir identificar padrões de velas que sugerem uma possível inversão. Se ainda tiver dúvidas sobre estes conceitos, volte atrás e releia os artigos. Deixe-me começar por lhe dar o gráfico que pretendo negociar, bem como o prazo. Este é um gráfico semanal para a GOOG, e pretendemos negociá-lo numa lógica de swing trade/longo prazo. Planeio utilizar a média móvel de 50 semanas para identificar a tendência a médio prazo, e se tudo correr bem uma operação neste período de tempo deverá demorar no mínimo algumas semanas, mas poderá acabar por demorar muito mais tempo. A única excepção será se o trade for contra mim e eu seja obrigado a um fecho prematuro (accionamento de stoploss). Aqui está o gráfico.

fig19.jpg
fig19.jpg (67.07 KiB) Visualizado 9424 vezes


De imediato notamos que a acção teve uma queda no preço significativa desde o seu pico (final 200(). Espero que também tenha reparado que as duas últimas velas são velas de inversão, no caso spinning tops, mas mesmo sem o saber (uma vez que não passámos especificamente por cima destas) os longos pavios que apresentam deveriam ter dado uma pista. Dois longos pavios inferiores lado a lado constituem um padrão de inversão em si mesmos, chamado de tweezers bottom (que abordámos na lição anterior). Mas não quero basear o meu trade apenas nas velas, por isso vou aplicar os 50 MA a este gráfico e ter uma ideia do que é a tendência a médio prazo.

fig20.jpg
fig20.jpg (70.15 KiB) Visualizado 9424 vezes


Olhando para o gráfico agora com a 50 MA aplicada, pode-se ver que nos três primeiros trimestres, a acção estava em tendência ascendente e o preço estava a negociar acima da 50 MA. A 50 MA pode agir como um íman, e se o preço se afastar demasiado dele, esperar que se corrija a si próprio (ou pelo menos negociar de lado para deixar o 50 MA alcançar). Pode-se observar também que o período em que o preço atingiu o seu pico correspondeu ao momento em que esteve mais distante da 50 MA em muito tempo. Agora a 50 MA está a lateralizar (está plana) e o preço está a negociar muito abaixo dele. Com base nisto, eu diria que a tendência a médio prazo está plana (flat no original) e parece mesmo estar a começar uma tendência descendente, mas como acabei de mencionar, o preço afastou-se bastante da 50 MA e parece provável que ocorra uma reversão à média a breve trecho. Embora eu preveja que um ressalto deva acontecer num futuro próximo (nesta zona de preço) o facto de a tendência a médio prazo estar a estabilizar após uma longa tendência ascendente indica que isto não será um trade em que eu vá seguir a tendência. Estou principalmente a pensar em fazer um trade usando a correcção a partir da forte queda verificada no preço. Neste momento sei qual é a tendência, e embora não seja totalmente a meu favor, há uma oportunidade para um trade embora de prazo mais curto que o inicialmente pensado. Já assinalei as duas velas de inversão que formaram um padrão de inversão, a última coisa a fazer é identificar as zonas de suporte e resistência. Normalmente, é provável que identifique primeiro suporte e resistência, e depois aguarde que as velas de inversão se formem. Depende apenas de onde está o preço quando se começa a seguir o stock. Agora aqui está o gráfico com o que vejo como as principais áreas de apoio e resistência. Lembre-se, podemos sempre desenhar dúzias de linhas no gráfico, mas o que queremos realmente é limitar às que têm mais toques e reacções do preço.

fig21.jpg
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Em primeiro lugar, a linha de tendência ascendente que se manteve durante mais de dois anos é muito crítica tendo em conta o tempo que esteve em jogo. No início de 08, o preço acabou por quebrar abaixo desta, depois tentou fazer um ressalto a partir da zona de suporte dos 500. Na altura esta zona (500) era suporte, agora que o preço está abaixo, passou a resistência. Pode ver onde o preço teve uma reacção, identificado com círculo vermelho. Quebrou abaixo deste, depois subiu formando um hammer, que é uma vela de inversão. Houve um leve ressalto, porém a zona foi quebrada abaixo pela segunda vez; foi uma tentativa falhada de ressalto e os touros souberam desistir, os ursos estavam então claramente no controlo. Avancemos rapidamente mais alguns meses e agora temos os dois spinning tops/tweezers bottom, e podemos ver que há definitivamente suporte naquela área. A primeira tentativa de saltar a 500 foi um fracasso, o que faz com que o preço nas condições actuais se se encontre ainda mais sobrevendido e um ressalto forte seja mais provável. Como eu disse no parágrafo anterior, uma vez que a tendência a médio prazo está lateralizando/começando a ficar descendente, não planeio comprar e manter para um prazo longo, mas as condições são perfeitas para um ressalto forte de curto prazo. Vou olhar para as áreas de suporte anteriores, que se tornaram agora resistências, para possíveis objectivos de lucro (fecho de posição). O primeiro alvo será a linha horizontal a 500. Considerando a magnitude da queda, penso que o alvo é bastante conservador, e depois disso seriam os 50 MA. Lembre-se, as principais médias móveis (50 MA, 200 MA, etc.) podem muitas vezes actuar como suporte e resistência, e uma vez que o preço é inferior aos 50, isso faria dele resistência no momento. Finalmente, aquela linha de tendência ascendente que manteve o preço em alta durante tanto tempo vai ser a maior resistência. Quanto mais forte algo actuou anteriormente como suporte, mais forte actuará como resistência. O oposto também é obviamente verdadeiro para a resistência transformada em suporte. Se o preço voltar a subir até essa linha de tendência, as hipóteses de ela bloquear o preço são bastante elevadas. Mesmo que o preço acabe por voltar atrás, o contacto inicial com ele irá quase de certeza ter uma reacção muito grande. Deixem-me avançar rapidamente alguns meses para vos mostrar como isto funcionou.

fig22.jpg
fig22.jpg (76.76 KiB) Visualizado 9424 vezes


Acabou por ocorrer um rally forte depois da ocorrência dos dois spinning tops/tweezers bottom identificados como velas de inversão. Lembre-se a acção não se moveu por causa do gráfico, o gráfico apenas reflectia o que se estava a passar. O subiu e conseguiu “furar” através da zona de resistência (500) e através da 50 MA mas uma vez chegado à linha de tendência, o rally acabou. O preço tentou consolidar e reagrupar para fazer uma tentativa de quebra acima desta, mas quando quebrou abaixo desse intervalo de consolidação, os ursos rapidamente entraram e tomaram o controlo.
Este foi apenas um exemplo de como usar estes três aspectos (tendências, suporte/resistência e análise de preço/velas) da análise técnica gráfica. Nem todos os trades têm de ter os três a funcionar perfeitamente a seu favor; de facto, este exemplo nem sequer tinha a tendência do nosso lado. Se realmente quisesse ter tudo a funcionar a seu favor, esperaria por uma nova tendência de subida (50 MA a subir depois de ter lateralizado), esperaria que o preço quebrasse acima dos 50 MA, esperaria pelo primeiro grande recuo, identificaria a zona de suporte, e depois faria a sua entrada. Um exemplo disso seria o primeiro teste da linha de tendência que desenhei no gráfico, por volta de Março 2006. Não teria sabido que era o início da linha de tendência dado que foi o primeiro teste, mas teria sabido que os 50 MA tinham acabado de começar a inclinar-se para cima e o preço estava a puxar para trás para o testar como suporte. Se olharmos com atenção, podemos também observar a presença duma vela de inversão naquele momento, dando-nos uma entrada perfeita. Imagine se tivesse comprado na altura e seguido tendência até ao topo. Lembre-se, tudo isto também se aplica ao shortselling (posições curtas), mas em vez disso quereríamos uma nova tendência para baixo (50 MA a começar inclinar-se para baixo depois de ter achatado), esperar pelo primeiro grande movimento abaixo dos 50, esperar pela primeira correcção depois disso, identificar a resistência, depois fazermos a nossa entrada. Este é apenas um exemplo da configuração típica e ideal onde tudo está a funcionar a seu favor, mas há muitas possibilidades.

This example I gave you today was on a weekly chart, which is much longer term than most traders I know use. This method applies to any chart time frame you want, hourly, daily, weekly, monthly, etc. I could trade exclusively using just setups like the one I posted, but this may only be the beginning for you. The longer you watch charts in action and are actually aware of the trends at play, support and resistance, and candles that form and where, you’ll start to develop a sense for how stocks move. There is only so much I can actually tell you, eventually it becomes up to you to absorb these things first hand. So get out there, be aware of the trends at work, where support and resistance are at, and what the candles are hinting at. Once you can start to spot these things without much effort, the puzzle will really start to come together and the rest of the pieces will just fall right into place.

Este exemplo que vos dei hoje constava de um gráfico semanal, que é muito mais longo do que a maioria dos traders que conheço. Este método aplica-se a qualquer período de tempo do gráfico que deseje, horário, diário, semanal, mensal, etc. Eu poderia negociar exclusivamente usando apenas configurações como a que eu afixei, mas isto pode ser apenas o começo para si. Quanto mais tempo observar gráficos e estiver realmente ciente das tendências em jogo, da identificação de zonas de suporte e resistência, e das velas que se formam e onde, começará a desenvolver um sentido de como os preços dos activos se movimentam. Não há muito mais que possa realmente dizer-lhe, eventualmente cabe-lhe a si absorver estes aspectos em primeira mão. Por isso mãos à obra, esteja atento às tendências, onde estão o suporte e a resistência, e o que as velas e seus padrões estão a insinuar. Uma vez que se possa começar a detectar estas coisas sem muito esforço, o puzzle começará realmente a juntar-se e o resto das peças cairão no lugar.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 4/3/2021 1:10

Lição Nº8.

Utilização de Padrões de Velas (candlesticks patterns).

Existem imensos padrões de velas, alguns têm regras muito específicas e nomes bastante engraçados. Embora não faça mal conhecer todos, não creio que seja necessário (no imediato), passar inúmeras horas a aprender cada um deles, bem como todas as regras específicas que se lhes aplicam. Há alguns princípios básicos a reter que penso serem mais significativos do que qualquer regra ou padrão específico. As velas ajudam a identificar rapidamente onde um activo (acção, opção, fundo, etc…) abriu e fechou, bem como o valor máximo/mínimo que alcançou nesse período. Talvez simplificando (demasiado) o que estas velas nos dizem é, se o fecho se verifica próximo do máximo do período será um sinal bullish, se o fecho é perto do mínimo do período será um sinal bearish, e no meio será um sinal de indecisão. Sem aprender um padrão específico de velas, penso que uma das coisas mais reveladoras a procurar é pavios longos. Quando uma vela forma um pavio superior longo, isso significa que o preço acabou bem longe do seu ponto alto (máximo do período). Se nesse período os touros tivessem estado no comando, teriam sido capazes de garantir um preço de fecho num valor próximo do máximo desse período, mas o facto de não terem conseguido mostra que os ursos ganharam controlo no final do período, e puxaram o preço para valores inferiores. O oposto é também verdadeiro para as velas com pavios longos no sentido contrário. Isto mostra que os ursos foram capazes de fazer baixar o preço inicialmente, porém os touros entraram e começaram a comprar os preços mais baixos e conseguiram fechar com sucesso o período bem longe do seu ponto baixo. Aqui está um gráfico semanal com a maioria dos pavios longos identificados.


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Em primeiro lugar, cada pavio longo não tem de implicar que uma grande inversão está a chegar. Pode ser o precursor de uma grande inversão, uma pequena inversão, um período de indefinição ou nenhum dos anteriores. Neste gráfico, quase todos os pavios longos vieram antes de algum tipo de inversão ou de um período de indefinição no preço. O único momento realmente óbvio em que falhou foi em Setembro de 08, quando o preço desenvolveu longos pavios inferiores, por volta dos 420. O preço acabou por quebrar abaixo desse ponto, mas uma configuração falhada pode muitas vezes ser um sinal de compra ou venda em si, porque, como se pode ver, a queda após o preço não ter reagido aos longos pavios mais baixos foi muito acentuada. Outra coisa a ter em mente que muitos traders ignoram é o contexto em que as velas estão a ser formadas. Se o preço está a ser transaccionado num canal apertado, um pavio longo está provavelmente apenas a indicar uma luta entre os ursos e os touros e é difícil retirar muito mais significado para além disso. Por outro lado, se o preço fez um movimento prolongado numa direcção e está claramente a tornar-se sobrecomprado ou sobrevendido, os pavios longos podem ter implicações muito fortes de que o movimento está a chegar ao fim. Tente lembrar-se que a própria vela significa muito menos quando o contexto à sua volta não torna claro o que se está a passar. Além disso, um pavio longo não tem de significar o fim de uma tendência, mas no mínimo significa que a “equipa adversária” está a começar a dar luta.
Agora vou identificar alguns padrões específicos a procurar. Não estão listados por nenhuma ordem particular, pois não tenho necessariamente um favorito ou nenhum que funcione muito melhor do que os outros. Como já disse, resume-se ao contexto. Quanto mais o contexto me diz para procurar uma inversão, mais gosto desse padrão de inversão particular que se está a formar, independentemente de qual seja.
O primeiro padrão que vou descrever é o hammer e o hanging man. Parecem idênticos, mas a diferença é que o hammer forma-se após uma tendência descendente e um hanging man forma-se após uma tendência ascendente. Eles são formados quando o preço se move significativamente abaixo do preço de abertura, mas no final do período volta ao intervalo do preço de abertura, formando um pavio longo e mais baixo. Tecnicamente falando, um hammer não deve ter um pavio superior, mas isso é irrelevante na minha opinião. Se houver um ligeiro pavio superior, pode não ser classificado como um hammer, mas continua a ser tão válido como um hammer. É aqui que as regras para alguns destes padrões de velas se tornam desnecessariamente complicadas. O importante a notar é a rejeição dos preços inferiores baixos para um hammer, e para o hanging man a rejeição dos baixos não é a chave, é o facto de ter sido negociado abaixo do seu preço de abertura durante todo o dia. Aqui está um exemplo de um hanging man que foi formado após uma tendência ascendente incrivelmente acentuada.


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A seguir, na lista, encontra-se o doji. Os doji (nota tradução: doji não tem plural em japonês) podem ter muitas aparências diferentes, tais como pavios longos superiores ou inferiores, pavios curtos superiores ou inferiores, e qualquer combinação destes. Os principais atributos que os tornam doji são: o valor de abertura/fecho (open/close) do período tem de ser o mesmo ou muito próximo (suficientemente perto para que o corpo pareça uma linha horizontal) e tem de haver algum tipo de pavio inferior/superior, ou ambos. A maioria dos doji tem tanto o pavio superior como o inferior, mas um doji que fecha na parte baixa do período (o que significaria que também se abre ali) é um gravestone doji e um dragonfly doji é quando o fecho ocorre na parte alta do período. O principal a retirar de um doji é a indecisão que está a transmitir. Mais uma vez se este ocorrer num canal em que o preço esteja lateralizando ou em qualquer lugar sem um movimento importante para inverter/corrigir, não será tão útil como quando se forma após um movimento prolongado, em que o preço esteja sobrecomprado ou sobrevendido. Aqui está um exemplo de um formado após uma tendência descendente.


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Em relação ao gráfico anterior há alguns aspectos a notar. Em primeiro lugar pode observar-se que o preço não responde imediatamente à vela de inversão. A vela seguinte foi um dia em o preço até testou novamente os pontos baixos do doji. Não se pode esperar que o preço reaja sempre de forma imediata. Neste caso o mercado ainda estava a testar o que queria fazer, e a vela a seguir ao doji acabou por formar também um pavio longo e mais baixo. Os pavios longos, inferiores ou superiores, são um padrão em si mesmos, conhecidos como twizzers tops ou twizzers bottoms. Basicamente, a segunda vela está apenas a confirmar a primeira vela, de certa forma fazendo um check ao primeiro movimento. Podem até ocorrer mais de dois longos pavios, o que apenas mostra uma grande batalha, mas os pavios continuam a implicar que o preço continua a ser rejeitado quando entra nesse intervalo.
Outro padrão de inversão a ter em conta é bullish and bearish engulfings. O momento de formação, ocorrendo após uma tendência de descendente ou ascendente determina se é dum tipo ou doutro. As características a procurar são uma vela grande que abraça completamente a vela do dia anterior. O gráfico que afixei acima que tem o hanging man é na verdade um exemplo de um bearish engulfing (repararem na vela depois do hanging man) embora num padrão ideal observemos um envolvimento completo da primeira vela pela vela posterior (segunda vela), e não apenas o seu corpo, como nesse exemplo. Aqui está um exemplo de um bearish engulfing que se formou após uma tendência descendente. O preço pode não ter revertido imediatamente após a sua formação, mas acabou por marcar o fundo.


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O último padrão que vou cobrir é um conjunto de três velas que também achei fiável, mas mais uma vez a chave é que precisa de ser formado após um movimento prolongado para ser verdadeiramente significativo. Este padrão chama-se evening star ou morning star dependendo de onde (quando) é formado. Uma evening star é formada após uma tendência ascendente e é bearish, uma morning star forma-se após uma tendência descendente e é bullish. As características de um padrão evening star são (três velas): primeira vela, vela longa branca que continua a tendência ascendente, seguida por uma pequena vela que faz um gap face à anterior (gap significa ficar um espaço vazio entre duas velas sucessivas) mas com preço fecho inferior ao preço de abertura e depois uma terceira e última vela que faz um gap face à anterior (segunda) e fechando com um preço inferior ao preço de abertura. Basicamente a vela do meio precisa de ser isolada das duas que a rodeiam. Uma morning star é exactamente o oposto, uma longa vela vermelha seguida por uma pequena vela que se forma depois de uma abertura em gap inferior, seguida por uma abertura em gap superior e em que o preço fecho dessa vela (terceira) é superior ao de abertura. Tal como numa evening star a vela do meio deve fechar um pouco abaixo, a vela do meio num padrão morning star deve fechar um pouco acima (comparativamente ao preço de abertura). Se a vela do meio for um doji, embora o padrão seja essencialmente o mesmo, é agora chamado de abandoned baby. Dependendo de se considerar ou não esta vela do meio um doji, aqui está um exemplo de um abandoned baby ou de um padrão de inversão de evening star. Seja qual for o nome que lhe queira dar, o mais importante é a vela isolada e indecisa que se forma no meio.


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Todos os padrões de velas que hoje analisei são considerados padrões de inversão. Há configurações que são conhecidas como padrões de continuação, mas não as achei tão úteis como as inversões. Se estou a comprar num suporte num reteste, ou a vender numa resistência após um rally, estou à procura de velas/ padrões de inversão. Se estou a vender (shortar) após uma quebra abaixo de um suporte ou a comprar após uma quebra de resistência (playing breakouts), não estou à procura de padrões de inversão (uma vez que não estou à procura de inversão), mas também não procuro padrões de continuação específicos. É basicamente uma questão de ter a certeza de que há consolidação na zona de suporte ou resistência, depois esperar que uma das velas feche quer abaixo do suporte, quer acima da resistência. Uma vez que comprar pode significar cobrir uma posição curta e vender pode significar vender a descoberto (shortar), isso cobre praticamente todas as possibilidades, e nenhuma dessas possibilidades requer realmente a utilização de padrões de continuação.

O aspecto positivo a reter do material apresentado nestes artigos até agora é que ao implementar o que foi explicado não estará a usar métodos esotéricos, uma vez que os conceitos abordados são praticamente universais, e deixam em aberto a possibilidade de acrescentar qualquer toque de AT que deseje utilizar adicionalmente. Se quiser adicionar padrões de continuação, isso não será um problema. Se quiser adicionar osciladores como o RSI, MACD, Stochastics, ou qualquer outro indicador para sinais adicionais e confirmatórios de compra ou venda, fantástico. Tudo o que já revimos até agora é apenas a estrutura (framework) para o meu método de análise de gráficos. Embora possa ser apenas a base, é provavelmente mais de três quartos do que eu realmente utilizo na minha negociação.

O uso de velas isoladamente é limitado, mas quando as utilizamos para “temporizar” as nossas entradas/saídas, conjuntamente com a identificação das tendências e das zonas de suporte e resistência, temos um método muito poderoso, mas ainda assim simples de negociação.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 3/3/2021 0:38

Lição Nº 7.

Trading em suportes e resistências.

O último artigo teve por objectivo identificar zonas de suporte e resistência, mas de que forma isso é relevante para o nosso trading? Este artigo vai analisar os métodos básicos para incorporar os conceitos de suporte e resistência no nosso modo de negociar. O primeiro e mais óbvio método é o de comprar no suporte e vender na resistência. Para aqueles que não estão familiarizados com o shortselling (ou a venda a descoberto) é quando se vende acções/contratos que não se possui (o seu broker empresta), e depois irá comprar de volta, mais tarde (também conhecido como shortcovering), idealmente a um preço mais baixo do que aquele pelo qual se vendeu. Com o shortselling está a lucrar quando o título desce de preço.

Aqui está um gráfico do GOOG e neste identifiquei as zonas de suporte e resistência mais óbvias que vejo.

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Portanto, o plano aqui é simples: se o preço entrar na zona de resistência entra-se curto (entrar short). Se o preço entrar na zona de suporte, entra-se longo (compra-se o activo). O que é interessante neste tipo de trading (comprar suporte, vender resistência) é que geralmente oferece um bom risk reward ratio. Se entrar curto (shortar) na resistência e o preço fizer um break e romper em alta fecha-se a posição com uma perda pequena ou moderada. Se, em oposição, o preço for “barrado” nessa zona de resistência e voltar para baixo, deveremos obter um bom lucro no trade. A parte complicada pode ser descobrir exactamente onde colocar o nosso stop de perda (conhecido também por stoploss) em relação á zona de apoio ou à resistência. É necessário dar margem suficiente ao preço que permita as suas flutuações ou oscilações, não se podendo definir os limites à perda um tick ou um cêntimo acima/abaixo das zonas de resistência/suporte respectivamente, evitando assim disparos do nosso stop à perda (stoploss) de forma precoce. O preço pode penetrar através das zonas de apoio/resistência, atingir o preço limite definido para perda, e depois retornar novamente na direcção que se pensava, deixando-o para trás para observar. Assim os seus limites de perda devem ter uma folga suficientemente afastada para contabilizar as flutuações normais do mercado e a volatilidade, mas não tão afastados que se transformem numa perda demasiado significativa caso seja atingida. Uma outra coisa que pode fazer é esperar para entrar no trade até que o preço tenha realmente perfurado um pouco o suporte ou a resistência. Usando o gráfico acima como exemplo, a resistência parece estar um pouco acima de 440, diremos 442. Muitos traders podem entrar curto (short) a 442, e estabelecendo um stop de perda (stoploss) a 444. Digamos que o mercado está extra volátil e que quebra a resistência 442 acabando por atingir 445, provocando o accionamento das ordens de stop posicionadas a esse nível (444), mas depois voltando a descer e acabando por continuar a cair. Se tivesse esperado até que a resistência fosse perfurada um pouco e entrasse no trade a 444, não teria sido impedido de sair (visto ter colocado a ordem stop mais acima). Outra vantagem deste método é que pode manter uma ordem stoploss mais apertada porque está a entrar na extremidade mais distante da zona de suporte/resistência. Mas há um inconveniente neste sistema/método, alguns hipotéticos trades serão perdidos, uma vez que nem todos se comportam idealmente desta forma (como o caso atrás apresentado), em que o preço se desloca até ao extremo da zona de suporte ou resistência. Para traders muito conservadores e pacientes, que não se importam de perder (deixar passar) alguns trades, é um bom método, pois acrescenta segurança baixando o risco.

Comprar suporte e vender resistência é a forma mais básica de os utilizar, mas não é a única forma. Playing breakouts é um outro método de trading, e o conceito básico desta estratégia é esperar até que a resistência seja quebrada e depois entrar longo (comprar o activo), ou esperar até que o suporte seja quebrado e entrar curto (vender o activo, ou shortselling). No parágrafo anterior mencionei que uma forma conservadora de negociar (comprar suporte e vender resistência) era esperar que o preço começasse a perfurar a respectiva zona comprando no limite desta; este método "alternativo" (playing breakouts) é exactamente o oposto do anterior. Num breakouts queremos ser um comprador quando a resistência é quebrada e um vendedor quando o suporte é quebrado. Então, pergunta e bem o leitor, como é que se faz, uma vez que anteriormente se referiu que devemos comprar no apoio apoio e vender resistência, e aqui se advoga um princípio contrário? Confuso, não é? Não há uma resposta perfeita para isto, uma grande parte do trading é apenas fazer apostas ou formulações sensatas e pensadas (educated guesses) e seguirmos com estas, assumindo sempre que podemos estar errados e que caso o nosso “palpite” esteja incorrecto devemos encerrar o trade a assumir a perda.

Estão aqui alguns aspectos a considerar ao tomar as suas decisões. A primeira coisa que eu olharia é a recente acção do preço. Como é que o preço chegou a esta área de suporte ou resistência? Será que chegou lenta e metodicamente à sua posição actual, ou chegou lá fazendo um movimento brusco e violento? Se uma acção está a testar a resistência logo após já feito uma grande corrida, eu não estaria inicialmente à procura de um breakout porque sei que haverá muitas pessoas que irão procurar vender depois de terem feito bons lucros em tão curto espaço de tempo. Outra coisa a procurar é a consolidação, que é basicamente quando o preço começa a ser negociado numa faixa estreita durante algum tempo. Se um activo subiu para uma área de resistência (ou desceu para uma área de suporte) e começa a consolidar (lateralizar), isso pode muitas vezes ser um precursor para uma ruptura (breakout). Pense nisso como se o preço estivesse a descansar e a formar uma base a partir da qual descolar. Uma vez que o preço começa a quebrar e a negociar do outro lado do suporte ou da resistência, normalmente gostamos de observar o volume a aumentar, de certa forma mostra que os outros (o mercado) estão a ver e a negociar o mesmo que nós. Sem volume para confirmar o breakout, podemos estar a comprar uma armadilha, um falso break, bulltrap ou beartrap conforme o caso.

Há uma forma alternativa de negociar uma quebra de suporte ou resistência (ainda no método playing breakouts), e este método não só é mais conservador como, pela minha experiência, tem maiores probabilidades de sucesso. O método consiste em aguardar que o preço rompa claramente o apoio ou a resistência, depois esperar e assistir a um eventual regresso e reteste à área em que ocorreu o breakout. A resistência antiga será um novo suporte e o suporte antigo será uma nova resistência. Quanto mais tempo uma linha de tendência ou linha horizontal tiver actuado como apoio ou resistência, maior a probabilidade de ser testada. Quando se compra ou se vende (shorta ) o reteste, a risk reward ratio é muito elevada (interessante entenda-se). O inconveniente aqui - de forma semelhante ao método descrito atrás de somente entrar após o preço perfurar profundamente a zona suporte/resistência - é que nem sempre os retestes (após breakouts) ocorrem, pelo que uma vez mais quem optar por entrar somente seguindo este método, perderá alguns trades. Uma alternativa é fazer compras parciais, um lote no breakout outro lote no reteste, por exemplo.

Aqui está um exemplo de um breakout e depois um teste de apoio.

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Olhando para o gráfico acima, pode ver que em Fevereiro o preço fez um pivot alto (high) e depois desceu. Esse pico anterior vai actuar como resistência, e quando o preço saltou directamente de volta ao intervalo do nível de preços desse pico, a resistência foi também reforçada pelo facto de a média móvel de 200 dias também estar ali. Mencionei num artigo anterior que as médias móveis também podem actuar como suporte e resistência. Considerando que o preço subiu quase directamente de 290 para essa zona de resistência por volta de 380, o meu pensamento inicial seria o de entrar curto (short) quando o preço o testasse. Se o tivesse feito, teria sido stopado assim que visse o preço começar a disparar através da resistência, e não só isso, pois também o volume teve um aumento incrível nesse período, o que deveria também funcionar como aviso. Por isso, acabaria a ser stopado e a fechar o trade com uma pequena perda. Contudo face ao comportamento anterior, procuro agora entrar longo (comprar) se vir uma oportunidade. Por sorte, o preço acaba por descer e executa um reteste à velha resistência, agora um novo suporte. Lembre-se, não só temos esse suporte horizontal, como também temos a MM200 a funcionar igualmente da mesma forma. Este é o momento perfeito para arriscar e entrar longo, comprando em qualquer lugar naquela zona de suporte geral e definindo um stoploss algures abaixo desta zona.

Todos os métodos que já revi foram todos em termos de entradas, mas também pode utilizá-los facilmente como estratégias de saída. Se estiver numa posição longa e procurar vender, basta usar as estratégias de venda a descoberto (shortselling), uma vez que a venda a descoberto não é mais do que vender. Se estiver numa posição curta e procurar fechá-la (cobertura/compra), basta usar as estratégias para entradas longas (comprar), uma vez que cobrir uma posição curta (um short) é essencialmente fazer uma compra.

Uma vez que já ultrapassámos o conceito por detrás da identificação de tendências e apoio/resistência, é agora possível combinar as duas para, assim o esperamos, obter melhores probabilidades de sucesso. Se a tendência a médio prazo estiver em baixa no período de tempo em que está a negociar e a tendência a curto prazo estiver em alta, pode ser uma boa ideia procurar uma forte resistência no curto prazo (para vender/entrar curto). Do mesmo modo, se a tendência a médio prazo for ascendente, mas a tendência a curto prazo for para baixo, poderá querer identificar algum suporte sólido (para comprar/entrar longo). Se estou à procura de um breakout (quebra de resistência), quase sempre quero que a tendência a médio prazo seja para cima.

Neste momento, tem mais do que uma base sólida para trabalhar, tem de facto o suficiente para montar um método legítimo de sistematizar as suas operações. Ainda há formas de acrescentar e aperfeiçoar a sua estratégia, mas esta deve ser a sua “carne e batatas” (nota: meat & potatoes no original)t, tudo o resto será apenas “molho”. Lembre-se apenas de não exagerar no molho, caso contrário, arruinará uma refeição perfeitamente boa…
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 2/3/2021 0:33

Lição Nº6.

Identificação de (zonas) de Suporte e Resistência.

Antes de vos dizer como identifico o suporte e a resistência, vou explicar brevemente o que são. O suporte é geralmente pensado como um intervalo ou nível de preços onde o activo (stock, futuro, etc) tem tido historicamente dificuldade em descer abaixo (quebrar), e a resistência é o mesmo princípio, excepto que é um intervalo de preços onde o activo tem sentido dificuldade em subir (ultrapassar). Se o preço de um título estiver a descer e atingir um certo ponto que traga compradores suficientes para fazer o preço subir, essa zona pode ser identificada como uma área de suporte. Desde que o preço se mantenha acima desse ponto, pode-se considerar essa área de suporte, mas uma sendo essa área é quebrada (antes suporte), torna-se resistência (e vice-versa). É importante lembrar um par de aspectos sobre os conceitos de “suporte e resistência”. Primeiro “suporte e resistência” não são pontos de preço específicos, mas sim ranges ou zonas de preço onde este flutua/oscila. Se alguém disser que o suporte está a 100 dólares e o preço atinge 99,99 dólares, isso não significa que o suporte tenha sido quebrado. Mesmo que o preço quebre temporariamente abaixo deste valor, mas recupere rapidamente e consiga fazer um fecho acima deste valor, isso será considerado um teste à zona de suporte, bem-sucedido. O segundo aspecto a ter em conta é que por mais forte que se pense que uma zona de suporte e/ou resistência possam parecer, eles poderão sempre ser quebrados. Se alguém disser que o suporte está na zona dos 100 dólares e ele cair (quebrar) por esse intervalo, isso não significa necessariamente que quem o referiu estivesse necessariamente errado, quanto a essa zona ser suporte, significa apenas que a venda foi suficientemente forte para limpar os compradores nessa zona de preço (zona de suporte).
Os principais tipos de suporte e resistência são níveis de preços horizontais e linhas de tendência diagonais, mas também existem outros, tais como médias móveis e níveis de retracção e extensão de níveis de Fibonacci. Este artigo vai focar-se na forma de identificar linhas de tendência e linhas horizontais. No início estas podem ser difíceis de detectar, mas depois de se observar um número suficiente de gráficos eles começar a ser identificados com um simples relance (ou seja, é uma questão de treino). No essencial cada alto (high)e baixo (low) num gráfico é uma zona potencial de suporte ou resistência horizontal, mas se desenharmos uma linha horizontal para cada um desses valores o nosso gráfico tornar-se-á uma confusão e só prejudicará a nossa análise e consequente trading. A chave é encontrar os níveis de preços que correspondem a múltiplos altos ou baixos de pivot, quanto mais melhor. Aqui está um gráfico de 6 meses do GOOG com uma área óbvia de suporte que se observa. As setas vermelhas apontam para onde o nível actuou como resistência e as setas verdes apontam para onde actuou como suporte.

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Identificar o suporte e a resistência não é uma ciência exacta; é mais uma estimativa aproximada. Uma dica útil que ouvi é fingir que está a desenhar as suas linhas de suporte e resistência com um grande lápis de cera, dessa forma não está a identificar uma linha de preço específica, mas sim mais uma zona. Repare, naquela linha horizontal que desenhei o preço nem sempre bate precisamente na linha, mas aproxima-se o suficiente. Podia até ter desenhado a linha um pouco mais alta ou torná-la mais larga para incluir uma gama maior. Eu diria mesmo que toda a área 390 - 400 é zona de suporte ou de resistência (dependendo se o preço estiver acima ou abaixo dela). Uma questão que se levanta muito é se as linhas devem ser traçadas no topo/final dos pavios ou nos corpos reais das velas. Mais uma vez, isto não é uma ciência, pelo que a resposta poderia ser qualquer uma das duas, mas os corpos das velas têm mais peso do que os pavios, pelo que gosto de me concentrar neles. Gosto mesmo quando os pavios são formados sob uma linha de suporte ou sobre uma linha de resistência, porque isso mostra que o mercado está a rejeitar a tentativa de romper e confirma ainda mais o suporte ou a resistência. A mancha de linhas horizontais de suporte/resistência tornar-se-á uma segunda natureza para si depois de começar a procurá-la em cada gráfico.

As linhas de tendência diagonais são semelhantes às linhas de suporte/resistência horizontais, na medida em que ligam pontos pivots altos e baixos, mas são ascendentes ou descendentes para mostrar a direcção, bem como a velocidade do movimento do preço. Geralmente ligam uma série de HL (higher lows) numa tendência ascendente, ou LH (lower highs) numa tendência descendente. Algumas podem ser muito óbvias num gráfico e outras podem não ser tão perceptíveis. Descobri que as linhas de tendência tendem a ser mais subjectivas (dependendo do trader/analista que as desenha) do que as linhas horizontais de suporte/resistência. Aqui está um exemplo de uma linha de tendência no gráfico do GOOG.

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De volta de Março a Maio, a GOOG esteve a percorrer esta linha de tendência íngreme durante todo o rally. Qualquer altura até Maio em que o preço encostasse a essa linha de tendência teria sido uma boa altura para apanhar algumas acções. Uma linha de tendência tão íngreme não vai ser capaz de se sustentar por muito tempo, e em Maio acabou por ocorrer uma quebra. Mas isso não foi o fim da festa, uma vez que o preço ainda subiu consideravelmente depois disso. A linha de tendência ainda existia, mas neste momento estava a actuar como resistência, uma vez que o preço estava abaixo dela. No início de Junho, o preço subiu directamente até essa linha de tendência e isso correspondeu o topo desse movimento.

Vão existir muitas linhas de tendência e linhas horizontais de suporte/resistência num gráfico, o seu trabalho é identificar as que parecem mais óbvias ou que mais se destacam. Quanto mais vezes a linha (zona) tiver sido testada, mais ela se confirma como uma área crítica de suporte ou resistência. Também se poderia dizer que quanto mais esta for testada, mais forte é, mas quando se começa a ver uma linha ser testada várias vezes num curto período de tempo, isso é muitas vezes uma pista de que vai ser quebrada em breve. A melhor maneira de se tornar proficiente na identificação de linhas de suporte e resistência é procurá-las em cada gráfico, desenhá-las onde se pensa que as vê, e depois seguir a acção para ver se as linhas que desenhou (identificou) obtêm uma reacção do preço. Se tiver identificado correctamente um forte suporte ou resistência, na maioria das vezes o preço terá algum tipo de reacção ao mesmo, quer saltando completamente ou, no mínimo, empatando e consolidando (negociando num intervalo apertado). A consolidação mesmo perto do suporte ou resistência é também muitas vezes um sinal de que o preço está a preparar-se para quebrar, mas precisa de descansar primeiro. Tal como ser capaz de identificar tendências, detectar suporte/resistência sozinho não fará de si um trader de sucesso, mas é uma das peças mais importantes do puzzle. Assim que conseguir identificar correctamente as tendências e o suporte/resistência, terá então uma base sólida para construir os seus métodos. Quando começar a aplicar estas coisas a aspectos da sua vida quotidiana, como "a minha conta bancária acabou de quebrar o seu suporte", saberá que está no caminho certo…
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 28/2/2021 19:57

Lição 5.

Identificar a tendência.

Se alguém lhe disser que o mercado está em tendência ascendente, sabe o que querem dizer com isso? Obviamente que querem dizer que o mercado está a subir, mas especificamente a que é que se referem? Está a subir há um dia? Uma semana? Um ano? Tendência para cima e tendência para baixo são dois termos que se usam frequentemente, mas muitas vezes sem uma definição clara do que isso significa exactamente. Muitas pessoas definem uma tendência ascendente dizendo que é onde o gráfico faz HH e HL (i.e. o preço faz higher highs e higher lows; significa que o preço faz novos máximos e os seus recuos são sempre superiores aos recuos anteriores). O problema com isto é para que baixos e altos se olha? Talvez durante a última semana tenha feito HH e HL, mas se olharmos mais para trás, para os últimos três meses por exemplo, a leitura seja diferente. Então se observarmos o último ano agora o resultado pode ser novamente diferente.
Olhe para este gráfico e diga-me se a tendência é para cima, para baixo, ou flat (sem tendência).

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Poderia ter dito qualquer uma das três e estar correcto porque há muitas tendências a trabalhar aqui. No último mês, mais ou menos, observámos LH e LL (lower highs e lower lows), pelo que poderíamos dizer que o preço está numa tendência descendente. Porém podemos também dizer que o preço está claramente numa tendência ascendente, uma vez que desde Dezembro este tem observado HH e HL o que também estaria correcto. Depois entra o trader de longo prazo e salienta que desde a alta de Agosto de 2008, não conseguimos sequer chegar perto de fazer um HH (higher high), por isso está sem dúvida numa tendência descendente. Uma vez que o primeiro e o terceiro observadores (analistas) concordariam que o preço está descendente, pensar-se-ia que estão na mesma página, mas estão a falar de dois períodos de tempo muito diferentes. Pode ainda aparecer um outro observador (analista) que diga que a acção está seguramente com tendência ascendente pois só analisou as últimas semanas em que o preço passou de 400 para 425, sem sequer olhar para os altos ou baixos. Confuso, não é? Certamente já ouviu o cliché de que “a tendência é sua amiga” (trend is your friend) e que deve negociar com ela, não contra ela, mas como é que o fazemos se nem sequer temos a certeza de como descobrir qual é a tendência? Infelizmente, não há uma explicação oficial para determinar quais são as tendências, e é por isso que há tanta ambiguidade quando as pessoas falam delas. O método de olhar para os baixos e os altos é melhor do que nada, mas como referi, pode ser muito subjectivo.
O método de identificação de tendências que uso é extremamente simples, mas descobri que muitos traders gostam de tornar as coisas mais complicadas do que o necessário. O que é bom para mim pode não ser necessariamente bom para si, mas na minha experiência, adoptar uma abordagem simples tem sido frequentemente a mais eficaz.
Para começar, o único indicador de que necessitará para este método de identificação de tendências é a média móvel. A média móvel é uma linha que representa o preço médio de um título para qualquer quantidade de tempo definida em qualquer ponto específico. Se eu disse que a média móvel de 50 dias para o GOOG é actualmente de 412, isso significa que nos últimos 50 dias o preço médio tem sido de 412. Uma vez que o preço está sempre a mudar, as médias móveis também se moverão sempre, e se o preço tem vindo a aumentar, as médias móveis também subirão. Quanto mais curto for o período de tempo, mais rápida será a sua reacção. Uma média móvel de 5 períodos reagirá rapidamente a qualquer movimento de preços, enquanto que os 200 MA dificilmente piscarão em movimentos de curto prazo. Aqui está novamente o gráfico GOOG, apenas desta vez adicionei a média móvel de 50 períodos.

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A base deste método é simples; utilizar uma média móvel de curto prazo para determinar a tendência de curto prazo, média móvel de médio prazo para a tendência de médio prazo, e média móvel de longo prazo para a tendência de longo prazo. Isto não é uma ciência, por isso não há nenhuma certa ou errada a usar. Alguns autores recomendam a utilização dos 15 EMA (média móvel exponencial, coloca mais peso nos períodos mais recentes, pelo que é mais rápido reagir) para o curto prazo, 50 MA para o médio prazo, e os 200 MA para o indicador de tendência a longo prazo. Tenho tendência a concentrar-me no indicador de tendência a médio prazo, os 50 MA. Gosto muito de usar este porque não é um período de tempo nem muito curto nem muito longo, é mesmo no meio e é realmente relevante tanto para as tendências a curto como a longo prazo. O que temos de observar é o ângulo da linha, se o ângulo é para cima a tendência é ascendente, se a linha é plana a tendência é plana (flat), e se a linha é descendente então a tendência será descendente. Também é bom notar onde o preço está em relação à linha. Se o ângulo de 50 MA estiver a descer mas o preço estiver a negociar acima dele, isso pode ser uma indicação de que a tendência a médio prazo está a tentar inverter-se. Logo no início de 09, o preço começou a ser negociado acima dos 50 MA, embora os 50 MA estivessem a descer muito acentuadamente. Isto não aconteceu de imediato, mas foi o início da inversão da tendência. Quanto mais longa for a tendência, mais tempo leva a inverter. A corrida que a GOOG realizou desde o final de Janeiro até ao início de Março foi impressionante, e no meio dela os 50 MA tinham começado a inclinar-se para cima. De meados de Fevereiro a meados de Março, o GOOG corrigiu e desceu a direito, e obviamente que a média móvel de curto prazo acompanhou a quebra (confirmando a tendência de curto prazo para baixo), mas os 50 MA ainda estavam em alta. Para aqueles que reconheceram que a tendência a médio prazo era para cima, podem ter estado a comprar aquele mergulho (deep), e teriam sido capazes de subir a onda no que se revelou ser um rally muito impressionante. Agora vamos olhar para o GOOG com as três médias móveis aplicadas a ele.

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Deve ficar claro como o dia que a tendência a longo prazo (200 MA, linha vermelha) tem estado descendente (downtrend) durante praticamente todo o gráfico, embora agora tenha começado a estabilizar desde que o preço tem sido negociado acima dele. Veja quanto tempo leva para que essa linha reaja ao movimento de preços? A tendência a curto prazo fez o que esperávamos que fizesse, acompanhando bastante de perto o movimento geral dos preços. A GOOG não teria passado de 300 para 440 num período de tempo tão curto sem que a tendência a curto prazo tivesse subido a maior parte do caminho. No entanto, desde o pico em Junho, pode-se ver que a 15 EMA (linha verde) tem sido plana ou descendente, o que indicaria que a tendência a curto prazo tem pelo menos estagnado, ou mesmo começado a inverter. A tendência a médio prazo (linha azul) ainda está ascendente neste momento, embora a fraqueza na tendência a curto prazo possa ser um precursor para a inversão da tendência a médio prazo. Não quero fazer qualquer especulação, apenas fazer observações sobre quais são as tendências actuais.
Como eu disse, esta não é a forma oficial de determinar quais são as tendências porque não existe somente uma. Este é apenas um método simples que se pode usar para resumir rapidamente um gráfico e dar-lhe uma melhor perspectiva das condições actuais do mercado. Se estou à procura de um gráfico, é melhor saber se a tendência está a funcionar comigo ou contra mim. Se estou à procura de comprar no mercado, o que muitas pessoas gostam de fazer, gostaria realmente de saber se estou a comprar numa tendência ascendente ou descendente, e em que prazo estão essas tendências. A identificação de tendências por si só não é suficiente para o transformar num comerciante rentável, mas é o mais sólido de um fundamento a partir do qual me consigo lembrar de começar.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 28/2/2021 19:53

Pessoal obrigado a todos pelos vossos comentários.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por Penaforte » 28/2/2021 10:17

Parabéns e obrigado rg.
Abraço e espero que continues a participar durante muitos anos, é sinal que continuas a ter sucesso e numa relação saudável com o mercado e a vida.
Editado pela última vez por Penaforte em 7/3/2021 15:56, num total de 1 vez.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por TTM62 » 28/2/2021 2:35

Muito bom!!! Parabens pela iniciativa, ferramentas essenciais para quem está a iniciar este mundo. Quando comecei não fazia a minima ideia como isto funcionava, até que encontrei o caldeirão que foi a minha escola de mercados. Posso não ter ganho muito mas evitou ter perdido tudo.
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por Artista Romeno » 28/2/2021 0:00

escrevo a dar os parabéns pela iniciativa, nos dias de hoje vai sendo raro pessoas que altruisticamente usam o seu tempo para partilhar informação sem esperar nada em troca
As opiniões expressas baseiam-se essencialmente em análise fundamental, e na relação entre o valor de mercado dos ativos e as suas perspectivas futuras de negocio, como tal traduzem uma interpretação pessoal da realidade,devendo como tal apenas serem consideradas como uma perspetiva meramente informativa sobre os ativos em questão, não se constituindo como sugestões firmes de investimento
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Re: Curso Básico de Análise Técnica.

por rg7803 » 27/2/2021 23:22

Lição 4.

Os princípios básicos dos gráficos de velas (“candlestick charts”).

Há vários tipos diferentes de gráficos, e a diferença entre eles é a forma como exibem os dados. Todos os gráficos traçam os dados por períodos individuais, e cada período pode representar tanto ou tão pouco tempo quanto se deseje. Um gráfico pode ter cada período definido para intervalos de cinco minutos e outro pode ser definido para intervalos semanais. Os três tipos de gráficos mais populares que são utilizados são provavelmente o gráfico de linhas, o gráfico de barras e o gráfico de velas. Num gráfico de linhas, a única coisa que é traçada é o preço de fecho de cada período. Independentemente do período, seja qual for o último preço desse período, é o que se verá. Basicamente, está a desenhar um ponto para o preço de fecho de cada período, e depois a ligá-los para formar uma linha. Aqui está um exemplo do que se parece.

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Um gráfico de linhas é bastante melhor do que nenhum gráfico, mas a informação que revela é extremamente limitada. Não se tem ideia em a que valores o activo abriu, assim como não se sabe quais foram os máximos/mínimos desse período. Um gráfico de barras, também conhecido como gráfico OHLC (Open, High, Low, Close) dá-lhe essa informação. Num gráfico de barras, cada período é representado por uma linha vertical, com uma linha horizontal que se destaca de cada lado. A linha que sai do lado esquerdo é o valor de abertura para esse período (open), o topo da linha vertical é o máximo desse período (high), o fundo da linha vertical é o mínimo (low), e a linha que sai do lado direito é o preço de fecho (close) para esse período. Aqui está um exemplo de um gráfico de barras.


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Claramente, o gráfico de barras é muito mais revelador e útil para os traders, mas o problema com eles é que tem mesmo de fazer zoom para ver a acção de cada período. Se olharmos para um gráfico diário com o valor de um ano de barras, vamos basicamente ver apenas um monte de linhas verticais, e se nos concentramos bastante, podemos ser capazes de notar que há linhas a sair do lado. Não é facilmente identificável se cada período terminou igual, positivo ou negativo. É aqui que os gráficos de velas brilham realmente. Tecnicamente, revelam exactamente a mesma informação que um gráfico de barras (preços abertura, max, mín, e de fecho), mas fazem-no de uma forma muito mais intuitiva. Todas as velas se enquadram numa destas três categorias: velas que abrem e fecham ao mesmo preço, velas que fecham mais alto do que abriram, e velas que fecham mais baixo do que abriram. Aqui está um gráfico que decompõe um par de velas, um que representa um dia negativo (esquerda, vela vermelha) e um que representa um dia positivo (direita, vela branca).

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Este gráfico foi ampliado para mostrar apenas três velas por simplicidade, mas mesmo num gráfico com centenas de velas, ainda é bastante óbvio o que cada uma diz. Em primeiro lugar, elas são codificadas por cores. Sem as diferentes cores, não se conseguiria dizer onde se abriam ou fechavam. A maioria dos gráficos terá uma vela vermelha (ou preta) para representar os dias de descida e uma vela branca ou verde para os dias de subida.

Cada vela é composta por duas partes básicas, o corpo e os “pavios”. O corpo engloba os pontos de abertura e fecho e tudo o que se encontra entre eles. Se a abertura e o fecho forem idênticos ou próximos, terá basicamente uma linha horizontal para um corpo. Os pavios representam a troca que teve lugar fora do intervalo entre a abertura e o fecho. Se vir uma vela com um pavio superior muito longo, sabe que num ponto o preço era muito mais alto do que o que tinha acabado. Se tiver uma plataforma de gráficos em tempo real, pode observar como cada vela irá mudar dependendo da acção do preço.

Graças ao código de cores e ao contraste entre os "pavios" e o corpo, é fácil ter uma boa ideia do que se passou durante esse período, mesmo com apenas um olhar. Uma vela branca longa significa que o preço subiu do início ao fim, uma vela vermelha longa significa que o preço desceu do início ao fim, e quaisquer "pavios" longos informarão que houve uma luta entre os compradores e os vendedores. Isto não quer dizer que cada vela lhe dirá exactamente o que aconteceu durante cada período. Se tivesse uma longa vela branca que se formou num gráfico diário, poderia assumir que o preço tinha subido todo o dia, quando na realidade pode ter ficado plano todo o dia até aos últimos cinco minutos, quando ficou louco. Por isso, pode não lhe dizer exactamente como decorreu, mas dá-lhe uma ideia muito boa, e para ver mais detalhes pode sempre “abrir” as velas para um período de tempo mais curto (ver um gráfico horário versus um gráfico diário). Num gráfico diário, cada vela representa um dia. Como eu disse, não se sabe exactamente como é que essa vela chegou ao ponto em que se encontra, mas se abrir o sei gráfico diária para um gráfico horário (por exemplo) então poderá ver a acção do preço desse dia com mais profundidade. Assim, no meu exemplo em que o activo esteve “flat” todo o dia mas acabou por dar um pulo nos minutos finais da sessão, um gráfico horário seria capaz de dizer isso.

Isto é apenas a ponta do iceberg para a utilização de velas. Para além de lhe dizer as informações básicas sobre um período de trading, existem métodos muito mais avançados para a sua utilização. Os padrões de velas são no mínimo um incrível apoio/boost à maioria das estratégias de trading, e para alguns traders consistem na coluna vertebral das suas metodologias. Identificarei e identificarei alguns dos padrões mais comuns e comummente vistos numa lição futura, mas por ora é preciso ser capaz de absorver completamente a informação básica do que cada vela lhe está a dizer. Se ainda não utiliza os gráficos de velas recomendo vivamente que comece agora. Se sentir que está a negociar no escuro os gráficos de velas irão certamente ajudar a iluminar o seu caminho…
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