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AmLat - Resumo da semana / Boa Páscoa a todos

MensagemEnviado: 17/4/2003 23:38
por djovarius
Olá, tudo bem? Vamos ao que realmente importa. Se hoje há realmente um Bull Market em algum lugar, em alguma situação, esse Touro (será o Bill do Ulisses? :wink: ) mudou-se de armas e bagagens para o Brasil. Quem tinha dúvidas, mudou de opinião – o fundo do poço dos mercados foi atingido, já não é uma euforia passageira como tantas outras, é uma recuperação assente na melhoria de alguns dados e também das perspectivas. Vamos repetir a ideia chave – alguns mercados da região deixaram, por enquanto, de seguir Nova York, confirmando-se que sobem pelo próprio pé. Até a Venezuela e o Chile respiram de alívio e só os países mais pobres têm agora que se confrontar com problemas muito graves de sustentabilidade. Até a Argentina, em véspera de eleições presidenciais, pode já ter atingido o fundo, embora ainda tenha que passar por um doloroso “aperto de cinto”.

Em maiores dificuldades estão Peru, Paraguay, Uruguay e Bolívia. Este último foi notícia pelo “downgrade” da Standard & Poors. O risco de calote é grande, ninguém sabe o que vai acontecer à dívida de 6 mil milhões de dólares, coisa pouca em termos absolutos, mas uma enormidade para uma pobre nação.
Ao contrário, a Venezuela recebeu um “upgrade” à sua dívida externa, o país finalmente conseguiu voltar a exportar petróleo a todo o vapor como antes da greve, mais ainda, os preços do crude não entraram em colapso pós-guerra no Iraque pelo que a capacidade da Venezuela em honrar os seus compromissos não deverá ser afectada como se pensava há pouco tempo. É verdade que a oposição ao presidente Hugo Chávez não desiste de convocar um referendo nacional que possa retirar a legitimidade política ao chefe de Estado, mas o mercado acha que não haverá caos social e greves, como a célebre greve geral do fim do ano transacto.
E a Argentina está a 10 dias das tão esperadas presidenciais que podem (ou não) conduzir o país à estabilidade. Para já, as sondagens mostram Nestor Kirchener e Carlos Ménem como favoritos para a segunda volta. Ménem, famoso por já ter ocupado o cargo na época da maior hiper inflação de que há memória, vem agora prometer que se for eleito, pagará todos os títulos públicos que estão sob “default”, ou seja reverterá o calote. Só não disse quais as garantias reais de que assinará um bom acordo com o FMI... a ver vamos !!

Agora, melhores notícias ainda: o Chile pode este ano crescer 3% contra apenas 1,5% esperados para a América do Sul. Isto porque a economia que chegou a abrandar, está a mostrar sinais de recuperação. Os números são bons. Foi o melhor mês de Março em 8 anos para o sector exportador, as exportações estão pelos 13% a mais do que ocorria há 12 meses. O superavit comercial aumenta por conta da subida dos preços das “commodities” no mercado internacional, sobretudo do cobre, do qual o Chile é um forte exportador. Um mercado que agrada muito aos investidores.

E no Brasil é só alegria de Páscoa. A Bovespa em delírio a subir 3%. O Real também e os títulos de dívida externa no valor mais alto dos últimos 6 anos. A obrigação de 8% com vencimento em 2014 viu o seu yield cair para apenas 11,5%, enquanto o risco – país baixou aos 870 pontos. Se continuar neste ritmo, o Brasil poderá “driblar” a crise mais cedo do que se esperava. O Real sobe porque as captações no exterior e os investimentos em geral estão a regressar ao país, o superavit comercial segue para uns espantosos 5.000 milhões de dólares, mas sobretudo porque, internamente, os reformas da Previdência e Fiscal vão avançar. Há condições políticas, após o acordo entre Lula e os Governadores. No Congresso, também há maioria para votar os projectos. Assim sendo, apesar da estagnação da procura interna, a qual ainda cai um pouco, há a noção de que a inflação e os juros vão descer ao longo do ano, possibilitando a retomada do crescimento real da Economia. E o país bem precisa: dados revelados agora mostram que cerca de 5 milhões de jovens entre os 7 e os 14 anos trabalham para ajudar ao sustento da família. O governo quer acelerar o crescimento para pôr fim a este e outros problemas no espaço de alguns anos.

E a prova que os investimentos estão a voltar – o holandês ABN Amro, uma instituição financeira que tem mostrado solidez (e quem sabe uma acção a ter em conta) e astúcia, decidiu adquirir o Banco Sudameris à Banca Intesa. O ABN Amro já detinha o Banco Real e agora vai expandir os seus negócios no Brasil, num gesto que agradou aos eufóricos mercados das últimas semanas... é caso para perguntar: onde estão os Bancos portugueses? Não lhes agrada este mercado? Curiosamente, o Banco do Estado, a CGD tem um investimento aqui, que é o Unibanco 30 Horas. Afinal, o inverso é verdadeiro. Um Banco brasileiro de grande envergadura, o Itaú, detém uma participação no BPI e, ao que parece, quer reforçar a mesma, o que é um bom sinal para o BPI... tudo a ver mesmo !!

Em resumo, a semana foi boa os mercados da região. Note-se que o câmbio do Peso Argentino, que chegou a cotar 3,70 por USD, hoje nem chega a 3,00 e o Real Brasileiro é em 2003 (até à data) a moeda que mais subiu face a um pacote de moedas “fortes”, a sua cotação comercial está finalmente abaixo da cotação paralela... a tendência deste “touro” é para ficar aqui pelos trópicos, pelo menos assim parece... e o mercado só volta na terça-feira para confirmar ou desmentir esta tendência nova !

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, quinta-feira e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 12.395pts – o índice subiu 6 % na semana
US$ 1 = R$ 3,03 – o dólar desceu 5,3 % na semana
€ 1 = R$ 3,25 – o Euro desceu 4,8 % na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,18 aprox.

A todos sem excepção, excelente Páscoa, com muito folar e amêndoas, junto de quem mais gostarem.
Por cá, ficamos com um folar chegado da nossa querida terrinha e com imensos ovos de Páscoa (feitos de chocolate) e ainda a colomba de Páscoa, outra tradição de SP. :P

Um abraço, felicidades
djovarius