Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

2020 – alvorada de nova década e novos desafios

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Thoth » 16/1/2020 10:27

JohnyRobaz isso é sempre tema de debate e na net estão as explicações todas.
Posso adiantar que tem a ver com cristo e o zero aritmético. Não é preciso descambar o tópico.
“O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima”
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1925
Registado: 29/9/2016 16:38
Localização: Antigo Egito

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por JohnyRobaz » 16/1/2020 10:19

Thoth Escreveu:O artista está correto, passagens de décadas, séculos e milénios é sempre no ano 00 para 01.
Percebo e aceito que as pessoas pensem que é do ano xxx9 para xxx0.


Lol dizes isso com base em quê? É que eu lembro-me bem da passagem de 1999 para 2000, e de ser universalmente festejado como a passagem do milénio...
“E assim como sonho, raciocino se quero, porque isso é apenas uma outra espécie de sonho.”, Fernando Pessoa
“Nothing good ever comes of love. What comes of love is always something better” , Roberto Bolaño
"A ciência e o poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, senão quando se lhe obedece." Francis Bacon
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4619
Registado: 20/8/2014 16:50

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Opcard33 » 16/1/2020 10:04

JohnyRobaz Escreveu:
Opcard33 Escreveu:Djovarias eu quando comecei a dizer que via governador do BCE como primeiro presidente daEuropa com um poder absoluto sem as contrariedades de um parlamento não fui muito bem tratado na Europa e mesmo em Portugal .

O Dragui sabia que todas as uniões monetárias colapsaram fora de estados federados , para salvar o euro ele provoca uma transferência ilimitado dos estados aforradores para os endividados ( Dados do Banco de Portugal apontam para um novo recorde nominal no valor da dívida total da economia portuguesa: 724,7 mil milhões de euros...)

Qual será o cisne negro que nos irá estragar os dias tranquilos que vivemos , todos estão focados no conflito comercial USA/China e conflito aramado USA/Irão eu acredito que teremos uma surpresa ..


Deixo uma palavra para JohnyRobaz porque pela primeira estou de acordo com ele ,mas faço-lhe lembrar que foram as esquerdas que pediram o bar aberto ( por não quererem reformas nem disciplina ) que provoca a maior desigualdade da história entre gerações, quem tem activos ou acesso fácil ao crédito é rico ( imobiliário numa grande cidade é multimilionario)

Com juros negativos um activo que dê rendimento o seu valor tende para o infinito .

Há um sentimento terrível em algum países na Europa a mobilidade morreu quase impossível aceitar emprego numa grande cidade o ordenado não paga a renda , ou ir de uma pequena Cidade vendendo o seu alojamento não dá para a entrada numa grande cidade .

( Paris 1/3 ricos estrangeiros , 1/3 ricos nacionais resto minorias , a classe média para os arredores vida infernal vítima quem trabalha e seus filhos ) .

A França ganhou no ano passado 200 000 postos de trabalho dos quais mais 45% criados em Paris quando nos anos 80 e 90 a capital da França era responsável por apenas 15% .
O novo emprego acontece nas grandes cidades sem habitação disponível os conflitos sociais d3 hoje tem origem neste fenómeno , atenção ao voto em alguns países da Europa há muita gente zangada .



Pois foi Opcard, pediram e com razão, porque o bar aberto devia ter vindo com a intervenção da troika, na altura em que os juros dispararam, exactamente para evitar esse disparo. É preciso ajuda dos bancos centrais a quem precisa de ajuda, não é a quem não precisa, que é o que está a acontecer agora, levando juros de dívidas nacionais a 10 anos negativos. Sem dúvida que os défices teriam que ser controlados e conduzidos para o zero, como sempre aqui defendi e como o PS, ao contrário do que quase toda a gente aqui pensava, atingiu (não vou aqui discutir se da melhor ou pior maneira). Mas isso devia ter sido feito não em forma de castigo, mas sim de cooperação. Mas isso é década de 10, agora vem a de 20 e esperemos que corra melhor.



Mas johnyRobaz isso seria terrível para ti , caso o bar estivesse aberto em 2012 PPC depois de salvar o país da bancarrota teria dinheiro dos outros para dar presentes a todos os portugueses e estaria 40 anos no poder .

Nisto há um aspecto moral que deve estar acima de tudo e põe um problema democrático caso não houvesse bar aberto o Costa já tinha ido a sua vida e o Centeno não seria o CR7 Das finanças mas um desgraçado sem dinheiro para pagar as reformas ou SNS .

Como sabes os USA em metade do tempo da sua história não teve Banco Central ´, se tudo fosse gente seria Eles nãoSeriam necessários
 
Mensagens: 731
Registado: 9/9/2013 15:13

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Thoth » 16/1/2020 10:02

O artista está correto, passagens de décadas, séculos e milénios é sempre no ano 00 para 01.
Percebo e aceito que as pessoas pensem que é do ano xxx9 para xxx0.
“O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima”
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1925
Registado: 29/9/2016 16:38
Localização: Antigo Egito

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por JohnyRobaz » 16/1/2020 2:00

artista_ Escreveu:Grande trabalho Djovarius!!! :clap: :clap: :clap:

Queria apenas deixar a nota de que na realidade a terceira década deste século (e milénio) só começa no dia 1 de janeiro de 2021! :wink: Mas eu percebo que te estás a referir à década de 2020/30, esquecendo o preciosismo que referi atrás! :D

Gostei particularmente da história dos sorvetes, e da reflexão inerente sobre os juros negativos... não sei se pagaremos isso, como tendo a ver o copo meio cheio, acho que vamos acabar por sair aos poucos dos juros negativos e, dessa forma, vamos pagando aos poucos, sem muitos danos. Cá estaremos para ver... esperemos que sim! :lol: 8-)


Caro artista, por acaso acho que não tens razão nesse detalhe 8-) Se te lembrares, a viragem do milénio foi de 1999 para 2000. Faz sentido que as viragens das décadas sejam dos anos 9 para os anos 0.

Abraço! :wink:
“E assim como sonho, raciocino se quero, porque isso é apenas uma outra espécie de sonho.”, Fernando Pessoa
“Nothing good ever comes of love. What comes of love is always something better” , Roberto Bolaño
"A ciência e o poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, senão quando se lhe obedece." Francis Bacon
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4619
Registado: 20/8/2014 16:50

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por artista_ » 16/1/2020 1:52

Grande trabalho Djovarius!!! :clap: :clap: :clap:

Queria apenas deixar a nota de que na realidade a terceira década deste século (e milénio) só começa no dia 1 de janeiro de 2021! :wink: Mas eu percebo que te estás a referir à década de 2020/30, esquecendo o preciosismo que referi atrás! :D

Gostei particularmente da história dos sorvetes, e da reflexão inerente sobre os juros negativos... não sei se pagaremos isso, como tendo a ver o copo meio cheio, acho que vamos acabar por sair aos poucos dos juros negativos e, dessa forma, vamos pagando aos poucos, sem muitos danos. Cá estaremos para ver... esperemos que sim! :lol: 8-)
Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 17491
Registado: 17/3/2003 22:51
Localização: Almada

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por JohnyRobaz » 16/1/2020 1:16

Opcard33 Escreveu:Djovarias eu quando comecei a dizer que via governador do BCE como primeiro presidente daEuropa com um poder absoluto sem as contrariedades de um parlamento não fui muito bem tratado na Europa e mesmo em Portugal .

O Dragui sabia que todas as uniões monetárias colapsaram fora de estados federados , para salvar o euro ele provoca uma transferência ilimitado dos estados aforradores para os endividados ( Dados do Banco de Portugal apontam para um novo recorde nominal no valor da dívida total da economia portuguesa: 724,7 mil milhões de euros...)

Qual será o cisne negro que nos irá estragar os dias tranquilos que vivemos , todos estão focados no conflito comercial USA/China e conflito aramado USA/Irão eu acredito que teremos uma surpresa ..


Deixo uma palavra para JohnyRobaz porque pela primeira estou de acordo com ele ,mas faço-lhe lembrar que foram as esquerdas que pediram o bar aberto ( por não quererem reformas nem disciplina ) que provoca a maior desigualdade da história entre gerações, quem tem activos ou acesso fácil ao crédito é rico ( imobiliário numa grande cidade é multimilionario)

Com juros negativos um activo que dê rendimento o seu valor tende para o infinito .

Há um sentimento terrível em algum países na Europa a mobilidade morreu quase impossível aceitar emprego numa grande cidade o ordenado não paga a renda , ou ir de uma pequena Cidade vendendo o seu alojamento não dá para a entrada numa grande cidade .

( Paris 1/3 ricos estrangeiros , 1/3 ricos nacionais resto minorias , a classe média para os arredores vida infernal vítima quem trabalha e seus filhos ) .

A França ganhou no ano passado 200 000 postos de trabalho dos quais mais 45% criados em Paris quando nos anos 80 e 90 a capital da França era responsável por apenas 15% .
O novo emprego acontece nas grandes cidades sem habitação disponível os conflitos sociais d3 hoje tem origem neste fenómeno , atenção ao voto em alguns países da Europa há muita gente zangada .



Pois foi Opcard, pediram e com razão, porque o bar aberto devia ter vindo com a intervenção da troika, na altura em que os juros dispararam, exactamente para evitar esse disparo. É preciso ajuda dos bancos centrais a quem precisa de ajuda, não é a quem não precisa, que é o que está a acontecer agora, levando juros de dívidas nacionais a 10 anos negativos. Sem dúvida que os défices teriam que ser controlados e conduzidos para o zero, como sempre aqui defendi e como o PS, ao contrário do que quase toda a gente aqui pensava, atingiu (não vou aqui discutir se da melhor ou pior maneira). Mas isso devia ter sido feito não em forma de castigo, mas sim de cooperação. Mas isso é década de 10, agora vem a de 20 e esperemos que corra melhor.
“E assim como sonho, raciocino se quero, porque isso é apenas uma outra espécie de sonho.”, Fernando Pessoa
“Nothing good ever comes of love. What comes of love is always something better” , Roberto Bolaño
"A ciência e o poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, senão quando se lhe obedece." Francis Bacon
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4619
Registado: 20/8/2014 16:50

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Opcard33 » 15/1/2020 11:25

Djovarias eu quando comecei a dizer que via governador do BCE como primeiro presidente daEuropa com um poder absoluto sem as contrariedades de um parlamento não fui muito bem tratado na Europa e mesmo em Portugal .

O Dragui sabia que todas as uniões monetárias colapsaram fora de estados federados , para salvar o euro ele provoca uma transferência ilimitado dos estados aforradores para os endividados ( Dados do Banco de Portugal apontam para um novo recorde nominal no valor da dívida total da economia portuguesa: 724,7 mil milhões de euros...)

Qual será o cisne negro que nos irá estragar os dias tranquilos que vivemos , todos estão focados no conflito comercial USA/China e conflito aramado USA/Irão eu acredito que teremos uma surpresa ..


Deixo uma palavra para JohnyRobaz porque pela primeira estou de acordo com ele ,mas faço-lhe lembrar que foram as esquerdas que pediram o bar aberto ( por não quererem reformas nem disciplina ) que provoca a maior desigualdade da história entre gerações, quem tem activos ou acesso fácil ao crédito é rico ( imobiliário numa grande cidade é multimilionario)

Com juros negativos um activo que dê rendimento o seu valor tende para o infinito .

Há um sentimento terrível em algum países na Europa a mobilidade morreu quase impossível aceitar emprego numa grande cidade o ordenado não paga a renda , ou ir de uma pequena Cidade vendendo o seu alojamento não dá para a entrada numa grande cidade .

( Paris 1/3 ricos estrangeiros , 1/3 ricos nacionais resto minorias , a classe média para os arredores vida infernal vítima quem trabalha e seus filhos ) .

A França ganhou no ano passado 200 000 postos de trabalho dos quais mais 45% criados em Paris quando nos anos 80 e 90 a capital da França era responsável por apenas 15% .
O novo emprego acontece nas grandes cidades sem habitação disponível os conflitos sociais d3 hoje tem origem neste fenómeno , atenção ao voto em alguns países da Europa há muita gente zangada .
 
Mensagens: 731
Registado: 9/9/2013 15:13

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por JohnyRobaz » 15/1/2020 1:38

Excelente tópico dj, só reparei agora nele!

De facto, continua a ser para mim difícil compreender a existência de juros negativos, mas parece que é algo que veio para ficar, porque como é algo global, nenhuma grande moeda acaba por perder confiança dos mercados por estar associada a tal "esquisitice". Lamento é que provavelmente seja uma das grandes fontes de desigualdade actual a nível de rendimentos, e quem o diz é o Ray Dalio...

Mas sem dúvida que a globalização, tendo sido crítica para o ocidente menos desenvolvido pois perdeu o trabalho que estava costumado a fazer para locais mais baratos (o Ocidente desenvolvido continua na vanguarda, sem sofrer o mesmo tipo de perdas), foi óptima para retirar milhões de pessoas da pobreza e levar ao aumento das classes médias pelo mundo fora. A questão é saber se as democracias resistem a este esforço de mudança. Solução: já aqui foi dita, e concordo a 100%: promover a educação. E a ciência, a investigação e desenvolvimento tecnológico, aumentar a produtividade do trabalho, seja com AI ou sem AI. Como ontem ouvi nos Pros e Contras, a AI vai salvar o planeta se servir para aumentar exponencialmente a produtividade das pessoas que vão trabalhar (cada vez menos) para pagar as reformas das pessoas que estarão aposentadas (cada vez mais) e que não aceitarão (no sentido de que votarão em quem lhes der o que querem, e não faltarão oportunistas para isso) reformar-se muito mais tarde. Veja-se França.
A sustentabilidade geracional e a demografia serão, a meu ver, a par das mudanças climáticas e poluição dos oceanos, os grandes temas em 20-30. A Economist lembra que em 2020, pela primeira vez na história, haverá no planeta mais pessoas com mais de 30 anos do que com menos. O envelhecimento já é global, e não apenas da Europa. Se por um lado isso pode ser mau para o crescimento económico, é uma oportunidade para perceber que este terá que deixar de depender menos do aumento populacional, até por uma questão de sustentabilidade do planeta, e mais dos aumentos de produtividade.
Quanto ao ambiente e clima, é urgente o combate aos plásticos, encontrando alternativas degradáveis e não poluentes. O combate ao desperdício acima de tudo (pelo que ouvi um destes dias, 1 terço da comida produzida no mundo é desperdiçada). O problema do aquecimento global não sendo tanto a necessidade de usarmos tshirt mais dias por ano, é antes a influência dificílima de quantificar, que terá no ecossistema gigantesco que são os Oceanos, que mantêm o planeta em condições de habitabilidade. É assim urgente reduzir a produção de energia suja e procurar soluções mais limpas, sejam elas renováveis, sejam a fusão nuclear. Mesmo que a transição passe por gás natural e afins, mas pelo menos o carvão, tem que acabar.

Vou ficar por aqui, e deixar apenas a mensagem de que se gostamos da democracia e da liberdade, teremos que a defender. E não há melhor forma de o fazer do que ser massa crítica, por em causa aquilo que lemos, as notícias que vemos e ouvimos, a informação que nos chega a mil à hora. Perceber que o jornalismo tem valor, quando é mesmo jornalismo. E tentar parar por vezes para reflectir. E para isso, nada melhor do que ler mais e "scrollar" menos. Ler tem o defeito de demorar muito tempo. Mas tem a qualidade de demorar muito tempo. Pois só com tempo se reflecte, se pensa, e se é massa crítica.

Uma boa década a todos, e mais uma vez, parabéns pelo excelente texto dj!
“E assim como sonho, raciocino se quero, porque isso é apenas uma outra espécie de sonho.”, Fernando Pessoa
“Nothing good ever comes of love. What comes of love is always something better” , Roberto Bolaño
"A ciência e o poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, senão quando se lhe obedece." Francis Bacon
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4619
Registado: 20/8/2014 16:50

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por djovarius » 14/1/2020 18:01

Olá,

Em primeiro lugar, permitam-me dizer como emocionado fiquei pelas largas centenas de visualizações. Bem hajam.

Das vossas palavras, fica a nota de agrado e da participação também, sempre interessante do lfhm83, que se afirmou como um participante muito ativo. Concorde-se ou não, o que se pretende é o debate positivo.

O nosso opcard33 teve uma saída muito importante no atual contexto e que nem eu tinha abordado. Realmente, os presidentes do BCE tornaram-se (de facto, mas não "de jure") presidentes não eleitos da zona EUR (zona esta que significa o essencial da UE).
Isso mostra bem que não existem vazios de poder. Na falta de um poder eleito diretamente, no topo da pirâmide política europeia, emergem estes poderes referentes. Sem surpresa, o "homem das notas" acabaria por ser o mais importante desses poderes.
Mas isto também prova que esta Europa está doente. Enferma, no sentido em que os seus poderes e as suas instituições burocráticas (Bruxelas virou um pântano também) não estão à altura dos tais blocos fortes e mesmo dos outros em ascensão. Quem vai curar esta Europa?
Resposta simples: nós todos, se tal ainda nos for permitido !!!


Puxei o tópico também para permitir o debate, ainda ao longo deste mês!!

Abraço, bem hajam !!

dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8754
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Flav » 7/1/2020 17:33

Excelente post do Djovarios e bom complemento do Ifhm (quando não mete a cassete da política ao seu gosto, até diz umas coisas interessantes, lol).
Para mim a questão principal resume-se na qualidade da democracia que temos ( na tugalândia e no resto do mundo onde existe) e que podia ser melhor e como cada um de per si pode contribuir para melhorar.
 
Mensagens: 368
Registado: 13/1/2017 13:00

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por BearManBull » 6/1/2020 21:57

Djo bom tópico! Deixo umas notas.

A questão da automação não foi feita a pensar em idosos, nem capitalistas, nem socialistas. É simplesmente uma solução tecnológica para tornar os processos mais eficientes. A tecnologia é sempre amorfa o uso que se lhe dá é que a faz melhor para uns do que para outros.

Para resolver os problema dos fluxos migratórios, tal como o problema de tornar a economia mais sustentável passa por algo que já foi frisado noutros tópicos e tal como disse o Marco é questão de tornar a educação melhor e mais abrangente.

Em termos de abrangência o youtube já consegue fazer hoje em dia, qualquer pessoa no meio do nada consegue aprender álgebra, programação ou até física quântica e para tal basta ter acesso á internet.
Em termos de qualidade temos perdido muitíssimo nos últimos anos. As redes sociais estão a degradar por completo a qualidade dos valores. Cada vez à mais a crença do facilitismo e de que o problema é sempre culpa do outro e que é o estado que resolve. Os valores estão muito distorcidos, basta olhar para a Austrália que embora estivesse a arder com fogos incontroláveis, não hesitou em queimar o fogo de artificio para celebrar o ano novo. Para não falar dos hipócritas que passam os dias a postar a preocupação com o estado do mundo e depois no ano novo não hesitam em postar a foto no sitio mais exótico, como se não basta-se celebrar estas datas com um bom abraço à nossa família.
Por isso o maior problema da humanidade na entrada da terceira década do século XXI, são os valores e o maior defeito é a hipocrisia.

Como bem dizes estou desiludido com o mundo, pensava que estivéssemos mais longe na evolução tecnológica e também eu pergunto, onde estão os carros que voam e os cyborgs.
Mas temos algo que é bastante mais relevante que isso em termos evolutivos e que pode ser a panaceia tecnológica: a AI. A partir do momento que se crie a primeira AI que realmente seja consciente, será algo tão revolucionário, que será como entrar em contacto com uma civilização extraterrestre. A partir daí vai ser tudo em progressão exponencial, seja lá em que sentido seja. Quem estiver curioso pode ler sobre o assunto no livro do Raymond Kurzweil The singularity is Near, sendo que supostamente deve ocorrer durante à década de 40 (2045). Por isso para mim qualquer projecão que seja feita para depois dessa data é completamente irrelevante (o José Rodrigues dos Santos se ler isto tem aqui material para mais uma aventura do Tomás Noronha :lol: ).

Como disse noutro tópico a maior ameaça à humanidade é o nuclear, muito mais do que o aquecimento global e devia ser esse o nosso maior receio. Em vez disso temos tensões a escalar no médio oriente e isso sim dá medo. Não sei até que ponto vai escalar este conflito ou se vai algo que vai rapidamente desvanecer-se sem dramas maiores. Algumas das questões serão se os USA estão realmente preparados para um conflito desta escala? Será que têm algum trunfo tecnológico que ninguém mais tem conhecimento? Um exército de robots? Tem de drones isso tem e já não é pouco. Esperemos que não aconteça o pior basto uma única explosão nuclear e game over, será o fim do mundo imediatamente a seguir. De momento não há qualquer motivo para alarme, teremos de esperar para ver que tipo de retaliação vai ter o Irão e se vai ter apoio de alguma potência rival dos USA.
“It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent, but rather the one most adaptable to change.”
― Leon C. Megginson
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8725
Registado: 15/2/2011 11:59
Localização: 22

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Cem pt » 6/1/2020 17:09

Artigo excelente e que nos faz pensar, parabéns DJ!

Abraço.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager

No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez


O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
 
Mensagens: 3136
Registado: 4/3/2008 17:21
Localização: 16

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Opcard33 » 6/1/2020 16:26

Bom Artigo Djovarius , parabéns .

Mas a questão a 1 milhão de dólares é saber até quando a bondade dos bancos centrais vai durar , dinheiros grátis , neste Novo Mundo onde não se paga nem o tempo nem o risco ,algo que nunca existiu no passado .

Algo que muito não sabes , Mario Dragui foi o primeiro presidente de uma Europa Federal não foi eleito mas teve e utilizou os poderes mais poderosos que uma união pode ter dinheiros para todos de borla , algo que é recusado pelos tratados foi posto em prática pelo BCE.

O endividamento mundial bate record o Sol regressa em cada dia e ninguém pensa nisso , o futuro é um mundo com uma montanha de dívidas se algo correr mal pagam os aforradores .

Bom ano com muita liquidez dos bancos centrais .
 
Mensagens: 731
Registado: 9/9/2013 15:13

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por soso » 6/1/2020 15:23

Quase todos, nas mais diversas actividades , apenas vislumbram a árvore :!: alguns nem isso... ficam-se pela folhagem....

djovarius, mostras a floresta em todo o seu esplendor :idea: :idea: :idea: :idea:

Excelente análise :clap: :clap: :clap: :clap:

A minha modesta opinião : enquanto demais bancos centrais e em especial a FED e o BCE continuarem com os QE ( encapotados ou não), (https://www.jornaldenegocios.pt/economi ... uma-decada), muito do capital vai continuar a desaguar nos mercados financeiros :!:

Logo a prazo, esperam-se mais subidas.

Como o dinheiro físico, cada vez vale menos (as rotativas imprimem-no "25" horas por dia), é expectável que o OURO e outros metais, no longo prazo, continuem a apreciar.

Cumprimentos bolsistas :wink: .
1886 – Estátua da Liberdade; oferecida pelos Franceses como aniversário do 1º século de independência dos EUA
A estátua era um símbolo da democracia e das leis
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2024
Registado: 4/2/2008 13:37
Localização: Coimbra

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por Ulisses Pereira » 6/1/2020 13:12

Obrigado, Dj! Estas crónicas de início de ano já são um clássico no Caldeirão e continuam com o interesse de sempre!

Grande abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro

Re: 2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por djovarius » 6/1/2020 12:35

Mais anexos para completar o ensaio.

Fica a porta aberta para discutir esses assuntos

Abraço

djovarius
Anexos
SPX500.png
Não há palavras para o principal índice acionista dos EUA. Praticamente triplicou na década, situação que é uma grande lição. Estávamos a sair da maior crise financeira possível, mas o poderio dos Bancos Centrais revelou-se em todo o seu esplendor. Este ativo tinha sido um fabuloso investimento nos últimos 20 anos do século XX e um autêntico desastre nos primeiros 10 anos do séc. XXI. A seguir foi o que se viu. Poderá continuar a valorizar? Pode sim, mas dificilmente voltará a ter tal valorização. Se continuar a subir, o que não é fácil, poderá ter uma década de ganhos bem mais modestos, sobretudo se ocorrer uma normalização das taxas de inflação e juros.
SPX500.png (45.48 KiB) Visualizado 8781 vezes
DAX30.png
O DAX mostra bem o "lag" entre ações dos EUA e da zona EUR. Mesmo assim, o DAX mais do que duplicou. Como não? Afinal, com juros negativos, quem é que não assume riscos? Mas muitos índices não se valorizaram assim ou sequer valorizaram, o que mostra que a zona EUR é desigual internamente. Espero na nova década por mais do mesmo. O mercado vai continuar atrás dos ativos com mais garantias e este é um deles. De todo o modo, a partir de agora, subidas serão muito complicadas, a não que o BCE sinalize anda mais facilidades.
DAX30.png (49.28 KiB) Visualizado 8781 vezes
OTUS10.png
Agora, os juros da OT dos EUA a dez anos. Na sequência do impressionante bull destes títulos, de mais de 30 anos, tivemos ao longo da década um triplo topo (ou triplo fundo nos juros, como queiram), o que leva a crer que os juros não baixarão mais. De momento, eu não diria que as OT estão a entrar em "bear market", mas o antigo touro está muito, muito cansado. Há que ficar atento a estes títulos, pois dão sinais importantes para outros investimentos.
OTUS10.png (47.38 KiB) Visualizado 8781 vezes
OTDE10.png
O grande espanto da década foi o título alemão a dez anos. Aqui sim, que fabuloso bull market !!!
Como os juros vieram de 3.42% para -0.74%. O BCE deu €€€ grátis a quem quis pegar e os investidores não disseram que não.
E agora? Vai continuar? Temos que acreditar que os juros alemães poderão ir a território extremo (negativos) em caso de crise, pelo que este ativo deve ser considerado um excelente refúgio. Mas esta década pode trazer mais surpresas neste ativo. A ver.
OTDE10.png (44.11 KiB) Visualizado 8781 vezes
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8754
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve

2020 – alvorada de nova década e novos desafios

por djovarius » 6/1/2020 12:15

Eis-nos chegados à terceira década do século XXI. Tradicionalmente é uma década marcante para o futuro, em suma, é o verdadeiro início do século. Não é preciso ir mais longe do que o exemplo da nossa história: o que ocorreu nos anos vinte do século XIX marcou profundamente a realidade por muitos anos, como são exemplos a independência do Brasil ou o conflito interno entre liberais e absolutistas. O país nunca mais seria o mesmo. O mesmo se pode dizer dos acontecimentos dos anos vinte do século XX, com a ditadura militar e as transformações políticas que haveriam de marcar muitas décadas vindouras.

Também na Europa os eventos dos anos vinte romperam com o mundo velho, condicionando toda a realidade política e militar por muitos anos. Para não falar da euforia norte-americana, os “roaring twenties”, que exportaram um estilo de vida e prosperidade pelo mundo ocidental, com toda a sorte de excessos que haveriam de culminar no choque do “crash” da Bolsa de Nova Iorque em 1929 – evento que marcou por muitos anos a esfera financeira, com consequências trágicas na economia, na política internacional, enfim, em tudo o que se passou no mundo nos anos e décadas seguintes.
Os eventos dos anos vinte deixaram uma herança quase interminável. Estamos em crer que a história se repete e que voltaremos a experimentar transformações de fundo que marcarão o futuro.

Há quem diga que isso é resultado da mudança geracional. Só agora nos anos vinte é que se perderá em definitivo uma certa memória histórica do século anterior e que as novas gerações estarão totalmente afastadas de experiências marcantes do passado. Vendo bem, quem tem hoje 35 anos de idade, já não compreende o mundo anterior à queda do Muro de Berlim, ou os eventos que levaram a esse momento histórico e nem sequer se lembra dessa noite mágica e das transformações subsequentes.

De igual modo, passando agora para a esfera financeira global, a mesma pessoa ainda tem uma leve memória das moedas nacionais que levaram ao EUR, mas já não compreende o que é viver com inflação elevada, juros mais elevados ainda, nem sequer se recordará da evolução que levou ao maior experimentalismo financeiro dos Bancos Centrais, a que sempre chamei de “exacerbada liquidez”, a qual vem alimentando bolhas há mais de trinta anos, criando ao mesmo tempo crises cada vez mais duras. Da última destas, a memória coletiva ainda está fresca, mas rapidamente se vai desvanecendo, como já estamos a observar.

O mundo entra em 2020 com um grande sentimento de desilusão. Há 50 anos apenas todos sonhavam com o imaginário da ficção científica. À época, pensar em 2020 seria pensar em viagens pelo espaço sideral, circular em carros voadores, imaginar pessoas semi-biónicas. Enfim, até na possibilidade de nos podermos alimentar com uma espécie de pílula que nos forneceria todos os nutrientes, pelo que a alimentação convencional só seria utilizada em contextos de festa ou comemoração. Era acreditar que o Homem, quase liberto das obrigações e esforços do dia-a-dia, poderia se dedicar às mais altas esferas da arte e da cultura, podendo-se dedicar em pleno aos prazeres da vida.
Ao longo destes anos, o otimismo reinante acabaria por se desvanecer. O guarda-chuva da energia nuclear revelar-se-ia eficaz a evitar um novo conflito global, mas não impediu que o pior do Homem viesse à tona: continuámos sempre mergulhados em sangrentos conflitos, em permanente guerra e revolução, independentemente de conceitos de raça, religião ou geografia.
Mas se não obtivemos tudo o que muitos sonharam ao longo dos tempos, atingimos novos máximos no desenvolvimento tecnológico, nas comunicações, na ciência médica, no poderio industrial, nas novas técnicas agrícolas. O mundo nunca conheceu tamanho desenvolvimento e progresso, inclusive social, algo espantoso se tivermos em consideração todos os imponderáveis conhecidos, sendo um dos mais complexos, o próprio crescimento global da população.

Eis-nos chegados a 2020 com um “mix” improvável de frustração e satisfação. De alegria e desilusão. Sempre o copo meio cheio e meio vazio. Sempre o Yin e o Yang. No fundo, o mundo que temos é o mundo que somos. Sempre assim foi e sempre assim será. O maior de todos os paradoxos na virada da década é o de tentarmos compreender como foi possível atingirmos tão extraordinários progressos ao mesmo tempo que a miséria humana se multiplica. Somos, talvez, já demasiados seres humanos, daí que, por muito que a vida melhore para tantos, existem outros que parecem nunca ter vez.

Perante estes factos, há uma série de questões marcantes para 2020 e seguintes anos. As questões são intensas e deverão marcar a década.

Desde logo, pegando na política dos grandes blocos (vide ensaio sobre o ano de 2019), será que se vai intensificar a rivalidade EUA – Rússia – China? Admitindo-se a impossibilidade de guerra total, devido às terríveis armas de que todos dispõem, os dirigentes deverão provavelmente alimentar guerras de influência regionais, com a possibilidade de conflitos armados numa espécie de guerra fria moderna, as quais deverão influenciar cada vez mais a política das sub-regiões mais próximas, geograficamente falando, e, muito importante, tentarão influenciar os jogos de poder nos blocos que se formarão por virtude do gigantismo natural dos mesmos. Leia-se: Índia (um bloco de influência económica e política em estado puro), Indonésia (uma potência emergente e maior país de influência muçulmana), Nigéria (cuja explosão populacional vai fazer tremer o seu próprio continente e o mundo), Brasil (devido à marcante posição nos mercados de produtos agro e agro-industriais e outros recursos) e Reino Unido (agora com mãos livres para renegociar a sua influência política, militar, económica e histórica pelo mundo afora).
No meio disto tudo, volta a ser premente a questão: e onde fica a Europa unida no meio disso tudo. Sem o Reino Unido, mas ainda com os núcleos duros dos impérios do velho continente, qual será a posição europeia perante as jogadas de estratégia globais? O mais provável será a continuação da estagnação europeia, pelo menos em comparação com a ascensão de outros continentes. E a América do Sul, outrora considerado o continente de futuro radiante, que atraia gente de todos os lugares? O mais provável é que continue cada vez mais mergulhado em divisões gritantes nas áreas ideológicas, económicas e sociais, com possibilidade de conflitualidade interna nalguns países e até regional em caso de grise mais grave.
A Ásia deverá continuar a cimentar a sua posição no mundo, ostentando mais riquezas, mas também mais problemas. Crescer não é fácil e acarreta custos. Serão os benefícios suficientes para esconder os imponderáveis?


Dito isto, ficam algumas das questões que vão marcar seguramente a nova década, no seu todo ou em parte e que poderão atingir o seu auge ou a sua resolução:

- O debate sobre alterações e/ou emergência climática. Daqui não passa. Nesta década vamos ficar finalmente a saber se isto é o caos que se apregoa. A utilização de problemas ambientais como bandeira ideológica não afigura nada de bom. Corre-se o sério risco de um certo tipo de discurso alarmista nos desviar do essencial. O que é o essencial? A compreensão daquilo que é a participação do Homem na degradação da biodiversidade, dos efeitos da poluição moderna na natureza, como é o caso da execrável utilização dos oceanos como um gigantesco caixote de lixo, cheio de plásticos e demais atrocidades. Urge separar o trigo do joio e tomar medidas que evitem a utilização de matérias poluentes, mas essas medidas terão de ser globais e nunca focadas num determinado continente, sob pena de terem um efeito demasiado reduzido.

- Como alimentar uma população mundial que, sendo agora 7.7 mil milhões, vai atingir 8.5 mil milhões de pessoas no final da década. O aumento populacional por si só é impressionante, mas a realidade é cruel. Se hoje alimentar o mundo implica em mais e maior devastação do meio ambiente, como será no futuro? A agricultura é hoje responsável por 80% da extinção das florestas e da biodiversidade. Como poderemos tornar compatível a necessidade do aumento da produção agrícola com a preservação do meio ambiente é um desafio inimaginável há apenas cem anos. E a água? Vai ser uma “commodity” cotada em mercado? Nalguns locais, este bem escasso mas essencial à vida, poderá valer ouro e ser motivo de guerras tremendas ou convulsões sociais. Mesmo nas sociedades desenvolvidas, a questão da água deverá levar a profundas perturbações e motivar a aceleração da mudança de certos paradigmas.

- Como fixar as populações nos seus locais de origem, prevenindo ondas de migração. Historicamente o ser humano sempre migrou pelas mais variadas razões, sobretudo económicas. Mas a situação atual tende a ser explosiva, pois a quantidade de pessoas em aflição excede toda a capacidade de acolhimento, sendo que, na maioria das vezes, os migrantes que têm sorte em fugir, podem nem sequer ser os mais necessitados. A grande questão é, pois, como ajudar as regiões depauperadas para que as populações se possam manter nos locais de origem. Portanto, trata-se de resolver o problema na fonte. As dificuldades em dar respostas serão dos maiores desafios da década.

- Perante os temas acima, como vai ser a sociedade de consumo. Vai mudar radicalmente o paradigma que comandou as últimas décadas ou tudo fica na mesma? Vai mudar alguma coisa para que, no fundo, tudo fique na mesma? Ou fica tudo igual? Como poderá o mundo aguentar o aumento do consumo de bens e serviços derivado do crescimento global do PIB? Vendo bem, cada vez há mais capacidade de consumo global, cada vez há mais rendimento disponível, surgem as classes médias um pouco por todo o lado. Todos querem a sua parte do bolo, mas o bolo tem de ser muito maior. Poderão os recursos do Planeta ser suficientes para todos? Até quando e por que preço?

- Será o 5G a revolução que todos esperam? O mundo está online, mas vai passar a ser tudo em tempo real. Irá isto aumentar ou diminuir o fosso entre ricos e pobres? Vamos ter mesmo carros autónomos por todo o lado? Será esta década suficiente para instalar uma grande rede de 5G em todos os locais ou só em alguns? E a inteligência artificial? Vai beneficiar a quem? Será uma ajuda válida ou cemitério de empregos? Hoje ainda não há uma noção da realidade da IA, mas no fim da década, seguramente, será uma questão na ordem do dia, com possibilidade de disrupções sociais um pouco por todo o mundo desenvolvido. A automação foi pensada para um mundo envelhecido, com menor capacidade de recrutar mão-de-obra. Como será num mundo mais populoso do que nunca?

- Qual será a influência das “blockchains” na evolução digital? Será o fim do mundo tal como o conhecemos? Sabemos que as moedas digitais terão muitas possibilidades tanto mais se houver garantia por parte de Bancos Centrais “viáveis”, mas o mundo das “blockchains” é muito mais do que as cripto moedas, é algo que poderá ser a futura revolução, ainda mais num contexto de internet de maior velocidade e fiabilidade. A minha aposta é a seguinte: no mundo das viagens e turismo vai fazer parte de uma revolução de metodologias. Haverá uma revolução no funcionamento de outros mercados? Do mercado financeiro? Ainda estamos só no começo. O protocolo de descentralização é um antigo sonho de muitos utilizadores da rede. Vamos esperar para ver se cumpre o que se promete, isso fará com que esta década seja mesmo incrivelmente marcante no contexto do século XXI.

Depois destas questões que são apenas uma amostra de tantas outras que poderiam ser inumeradas, como as guerras, o terrorismo, as crises políticas nas grandes democracias, fica a pergunta: qual será o grau de crescimento económico e qual o comportamento dos mercados financeiros globais?
Há apenas uma década, já se levantavam as maiores ondas de pessimismo (como sempre ocorre) pelas razões que todos conhecem, mas tal não impediu nem o contínuo crescimento económico global nem o crescimento dos mercados ou a valorização de ativos. A fórmula mágica do milagre da multiplicação das notas, ou seja, “dinheiro” (aumento da liquidez e diminuição dos juros) foi dando resultados inesperados. Na década que passou, um enorme aumento do endividamento global não foi impediu que muita dessa dívida rendesse zero ou menos que zero. Com a generalização dos juros negativos, os ativos de risco tiveram passadeira vermelha para valorizações inesperadas. A década foi positiva para quem arriscou, sendo insensível aos perigos. Mas os juros negativos levantaram questões: como será a ressaca dessa festa? Até quando o mercado aceitará que a passagem do tempo não tenha valor intrínseco? Aqui devemos pensar na explicação que daríamos a uma criança se questionados sobre o que são os juros? Normalmente, diríamos alguma coisa como isto: se quiseres 10 sorvetes agora, são só esses 10 e não tem mais conversa. Se esperares um ano, ganhas mais 3 ou seja um total de 13 sorvetes. Assim se explicaria um juro anual de 30% a uma criança. Então, como explicar juros negativos? Se quiseres dez sorvetes agora, tudo bem, mas daqui a um ano vais obter nove sorvetes apenas. Será fácil de imaginar a criança a gritar e pular pelos dez sorvetes imediatamente, nem pensar em esperar minuto mais.
Isso leva-nos a pensar: quem é que quer aceitar juros negativos? Por quanto tempo mais? Com que objetivo? A necessidade de preservar o capital tem limites ou a perda de algum capital é um preço a pagar pela segurança (quase) total desse mesmo capital?
Vamos acreditar que na nova década esta situação será igual a uma corda que se estica até ao limite…até partir para algum lado. Não é de excluir nenhum cenário: poderemos ver o fim definitivo dessa experiência inusitada, como poderemos ver Obrigações do Tesouro (algumas) com juros negativos de três, quatro ou cinco porcento.

Dito isto, vamos ver como foi a década de alguns dos principais ativos internacionais:


(continua / 2 mensagens)
Anexos
EURUSD.png
Foi a década do rei dólar, apesar de muita volatilidade. Curiosamente, esta foi diminuindo ao longo dos anos. Este par perdeu cerca de 20% do valor à medida que os juros na Europa colapsavam nos países mais fortes e subiam nos mais fracos na sequência das crises internas dos últimos. Tirando isso, fica a pergunta: onde estamos agora? De momento, esse "bear" terá já acabado como o gráfico mostra, mas não há ainda provas de que já terá começado um novo "bull", como se viu após 2018. O mais provável será termos de esperar uns bons meses por respostas concretas.
EURUSD.png (45.86 KiB) Visualizado 8817 vezes
USDJPY.png
Mais um ativo que mostra a força do rei dólar na última década. Contra tudo e contra todos, o par subiu à medida que os mercados perdiam o medo de terrorismos e crises várias. Também aqui é complicado dizer se touros ou ursos estão à frente. Eu diria que se sair do atual triângulo, o par tem pernas para andar. Ou quebra 103.00 ou 115.00 para voltar a ter interesse. Até lá, anda ao sabor das volatilidades do dia a dia.
USDJPY.png (45.77 KiB) Visualizado 8817 vezes
Gold.png
Ouro. Foi e é um espanto. Atingiu máximos históricos (em USD) na sequência da década anterior, tornando-o um dos melhores ativos do século XXI. À medida que o USD continuou a se valorizar, o ouro perdeu o brilho, fazendo uma dramática correção. Entretanto, voltou, depois de 2018, a ser alvo dos touros. Está a ir bem, sendo que se passar os 1.600 dólares poderá ter pernas para revisitar os máximos históricos. A ver vamos.
Gold.png (42.88 KiB) Visualizado 8817 vezes
Oil.png
O petróleo (CL) foi dos ativos que mais deu aos "traders". Alguns terão ganho mais do que os produtores. Após um dramático "bull run" que o levou aos 113 USD por barril, começou a ser alvo dos ursos, os quais num só ano, levaram-no a preços dos anos setenta. As posições curtas renderam mesmo, só que a festa foi breve, os touros voltaram. Atualmente, eu diria que se voltar aos 70 USD, pode abrir caminho para voos maiores, não sendo de desprezar o regresso aos 90 dólares. Uma coisa é certa: volatilidade é aqui mesmo !!
Oil.png (45.42 KiB) Visualizado 8817 vezes
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 8754
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Andre vez, Bar38, Bing [Bot], Google [Bot], PAULOJOAO, rtinto, serdom, Tx9262 e 156 visitantes