Num dia de realização clara de mais-valias em quantidades importantes, um pouco por todo o lado, voltou de novo a colocar-se a questão importante sobre se estaremos ou não a enfrentar valorizações dos mercados bem acima dos valores a que se encontram cotados face às perspectivas sombrias de resultados futuros empresariais que se projectam para os anos mais próximos.
Estamos ou não a navegar em águas turvas? Irão ou não os Bancos Centrais intervir mais uma vez em força para conseguir aguentar a avalanche do actual movimento de forte correcção?
Respostas a que só o futuro responderá!
A carteira “
Osc MI5” obviamente ressentiu-se desta forte correcção mas por outro lado a componente defensiva das opções, que agora se encontra mais reforçada na sua cobertura do hedging negativo pelo facto de conter apenas opções Put com maior peso ponderado face à semana transacta, destinadas a valorizarem-se com as descidas dos mercados, ajuda pelo menos para já a esbater o montante percentual diário reflectido na queda do valor da carteira.
As Puts estão lá para isso, para subir em dias negativos e aliviar nessas alturas o valor das quedas da carteira.
Para já temos novas e importantes actualizações do sistema de trading num aparente início de ciclo de baixa que parece aproximar-se:
Em Portugal,
PSI – Passa de
neutral para
vendido.
Galp – Passa de
neutral a
vendida. No gráfico pode-se observar de novo a tendência e o ciclo diários a voltarem a terreno negativo.
EDP – Possibilidade de passar de
comprada a
neutral, a confirmar até ao final da semana.
Na Europa,
Anheuser Busch Inbev – Passa de
neutral a
vendida.
ENI – Passa de
neutral a
vendida.
BASF – Passa de
neutral a
vendida.
BN
- Galp: Sistema de trading Osc MI5 / Gráfico Diário
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Muita gente julga que para ganhar no trading basta ter um método com algumas regras que gere sinais de compra e venda e, preferívelmente, que tenha feito meia dúzia de negócios positivos no passado para se auto-convencer que tem ali uma excelente ferramenta. Depois é só ir gerindo essas regras.
Na teoria parece certo, na prática o que foi dito acima não poderia estar mais longe da verdade!
Para quem resolve começar com uma forma de abordar os mercados com esse espírito tem de ter uma paciência férrea em cumprir “sempre” as regras, conhecer a fundo o método para ganhar a sua confiança e afastar a ideia do “eu é que sei e decido o que fazer” e que o método está ali para ser apenas usado de vez em quando ou para fazer dele uma assessoria para funcionar como um conselheiro em caso de dúvidas.
Na verdade ao fim de duas ou três trades em que o método registe perdas ou que a compra tenha sido feita umas velas mais tarde, “caramba, eu já tinha entrado muito lá mais atrás, ganhava bastante mais!”, a atitude mais comum é mudar regras ou pôr de lado o sistema com o argumento de que “desta vez pensei por mim e ganhei”. Está dada a machadada final no sistema! Dali para a frente ficará para ser recordado ou usado como mero auxiliar de curiosidade para tentar confirmar qualquer coisa, menos os negócios futuros da carteira.
Há que reconhecê-lo, só mesmo uma minoria dos traders que andam pelos mercados usam de alguma forma sistemas de trading ou similares associados a figuras, canais de quebra e linhas de tendência.
O problema maior resulta do método usado não ter sido devidamente testado para lhe ganhar a confiança, significando que, mesmo que determinado trader seja bastante disciplinado e procure usar o método da forma mais correcta, o resultado acabará sempre num desfecho de grande desilusão e perdas na carteira.
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Vamos agora ser mais positivos e imaginar um cenário em que alguém finalmente teve acesso ou descobriu um método jeitoso que lhe dará uma “edge” favorável com lucros a longo prazo no horizonte ao fim dumas dezenas largas de negócios.
Excelente, estará no caminho certo. Mas será suficiente para ganhar dinheiro de forma sistemática nesta actividade?
Pois aqui está a resposta óbvia, ter um acesso a um bom sistema de trading dará certamente dinheiro a ganhar a prazo mas... atenção, por melhor que seja o dito sistema de trading, ou método equivalente similar, por muito que se esforce para o aplicar de forma certinha e sem se desviar da rota de cumprir sempre com o avanço dos sinais de compra e venda, o nosso herói juntará seguramente uma maquia razoável.
Ganhará aqui, perderá além, volta a juntar uns cobres de novo, mas jamais ganhará aquilo que chamamos uma fortuna para chegar a milionário à custa do método que usa!
Então não basta ganhar dinheiro pouco a pouco para ir construindo uma boa carteira de forma paulatina? Infelizmente não, vão-me desculpar mas falta ali uma componente essencial que aqui ainda não falámos, ou melhor, abordámos um pouco pela rama lá mais para trás neste tópico do trading com o “
Osc MI5”!
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O tema que hoje aqui trago é de longe aquele que considero o mais importante do trading e suplanta, ou melhor, superioriza-se claramente quer ao sistema de trading usado nesta carteira quer ao sistema de hedging defensivo que tem sido aplicado.
Quem aspirar a retornos colossais, a um nível poucas vezes imaginável em sonhos, pode ler com atenção a minha reflexão pessoal que aqui deixo abaixo e que constitui uma procura permanente sobre a forma mais rápida de ganhar dinheiro neste negócio altamente arriscado dos mercados financeiros.É isso tudo: riscos enormes, alavancagens assustadoras, perdas abissais de capital.
Se conseguirmos sobreviver com uma carteira que lide com alavancagens superiores à unidade significa que a simples capitalização anual dum retorno que seja o dobro duma carteira simples não alavancada, é equivalente ao fim de 10 anos podermos obter um capital final comparável, com as mesmas trades, mais de 1000 vezes superior (2^10 = 1024)!
Este post é para mim o mais importante de todo o conjunto deste tópico, dominar o tema das alavancagens é um factor crítico para se ter sucesso nesta actividade do trading de alto risco!
Nada melhor que abordar o tema do money management precisamente num dia de fortes correcções, para lembrar aos mais afoitos que jogar com fortes alavancagens é um caminho seguro para sofrer queimaduras a níveis que poderão ser insuportáveis de todo.
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Acreditem, ter um bom sistema ou um bom método é ir para uma corrida apenas com um bom carro com que andamos no dia-a-dia, um Ford, um Volkswagen ou um BMW para aí com 1800 cm3 de cilindragem. É claro, vão acabar a corrida naqueles lugares incógnitos da segunda metade a que só o piloto e os mecânicos um dia vagamente recordarão!
Falta nesta corrida o principal: disporem dum fórmula 1! Exactamente, sem tirar nem pôr.Mas que raio é isso no trading, para além das regras bem definidas para comprar e vender materializadas pelo sistema ou método de trading a utilizar?
Pois aqui está,
o fórmula 1 a que me refiro tem um nome simples mas um pouco complicado, chama-se “money management”.
Obviamente, dispondo dum bólide destes, é o mesmo que ir para a corrida e aspirar atingir o podium dos lugares de topo! Mas se não tiver mãozinhas para ele, ou não o souber guiar com mestria e juízo, a probabilidade da morte pode espreitar mais rápido do que pensamos, ao virar rápido demais numa curva traiçoeira!
Esta é a grande verdade: um bom sistema de trading pode gerar bom dinheiro mas juntar ao bom sistema de trading um método eficiente e comprovado de money management, adaptado exclusivamente ao método de trading empregue nesta actividade de alto risco, poderá ser a diferença de conseguir transformar um bom dinheiro numa fortuna colossal!Por favor não confundir com “risk management”, ou gestão de risco, que é um assunto também importante mas que tem mais a ver com estratégias defensivas de trading, normalmente mais associadas às formas de gerir as colocações das ordens de stop-loss para prevenir movimentos contrários demasiado violentos contra o trader e que se possam materializar em perdas de valor excessivo.
Usar técnicas de money management implica usar alavancagens, ou seja, utilizar um risco bastante maior porque aposta em quantidades de dinheiro permitidas pelas corretoras que quase sempre excedem o nosso capital da conta de trading!
Trata-se de acelerar riscos e isso implica aumentar as probabilidades de êxito mais rápido ou aumentar também o risco dum desastre de perda muito significativa de capital, que no limite poderá ser a falência duma conta de trading.
Usar alavancagens não é certamente para toda a gente, estamos a falar de exposição a riscos excessivos mas, sabendo utilizar com critério as técnicas correctas de money management, será equivalente a multiplicar os lucros iniciais esperados sem alavancagem através dum factor superior à unidade, devidos ao sistema de trading utilizado, por um coeficiente acelerador exponencial mas devidamente controlado que não nos conduza à falência pelo efeito de “overtrading”.
Trata-se de lidar com o nosso dinheiro e sujeitá-lo a perdas em quantidades excessivas, sob condições de risco que se estendem para além do normal. Perder um percentual excessivo do nosso capital será sempre uma experiência dolorosa e marcante, que poderia desaguar na decisão última de nunca mais querermos ouvir falar em mercados.
Alguns provavelmente ainda se lembrarão, para perceberem melhor o que é o money management, que no passado aqui no fórum publiquei um post, que na altura deu pano para mangas, a que dei um título algo “bombástico”, chamado: “A bomba atómica do money management?!”.
Desse artigo escrito há mais duma década atrás retiro abaixo alguns excertos esclarecedores e agora adaptados aos tempos do presente. O artigo inicial continha algumas imprecisões e alguns conceitos pouco correctos em certas passagens, situação que desta vez procuro rectificar.
Devo contudo adiantar que o tema continua a ser bastante polémico. Os considerados grandes gurus mundiais no assunto mudam de opinião vezes sem conta e um caso paradigmático é o caso do maior especialista mundial no assunto, seguramente o Ryan Jones na minha opinião, cujos livros e artigos publicados revelam sempre dúvidas constantes e sugestões de melhorias e pistas diversas que são em muitos casos bastante divergentes em relação à sua opinião de alguns anos atrás.
Eu considero-me também um pouco a navegar na mesma onda, o que hoje penso sobre o money management foi evoluindo com o passar dos anos e neste tema é bom termos sempre algumas ideias básicas formadas em que possamos confiar e ir consolidando e afinando com o passar dos anos.
É um pouco dessa minha evolução, sobre os conceitos básicos que temos de alinhavar e colocar em prática no trading alavancado, que procuro abordar em seguida.
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A perda limitada de parte do capital deve ser sempre o princípio geral que deve nortear a estratégia colocada em cada negócio.
Apostar em alavancagens exageradas pode desembocar em duas vias distintas: uma pode levar o trader ao paraíso dos milionários em alguns poucos lances de sorte, sem saber ler nem escrever, onde verdadeiras fortunas podem ser construídas em poucos anos através da capitalização dos lucros de rentabilidades quase inacreditáveis em breves apostas altamente alavancadas de simples sorte; mas a outra via possível da utilização de “overtrading” ou uso de alavancagens altamente aceleradas, infelizmente mais frequente que o caminho anterior, poderá desembocar numa falência indesejável na maioria das vezes.
A alavancagem deve portanto ser moderada quanto baste, de modo a evitar riscos elevados de falência mas há um postulado importante: deverá ser tanto maior quanto menos tempo negociarmos nos mercados porque assim evitamos ter de enfrentar as perdas resultantes de muitos movimentos contra as nossas posições!
A Bolsa não pode ser encarada numa perspectiva de casino de tudo ou nada. Isto não é poker de jogadas de “all-in”, temos de colocar
sempre as probabilidades no topo da nossa estratégia e segui-la sempre de acordo com as regras estudadas pré-estabelecidas.
A opinião hoje dominante pelos gurus desta temática do money management é quase unânime: a alavancagem a aplicar nos mercados deverá preferencialmente ser do tipo “fixo fraccional” dependendo da performance esperada em testes intensivos e da aplicação em tempo real do sistema de trading a usar de forma mecanizada, ao qual se associa um coeficiente de money management do tipo antimartingale.
Trocando por miúdos, isto significaria que à medida que o valor da carteira aumenta, devemos aumentar também a quantidade de dinheiro proporcional a colocar em risco daí para a frente por forma a proporcionar um crescimento exponencial ao capital inicial da carteira, a famosa capitalização. De facto não faz sentido usar 1 contrato de futuros para uma conta de 10.000 € ou o mesmo contrato para a mesma conta que entretanto subiu para mais de 100.000 €, seria um desperdício para os verdadeiros traders profissionais. “Time is money” e o tempo de trading sério dum profissional limita esta actividade a períodos entre os 30 e os 50 anos de negócios de risco considerável, que no final podem ser a diferença entre uma conta que ganhou algum dinheiro ou acumulou uma fortuna invejável multiplicada por 100 ou 1000 vezes mais do que a primeira, obviamente devido aos riscos assumidos por causa das alavancagens usadas, mesmo que por moderadas ou cautelosas que tenham sido, como manda a prudência.
A alavancagem tem necessariamente um limite prático no campo dos mercados accionistas. Pensem um pouco: quem deixa posições de futuros abertas de um dia para o outro não se pode dar ao luxo de usar, nunca, alavancagens superiores a 4. Porquê? Simples, porque se existe um acontecimento de proporções aterradoras durante um período em que os mercados se encontram fechados, um crash na abertura da sessão seguinte superior a 25% seria o suficiente para atirar este trader à falência instantânea: fecho automático das suas posições e ainda ficava a dever dinheiro na conta de futuros! É possível suceder este cenário durante a nossa actividade de trading ao longo de, digamos, uns 20 anos? Resposta: sim, é muito provável que tal possa ocorrer!
Temos então uma primeira constatação: por muito bom que seja um sistema de trading, a alavancagem optimizada calculada por fórmulas de money management não deve ser aplicada a índices accionistas onde as emoções, ou acontecimentos excepcionais exteriores que não controlamos, podem redundar em descalabros incontroláveis para além do racionalmente admissível.
Que activos escolher então e qual a alavancagem a imprimir em termos realistas que não levem à falência provável ou à sujeição inevitável de uma margin call?
Antes de responder à questão anterior uma coisa é certa: só faz sentido aplicar regras de money management a métodos ou sistemas de trading que retornem lucros no longo prazo, a curva de capital tem de estar com uma pendente de regressão linear claramente virada para cima.
A corrente dominante tem-se centrado assim na teoria das estratégias de jogo do tipo antimartingale: a aposta deve ser proporcional ao capital disponível, aumentando quando o capital aumenta ou diminuindo quando o capital diminui e o seu valor deve ser tanto maior quanto mais performante for o método ou o sistema de trading escolhido, para acelerar as hipóteses de ganho para o mesmo horizonte temporal futuro.-----
Para tentar obter o maior retorno possível a prazo o conceito estatístico utilizado foi o do “Optimal f” ou do critério de Kelly, usado inicialmente pelos apostadores profissionais das corridas de cavalos e hoje amplamente divulgado e usado entre a comunidade dos traders profissionais do CTA / Commodity Trading Advisory.
A fórmula de Kelly é dada por:
Percentagem optimizada a colocar em risco = W – (1-W) / R
Em que:
W = Percentagem de sucesso de cada negócio em relação ao total
R = Rácio de ganhos / perdas
Se repararem com atenção nos parâmetros que são actualizados no final de cada semana, também a carteira “
Osc MI5” segue de forma bastante estrita estas técnicas de money management, usando como veículo o mercado accionista através de posições longas / curtas com alavancagens que em geral rondam a zona dum leque de utilização dum coeficiente cujo valor raramente ultrapassa a barreira dos 2 a 2,5.
Ou seja, quanto maior é a expectativa de retornos de um determinado jogo, leia-se sistema de trading, em que a relação entre ganhos e perdas simulados ao longo do tempo aumenta, pode-se alavancar mais o valor da aposta para se obter a prazo um lucro superior.
Uma diferença importante na aplicação da fórmula de Kelly nos dias de hoje ou no passado da década anterior, na óptica do risco da carteira, é que preferivelmente haverá que não concentrar em um único papel ou activo as apostas em tudo que exceda mais de 25% do total da conta em risco, que se resume ao valor da conta multiplicada pela alavancagem média utilizada.
Daí que no caso desta carteira “
Osc MI5” eu tenha procurado utilizar como valor da aposta máxima individual o índice S&P-500 limitados a 40% da conta simples não alavancada no caso das posições longas. Como a alavancagem média da carteira se situa por volta da zona dos 1.5 aos 2.5, pode-se usar como alavancagem referencial um valor a rondar os 2.0, o que significa que o produto mais exposto da carteira terá uma exposição de 0.40 / 2.0 = 20%, ou seja, menor que os 25% tomados como limite individual dum único papel da carteira exposto ao risco.
Há no entanto um limite ainda mais problemático no mundo do trading real que impede de considerar o critério de Kelly como o único factor para o cálculo da alavancagem a longo prazo, tendo em conta o sistema de trading com os seus parâmetros e rácios conhecidos.
A verdade é que não podemos cegamente confiar apenas na fórmula de Kelly, e esse factor limitativo chama-se drawdown! Digamos que a fórmula de Kelly é apropriada para gerar o limite superior da alavancagem utilizada para optimizar o maior lucro possível a longo prazo mas o cutelo do drawdown estará lá sempre para nos fazer lembrar que a carteira não pode exceder em perdas mais que um valor limite estabelecido à partida pelo perfil do trader gestor da sua carteira ao longo dos anos em que for negociar nos mercados ou, em alternativa, mais do que o drawdown histórico do sistema ocorrido no passado.
Um ponto curioso contado pelo lendário recordista mundial de traders profissionais, o Larry Williams, aparece contado no seu “best-seller” “Long-term secrets to short-term trading” na página 179 do famoso capítulo 13 em que fala da aplicação da fórmula de Kelly no ano em que ganhou o campeonato do mundo com uma valorização certificada da sua conta real que subiu de 10.000 Usd para 1.100.000 Usd num único ano de trading.
Nesse excerto o Larry Williams reconhece que a fórmula de Kelly é bastante “suicida” quando o mercado se vira contra ele, chegou a estar a ganhar durante esse campeonato para cima de 2.000.000 Usd e, mantendo apenas a fórmula de Kelly como técnica empregue de money management, esse valor voltou a descer abaixo dos 700.000 Usd. Ou seja, enfrentou um drawdown monstruoso superior a 65%, antes de voltar a recuperar para o montante final alcançado.
Acrescenta ele que esse episódio lhe provocou uma enorme angústia, sim, mesmo os grandes traders que usam sistemas de trading confiáveis enfrentam grandes stresses. Nessa altura teve a ajuda e assessoria do maior guru do money management e seu amigo, o Ryan Jones, que passou a estudar aquele case-study em particular para procurar soluções que no futuro evitassem um evento similar.
Uma das conclusões a que chegou o Ryan Jones já foi aqui abordada, centrava-se em aplanar o risco distribuindo a ponderação das apostas de modo a evitar concentrar um grande peso apenas num único papel preponderante, que pudesse estar sujeito a uma grande queda no futuro. A sua segunda conclusão foi a descoberta da influência dos efeitos nocivos que o drawdown exerce sobre a carteira.
Para evitar que a carteira pudesse ficar sujeita a um risco de quebra por falência, Ryan Jones sugeriu ao Larry Williams que utilizasse como limitação da alavancagem uma abordagem diferente, baseada na seguinte fórmula, a qual, volto a repetir, não foi usada na dita competição do campeonato do mundo:
Alavancagem a utilizar < 100% / ( Percentagem de margem usada + Percentagem histórica do maior drawdown sofrido pelo sistema de trading usado no passado)Evidentemente que nada impedia que o sistema pudesse sofrer um drawdown superior ao que ocorreu no passado e portanto a fórmula foi melhorada posteriormente usando um coeficiente de segurança de 1.5 para majorar o pior drawdown ocorrido no passado, pelo que foi alterada para:
Alavancagem a utilizar < 100% / ( Percentagem de margem de corretagem usada + 1.5 x Percentagem histórica do maior drawdown sofrido pelo sistema de trading usado no passado)Ou seja, se a simples aplicação da fórmula de Kelly der origem a uma linha de capital com lucros tremendos mas com drawdowns excessivos que são verdadeiros sustos, esqueçam! Guiem-se por ambas as vias, a da optimização dos lucros e a que dê origem a um drawdown limite que procure não ultrapassar preferencialmente dois tipos de percentuais de base: o seu valor histórico e o valor admissível pelo trader.
Quando falamos dum valor de drawdown admissível, que aqui ainda não tinha sido referido até agora, depende muito do grau e perfil de risco de cada um. Há quem ache que perder mais de 20% do seu capital seria uma desgraça inimaginável e há quem esteja na disposição de aceitar um limite “aterrador”, bem próximo de por exemplo 50%, desde que esteja a considerar a hipótese de poder lidar em simultâneo de forma credível com retornos médios anuais que possam rondar ou ultrapassar esse valor.
De preferência, digo isto por experiência própria, sugere-se para os drawdowns admissíveis a adopção dum número que não exceda mais de metade dos lucros médios anuais esperados. Se esperarem obter realisticamente 100% ao ano, atenção à alavancagem enorme que vão imprimir à conta, só que nesse cenário um drawdown admissível de 50% terá de ser seriamente considerado! Mas fica o aviso: a vossa linha de capital com o risco tremendo associado vai ser um verdadeiro pesadelo constante, parecendo uma montanha russa altamente perigosa. Isso é no mínimo garantido, mas quanto a alcançar os 100% também garanto que poderá ser uma quimera dum sonho!
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No estágio actual da minha reflexão pessoal sobre o tema importantíssimo do money management a questão quantitativa do risco não coincide na sua conclusão final nas reflexões a que chegaram Larry Williams e Ryan Jones sobre a fórmula ideal a adoptar.
Pessoalmente acho que, por razões de segurança, deverão sempre existir dois critérios de alavancagem que deverão ser satisfeitos numa carteira que aspire a altos voos: o critério de Kelly e o de evitar que um drawdown histórico ou admissível possa ser suplantado o risco de falência da carteira a gerir.
Também no caso do critério do drawdown estou em desacordo com a fórmula proposta por Ryan Jones. Mais do que considerar na fórmula de segurança o maior drawdown histórico obtido npo passado, na minha opinião interessa saber duas coisas: para a obtenção desse pior valor histórico quanto tempo passou desde que o sistema de trading associado começou a ser utilizado, quantos anos de testes usou e quanto tempo futuro espera o trader negociar com o sistema de trading em causa?
Não podemos em boa verdade usar um valor de referência com um drawdown de valor baixo e apenas usado na prática por um período de, digamos, menos de 3 meses. Seria altamente insuficiente e poderia criar uma dose de confiança exagerada que não corresponde à realidade de situações de elevado stress emotivo que incluam situações de mercados em regime de crash ou quebras muito acentuadas.
Se estivermos a usar papéis ligados aos mercados accionistas e passarmos por cenários de pesadelos com crashes à mistura, como foi o caso já ocorrido este ano no período de fevereiro a março, aí poderemos aferir os drawdowns obtidos como muito mais confiáveis, uma vez que estas quebras terríveis de capital ocorrem quase sempre em regimes de altíssima volatilidade em que os crashes costumam estar presentes.
Nesta eventualidade poderemos por exemplo considerar que o drawdown obtido num cenário deste tipo não é nada vulgar, podendo ser assimilado a uma ocorrência esperada uma única vez por exemplo num período entre 2 a 3 anos.
De qualquer forma, no caso geral de não ter sucedido tal evento excepcional dum regime de altas volatilidades durante a aplicação prática do sistema de trading usado em tempo real, sugiro que o segundo critério para o cálculo da alavancagem seja dado pela fórmula:
Alavancagem permitida < 100% / [Coeficiente de Segurança K x Percentagem do maior drawdown histórico sofrido pelo sistema de trading no passado x Raiz quadrada (Tempo total esperado para usar no futuro o sistema de trading / Tempo já passado usado com o sistema de trading)] A primeira diferença que se pode constatar em relação à ideia de Ryan Jones tem a ver com a eliminação da parcela da margem de corretagem usada. Na minha opinião este factor tem mais a ver com a chamada duma margin call do que com a falência da carteira.
É certo que as margin calls são um primeiro aviso de que a carteira está a entrar na zona vermelha duma baixa de capital muito significativa, que poderá conduzir à falência se não forem tomadas medidas drásticas na altura da margin call, como sejam o fecho de posições para evitar a exposição a um risco excessivo. No entanto as margin calls não refletem de forma directa o risco a que a carteira se encontra exposta, digamos que a melhor forma de definir estes avisos será a equivalência a um primeiro sinal amarelo por parte do árbitro ou da corretora.
Ou seja, a versão da ideia de Ryan Jones é um pouco mais segura que a versão que proponho, assegurando menos alavancagem. Logo, isso implica mais segurança contra quebras da carteira, por forma a prevenir que a corretora atinja o nível perigoso em que as margin calls serão disparadas, e menos retornos potenciais por utilização de níveis de “undertrading”.
Na fórmula atrás proposta sugiro também introduzir um coeficiente de segurança “K” que poderá variar algures entre 1 a 2, consoante o grau de risco associado ao trader que está a lidar com o seu trading real e respectivo método de negociação usado. Na minha opinião esse mesmo coeficiente de segurança poderia começar por exemplo em 1.5 e iria baixando sucessivamente com o tempo até chegar a 1 no último dia de aplicação do sistema de trading, o que poderia traduzir nesse caso o valor de “K” pela fórmula seguinte:
K = 1 + 0.5 x (Tempo futuro estimado que falta para usar o sistema de trading / Tempo total passado e futuro em que o sistema de trading foi e vai ser usado) A defesa do capital tem de ser sempre o nosso objectivo número um, muito mais do que os lucros que gostaríamos de um dia vir a obter, daí a importância de reter sempre um coeficiente de segurança que nos proporcione esse conforto adicional contra uma possível falência teórica que possa acontecer algures no futuro.
Só teremos este capital uma vez na vida e recuperá-lo aos níveis actuais para muitos de nós poderá ser tarde demais, depende da idade de cada um e da vontade de retomar esta actividade depois de um descalabro traumático.
Essas catástrofes que nos poderão vir a afectar, ou não, ocorrerão com maior probabilidade quanto maior for o período que iremos dedicar ao trading.
O cuidado permanente em ter de adoptar um método qualquer de alavancagem deve ter sempre em conta este cutelo da falência, temos de ter consciência que se encontra tanto mais perto da nossa cabeça quanto maior a alavancagem a imprimir!
Um tema sem dúvida fascinante e de elevada responsabilidade pessoal. Como diria o outro, cada um lá saberá de si!
Como ía dizendo cada um tem de estar consciente que a alavancagem a adotar terá de obedecer a um controlo que tem de levar em conta os dois grandes factores considerados: a optimização dos lucros e evitar a falência duma carteira alavancada, que são caminhos contrários que se entrechocam.
Evidentemente que se formos sempre pelo caminho mais defensivo e restrito, o de evitar permanentemente que seja seguido um rumo que permita drawdowns excessivos, o valor da respectiva alavancagem vai ser necessariamente bastante pequeno, seguramente jamais seremos milionários!
O que acontece nesse caso é que nunca mais poderemos usar uma alavancagem suficientemente elevada que permita rápidas valorizações na carteira, que sabemos poderem ser calculadas pela fórmula do “Optimal f” ou fórmula de Kelly.
Ficaremos nessa indecisão num cenário em que parecemos um tolo parado no meio da ponte, sem saber se havemos de ir para a frente ou para trás. O que fazer então?
Cada caso será um caso diferente, a aversão ou permissão ao risco de cada um varia de indivíduo para indivíduo. No meu caso pessoal enveredei pelo meio termo dos dois factores, o que na prática se traduz pela fórmula genérica:
Alavancagem ideal a utilizar = (Alavancagem calculada pelo critério de Kelly + Alavancagem permitida pelo cálculo do drawdown) / 2Substituindo na fórmula atrás pelos factores conhecidos, isto traduz-se por:
Alavancagem ideal a utilizar = { Alavancagem actual da carteira x Percentagem do sistema de trading da carteira actual calculada pelo critério de Kelly / Percentagem de margem actual usada pela carteira junto da corretora + 100% / [ 1 + 0.5 x ( Tempo futuro estimado que falta para usar o sistema de trading / Tempo total passado e futuro em que o sistema de trading foi e vai ser usado ) x Percentagem do maior drawdown histórico sofrido pelo sistema de trading no passado x Raiz quadrada ( Tempo total esperado para usar no futuro o sistema de trading / Tempo já passado usado com o sistema de trading ) ] } / 2Evidentemente que a aplicação prática desta fórmula no dia a dia tem um “pequeno grande” problema: é que a utilização de margem da conta e a alavancagem diária vão variando constantemente em função das compras e vendas executadas na carteira, pelo que a melhor forma de ir verificando se a fórmula estará, ou não, a ser bem usada deveria ser através duma monitorização de ajustamento periódica, por exemplo semanal ou mensal.
Se a alavancagem utilizada estiver, na maioria das semanas, acima do valor da fórmula proposta, significará que os nossos activos na carteira terão de ser obrigatoriamente reduzidos, em função da segurança que deveria estar sempre presente, seja em quantidade dos activos seja no valor de risco em cada negócio.
Quem tem a acompanhado a carteira “
Osc MI5"sabe que os ajustamentos têm sido feitos de vez em quando nesse sentido, quando se constata que a alavancagem usada apresenta valores superiores aos aconselhados.
Mas afinal como deve ser empregue o money management? Desde que altura o devemos seguir?
Estas são perguntas com fácil resposta: o money management deve ser empregue por todos aqueles que estão dispostos a correr riscos elevados, é como ir competir numa corrida de fórmula 1 com um verdadeiro carro de competição, tendo consciência permanente desses riscos enormes de acidentes graves, que conheçam a fundo a performance histórica do método de trading que vão empregar, desde que retorne em média, num conjunto de trades aleatórias, um resultado expectável claramente positivo a prazo.
Deve ser utilizado pelos que querem acelerar no menor período de tempo possível os seus lucros para patamares quase inimagináveis à partida, mas ter sempre a consciência que existem riscos enormes que podem descambar na morte ou acidente muito grave como na falência da carteira ou num rombo de proporções monumentais.
O money management é aplicável a qualquer activo que permita ser alavancado nos mercados: contas margem em acções, futuros, opções, warrants, CFD, etc. Os activos podem ser de qualquer natureza: câmbios, commodities, acções, obrigações, etc, e a melhor altura de começar a aplicar regras de money management deveria ter sido desde… ontem!