Re: Italia - Defice e Juros
Enviado: 24/2/2021 16:15
forza algarve Escreveu:Se votar contasse alguma coisa não nos deixariam fazê-lo
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forza algarve Escreveu:Se votar contasse alguma coisa não nos deixariam fazê-lo
A lição Italiana
Daniel Oliveira
Salvini: “Entre estar sentado à mesa a participar na divisão dos 200 mil milhões ou ficar à janela a ver, prefiro estar dentro.” Di Maio: “Não estou para ficar a ver os outros a gastar os 200 mil mihões.” Todos querem a popularidade da bazuca e alguma gorjeta para a clientela. E escolheram um não eleito e “primus inter pares” da burocracia da UE, onde se decide alguma coisa. Mas um governo que junta todos deixa o país sem plano B. Parece uma saída, mas é o beco a que as nossas democracias chegaram
Não quero refrear com cinismo o entusiasmo com o governo de salvação nacional de Mário Draghi, que uniu quase todos os partidos italianos. Mas Salvini explicou ao que vem: “Entre estar sentado à mesa a participar na divisão dos 200 mil milhões ou ficar à janela a ver, prefiro estar dentro.” E Luigi Di Maio, do 5 Estrelas, também: “Não estou para ficar a ver os outros a gastar os 200 mil mihões.” Quanto à “salvação nacional”, estamos conversados. Depois do desgaste da pandemia, todos desejam a popularidade da bazuca e alguma gorjeta para a clientela. O Euromilhões já fez o primeiro excêntrico: “Estamos de mãos, pés, coração e cérebro na Europa”, disse um Salvini que ainda na semana passada era eurocético. Tem o primeiro lugar de intenções de voto nas sondagens para segurar.
Não há salvação nacional, há a consequência da tragédia que é a política italiana. O centro foi absorvendo tudo até não deixar alternativas para o descontentamento para além da extrema-direita. Um pouco como Macron fez em França, onde já podemos assistir a um debate televisivo em que o ministro do Interior, Gérald Darmanin, acusa Marine Le Pen de ser demasiado “mole” com o Islão. Tudo se parece encaminhar para uma grotesca indiferenciação. Em Itália, para além do antigo partido de esquerda liderado por democratas-cristãos, sobra um movimento que já só é inorgânico por não ter coluna vertebral e 40% para a extrema-direita. Perante a crise política, ou davam o poder a Salvini ou acenavam-lhe com os 200 mil milhões.
Para se salvar, a classe política italiana foi buscar um político sem votos. Desde que saiu da Goldman Sachs que Draghi não é propriamente um tecnocrata. Foi com política, através de palavras, que salvou o euro. A sua vantagem não é ser um técnico, é a que tinha então e volta a ter agora: não depende do voto. Isso liberta-o da pressão, da oposição e do desprezo do povo.
A liberdade de mandar sem depender do povo é cada vez mais popular nas democracias em crise, que são quase todas. Em Portugal, bastou a task-force cair no regaço camuflado de um militar e a comunicação social, interpretando o sentimento popular, logo serenou. Na vacina contra a corrupção, o herói é um super-juiz que todos vigia e ninguém controla. Militares, magistrados e tecnocratas. Quanto mais opacos e inamovíveis mais apreciados. A maioria quer homens fortes que não prestem contas enquanto se entretém a desfazer os que prestam contas de tudo.
Sabemos que os que elegemos já não mandam grande coisa. É por isso, e não tanto pela corrupção que sempre existiu, que os políticos perderam o respeito do povo e são diariamente enxovalhados na comunicação social. É por isso, e não por salários baixos, que os mais preparados não se querem torrar no escrutínio diário e no ódio viral em lugares onde pouco se decide. E é por isso que, com pragmatismo, os políticos italianos escolheram um “primus inter pares” da burocracia da União Europeia, onde se decide alguma coisa e ninguém que mande é realmente eleito.
Com o apoio parlamentar esmagador, a legitimidade de Draghi está garantida. Mas um governo que junta todos deixa um país sem plano B. Parece uma saída, mas é o beco a que as nossas democracias chegaram. São cada vez mais os que se habituariam com gosto a dar o poder a quem não dependesse do seu voto e não tivesse oposição. Vejam como, sem qualquer crise política, há tantos que suplicam pela solução italiana: um governo sem oposição.
https://expresso.pt/opiniao/2021-02-24-A-licao-Italiana
forza algarve Escreveu:Um governo amarelo/vermelho vai ser muito amigo de Bruxelles por tanto o que esperava o mercado financeiro.
DIXIE 2.0PLUS Escreveu:Itália vai reagir com referendo ao Euro e à UE, notem bem...
DIXIE 2.0PLUS Escreveu:A questão q deve ser colocada é esta: A União Europeia do euro, sem a Itália, terá alguma hipótese de sobreviver?
Dúvido!