Portaria das taxas de regulação da Anacom é inconstitucional

[Thoth]

EUA proíbem transações em criptomoeda da Venezuela

O Governo de Nicólas Maduro responde e promete "mais revolução" contra sanções norte-americanas

O Presidente dos EUA Donald Trump assinou hoje uma ordem executiva que proíbe às empresas e aos cidadãos norte-americanos ou estrangeiros radicados no país realizar transações em qualquer tipo de moeda digital emitida pelo seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro. A proibição tem lugar numa altura em que o Governo venezuelano lançou a criptomoeda Petro.

"Proíbem-se todas as transações relacionadas com a provisão de financiamento e outras negociações, a pessoas dos Estados Unidos ou dentro dos EUA, col m qualquer moeda digitaque tenha sido emitida por, para ou em nome do Governo da Venezuela, a partir de 09 de janeiro de 2018", lê-se na ordem executiva.

No texto lê-se ainda que a proibição visa "tomar medidas adicionais" relativamente ao decreto de 2015, que declara a Venezuela como uma ameaça para a segurança interna norte-americana.

A Venezuela já reagiu à medida, acusando os EUA de pretender submeter o país a mais agressões e prometeu "mais revolução".

"(Manifestamos) a nossa profunda indignação e condenação da decisão do imperialismo norte-americano de submeter a Venezuela a mais bloqueios e o nosso povo a mais sanções, a mais agressões", disse o vice-Presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, no poder.

Segundo Diosdado Cabello, que é tido como o segundo homem mais forte do regime, "quanto mais sanções, quanto mais agressões, mais revolução".

[MarcoAntonio]

O Petro continua sem arrecadar qualquer montante relevante. Aparentemente os milhões de alegadas intenções de compras baseiam-se num processo inconsequente onde era inclusivamente possivel introduzir com facilidade dados ficticios.

As transacções, a ocorrer, podem ser seguidas aqui:

http://explorer.ournem.com/#/s_account? ... EMWWO7MB66

As cryptos têm vantagens e desvantagens: uma das vantagens é que as transacçôes são públicas sendo possível tecnicamente saber se as transacções existiram ou não.

Para já o Petro não muda de mãos e alegações de intenção de compra valem o que valem. O que se pode dizer é que para já em termos efectivos ainda não foram angariados quaisquer milhões.

[Cem pt]

As confusöes da plataforma blockchain que realmente está a ser utilizada (Ethereum ou NEM) e as quantias arrecadadas nos dois primeiros dias de prevenda dos tokens ERC20 do Petro, contrariando a propaganda do anúncio de Maduro dos mais de 730 milhöes de dólares transferidos nas primeiras 20 horas:

https://www.youtube.com/watch?v=kPqZBrWqSA0

[pemides2]

Eu falo dessas questões no meu ultimo post, pemides.

Tens razão Fica reforçada a mensagem de que a moeda não é garantida por nada mais que a palavra do governo da Venezuela

[Opcard]

Muito interessante o que aqui se tem escrito , mas falta o issencial o Petro não é para particulares é para a China comprar e é que está a acontecer .

Penso que será possível tirar ganhos indo à boleia dos chineses , estava com vontade de arriscar mas há o aspecto moral o regime do Maduro é repugnante , mas facilmente daria dinheiro para o derrubar .

[MarcoAntonio]

Eu falo dessas questões no meu ultimo post, pemides.

[pemides2]

Em termos simples, o que é o Petro: o Governo está a emitir dívida numa moeda alternativa (o Petro) transaccionada usando a cadeia de outra criptomoeda já existente (Ethereum) e usando como colateral parte da reserva petrolífera do país.

O problema é que o Petróleo em si não está (obviamente ) numa blockchain. E não foi implementado nenhum mecanismo de escrow. Por isso o colateral não é o petróleo, mas a crença de que o governo vai redimir os tokens ao preço do Petróleo. Uma vez que o número total de tokens estará escrito no smart contract, já estamos melhor do que no Bolívar, pois não há expectativa de inflacção. Mas nada impede o governo de defaultar nas redenções dos tokens e emitir outra moeda qualquer. Este risco é ainda agravado pelo facto de, pelo que percebi da conversa, a moeda estar numa blockchain sob o seu controlo, por isso podem sempre alterar as regras quando bem lhes apetecer (ex: total supply).

Conclusão: tal como qualquer outra moeda que o governo da venezuela pudesse emitir, esta moeda terá valor enquanto houver confiança em que o governo da venezuela a garanta. Quebrando-se essa confiança, quem acha que está garantida por barris de Petróleo, rapidamente se desiludirá...

[Lion_Heart]

Eu só tenho pena daqueles que não fugiram a tempo.

[SFT]

A Petro tem algo que a distingue das outras criptomoedas: tem um valor associado a algo (neste caso, barris de petróleo).

Mais uma vez, não é das outras mas de outras. Existem várias criptomoedas asseguradas por metais como ouro e até prata, por exemplo.

Não sabia. Obrigado!

[MarcoAntonio]

Já agora, pela minha leitura do white paper disponibilizado pelo governo venezuelano, que linkei no meu primeiro post, nem sequer ficou claro para mim de todo que o Petro seria efectivamente convertível em Petróleo. Isso não está lá expresso!

O que o white paper diz é que o governo assegurava vir a aceitar o Petro como forma de pagamento (para serviços públicos, impostos, etc) usando o Petróleo como forma de indexação.

Essencialmente, para mim, para além da garantia vaga de que o país tem reservas de petróleo (não extraído!) para assegurar o Petro (supostamente!) o que se pretendia ali promover é contornar a hiperinflação do Bolívar dado que resulta óbvio pela formula utilizada que os únicos parámetros que interessam é o valor do petróleo à data e o desconto (que eles denominam por Dv) em vigor à data. Ou seja, tentar emitir dívida numa moeda que supostamente não estaría sujeita a hiperinflação como o Bolívar. Mas claro, tudo isto no pressuposto que o Governo / Estado é credível, que as condições não vêm a ser afectadas ou que na verdade até venha a ser difícil na prática usar o Petro como meio de pagamento uma vez que são tudo promessas. Já para não falar da hipótese de um futuro governo mandar tudo aquilo às malvas.

A associação ao Petróleo (às reservas de petróleo venezuelano) soam mais a um gimmick do que verdadeiramente a um processo de conversão em petróleo que não é expresso.

[MarcoAntonio]

A Petro tem algo que a distingue das outras criptomoedas: tem um valor associado a algo (neste caso, barris de petróleo).

Mais uma vez, não é das outras mas de outras. Existem várias criptomoedas asseguradas por metais como ouro e até prata, por exemplo.

[SFT]

A Petro tem algo que a distingue das outras criptomoedas: tem um valor associado a algo (neste caso, barris de petróleo).

Claro que podemos dizer que no futuro a Venezuela desiste desta conversão e quem investiu fica sem o dinheiro, mas face às outras moedas (e permitam.me os amantes e defensores) que mais se parecem esquemas de pirâmide onde o último vai fechar a porta, a Petro converte um activo real num activo intangível. Cria.se uma moeda virtual em moldes semelhantes ao de Bretton Woods em que o dólar era convertido em ouro.

[MarcoAntonio]

Por outras palavras, moeda virtual, cripto ou fiduciária não interessa. Não aceitaram o Petro como provavelmente não aceitariam Bolívares.

O valor de uma moeda, seja cripto ou fiduciária é basicamente o mesmo: a confiança depositada no emitente bem como, na prática, na medida em que pode ser usada (é aceite) como meio de pagamento (há casos históricos em que um governo deixa de assegurar e emitir uma moeda e ela continua a ser aceite e utilizada como meio de pagamento).

Ora, se uma moeda fiduciária é "assegurada" por um Estado que não oferece confiança e tem utilidade duvidosa como meio de pagamento, também não se aceita.


Por isso não faz grande sentido generalizar.

[MarcoAntonio]

Malakas, tanto quanto sei isso não é verdade. O pagamento de fees por o uso da rede para diversos serviços passa pelo "gas" (que no fundo é ethereum, ele próprio uma cripto).

Será verdade que não terão aceite neste caso porque provavelmente não confiam no Petro e terão visto logo à partida uma série de problemas com a moeda alternativa Petro que nem sequer é bem uma criptomoeda, ao que já tinha aludido no meu primeiro post. E faz todo o sentido que não aceitem, com franqueza.



O facto de o acordo com a plataforma Ethereum ter saido gorado para a moeda alternativa petro (na verdade emissao de divida por parte de um governo venezuelano e com risco de nem sequer ser reconhecida por governos futuros) é (mais) uma machadada no Petro.

Quanto ao Ethereum, não creio que esteja a sofrer particularmente com isto, os avanços e recuos têm estado sensivelmente em linha com os do Bitcoin (neste momento o bitcoin até cai mais mt embora tenha existido momentos em que o ethereum caia ligeiramente mais, em todo caso são comportamentos tipicos e perdem-se no meio da extrema volatilidade já normal nas criptos).

[malakas]

Finalmente, embora este cenário não se tenha conseguido confirmar de fonte segura, parece que o acordo com a Etherium terá fracassado porque o Governo venezuelano pretendia pagar os serviços da Etherium em Petros virtuais, e não em dólares, ...

As moedas virtuais são tão valiosas que nem a Etherium as quer aceitar como pagamento

[Ulisses Pereira]

Excelente post, Cem.

Já agora, acrescento que praticamente não há dinheiro físico na venezuela. 99,9% das transacções são feitas com cartões de crédito ou transferências bancárias.

Abraço,
Ulisses

[Cem pt]

Por informações que recebi de contactos que mantenho em Caracas parece que já está a haver barraca com o lançamento do Petro.

Os montantes que dizem já ter garantido com a pré-venda serão apenas intenções de compra dos tokens do Petro e não transferências garantidas.

O governo quer ter um controlo absoluto sobre a nova moeda, para isso as autoridades impedem atividades de mineração e terão contornado uma das funções básicas da blockchain ao exigir aos administradores do sistema um controlo absoluto sobre as transações e o rasto de todos os Petros que venham a ser movimentados: quem comprou, quem vendeu. Parece que transacionar incógnito é mais seguro com bolívares do que com a criptomoeda, uma das vantagens das criptomoedas apregoadas pelos seus adeptos!

À última da hora o governo venezuelano terá cortado o acordo que havia com os russos da Etherium para utilizar a respetiva plataforma de blockchain, para controlar o Petro, tendo passado a adotar uma outra plataforma quase desconhecida da criptomoeda NEM. Se calhar é por isso que o Etherium está a cair bastante no mercado quando se esperava que este negócvio do Petro fosse um bom empurrão para o Etherium ser reconhecido como um grande competidor à altura da Bitcoin.

Os russos da Etherium terão alegado que não concordavam com a deturpação da sua plataforma para a nova moeda ser controlada de forma centralizada, uma vez que o seu controle por uma entidade única iria colidir com um dos grandes princípios da criação das criptomoedas, por isso preferiram cancelar o acordo e manter o espírito para que foi criado o Etherium alugando a sua plataforma blockchain a entidades que não se afastem destes princípios.

Outras fontes terão acrescentado que os russos não se querem arriscar a ficar associados a um fiasco que possa vir a ser ligado ao Petro porque têm uma imagem a defender pelo facto do Etherium ser a segunda criptomoeda mais valiosa do mercado. É provável que se tenham apercebido que as entidades venezuelanas tenham outras intenções em mente diferentes do projeto de pôr a circular uma nova moeda virtual, preferindo arrecadar de imediato o valor da venda, ávidos que estão com a necessidade urgente de captar divisas fortes de qualquer maneira, de ser mais uma forma de enriquecer de forma ilícita e camuflada a elite da classe política, deixando o projeto do Petro morrer com o tempo ou repetir no tempo vezes sem conta novas emissões à semelhança da emissão desenfreada de bolívares criando hiper-inflação, sem que na verdade o Petro venha a ter qualquer utilidade prática.

Finalmente, embora este cenário não se tenha conseguido confirmar de fonte segura, parece que o acordo com a Etherium terá fracassado porque o Governo venezuelano pretendia pagar os serviços da Etherium em Petros virtuais, e não em dólares, reservando inicialmente uma percentagem parcial não revelada da emissão para 3 entidades distintas: uma primeira para a Etherium que cederia a sua plataforma blockchain e alteraria os parâmetros de controlo, uma segunda para os administradores do sistema que possuem os sites que irão controlar e operar a administração das eventuais confirmações de transações com o Petro, finalmente uma terceira parcela percentual do total, que também não foi especificada, reservada a entidades públicas ligadas ao Governo sem revelar critérios de atribuição, ou seja, sem transparências e sem que os russos da Etherium recebessem na prática quaisquer divisas fortes, leiam-se dólares, pelo seu serviço principal de ceder a sua blockchain.

Parte destas informações encontra-se aqui:

http://www.el-nacional.com/noticias/eco ... tro_224056

Entretanto e confirmando os receios de muitos analistas que o Petro não era mais que uma vigarice para captar divisas de forma rápida e sem qualquer trabalho, aparentemente melhor que assaltar Bancos sem o risco de serem apanhados, eis que a Venezuela dois dias depois de lançar o Petro acaba de lançar uma segunda nova criptomoeda, o Petro Ouro! Dá vontade de rir mas é verdade, podem ver aqui o seu anúncio de lançamento:

http://www.el-nacional.com/noticias/eco ... oro_224092

[Thoth]

Caro djovarius, essa discussão não é o propósito do tópico mas estejam à vontade para o fazerem.

Para que serve o Petro?

Como o Marco escreveu, "Em termos simples, o que é o Petro: o Governo está a emitir dívida numa moeda alternativa"

Cumprimentos e bons negócios

[djovarius]

Boas,

Talvez fosse melhor se dedicarem a perceber porque estão a fugir quase mil pessoas por dia só na fronteira do Estado Brasileiro de Roraima, com carradas de crianças com sarampo e já com vacinação a ser providenciada pelos brasileiros, mulheres grávidas (nasce mais de uma criança por dia só desses refugiados), isto para não falar dos que estão a fugir via Estado do Amazonas (muitos índios da Venezuela entre eles) e que chegaram a Manaus mais mortos que vivos devido à fome.
E ainda não há números sérios sobre os muitos que estão a fugir para a Colômbia. Poderão ser tantos ou mais.
São verdadeiros refugiados aqueles que fogem de um país pobre para outro quase tão pobre. É o desespero.
São 2600% ao ano de inflação e um ordenado mínimo que compra pouco mais de que um pacote de arroz. É o fim triste de mais uma podre utopia coletivista.
Não costumo entrar em comentário político, mas nestes casos não há como evitar.

Para que serve o Petro? No atual contexto era melhor um golpe de Estado do que uma criptomoeda...

Abraço

dj

[MarcoAntonio]

Em termos simples, o que é o Petro: o Governo está a emitir dívida numa moeda alternativa (o Petro) transaccionada usando a cadeia de outra criptomoeda já existente (Ethereum) e usando como colateral parte da reserva petrolífera do país.


A moeda não é minável, o Governo emite tokens que serão trocados por Petros. É nesta oferta que o Governo está, para todos os efeitos, a emitir dívida oferecendo como garantia petróleo.


O preço do Petro deverá estar sujeito (ser influenciado por): o preço do barril do petróleo venezuelano e grau de confiança depositada na moeda, especialmente tendo em conta que outro Governo poderá decidir não assegurar a moeda de todo dado que a oposição alega que todo o mecanismo é ilegal. Para fomentar a procura, o governo desenvolveu um esquema de descontos com a divisão das vendas em lotes em que o desconto vai diminuindo à medida que o processo vai avançando.



O documento disponibilizado pelo governo venezuelano sobre esta "moeda alternativa" está aqui:

http://www.elpetro.gob.ve/Whitepaper_Petro.pdf

[Thoth]

Maduro afirma que pré-venda de criptomoeda petro alcançou US$ 735 milhões

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nessa terça-feira (20) que a pré-venda da criptomoeda nacional denominada "petro" alcançou US$ 735 milhões desde a sua ativação, à meia-noite de segunda-feira (19) até as 20h de ontem (horário local, 22h de Brasília).

"São 20h32 de 20 de fevereiro e alcançamos uma intenção de compra na pré-venda da ordem de 4,777 bilhões de iuanes, 596 milhões de euros, US$ 735 milhões", afirmou Maduro no lançamento da sua oferta inicial.

Essa criptomoeda venezuelana está respaldada por 5,342 bilhões de barris de petróleo e seu preço está sujeito ao valor do barril venezuelano, que nos últimos dias oscilou em volta dos US$ 60.

O chefe do Executivo lembrou que desde a meia-noite de segunda-feira o "petro" está em 30 dias de pré-venda, que seguirão 15 dias de compras e anunciou que o governo assinou dois acordos, com uma empresa russa e outra venezuelana, relacionados com o suporte e a segurança da plataforma tecnológica onde ocorrerão as compras e vendas.

O governo ativou um site para orientar todas as pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, nas etapas a seguir para a aquisição da moeda digital. Maduro também informou sobre a criação do "Tesouro criptoativo".

Presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), ele anunciou há semanas que o total de criptoactivos a serem emitidos será de 100 milhões, "sem emissões extraordinárias, e dos quais 82,4 milhões estarão disponíveis para a pré-venda que começou ontem".

Desses, mais de 80 milhões (44%) serão oferecidos em uma pré-venda privada e na oferta pública inicial, enquanto 38,4% serão para a venda privada e 17,6% serão mantidos pela Superintendência de Criptomoedas e Atividades Conexas Venezuelana (Supcacven), informou a estatal Agência Venezuelana de Notícias.

[Thoth]

Venezuela lança esta terça-feira a sua própria criptomoeda. Uma tentativa de fugir às sanções?

O Governo de Nicolás Maduro lança esta terça-feira o petro, a nova criptomoeda da Venezuela. Será uma tentativa desesperada de equilibrar a economia? Ou uma maneira de fugir às sanções dos EUA?

A Venezuela decidiu investir no negócio das moedas virtuais: esta terça-feira é o lançamento oficial do “petro”, a nova criptomoeda venezuelana. As primeiras vendas desta nova unidade monetária digital surgem numa altura em que o país está mergulhado numa crise económica sem precedentes, aliada ao fosso que Nicolás Maduro cavou, tanto internamente como nas relações internacionais.

De acordo com o próprio Nicolás Maduro, cada petro corresponde a um barril de petróleo venezuelano, logo, 100 milhões de “petros” valem qualquer coisa como 6 mil milhões de dólares. A nova criptomoeda foi detalhadamente criada para valorizar a moeda “real” e funcionar como método de pagamento aos fornecedores estrangeiros – já que as últimas sanções dos Estados Unidos ao país proíbem qualquer nação de comprar dívida venezuelana.

Ou seja, o petro pode muito bem ser uma ágil tentativa de contornar as sanções impostas pelos norte-americanos. A Venezuela sobrevive há meses com vastas restrições de bens alimentares, hiperinflação – que pode este ano atingir os 13.000% – e o colapso da moeda tradicional, o bolívar: esta é, pelo menos aparentemente, uma tentativa desesperada de Maduro de melhorar os índices económicos do país.

Mas já sofreu o primeiro revés. O The Guardian conta que o congresso venezuelano, controlado pela maioria da oposição, considerou a criptomoeda ilegal. No discurso em que anunciava a decisão do poder legislativo, Jorge Millan, um dos congressistas, explicou que “isto não é uma criptomoeda, é uma venda avançada do petróleo venezuelano.”

Jean Paul Leidenz, um economista de Caracas, defendeu na televisão colombiana que um outro problema do “petro” é a transparência do Governo da Venezuela – ou a falta dela.

O petro vai ser emitido por um banco central que gerou hiperinflação com o bolívar. Quem é que daria um voto de confiança a um banco que nem sequer conseguiu manter a confiança do público na moeda tradicional?”, perguntou Jean Paul Leidenz.

Outro dos obstáculos que Maduro enfrenta – por muito inacreditável que seja – é que o petróleo que o Governo venezuelano “promete” com a aquisição de petros ainda nem sequer foi extraído. E, para juntar ao já complicado esquema, vai ser extraído através de um empreendimento conjunto em que o executivo só tem uma presença de 60%.

Apesar de todos os problemas, o superintendente venezuelano para a criptomoeda garante que já há muitos interessados. À margem de uma reunião em Caracas, Carlos Vargas garantiu que “vão certamente aparecer investidores do Qatar, da Turquia, de outras partes do Médio Oriente, assim como europeus e americanos.”

A Venezuela tem eleições presidenciais marcadas para dia 22 de abril. Nicolás Maduro deve vencer e prolongar o mandato – até porque baniu todos os candidatos da oposição que eram mais populares. Mas, na improvável hipótese de perder, todas as pessoas que tenham adquirido petros não vão ter qualquer retorno, já que um novo Governo vai considerar a nova criptomoeda ilegal e inexistente.