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Caldeirão da Bolsa

Efeito Trump

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Trumpómetro, uma app a adquirir?

por MarcoAntonio » 20/1/2017 21:56

zecatreca_2 Escreveu:Com este discurso do Presidente D.T., parece que vamos ter 4 anos de pura emoção.
:-s :-k


Estás a presumir que vai durar quatro anos. Pode não durar...

E não seria sequer insóito: desde os anos 70 já cairam dois.
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: Trumpómetro, uma app a adquirir?

por Zecatreca_1001 » 20/1/2017 21:41

Com este discurso do Presidente D.T., parece que vamos ter 4 anos de pura emoção.
:-s :-k
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Trumpómetro, uma app a adquirir?

por RaposoTavares » 19/1/2017 18:35

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Re: Efeito Trump

por Ativo » 19/1/2017 1:59

In Negócios, em 19/01/2017:

«A caminho do ‘impeachment’?

Trump beneficiará direta ou indiretamente, através das suas empresas, das decisões tomadas diariamente pelos governos de outros Estados e seus agentes. O interesse nacional vacilará, a História tem-nos dito, perante o lucro privado.

Amanhã, quando Donald Trump jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição dos EUA, cometerá uma violação – e de particular gravidade – dessa mesma Constituição. Quem o afirma é o Professor Laurence H. Tribe, provavelmente o mais famoso e qualificado constitucionalista norte-americano. O artigo I, secção 9 da Constituição norte-americana consagra a chamada “Emoluments Clause”, ou seja, a regra segundo a qual nenhum político ou funcionário público poderá aceitar presentes, emolumentos, títulos ou valores de qualquer Rei, Príncipe ou Estado estrangeiro. “Emoluments” significa compensação por serviços ou trabalho.

Como todas as normas previstas na lei fundamental americana, velha de 230 anos, também esta tem uma história. O caso é que Benjamin Franklin, um dos pais fundadores dos EUA, após regressar de França, onde foi Embaixador da Confederação, trazia uma singular prenda do Rei Luís XVI: o retrato deste último acompanhado de uma caixa de rapé cravejada de diamantes. Quando chegou perguntou ao Congresso se poderia ficar com o presente. A partir deste episódio (e de outros similares) o tema ficou e os constituintes entenderam melhor consagrar uma norma que resolvesse o assunto, mas com alcance mais amplo.

Não há qualquer precedente judicial na matéria. Ou seja, até hoje nenhum Presidente se aproximou sequer da “Emoluments Clause”, tal a natureza tóxica da questão. Recorde-se que o Presidente Obama tratou de saber se a compensação económica que recebeu por ter sido Nobel da Paz ofendia alguma norma constitucional. Embora a resposta tenha sido negativa acabou por doar o prémio pecuniário a uma organização de solidariedade.

Ainda que Trump tenha aparentemente tentado resolver a questão financeira relativamente às múltiplas empresas de que é dono ou sócio maioritário, os comentadores são unânimes em dizer que nada disso resolve o problema das incompatibilidades e a permanente tentação do interesse privado se sobrepor ao interesse público. Trump beneficiará directa ou indirectamente, através das suas empresas, das decisões tomadas diariamente pelos governos de outros Estados e seus agentes. E, nesses casos, o interesse nacional vacilará, a História tem-nos dito, perante o lucro privado.

A imprensa dá-se conta de algumas situações que ocorreram e ainda Trump não tomou posse. A semana passada, antes do muito polémico telefonema ao presidente de Taiwan, soube-se que um representante da Trump Organizations chegou a Taiwan com vista a tratar de investimentos em hotéis de luxo. É público que os negócios de Trump são devedores de milhões ao Deutsche Bank, o mesmo banco que negoceia com o Departamento de Justiça norte-americano investimentos em imobiliário na ordem de outros tantos milhões. Outro exemplo ainda, mais prosaico: após a eleição de Trump, a Embaixada do Bahrain mudou a celebração do dia nacional do país para o Trump Hotel em Washington.

Estou convencido que casos destes se multiplicarão simplesmente porque não há forma de evitar que tal aconteça. Laurence Tribe defendia, com estes mesmos fundamentos, que os grandes eleitores deveriam ter recusado a eleição de Trump. Tal não aconteceu. Será que mais ano menos anos teremos processo de impeachment?».
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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 18/1/2017 14:04

Ficas a saber que o mundo está de pernas para o ar quando vês o presidente da China a dar lições sobre "comércio livre" e o presidente eleito dos EUA (Republicano :shock:) a ameaçar com protecionismo.
Próximos passos: a China vai e pede adesão de Macau à CPLP, para poder adoptar o euro.

Com a sombra de Trump a dominar, Davos vira-se para a China
No primeiro encontro de Davos depois do “Brexit” e das eleições dos EUA, os defensores da globalização encontraram em Xi Jinping a sua nova referência.

Publico | SÉRGIO ANÍBAL 16 de Janeiro de 2017, 19:09

Xi Jinping é presidente da República Popular da China, é o secretário geral do Partido Comunista Chinês e, agora, de forma talvez surpreendente, tornou-se também na grande e derradeira esperança de Davos, para a defesa dos ideais da globalização e o do comércio livre.

Com Donald Trump a endurecer cada vez mais o seu discurso proteccionista e os principais líderes políticos europeus silenciosos para não darem trunfos à oposição anti-sistema que enfrentam dentro dos seus próprios países, os participantes no Fórum Económico Mundial de Davos que se inicia esta terça-feira, naquela estância de Inverno suíça, vêem-se forçados este ano a virar-se para a China se quiserem ouvir um discurso que aponte para o caminho que habitualmente defendem. (...)
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Re: Efeito Trump

por RaposoTavares » 16/1/2017 20:32

Quanto aos riscos do Efeito Trump, uma notícia do FT já com umas semanas...

https://www.ft.com/content/326006e6-ad63-11e6-9cb3-bb8207902122

Raposo Tavares
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Re: Efeito Trump

por Perito » 15/1/2017 22:59

richardj Escreveu:
Perito Escreveu:E o que achas da aproximação do Trump à Rússia e o seu afastamento em relação à China e Japão?


O Trump é narcísico e transacional. Quer ganhar e fará de quase tudo para isso. O Trump gosta de gente dura porque ele também se vê dessa forma. Desde que o Putin não provoque o Trump ou a imagem dos EUA, não tenho dúvidas nenhumas que o Trump dar-se-ia muito bem com o Putin (porque o Trump é ignorante para a geopolítica. O establishment vê a longo prazo e de forma mais abrangente. Rapidamente irá tentar reverter isso).

O Japão é algo periférico. O Trump é obcecado é pela China. Renegociar a NAFTA e uma guerra comercial com os chinocas irá pôr em questão 45% de todo o comércio dos EUA. Como europeu isso nem é o mais importante. Isto é:

Imagem

O défice que os EUA têm com a Alemanha é bastante significativo não obstante a reduzida percentagem. Porque é que os alemães são muito amigos dos americanos? Este é um bom motivo.

Os EUA têm provavelmente a economia mais dinâmica do mundo. Mas o barco está a afundar rapidamente e como é hábito um chanfrado foi eleito. Não duvido das boas intenções do Trump. Mas isso vai esbarrar contra o status quo. O status quo é o dilema de triffin e as dinâmicas atualmente vigentes. A Alemanha e a China precisam de continuar a ter balanças comerciais positivas brutais para manter a estabilidade interna. Mas isso não vai continuar para sempre. O consumo interno desenfreado dos americanos que garantia um mercado apetecível para os estrangeiros (e uma grande influência na política externa) também não.

É a minha opinião que o Trump passará pelos tempos mais instáveis desde a IIGM. Umas coisas serão culpa dele e outras não. Será muito importante diferenciar. Não liguem à imprensa que irá culpá-lo de quase tudo (eu não sou fã do Trump mas há que ser justo). O Obama não seria o salvador da pátria.

A economia de partilha é um nome giro dado a um cenário negro. É o regresso ao passado com a instabilidade laboral e financeira. É uma corrida para o fundo. E será mais evidente com o tempo.

O dólar é a moeda mundial. Como tal a FED é implicitamente o banco mundial. O renascimento nunca acontecerá na plenitude enquanto o petrodólar existir. E o petrodólar não vai acabar sem haver um estoiro colossal.
 
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Re: Efeito Trump

por jevang2 » 15/1/2017 15:51

No meio deste ambiente de ajustamentos e novas alianças geopolíticas, tive conhecimento (limitado) há pouco tempo de uma "nova" organização (Changhai Group Organization - China|Cazaquistão|Uzbequistão|Rússia|Tajiquistão|Quirguizistão|Índia e Paquistão (2017)|Observadores: Mongólia|Irão|Afeganistão ... Parceiros: Turquia|Arménia|Azerbaijão|Cambodja|Sri Lanca|Nepal) que muito provavelmente terá um peso relevante neste âmbito.

Abraço
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Re: Efeito Trump

por richardj » 15/1/2017 11:14

Perito Escreveu:A veneração que se assiste pelo Obama está no mesmo patamar que a veneração que se assiste pelo Putin em certas camadas da sociedade.

Por partes...

A presidência Obama, no seu geral, é um grande vazio. Há que deixar de lado a imagem que distorce o juízo. O Obama é um mulato bem aparentado, inteligente (não obstante os desastres - previsíveis - que ocorreram quando o teleponto crashou) com uma mulher também ela sociável e aparentemente inteligente. Família sofisticada com nenhum escândalo de maior. Pronto, agora há que fechar os olhos a isso e cingir-se aos factos...

O Obama não inverteu nenhuma tendência de maior. A economia, no seu todo, continua a afundar. Poupem-me à ideologia bacoca e irrealista dos livros. Todas as doutrinas económicas têm falhas. A globalização e a estrutura atual dos mercados financeiros promovem a centralização, os monopólios e as desigualdades brutais. É uma corrida para o fundo. Quando algo está mal é porque a ideologia não está a ser bem aplicada, dizem os comunistas e os neoliberais.

No que concerne à política doméstica, há que excluir o congresso republicano que fez de tudo para destruir o Obama porque a situação não acaba aí. O Obama perseguiu mais delatores do que os antecessores e expulsou bastantes ilegais. O Obama expandiu o poder de todas as agências de espionagem. Para quem não sabe os EUA ainda estão, oficialmente para quem quiser ver, em estado de emergência desde o 11 de Setembro. Em Setembro do ano passado foi o mesmo Obama que assinou a extensão. O Obama prometeu muito mas pouco concretizou. O Hope and Change no lado azul já era. Agora veio o Hope and Change vermelho que geralmente é mais chanfrado. Quando as sociedades estão a colapsar aparecem sempre os ditadores para controlar a situação. É para isso que foi criado o governo. Para estabilizar o pais.

No que concerne à política internacional o Obama herdou uma situação horrível e limitou-se a gerir...

O Afeganistão é um buraco sem fundo. Se a OTAN sair de lá vai-se assistir a uma matança ao estilo do Ruanda. Muita malta será linchada e decapitada porque o governo irá colapsar. Será criado mais um vazio de poder disputado pelos Taliban, Daesh, Irão, Índia, Paquistão, países do golfo, China/Rússia (para impedir a disseminação do terrorismo).
O Iraque é outro caos encapotado, com tensões étnicas semi-eternas. A eliminação do Daesh é apenas mais uma página. Depois vai-se ver como é que se vai gerir as relações entre curdos/sunitas/xiitas e nacionalistas iraquianos vs leais ao Irão.
A Síria que os Republicanos queriam invadir e ainda diziam que os sauditas iam pagar a conta. Tal treta. O Obama ainda está a ser criticado por não ter entrado em guerra descarada. A Síria é outro buraco sem destino certo. Há os iranianos que querem fortalecer o crescente xiita para atacar Israel mediante o Hezbollah e os sunitas do Golfo mediante a minoria xiita da Arábia Saudita e os Houthis no Iémen. Há os Turcos que têm boas relações com o curdistão iraquiano mas não querem que os separatistas curdos sejam fortes nem que o crescente xiita tome forma (porque o Erdogan é um chanfrado neo-otomano). Os Russos querem estabilidade na Síria mas não querem ficar do lado do Irão porque têm muitos negócios com os sunitas, não querem mais jihads internas porque têm muitos muçulmanos em casa e não querem gastar recursos que não têm em guerras eternas no Médio Oriente. Há ainda o Assad, mero fantoche, que não tem poder nenhum e está longe de reconquistar o país, Israel que prefere que o conflito na síria se arraste para sempre para entreter o Hezbollah (que está a adquirir muita experiência em combate urbano) e os países do Golfo que sabem que uma derrota na Síria significa uma catástrofe (e o preço do petróleo trará muita instabilidade interna).

O Irão não é melhor que o Arábia Saudita. A própria constituição iraniana diz que a expansão do Islão é uma prioridade. São pobres e são a minoria. É por causa disso que o seu terrorismo é limitado (a Israel). Há várias linhas de pensamento no Islão. Desde '79 a Arábia Saudita está obcecada com o Irão. Os Daesh e afins são idiotas úteis. Mas perigosos porque se puderem derrubam os monarcas. É um jogo perigoso.

Quando à Rússia...

Os EUA estão a estragar a sua imagem porque estão em todo o lado. E quando se está em todo o lado por vezes mete-se em becos. E os becos são tramados porque expõem a falta de alternativas. Por outro lado, o Putin tem aproveitado ao máximo a imagem para esconder as suas brutais fraquezas. A Rússia em % do PIB gasta mais que os EUA em defesa. A Rússia é um país de 3º mundo com uma oligarquia muito - mas muito pior - que os EUA. Mas como escrevi, as sociedades em colapso geralmente gostam de líderes com tiques ditatoriais especialmente se eles prometerem resolver os problemas (o Putin e o Erdogan têm uma grande consideração no público porque estiveram à frente de grandes booms económicos e há um período de tolerância quando as coisas não correm bem). É literalmente a ignorância ocidental que impele a veneração do Putin. A OTAN não é ainda uma ameaça para a Rússia porque os exércitos europeus individuais são muito fracos e quando mais para oeste se vai menor é a vontade para combater a Rússia (a distância cria indiferença). Os reforços dos EUA na Polónia são treta. Os russos têm o elemento surpresa e a unidade nas forças armadas (se bem que na maioria são constituídas por conscritos e estão mal armados). Só um exército europeu unificado é uma ameaça credível. E isso está longe de ser feito. A Rússia precisa da dependência energética da Europa para não cair, literalmente, na irrelevância. E nisso os europeus não têm grandes alternativas ('vamos' depender mais da Turquia o que será horrível).

A estratégia russa é dividir e conquistar. Enfraquecer ao máximo a OTAN e impedir a criação de forças militares unificadas ao mesmo tempo que tenta avalancar a dependência energética. Faz o mesmo no Caucaso (especialmente com a Geórgia). Na Ásia Central mantém algumas bases militares e fará o mesmo que faz na Síria sempre que necessário. Irá apoiar todo o tipo de chanfrados ditadores para impedir a disseminação do terrorismo. A Rússia tem fronteiras muito porosas. O Putin é pragmático. Direitos humanos são tretas e ele fará de tudo para se proteger. O Putin de vez em quando tem tiques estalinistas porque é uma necessidade. Muda os ministros/oligarcas de posição para que se crie incerteza permanente. De medo, eles serão forçados a ser leais para que mantenham as suas benesses. O percurso do Putin é muito negro. Prejudicou muita malta. Oposição unificada e credível tem que ser, e tem sido até agora, impedida a todo o custo.

Não ligo a 'alianças' entre Irão e Rússia, Turquia e Rússia, China e Rússia. Todos eles têm interesses muito diferentes. A Rússia tem um colossal problema demográfico no leste do país. No Irão já se diz 'Morte à Rússia' e turcos e iranianos estão a competir pelo mesmo espaço. São alianças convenientes e momentâneas. O Erdogan ao mesmo tempo que cria um forte sentimento anti-ocidental nos turcos (que não são árabes e que nem são grande fonte de terrorismo na Alemanha) precisa do mercado único e da proteção da OTAN. O Erdogan irá desaparecer eventualmente. O ódio por ele deixado é mais incerto. Há quem diga que a radicalização surge porque a Turquia não entrou mais cedo na UE. Penso o contrário. A Turquia é um país cronicamente instável e tendo em conta a sua religião e a intervenção ocidental no MO ainda bem que não entrou. Ao menos o cavalo de Tróia ainda não entrou no castelo.

Problemas económicos trazem sempre instabilidade social. Daí que desde 2008 há cada vez mais governo. Os mais vulneráveis serão os mais afetados (estrangeiros/refugiados). Conflito na Europa é inteiramente possível. Os Balcãs são a panela perfeita. Croácia vs Sérvia e tendências separatistas na Bósnia. Há muita malta dos Balcãs que foi para a Síria. As fronteiras deles são uma trampa. É outra bomba relógio.

Muito mais podia escrever mas agora fico-me por aqui. Publicação densa porque a política é sempre muito complexa. Não se deixem enganar por narrativas simplistas. Isso é só para ignorantes e ideólogos bacocos.

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Na altura o chanfrado de turbante estava a exigir dinheiro para impedir a chegada de malta africana à Europa. Sim, antes de haver a extorsão do Erdogan havia a extorsão do Gaddafi. Foi um desastre como toda a gente sabe. A Europa é militar e diplomaticamente incompetente devido à sua excessiva diversidade (algo que será muito difícil de ultrapassar devido a diversos fatores) e passado militar (internamente)/colonista (internacionalmente especialmente em África). A IIGM trouxe um pacifismo excessivo. Deu-se toda a prioridade ao estado social em detrimento da área da defesa. Os próximos tempos trarão uma inversão forçada que não será pacífica.

O Daesh está a ser derrotado na Líbia. Mas está-se num ambiente pré-guerra entre o governo apoiado pela ONU e o general apoiado por, entre outros, russos. Os países africanos e árabes são, em boa parte, estados artificiais mantidos unidos por chanfrados. Tira-se o chanfrado e explode tudo. Todo o Norte de África é uma bomba relógio. Tunísia e Egito têm grandes problemas. Mais a este a Jordânia não é muito melhor (graves problemas financeiros). A Jordânia é um caso 'familiar'. Está a ir à falência devido aos salários dos FP's. Mas não há outros empregos (legais) fora disso. Forte austeridade trará instabilidade porque até não há redes económico-sociais como na Europa. A norte há a Síria e a nordeste o Iraque. Oportunidades ilícitas de emprego certamente não faltam. Só que esse emprego mais cedo ou mais tarde estará relacionado com terrorismo.



E o que achas da aproximação do Trump à Rússia e o seu afastamento em relação à China e Japão?

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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 13/1/2017 11:13

MarcoAntonio Escreveu:Mais uma vez, é ver onde estão a Rússia e a China e como se comparam com os Estados Unidos nos rankings acima.

8-)


É sim senhor um ponto importante. A América tem esse problema e o mais grave é que numa boa parte nem sequer o quer ver.
Exemplo, as tentativas da administração Obama de mexer na Educação (ex. as chamadas iniciativas dos padrões "common core") foram bloqueadas pelo receio de que o Estado Federal promova uma agenda liberal. faça a cabeça das criançinhas ou imponha a lei da shari'a (sério... em certos Estados foi com isto mesmo que se agitou). Trump já disse que vai reverter o "common core".

Mas mantendo o meu ponto: se em relação à China se juntam outros fatores criticos que habilitam a tornar-se uma super potência (para lá das armas) a Rússia tem e terá o deficit demográfico e a escala face aos outros blocos.

Já agora, convêm assinalar que há por aí ainda quem acredite que ter uma democracia liberal é ainda o ambiente ideal para a expansão económica.
É uma moda dizer-se que andamos a ficar desiludidos com as conquistas do post-guerra, mas a verdade é que qualquer outra alternativa ainda está por provar.

EDIT- nos gráficos dos PISA 2015 a China aparece com um (*)... se nos EUA apenas se incluísse Califórnia, Carolina Norte e Massachusetts subia no Ranking... Em Portugal seria o equivalente em incluir apenas Cascais, Restelo e a Rua Particular da Tia Betinha...
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Re: Efeito Trump

por Perito » 13/1/2017 5:12

A veneração que se assiste pelo Obama está no mesmo patamar que a veneração que se assiste pelo Putin em certas camadas da sociedade.

Por partes...

A presidência Obama, no seu geral, é um grande vazio. Há que deixar de lado a imagem que distorce o juízo. O Obama é um mulato bem aparentado, inteligente (não obstante os desastres - previsíveis - que ocorreram quando o teleponto crashou) com uma mulher também ela sociável e aparentemente inteligente. Família sofisticada com nenhum escândalo de maior. Pronto, agora há que fechar os olhos a isso e cingir-se aos factos...

O Obama não inverteu nenhuma tendência de maior. A economia, no seu todo, continua a afundar. Poupem-me à ideologia bacoca e irrealista dos livros. Todas as doutrinas económicas têm falhas. A globalização e a estrutura atual dos mercados financeiros promovem a centralização, os monopólios e as desigualdades brutais. É uma corrida para o fundo. Quando algo está mal é porque a ideologia não está a ser bem aplicada, dizem os comunistas e os neoliberais.

No que concerne à política doméstica, há que excluir o congresso republicano que fez de tudo para destruir o Obama porque a situação não acaba aí. O Obama perseguiu mais delatores do que os antecessores e expulsou bastantes ilegais. O Obama expandiu o poder de todas as agências de espionagem. Para quem não sabe os EUA ainda estão, oficialmente para quem quiser ver, em estado de emergência desde o 11 de Setembro. Em Setembro do ano passado foi o mesmo Obama que assinou a extensão. O Obama prometeu muito mas pouco concretizou. O Hope and Change no lado azul já era. Agora veio o Hope and Change vermelho que geralmente é mais chanfrado. Quando as sociedades estão a colapsar aparecem sempre os ditadores para controlar a situação. É para isso que foi criado o governo. Para estabilizar o pais.

No que concerne à política internacional o Obama herdou uma situação horrível e limitou-se a gerir...

O Afeganistão é um buraco sem fundo. Se a OTAN sair de lá vai-se assistir a uma matança ao estilo do Ruanda. Muita malta será linchada e decapitada porque o governo irá colapsar. Será criado mais um vazio de poder disputado pelos Taliban, Daesh, Irão, Índia, Paquistão, países do golfo, China/Rússia (para impedir a disseminação do terrorismo).
O Iraque é outro caos encapotado, com tensões étnicas semi-eternas. A eliminação do Daesh é apenas mais uma página. Depois vai-se ver como é que se vai gerir as relações entre curdos/sunitas/xiitas e nacionalistas iraquianos vs leais ao Irão.
A Síria que os Republicanos queriam invadir e ainda diziam que os sauditas iam pagar a conta. Tal treta. O Obama ainda está a ser criticado por não ter entrado em guerra descarada. A Síria é outro buraco sem destino certo. Há os iranianos que querem fortalecer o crescente xiita para atacar Israel mediante o Hezbollah e os sunitas do Golfo mediante a minoria xiita da Arábia Saudita e os Houthis no Iémen. Há os Turcos que têm boas relações com o curdistão iraquiano mas não querem que os separatistas curdos sejam fortes nem que o crescente xiita tome forma (porque o Erdogan é um chanfrado neo-otomano). Os Russos querem estabilidade na Síria mas não querem ficar do lado do Irão porque têm muitos negócios com os sunitas, não querem mais jihads internas porque têm muitos muçulmanos em casa e não querem gastar recursos que não têm em guerras eternas no Médio Oriente. Há ainda o Assad, mero fantoche, que não tem poder nenhum e está longe de reconquistar o país, Israel que prefere que o conflito na síria se arraste para sempre para entreter o Hezbollah (que está a adquirir muita experiência em combate urbano) e os países do Golfo que sabem que uma derrota na Síria significa uma catástrofe (e o preço do petróleo trará muita instabilidade interna).

O Irão não é melhor que o Arábia Saudita. A própria constituição iraniana diz que a expansão do Islão é uma prioridade. São pobres e são a minoria. É por causa disso que o seu terrorismo é limitado (a Israel). Há várias linhas de pensamento no Islão. Desde '79 a Arábia Saudita está obcecada com o Irão. Os Daesh e afins são idiotas úteis. Mas perigosos porque se puderem derrubam os monarcas. É um jogo perigoso.

Quando à Rússia...

Os EUA estão a estragar a sua imagem porque estão em todo o lado. E quando se está em todo o lado por vezes mete-se em becos. E os becos são tramados porque expõem a falta de alternativas. Por outro lado, o Putin tem aproveitado ao máximo a imagem para esconder as suas brutais fraquezas. A Rússia em % do PIB gasta mais que os EUA em defesa. A Rússia é um país de 3º mundo com uma oligarquia muito - mas muito pior - que os EUA. Mas como escrevi, as sociedades em colapso geralmente gostam de líderes com tiques ditatoriais especialmente se eles prometerem resolver os problemas (o Putin e o Erdogan têm uma grande consideração no público porque estiveram à frente de grandes booms económicos e há um período de tolerância quando as coisas não correm bem). É literalmente a ignorância ocidental que impele a veneração do Putin. A OTAN não é ainda uma ameaça para a Rússia porque os exércitos europeus individuais são muito fracos e quando mais para oeste se vai menor é a vontade para combater a Rússia (a distância cria indiferença). Os reforços dos EUA na Polónia são treta. Os russos têm o elemento surpresa e a unidade nas forças armadas (se bem que na maioria são constituídas por conscritos e estão mal armados). Só um exército europeu unificado é uma ameaça credível. E isso está longe de ser feito. A Rússia precisa da dependência energética da Europa para não cair, literalmente, na irrelevância. E nisso os europeus não têm grandes alternativas ('vamos' depender mais da Turquia o que será horrível).

A estratégia russa é dividir e conquistar. Enfraquecer ao máximo a OTAN e impedir a criação de forças militares unificadas ao mesmo tempo que tenta avalancar a dependência energética. Faz o mesmo no Caucaso (especialmente com a Geórgia). Na Ásia Central mantém algumas bases militares e fará o mesmo que faz na Síria sempre que necessário. Irá apoiar todo o tipo de chanfrados ditadores para impedir a disseminação do terrorismo. A Rússia tem fronteiras muito porosas. O Putin é pragmático. Direitos humanos são tretas e ele fará de tudo para se proteger. O Putin de vez em quando tem tiques estalinistas porque é uma necessidade. Muda os ministros/oligarcas de posição para que se crie incerteza permanente. De medo, eles serão forçados a ser leais para que mantenham as suas benesses. O percurso do Putin é muito negro. Prejudicou muita malta. Oposição unificada e credível tem que ser, e tem sido até agora, impedida a todo o custo.

Não ligo a 'alianças' entre Irão e Rússia, Turquia e Rússia, China e Rússia. Todos eles têm interesses muito diferentes. A Rússia tem um colossal problema demográfico no leste do país. No Irão já se diz 'Morte à Rússia' e turcos e iranianos estão a competir pelo mesmo espaço. São alianças convenientes e momentâneas. O Erdogan ao mesmo tempo que cria um forte sentimento anti-ocidental nos turcos (que não são árabes e que nem são grande fonte de terrorismo na Alemanha) precisa do mercado único e da proteção da OTAN. O Erdogan irá desaparecer eventualmente. O ódio por ele deixado é mais incerto. Há quem diga que a radicalização surge porque a Turquia não entrou mais cedo na UE. Penso o contrário. A Turquia é um país cronicamente instável e tendo em conta a sua religião e a intervenção ocidental no MO ainda bem que não entrou. Ao menos o cavalo de Tróia ainda não entrou no castelo.

Problemas económicos trazem sempre instabilidade social. Daí que desde 2008 há cada vez mais governo. Os mais vulneráveis serão os mais afetados (estrangeiros/refugiados). Conflito na Europa é inteiramente possível. Os Balcãs são a panela perfeita. Croácia vs Sérvia e tendências separatistas na Bósnia. Há muita malta dos Balcãs que foi para a Síria. As fronteiras deles são uma trampa. É outra bomba relógio.

Muito mais podia escrever mas agora fico-me por aqui. Publicação densa porque a política é sempre muito complexa. Não se deixem enganar por narrativas simplistas. Isso é só para ignorantes e ideólogos bacocos.

Cumps 8-)

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Esqueci-me da Líbia.

Na altura o chanfrado de turbante estava a exigir dinheiro para impedir a chegada de malta africana à Europa. Sim, antes de haver a extorsão do Erdogan havia a extorsão do Gaddafi. Foi um desastre como toda a gente sabe. A Europa é militar e diplomaticamente incompetente devido à sua excessiva diversidade (algo que será muito difícil de ultrapassar devido a diversos fatores) e passado militar (internamente)/colonista (internacionalmente especialmente em África). A IIGM trouxe um pacifismo excessivo. Deu-se toda a prioridade ao estado social em detrimento da área da defesa. Os próximos tempos trarão uma inversão forçada que não será pacífica.

O Daesh está a ser derrotado na Líbia. Mas está-se num ambiente pré-guerra entre o governo apoiado pela ONU e o general apoiado por, entre outros, russos. Os países africanos e árabes são, em boa parte, estados artificiais mantidos unidos por chanfrados. Tira-se o chanfrado e explode tudo. Todo o Norte de África é uma bomba relógio. Tunísia e Egito têm grandes problemas. Mais a este a Jordânia não é muito melhor (graves problemas financeiros). A Jordânia é um caso 'familiar'. Está a ir à falência devido aos salários dos FP's. Mas não há outros empregos (legais) fora disso. Forte austeridade trará instabilidade porque até não há redes económico-sociais como na Europa. A norte há a Síria e a nordeste o Iraque. Oportunidades ilícitas de emprego certamente não faltam. Só que esse emprego mais cedo ou mais tarde estará relacionado com terrorismo.
 
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 21:00

Sejas bem-aparecido, carrancho...

:wink:
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Re: Efeito Trump

por Zecatreca_1001 » 12/1/2017 20:52

Carrancho_ Escreveu:Já vi que continua por aí muito pessoal da velha guarda, tu, zecatreca, Ulisses, Marta, Marco António, artista, cem... mas noto também muitas ausências como Quico, Mech, scpnuno, Jaz...

Bem, desculpem o OT, é nostalgia própria da idade já avançada :oops: , voltemos à besta!

fo....impressão minha ou chamaste-me velho indirectamente? :-" :-"
Sou um puto novo pah... :-"

PS. Sejas bem-aparecido...
Editado pela última vez por Zecatreca_1001 em 12/1/2017 21:04, num total de 1 vez.
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Re: Efeito Trump

por Carrancho_ » 12/1/2017 20:27

Quimporta Escreveu:
Carrancho_ Escreveu:O homenzito até pode fazer a economia crescer, tornar a América grande outra vez. Mas há danos tremendos que este e outros lideres mundiais estão a provocar na Humanidade. Conquistas que demoraram décadas são atiradas ao lixo em segundos e revertê-las vai demorar ainda mais tempo do que aquele que levou a alcançá-las. Os valores morais que tento transmitir em casa às minhas filhas não os troco por nenhum hipotético crescimento económico. Esta besta é lider da maior potência mundial e o que defende é antagónico desses valores.



Carrancho? és tu?!
O cromo que apoia um clube com nome de rotunda??
KéKé feito, Bro?! Achei-te perdido num jogo Poker Alho. :lol:



Oh pá sou eu mesmo meu grande morcãozola! Julgava que ninguém me ia reconhecer sem o avatar da pantera a trepar a coluna aos quadradinhos :D
Contigo já deu para perceber que estás animado e continuas na mesma, és como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor.
Não me perdi no Poker, até porque os lobby´s fizeram o seu trabalho quando na AR o assunto desceu à especialidade e resolveram acabar com o divertimento, mas perdi a minha anterior conta do caldeirão que após várias tentativas para a recuperar acabei por desistir. Isto associado a não estar investido há muito tempo e andar mais interessado na numismática provocou a minha longa ausência do caldeirão. Não bastasse a numismática já me ocupar grande parte do tempo livre, um amigo do nosso Ulisses ainda me convenceu a comprar um detector de metais e agora passo os fds no meio de terras, montes e vales a cavar e encontrar lixo :lol: .
Já vi que continua por aí muito pessoal da velha guarda, tu, zecatreca, Ulisses, Marta, Marco António, artista, cem... mas noto também muitas ausências como Quico, Mech, scpnuno, Jaz...

Bem, desculpem o OT, é nostalgia própria da idade já avançada :oops: , voltemos à besta!
Um abraço,

Carrancho
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 18:57

Mais uma vez, é ver onde estão a Rússia e a China e como se comparam com os Estados Unidos nos rankings acima.

8-)
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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 12/1/2017 18:55

ativo Escreveu:
Quimporta Escreveu:(...)

Porque é que é fácil convencer aquelas cabeças de que o inimigo nº1 é a China e a Rússia um possível aliado?

Eu diria que para o norte americano, rural, caucasiano, da América "profunda" a China surgirá naturalmente como inimigo nº 1 dos Estados Unidos, e não a Rússia, devido ao seu crescente poderio económico (é a segunda maior economia mundial!).
Muita gente tem a perceção de que o poder e a influência transfronteiriças, jogam-se cada vez mais no tabuleiro económico e financeiro!

Na perspectiva de que a China seria o primeiro alvo a abater, não custa nada a admitir a Rússia como um possível aliado, que daria muito jeito na hora de confrontar a China!


Era mesmo aí que queria chegar :wink:
Nas palavras desse grande filósofo Português José Milhazes, a Rússia não tem peso internacional se não houver o apelo às armas. Tem metade da população dos EUA, um PIB igual ao da Itália e está em recessão.

A China pelo contrário.
A iniciativa do Trump de hostilizar a China pode ser idiota e perigosa, mas tem condições para ter eco na base de apoio interna.
... e ainda vamos ter muitas saudades do casal Michele e Barack...
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Re: Efeito Trump

por Ativo » 12/1/2017 18:25

Quimporta Escreveu:(...)

Porque é que é fácil convencer aquelas cabeças de que o inimigo nº1 é a China e a Rússia um possível aliado?

Eu diria que para o norte americano, rural, caucasiano, da América "profunda" a China surgirá naturalmente como inimigo nº 1 dos Estados Unidos, e não a Rússia, devido ao seu crescente poderio económico (é a segunda maior economia mundial!).
Muita gente tem a perceção de que o poder e a influência transfronteiriças, jogam-se cada vez mais no tabuleiro económico e financeiro!

Na perspetiva de que a China seria o primeiro alvo a abater, não custa nada a admitir a Rússia como um possível aliado, que daria muito jeito na hora de confrontar a China!
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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 12/1/2017 17:51

MarcoAntonio Escreveu:Supõe por exemplo que a administração Trump se traduz num país mais fechado sobre si mesmo. Ou que outra qualquer dinâmica geo-política estanca esse fluxo...


É um "suponhamos" e por aí sempre válido. Mas valha a justiça, o Trump nunca disse que ia acabar com a imigração dessa maneira.
Pelo contrário, das poucas coisas em que tem sido consistente é quando fala da Big, Beautiful Door no meio do muro (metafórico e/ou real) que diz que vai construir.

E nesse sentido até concordo com ele (pode ser de andar a dormir mal...)
Ter uma politica de imigração não é abrir as fronteiras, ainda para mais com a ameaça terrorista de hoje.

Defendo que deve haver uma componente de solidariedade, entre hemisférios por exemplo, mas é também totalmente legítimo estabelecer quotas de imigração e dar preferência aos que melhor se enquadrem nas necessidades de emprego da economia.
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 17:41

Já agora, se alguém estiver curioso, o rumo em Portugal:

De 2000 para 2015:

Math... - 454 -> 492
Science - 459 -> 501
Reading - 470 -> 498
(PORTUGAL)

Os alunos portugueses batem agora os alunos americanos em todas as três áreas, a diferença no espaço de 15 anos é realmente tremenda.

Infelizmente enquanto os Estados Unidos importam para manter o status quo, nós tendemos a exportar o melhor que produzimos.
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 17:19

Mais importante, o rumo...


De 2000 para 2015:

Math... - 493 -> 470
Science - 499 -> 496
Reading - 504 -> 497
(UNITED STATES)
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 17:13

Onde se situa a juventude produzida pelo sistema de educação da maior potência mundial:

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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 16:59

Quimporta Escreveu:Dizes isso como se importar capital intelectual fosse mau. É discutível e na minha opinião até perverso.


Não, de todo. De certa forma leste praticamente o oposto do que eu pretendi transmitir.

A questão não é a importação em si, naturalmente isso é um benefício para o país.

A questão é a pressão interna para o fazer que é maior do que nunca. O dado sobre Silicon Valley "tirei-o" precisamente de um debate sobre ciência - realizado por cientistas proeminentes e um jornalista social, não era um debate político - que vi há dias atrás e a questão era a pressão existente para procurar capital fora dos Estados Unidos pois o declínio interno era evidente. O que levanta questões sobre sustentabilidade a prazo, por sua vez.

Supõe por exemplo que a administração Trump se traduz num país mais fechado sobre si mesmo. Ou que outra qualquer dinâmica geo-política estanca esse fluxo...


Quimporta Escreveu:Assustar esses imigrantes é apenas mais um erro grave do Brexit, por exemplo


Exacto, o efeito negativo no desenvolvimento do país seria tremendo!

Exclui essa parcela e a esmagadora maioria do que sobra não é nada bonito...
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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 12/1/2017 16:49

Não te preocupes que nunca se perderia grande coisa :wink:

MarcoAntonio Escreveu:É um país onde aproximadamente metade do capital intelectual de Silicon Valley é importado, o país já não consegue fornecer capital intelectual para acompanhar o ritmo da evolução tecnológica.


Dizes isso como se importar capital intelectual fosse mau. É discutível e na minha opinião até perverso.
Há aí um gajo conhecido que concorda comigo... That use to be US, Thomas Friedman (2011) - ""immigration, education, and sensible regulation are traditional ingredients of the American formula for greatness"

Assustar esses imigrantes é apenas mais um erro grave do Brexit, por exemplo
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Re: Efeito Trump

por MarcoAntonio » 12/1/2017 16:33

Por lapso, editei o teu post em lugar de citar. Tentei reverter a edição até onde era possível, espero que não se tenha perdido nenhuma parte importante, peço-te desculpa pelo lapso.


QuimPorta Escreveu:
Nomeadamente porque há outras potências que vão querer ocupar o lugar que lhes corresponde pela dimensão demográfica e económica que passaram a ter.
Só não lhe chamaria "declínio" da América, porque tem continuado sustentadamente a crescer.
Recomendo para o efeito pesquisar sobre The Post-American World, by Fareed Zakaria (2008)



O problema é que o crescimento dos Estados Unidos é emprestado (mais uma vez, não estou a falar apenas da dívida externa). Refiro-me ao conhecimento e informação, bem-estar e desenvolvimento...

Existe um número considerável de indicadores que apontam no sentido de os Estados Unidos estar a ser completamente cilindrado nestes domínios.

Os Estados Unidos são o país dos creacionistas e dos flat-earthers, um pais onde cerca de 40% da população acredita que o Génesis é História e Ciência. É um país onde aproximadamente metade do capital intelectual de Silicon Valley é importado, o país já não consegue fornecer capital intelectual para acompanhar o ritmo da evolução tecnológica. Desde 2000, os índices de research original nos Estados Unidos caiu a pique (na Europa mantém-se estável, por sinal) e está agora a ser apanhado e ultrapassado por países como o Brasil e outros em áreas em que era líder. Na área do bem-estar e desenvolvimento humano os Estados Unidos surgem inúmeras vezes em posições igualmente comprometedoras. A verdade é que os Estados Unidos já não lideram em praticamente nada e isto tem vindo a ser apontado internamente por diversas personalidades. Vivem à custa da força dos números e da absorção de muito do que se faz fora do território americano.

Há dados realmente preocupantes e que causam mesmo alguma perplexidade quando analisados de forma objectiva.


QuimPorta Escreveu:
Isso é importante porque a tomada consciência da perda de influência por parte do americano rural e branco é o principal alimento da retórica do Trump. Os valores ditos conservadores estão secundarizados, como por exemplo pelas propostas anti-comercio livre.



A América como um todo, em comparação com a generalidade dos outros países avançados, é na verdade extremamente conservadora. Isto é uma ilusão. A ilusão é gerada pelo facto de muitos dos indicadores que referi acima se reflectir precisamente nas áreas mais conservadoras dos Estados Unidos. Uma enorme facção do país não é meramente excluída do futuro, exclui-se a si própria e tem raízes que vem já de gerações anteriores.


QuimPorta Escreveu:
Porque é que é fácil convencer aquelas cabeças de que o inimigo nº1 é a China e a Rússia um possível aliado?



Porque a América é muito conservadora, QED.
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Re: Efeito Trump

por Quimporta » 12/1/2017 15:42

MarcoAntonio Escreveu:Eu penso que é verosímel considerar que estamos a assistir ao declínio da "maior potência mundial". Não é exactamente agora, este processo já começou há algum tempo e há alguns indicadores que poderão sustentar essa perspectiva (e não me refiro à dívida externa dos Estados Unidos).


Nomeadamente porque há outras potências que vão querer ocupar o lugar que lhes corresponde pela dimensão demográfica e económica que passaram a ter.
Só não lhe chamaria "declínio" da América, porque tem continuado sustentadamente a crescer.
Recomendo para o efeito pesquisar sobre The Post-American World, by Fareed Zakaria (2008)

Isso é importante porque a tomada consciência da perda de influência por parte do americano rural e branco é o principal alimento da retórica do Trump. Os valores ditos conservadores estão secundarizados, como por exemplo pelas propostas anti-comercio livre.

Porque é que é fácil convencer aquelas cabeças de que o inimigo nº1 é a China e a Rússia um possível aliado?
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